Um Protocolo de Roteamento com QoS para Redes Mesh sem Fio com Múltiplos Rádios



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SBRC 2007 - Sessão de Artigos Curtos II 1111 Um Protocolo de Roteamento com QoS para Redes Mesh sem Fio com Múltiplos Rádios Rachel de C. Paschoalino 1,2,EdmundoR.M.Madeira 1 1 Instituto de Computação Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Campinas SP Brazil 2 Centro de Computação Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Campinas SP Brazil rachel@ccuec.unicamp.br, edmundo@ic.unicamp.br Abstract. Due to their installation and management simplicity, Wireless Mesh Networks (WMNs) have become a natural way to deliver wireless coverage for local and metropolitan areas. In order to support multimedia applications, it is necessary to provide QoS mechanisms in WMNs. In this paper, a scalable QoS routing protocol for multi-radio WMNs is proposed. We incorporate a local link quality metric and multi-radio support in the OLSR protocol. Performed simulations showed expressive performance improvements of the proposed protocol over the original OLSR, with minimum overhead increase. Resumo. A simplicidade de instalação e gerenciamento torna as redes mesh sem fio, ou WMNs (Wireless Mesh Networks), a escolha ideal para fornecer cobertura sem fio em áreas locais e metropolitanas. Para suportar aplicações multimídia, é necessário prover mecanismos de QoS nas WMNs. Este trabalho apresenta um protocolo de roteamento escalável com QoS para WMNs, que incorpora uma métrica local de qualidade de enlace e suporte a múltiplos rádios ao protocolo OLSR. Simulações realizadas mostram que o protocolo proposto traz melhorias significativas de desempenho em relação ao OLSR original, com aumento mínimo do overhead. 1. Introdução As redes mesh sem fio, ou Wireless Mesh Networks (WMNs), têm atraído interesse acadêmico [Remesh 2005, Bicket et al. 2005] e comercial [Nortel 2006, Cisco 2006] pela facilidade de implantação e gerenciamento. Para suporte a aplicações multimídia, é necessário prover mecanismos de qualidade de serviço (QoS) em WMNs. As características inerentes do meio sem fio, com altas taxas de perda, atraso e jitter, tornam a obtenção de QoS em redes mesh um grande desafio. A capacidade de uma rede sem fio é afetada por dois tipos de interferência: interferência intra-fluxo, gerada por nós adjacentes num mesmo caminho, e interferência entre fluxos, causada por nós de caminhos vizinhos [Gong et al 2007]. O uso de múltiplos rádios por nó é um método eficaz para minimizar interferência e melhorar o desempenho das WMNs, e se justifica pela função de backhaul exercida por essas redes. Vários trabalhos [Kyasanur and Vaidya 2005, Raniwala and Chiueh 2005, Alicherry et al. 2005] apresentaram heurísticas para o problema NP-completo de alocação de canais em WMNs, com alocação híbrida (estática para receptor, dinâmica para transmissores) e com interfaces dedicadas para controle [Qu et al. 2006, Gong et al.

1112 25 Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos 2007]. A alocação dinâmica de canais envolve coordenação e atraso de comutação. Escalabilidade é a questão mais crítica em WMNs [Akyildiz et al. 2005]. A abordagem da maioria dos protocolos de roteamento propostos para redes multi-rádio [Draves et al., Kyasanur and Vaidya 2006, Subramanian et al. 2006, Tang et al. 2005], envolve estimar, em cada nó, a capacidade de banda disponível, o tempo de transmissão, a carga por canal, entre outros, difundir essas informações pela rede, e combiná-las para encontrar um caminho ótimo. Essas medidas, aliadas às flutuações de tráfego, impõem limitações práticas à computação de métricas cumulativas. Além disso, a maioria das métricas existentes (ETX [Couto et al. 2003], ETT [Draves et al. 2004], WCETT [Draves et al. 2004], MCR [Kyasanur and Vaidya 2006]) visa minimizar interferência intra-fluxo; MIC [Yang et al. 2005] e iware [Subramanian et al. 2006] tratam interferência entre fluxos, mas não possuem isotonicidade [Subramanian et al. 2006]. Com o aumento do número de fluxos, esperado em backbones, essas métricas fim-a-fim podem não apresentar bom desempenho, devido à interferência entre fluxos e ao overhead de controle. Nestes cenários, o uso de menores caminhos (shortest paths) se torna uma escolha interessante, como apontado em [Kyasanur and Vaidya 2006]. A contribuição deste artigo é apresentar um protocolo de roteamento escalável com QoS para WMNs com múltiplos rádios. O trabalho é dirigido aos roteadores mesh, que são estacionários e formam a infra-estrutura de comunicação (backhaul) usada pelos clientes. Incorporamos uma métrica de QoS local, não cumulativa, ao protocolo OLSR [Clausen and Jacquet 2003], além de suporte múlti-rádio. Variações na métrica são tratadas na vizinhança 1 hop, preservando escalabilidade. Simulações mostram que a proposta duplica a vazão da rede e diminui o atraso em até 80%. O trabalho foi desenvolvido com o padrão IEEE 802.11, mas pode ser usado em redes IEEE 802.16. 2. Proposta do protocolo de roteamento com QoS multi-rádio A característica de backhaul das WMNs nos motivou a investir num protocolo de roteamento pró-ativo. Escolhemos o protocolo OLSR (Optimized Link State Routing) [Clausen and Jacquet 2003] como base para nosso trabalho, devido à sua escalabilidade. 2.1. Protocolo OLSR original O OLSR é um protocolo de roteamento para MANETs (mobile ad hoc network) padronizado pelo IETF, que usa Multipoint Relays (MPRs) para difundir as mensagens de controle, minimizando o overhead. O protocolo usa dois tipos principais de mensagem: hello (descobrimento de vizinhos) e tc (difusão da topologia). Através dessas mensagens, os nós obtêm informações para a construção de rotas, usando o número de saltos (hop count) comométrica. Cada nó escolhe um conjunto mínimo de vizinhos 1 hop que permita alcançar toda a vizinhança 2 hops; este conjunto é formado pelos nós MPR. Apenas os MPRs podem divulgar enlaces, compondo uma topologia parcial da rede e fazendo com que as rotas contenham apenas MPRs como intermediários. A heurística de seleção de MPRs, ao minimizar o número de MPRs, pode gerar: divulgação de enlaces ruins, pois a qualidade dos enlaces não é considerada; concentração de tráfego, pois os nós com mais vizinhos tendem a ser selecionados como MPRs, e seus enlaces considerados na construção de rotas; vulnerabilidade a falhas, pois a perda de um MPR numa topologia com concentração de tráfego pode afetar várias rotas que usam o nó.

SBRC 2007 - Sessão de Artigos Curtos II 1113 2.2. Extensão do OLSR proposta Em MANETs, onde os nós possuem tipicamente um único rádio, não há ganho de desempenho ao distribuir o tráfego pela rede, devido à interferência entre fluxos. Nas WMNs com múltiplos rádios, porém, o desempenho pode ser melhorado através da distribuição de tráfego por melhores enlaces, escolhidos por uma heurística de seleção de MPRs que privilegie a qualidade dos enlaces. Esta abordagem traz maior diversidade de caminhos e resistência a falhas. Para medir a qualidade dos enlaces, usamos a heurística "Link Hysteresis" da especificação original do OLSR. A métrica de qualidade é baseada no número de pacotes perdidos, facilmente calculado através do campo Packet Sequence Number. NoOLSR original, este valor é usado apenas para detectar a queda de enlaces. Em nosso trabalho, denominado LQ-OLSR, usamos a métrica de qualidade na seleção de MPRs e rotas. Nossa proposta foi baseada na implementação OLSR do projeto Hipercom [OOLSR 2004]. Incluímos um atributo na classe LinkTuple denominado L_link_quality para armazenar a métrica de qualidade do enlace, calculada conforme a heurística citada. A métrica varia de 0 a 1, sendo o valor 1 a qualidade máxima (nenhum pacote perdido). Acrescentamos na classe NeighborTuple o atributo N_quality, que informa a qualidade do nó vizinho. O valor de N_quality é calculado por uma função que mapeia L_link_quality nos valores 1, 2 ou 3, sendo o valor 3 a melhor qualidade. O atributo N_quality é usado na seleção de MPRs e de rotas 2 hops. 2.2.1. Seleção de MPRs Para a seleção de MPRs, inserimos uma comparação da métrica de qualidade dos nós (N_quality) no algoritmo original. Dessa forma, cada nó escolhe os nós vizinhos 1 hop simétricos que possuem, nessa ordem (ver linha 6 do Algoritmo 1): maior "willingness", ou seja, maior capacidade de encaminhar tráfego de/para outros nós. Este valor varia conforme condições locais de energia, tráfego, etc.; melhor métrica de qualidade do enlace, isto é, maior N_quality. Esse é o passo adicionado ao algoritmo original; maior "reachability", alcançando o maior número de nós da vizinhança 2 hops. Algoritmo 1: OLSR_seleção_MPR (V x,v2 x ) Entrada: V x: vizinhos 1-hop simétricos do nó x; V2 x: vizinhos 2-hop do nó x contendo apenas vizinhos simétricos em V x.v2 x não contém nenhum vizinho 1-hop do nó x. Saída: MPR x: MPRs do nó x. 1 Início 2 inicia com um conjunto vazio MPR x 3 insere em MPR x os nós de V x que são os únicos a prover alcance a um nó em V2 x 4 exclui de V2 x os nós que foram cobertos pelo passo anterior 5 enquanto V2 x não estiver vazio 6 seleciona o nó de V x que possui maior "willingness". Em caso de empate, escolhe o nó de V x que possui maior N_quality. Em caso de empate, seleciona o nó de V x com maior "reachability" 7 insere o nó selecionado em MPR x 8 exclui de V2 x o nó que foi coberto pelo nó selecionado 9 Fim

1114 25 Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos 2.2.2. Seleção de rotas Usamos o atributo N_quality, incluído na classe NeighborTuple, como métrica para escolher o nó intermediário (vizinho 1 hop) para atingir os vizinhos 2 hops. Para caminhos com mais de 2 hops, é usada a métrica do OLSR original (hop count), que não trata taxa de transmissão nem interferência dos enlaces, podendo resultar em baixo desempenho [Subramanian et al. 2006]. O protocolo proposto seleciona menores caminhos (shortest paths) através de enlaces melhores devido à seleção de MPRs com melhor qualidade. A seleção de MPRs e de rotas é refeita apenas quando o estado e/ou a qualidade dos enlaces 1 ou 2 hops muda, sem gerar mensagens de controle adicionais, preservando escalabilidade. No protocolo QOLSR [Badis and Agha 2006], essas computações são mais frequentes, pois são afetadas pela variação de QoS dos enlaces de todos os nós, e envolvem divulgação para toda a rede. Também implementamos uma versão (LQ2-OLSR) com métrica de QoS cumulativa na vizinhança 2 hops, onde usamos o campo Reserved das mensagens de hello para divulgar a qualidade dos enlaces entre nós vizinhos, possibilitando aos nós obter a métrica na vizinhança 2 hops. As métricas de qualidade 1 e 2 hops são somadas para encontrar o melhor caminho 2 hops; porém essa versão não demonstrou ganho de performance em relação à extensão LQ-OLSR. Então, consideramos neste artigo a extensão de QoS em 1 hop (LQ-OLSR), que não requer alteração nas mensagens de hello, mantendo compatibilidade com o protocolo OLSR original. 2.2.3. Suporte a múltiplos rádios Para suporte a múltiplos rádios, incluímos na classe Node ocamponodechannel, que identifica a interface de transmissão e permite futuro uso para (re)alocação de canais. 3. Simulação e resultados Foram realizados diversos experimentos no ns-2 [NS-2 2005] para comparar o protocolo OLSR original com monitoramento de enlaces habilitado (OLSR), e o protocolo proposto com QoS em 1 hop (LQ-OLSR) e2hops (LQ2-OLSR) e múltiplos rádios. Fizemos modificações no NS-2 para incluir o suporte a múltiplos rádios por nó. Os seguintes parâmetros foram usados: interface 802.11b, taxa de dados de 11Mbps, fila de tamanho 50, mecanismo de RTS/CTS desabilitado e tráfego CBR (pacotes de 512 bytes a cada 0.02s). Os fluxos CBR foram iniciados aleatoriamente, a partir do instante 10, com duração máxima de 60s por fluxo. O tempo total de cada simulação foi de 130s. Cada nó foi equipado com três interfaces (rádios), sendo duas receptoras e uma receptora/transmissora, configuradas nos canais ortogonais 1, 6 e 11 do 802.11b. O canal de transmissão é definido aleatoriamente no início e mantido até o final da simulação. Como o enfoque do nosso trabalho é roteamento, usamos alocação estática de canais, como em [Draves et al. 2004], o que evita o atraso de comutação. Para as simulações, geramos 10 cenários distintos com 50 e outros 10 com 100 nós, distribuídos aleatoriamente, com distância mínima de 100m entre os nós. Selecionamos arbitrariamente 10% dos nós para funcionar como gateways entre a rede cabeada. Diferentemente de outros trabalhos, simulamos subida e descida de dados entre a rede cabeada e os clientes, concentrando o tráfego nos gateways, com origem e destino aleatórios. Usamos três variações de carga: baixa, média e alta, correspondentes a 15, 25 e 35 fluxos injetados. A Figura 1 ilustra os resultados médios obtidos para vazão da rede

SBRC 2007 - Sessão de Artigos Curtos II 1115 (a), atraso (b) e taxa de descarte de pacotes (c) para cenários com 50 nós, numa área de 1000m x 1000m. Usando as extensões de QoS propostas (LQ-OLSR e LQ2-OLSR), obtivemos uma duplicação na vazão da rede e uma redução de até 99% no atraso; não houve descarte de pacotes no cenário com carga baixa; com carga alta, obtivemos uma diminuição de 65% em relação ao OLSR original. Figura 1. Comparativo de desempenho (50 nós, 1000m x 1000m). Para testar a escalabilidade, realizamos experimentos com topologia de 100 nós distribuídos numa área de 2500m x 2000m, usando os mesmos parâmetros citados. Os ganhos obtidos foram de até 54% na vazão, 62% no atraso e 48% no descarte de pacotes em relação ao protocolo original. Os ganhos são menores pela limitação da diversidade de canais (3) em função do número total de nós. No entanto, acreditamos que o desempenho pode ser melhorado com a adição de mais receptores nos nós e maior número de canais. Em todas as simulações realizadas, o overhead foi apenas 1% maior que do OLSR, o que é pouco significativo diante do ganho em performance obtido. 4. Conclusão Neste trabalho, apresentamos uma extensão de QoS do protocolo OLSR otimizada para redes mesh com múltiplos rádios, onde enlaces com maior qualidade são divulgados e considerados na seleção de rotas. Os resultados obtidos nas simulações mostram que essa extensão simples e escalável traz melhorias de desempenho, com um aumento desprezível no overhead do protocolo. O trabalho foi desenvolvido com uma alocação estática de canais, definida de forma aleatória. Como trabalho futuro, pretendemos integrar alocação de canais ao protocolo de roteamento proposto e comparar nossa proposta com protocolos de roteamento com métricas cumulativas. Referências Akyildiz, I. F., Wang, X. and Wang, W. (2005). Wireless mesh networks: a survey. In Computer Networks Journal (Elsevier) v. 47, no. 4, p. 445-487, mar. 2005. Alicherry, M., Bathia, R. and Li, L. (2005). Joint channel assignment and routing for throughput optimization in multi-radio wireless mesh networks. In Mobicom, Cologne, Germany, p. 58-72, ago-set. 2005. Badis, H. and Agha, K. A. (2006). Quality of service for ad hoc optimized link state routing protocol (QOLSR). draft-badis-manet-qolsr-03.txt, mar. 2006. Bicket, J., Aguayo, D., Biswas, S., and Morris, R. (2005). Architecture and evaluation of an unplanned 802.11b mesh network. In MobiCom, Cologne, Germany, p. 31-42, ago-set. 2005.

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