Falso Amor. De Débora Costa

Transcrição

1 Falso Amor De Débora Costa

2 Noite Hospital Sala de Espera Capítulo 13 Cena 1 ROBERTA: (está sentada preocupada). CRISTINA: (se aproxima) Roberta, o que aconteceu com Flávio? ROBERTA: (se levanta, abraça Cristina, a olha, está preocupada) Eu não sei direito Cris, ele começou a passar mal. MÉDICO: (se aproxima). ROBERTA: (olha o médico) Flávio está bem? MÉDICO: Está, mas porque o trouxeram em tempo, ele teve uma reação alérgica á camarão. CRISTINA: (olhando o médico) Mas Flávio nunca teve isso. MÉDICO: É comum que essa alergia se desenvolva com o tempo. ROBERTA: E tem cura pra isso? MÉDICO: Não e todo cuidado é pouco porque pode ser fatal. CRISTINA: Podemos ver o Flávio? MÉDICO: Pode sim. ROBERTA: Obrigada. Quarto de Henrique Cena 2 HENRIQUE: (está deitado, tomando soro na veia). Roberta e Cristina entram ROBERTA: (se aproxima de Henrique, segura a mão dele, o olha muito) Meu amor eu sinto muito, só queria te agradar. HENRIQUE: (olhando Roberta) Eu já estou melhor, o médico me explicou que acontece de desenvolver esse tipo de alergia.

3 CRISTINA: (se aproxima, segura a outra mão de Henrique o olha) Felizmente o perigo já passou meu amor. (acaricia o rosto de Henrique). HENRIQUE: (se senta, solta a mão de Cristina, a olha) Pois é. ROBERTA: (observa Henrique). CRISTINA: (fica chateada). RÉGIS: (entra) Está tudo bem? CRISTINA: (se aproxima de Régis o olha) Está sim... HENRIQUE: Vocês se importam de me deixar a sós com Roberta? RÉGIS: Claro que não meu filho, sua mãe e eu vamos esperar o médico te dar alta. HENRIQUE: Não precisa. (olha Roberta) Você pode me levar para a casa depois? ROBERTA: Claro que sim. RÉGIS: Está bem então. CRISTINA: (se aproxima de Henrique, segura a mão dele, o olha muito) Eu amo você Flávio, não sei o que está acontecendo, mas eu quero que você saiba que é a pessoa mais importante da minha vida. HENRIQUE: (fica com vontade de chorar de raiva, disfarça, olha Cristina) Eu sei... CRISTINA: (beija o rosto de Henrique, sai). RÉGIS: (sai). ROBERTA: (olhando Henrique) Meu amor... Por que está tratando sua mãe assim? HENRIQUE: (enxuga as lágrimas, olha Roberta, sorri) Não sei... Talvez ficar trancado dias naquele lugar mexeu comigo, com o emocional. ROBERTA: (faz carinho em Henrique). HENRIQUE: (fecha os olhos, sentindo).

4 ROBERTA: (continua a fazer carinho em Henrique, o olha) Eu vou te ajudar, você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, se você precisar eu cancelo o nosso casamento, marco quando você se sentir melhor. HENRIQUE: (segura a mão de Roberta, beija a mão dela, a olha) Não princesa, vamos deixar tudo como está. ROBERTA: Tem certeza? HENRIQUE: Tenho... Vamos nos casar na data que escolhemos. ROBERTA: (sorri, beija Henrique) Eu te amo. HENRIQUE: (olhando Roberta) Também. Cena 3 Rio de Janeiro Favela Barraco de Gilberto FLÁVIO: (está sentado na rede). GILBERTO: (está sentado de frente para Flávio) Você se saiu bem hoje, consegui recuperar uma parte da minha grana. FLÁVIO: (olhando Gilberto) Como você conheceu a minha mãe? GILBERTO: (olha Flávio) Na escola... No último ano, pode não parecer mas eu frequentei a escola. FLÁVIO: Como começaram a se relacionar? GILBERTO: Cristina era a garota mais linda e inteligente da escola, e eu me apaixonei por ela... Demorou um pouco mais consegui conquistar Cristina, o namoro continuou depois da formatura dela, mas um dia ela descobriu tudo que eu fazia porque fui preso, e na delegacia contaram a ela que eu era assaltante, sequestrador e assassino... Matei um policial, e ela terminou comigo. FLÁVIO: Você disse que ela te traia com o meu pai, quem te contou isso? GILBERTO: Não interessa, chega dessa conversa, essa noite você vai ficar aqui mas vou te deixar preso. FLÁVIO: (olhando Gilberto) Você ainda ama a minha mãe?

5 GILBERTO: (olha Flávio) Você não cansa de fazer perguntas playboy? FLÁVIO: Preciso das respostas afinal estou nesse lugar enquanto outro se passa por mim. GILBERTO: No que depender de mim você não terá resposta nenhuma, alias, só uma... Se um dia eu amei Cristina, hoje a odeio dez vezes mais, e tudo que acontecer com ela de ruim será pouco. Cena 4 São Paulo Dia Seguinte/Manhã Grupo Werneck Recepção TAMARA: (se aproxima do balcão de recepção, olha a recepcionista) Oi bom dia, eu quero falar com Flávio Werneck. RECEPCIONISTA: Ele ainda não chegou. TAMARA: Eu preciso muito falar com ele é urgente, tu pode me passar o endereço dele. RECEPCIONISTA: Eu não tenho autorização para dar o endereço dele, se você quiser pode ficar aqui e esperar que o Flávio chegue. GLAUCO: (está entrando). TAMARA: Tu não entendeu ainda, é importante e urgente! GLAUCO: (se aproxima) Algum problema? RECEPCIONISTA: Essa moça quer falar com o Flávio e como ele não chegou ela quer que eu passe o endereço dele, mas eu não posso. GLAUCO: (olhando Tamara) De onde você conhece o Flávio? TAMARA: (olha Glauco) Não é da tua conta, volto depois. (sai). GLAUCO: (sorri, olha a recepcionista) Flávio tem umas amizades estranhas. Mansão Werneck Suíte de Flávio Cena 5 HENRIQUE: (está sentado, pensativo, com raiva, pega o celular, liga para Parceiro) Parceiro, sou eu Henrique, presta atenção, pede uma grana para o

6 Gilberto e vem para São Paulo agora, você tem que estar aqui até antes de anoitecer, eu tenho um plano e você vai me ajudar te ligo depois para combinar melhor. (desliga, fica sério) Hoje eu vou ver o circo pegar fogo. (sorri). RÉGIS: (entra) Como você está se sentindo Flávio? HENRIQUE: Melhor. RÉGIS: Que bom, hoje você pode ficar aqui se quiser. HENRIQUE: Então vou aproveitar para ir até a fundação da Cristina. RÉGIS: (olhando Henrique, se senta ao lado dele) Meu filho o que está acontecendo com você? Por que está chamando sua mãe pelo nome dela? HENRIQUE: (disfarça) Nem eu sei, quando vejo já falei. RÉGIS: Cris está muito chateada com suas atitudes em relação a ela, antes você não era assim. HENRIQUE: (olha Régis) Eu vou até a fundação ela vai ficar feliz. RÉGIS: É, vai sim... Eu tenho que ir trabalhar mais tarde nos falamos. (se levanta, sai). HENRIQUE: Chateada é muito pouco para ela... Se prepara Cristina, hoje você vai sofrer. (sorri). Casa de Janete Sala JANETE: (está de saída). Cena 6 BRUNO: (se aproxima) Bom dia mamãe. JANETE: (olha Bruno) Bom dia, o que faz acordado cedo? BRUNO: Eu vou na fundação da tia Cris. JANETE: O que tanto você quer lá Bruno? BRUNO: (olha Janete) Você se preocupa comigo agora? JANETE: Eu quero saber o que está te atraindo para a fundação.

7 BRUNO: Eu ajudo a tia Cris só isso. JANETE: Pois pare com isso, seu lugar não é lá, seu pai e eu te queremos no grupo Werneck. BRUNO: (sorri, olha Janete) Ainda bem que não estou nem ai para o que vocês querem. (sai). JANETE: (fica séria) Não vou deixar o meu filho naquela fundação de quinta. Mansão Werneck Sala de Jantar SILVIA: (está tomando café). CRISTINA: (se senta) Bom dia. SILVIA: (não responde). Cena 7 HENRIQUE: (se senta, sorri) Bom dia. SILVIA: Bom dia querido. CRISTINA: Bom dia, você está melhor? HENRIQUE: Estou ótimo, tanto que vou com você até a fundação. CRISTINA: (sorri, fica feliz) Que bom meu amor, as crianças estão com saudade de você. HENRIQUE: (sorri, pega café). CRISTINA: (estranha a atitude, olha Henrique) Desde quando você toma café? HENRIQUE: (olha Cristina) Peguei o habito eles me serviam muito café e como não tinha muito o que comer... CRISTINA: Entendo querido. SILVIA: Flávio você não vai mesmo denunciar á policia o seu sequestro? HENRIQUE: Não, eles disseram que se a policia for atrás deles, eles voltam e me matam.

8 CRISTINA: Isso não, vamos deixar tudo como está. FREDERICO: (se senta) Bom dia. CRISTINA: Bom dia. FREDERICO: Cris eu quero fazer uma doação para a sua fundação. SILVIA: (olha Frederico) Você está louco? FREDERICO: Não, o dinheiro é meu e eu faço o que quiser com ele. CRISTINA: Não briguem... Frederico eu agradeço mas não vou aceitar, não quero me envolver em uma confusão. SILVIA: Eu odeio quando você se faz de sonsa sabia. HENRIQUE: (sorri, disfarça, toma café). FREDERICO: Eu vou fazer uma doação e pronto está decidido. CRISTINA: (se levanta) É melhor nós irmos querido. HENRIQUE: Vai na frente, daqui a pouco chego lá. CRISTINA: Tudo bem. (sai). SILVIA: (olha Frederico) Você está fazendo isso para me irritar! FREDERICO: (se levanta) Exatamente. (sai). SILVIA: (fica com raiva) Imbecil! HENRIQUE: Relaxa vovó... É isso que eles querem te ver assim, mostre superioridade sempre. SILVIA: (olha Henrique) Flávio essa sua mudança é espantosa... (sorri) Mas eu estou adorando. HENRIQUE: (sorri). Grupo Werneck Entrada RÉGIS: (estaciona seu carro, desce). Cena 8 ÁGATA: (se aproxima, sorri) Bom dia Régis...

9 RÉGIS: (olha Ágata) Vai me perseguir agora? ÁGATA: Não eu estava passando por aqui e te vi, vamos tomar um café. RÉGIS: Eu tenho mais o que fazer do que tomar café com você. ÁGATA: (sorri, o olha) Qual o problema em tomar café comigo tio? RÉGIS: Falou tudo agora, sou seu tio, marido da sua tia Cris, com licença. (entra no grupo Werneck). ÁGATA: (sorri). Grupo Werneck Recepção Cena 9 TAMARA: (está sentada, olha Régis entrando na empresa, se levanta, se aproxima dele) Régis. RÉGIS: (olha Tamara) Sim. TAMARA: Tu não me conhece mas sou amiga do Flávio, preciso falar com ele é urgente. RÉGIS: Meu filho não virá aqui hoje, quer deixar recado? TAMARA: Não, eu preciso do telefone dele, perdi já faz um tempão. RÉGIS: De onde você conhece o meu filho? TAMARA: (pensativa, olha Régis) Da aula de música. RÉGIS: (fica sério) Não quero saber do meu filho metido nisso. TAMARA: O assunto é outro te garanto. RÉGIS: (pega uma caneta do bolso, pega um pedaço de papel da mesa da recepção, anota o número de Flávio, entrega a Tamara) Ai está. (entra no elevador). TAMARA: (sorri, feliz) Agora sim Henrique, tu vai ter uma surpresa.

10 Cena 10 Rio de Janeiro Favela Cativeiro de Flávio Daniela está sentada á mesa junto com Flávio FLÁVIO: (tomando suco, olha Daniela) Eu pensei que não voltaria para esse alugar... DANIELA: A porta é de ferro Gilberto se senti mais seguro com você aqui. FLÁVIO: Eu queria tanto estar com a minha família, com a minha noiva... DANIELA: Você a ama muito não é? Já te ouvi falando o nome dela enquanto dormia... Roberta. FLÁVIO: (sorri) É, e a amo muito também, nos conhecemos desde a época da escola... (fica triste) Só em pensar que Henrique está com ela, enganando... DANIELA: (segura a mão de Flávio, o olha) Não fica pensando nessas coisas que só piora tudo. FLÁVIO: É impossível não pensar... DANIELA: (olhando Flávio) Eu tenho que ir porque vou levar o Tico para a escola, mas volto depois. FLÁVIO: Eu queria te pedir duas coisas, a primeira é que quero conversar um pouco com o Tico. DANIELA: Não sei se vou poder trazer ele aqui. FLÁVIO: Gilberto me deixou sair um pouco daqui, claro que vou ser vigiado... Mas vai ser fácil conversar com o menino assim. DANIELA: Tudo bem, e a outra coisa? FLÁVIO: Não tenho nada para fazer aqui, você poderia me arrumar um violão? DANIELA: (olhando Flávio, pensativa) Vou ver se consigo um... Até logo. (sai). FLÁVIO: (pensativo) Até quando vou ficar nesse lugar?

11 Cena 11 São Paulo Fundação Cristina Werneck HENRIQUE: (entra, anda pela fundação atento, olha as câmeras de segurança, continua caminhando). SUELI: (se aproxima, sorri) Flávio! Que bom te ver aqui. HENRIQUE: (olha Sueli, sorri um pouco) Obrigado. SUELI: Veio dar aula? HENRIQUE: Não, eu vim para matar a saudade daqui. SUELI: Entendi bem eu tenho que atender uma criança agora, com licença. (sai). HENRIQUE: Onde fica a sala da Cristina?... ROBERTA: (se aproxima por trás de Henrique, tampa os olhos dele com as mãos, sorri) Adivinha quem é? HENRIQUE: (sorri, segura as mãos de Roberta, beija as mãos dela sem se virar) Minha princesa. (se vira de frente para Roberta, a olha sorri, a beija). ROBERTA: (beijando Henrique, o olha, sorri um pouco). HENRIQUE: O que foi? ROBERTA: Nada... HENRIQUE: Como nada, você ficou estranha de repente. ROBERTA: (olhando Henrique) É que as vezes te sinto diferente, nos beijos, da maneira de me tratar, da forma como você age. HENRIQUE: (sorri) E você gosta disso? Gosta do novo Flávio? ROBERTA: (sorri olhando Henrique) Não existe um novo Flávio meu amor, eu entendo que você passou por algo difícil e que isso mexeu com a sua cabeça. HENRIQUE: Verdade... Roberta você quer sair comigo essa noite? Vamos a alguma balada.

12 ROBERTA: Balada?... Você quer ir á uma balada? HENRIQUE: Por que não? (sorri). ROBERTA: Porque você nunca gostou de balada. HENRIQUE: Eu percebi o quanto estava sendo babaca minha princesa, me deu vontade de ir e gostaria que você fosse comigo. ROBERTA: Hoje não vai dar meu amor, tenho que preparar a prova das crianças. HENRIQUE: Tudo bem. ROBERTA: É melhor eu ir se não as crianças vão destruir a sala de aula, tenho que falar com a Cris. HENRIQUE: Vou com você. (beija Roberta, sai com ela). Sala de Cristina Cena 12 CRISTINA: (está sentada mexendo no computador). Henrique e Roberta entram CRISTINA: (sorri) Oi. ROBERTA: Cris eu vim pegar os exercícios que deixei aqui. CRISTINA: (entrega uma pasta para Roberta) Aqui está querida. ROBERTA: (pega a pasta) Obrigada, já vou. (sorri para Henrique, sai). HENRIQUE: (se senta de frente para Cristina, a olha) Por que você dá toda essa atenção e assistência para essas crianças? CRISTINA: (olhando Henrique) Você sabe meu filho. HENRIQUE: Quero ouvir de novo. CRISTINA: Bem eu ajudo crianças praticamente desde quando você nasceu... A fundação foi um presente do seu pai, ele sempre soube que me faria bem. HENRIQUE: Por quê?

13 CRISTINA: Não estou entendendo essas perguntas meu filho. HENRIQUE: (se levanta, se aproxima de Cristina, vira a cadeira onde ela está sentada, apoia as mãos nos braços da cadeira a olha nos olhos) Eu acho que você faz isso por ter cometido um erro no passado, e agora quer fazer o bem para se sentir menos culpada. CRISTINA: (olhando Henrique, assustada) Não sei de onde você tirou Flávio, nunca fiz nada a ponto de me sentir culpada. HENRIQUE: (com raiva, chacoalha a cadeira de Cristina) A culpa, o remorso não devem fazer parte da sua vida não é? CRISTINA: (com vontade de chorar, olha Henrique nos olhos) Por que está agindo assim meu filho? O que falaram para você? HENRIQUE: (solta a cadeira de Cristina, se afasta, a olha) Esquece... Não é nada com você. (sai). CRISTINA: (chora, pega o celular, liga para Régis) Régis... RÉGIS: (preocupado) Cris o que aconteceu, por que está chorando? CRISTINA: (chorando) Régis eu preciso muito te ver, você pode vir até a fundação. RÉGIS: Claro que sim, estou indo meu amor. CRISTINA: (desliga o celular, chora). Rua Cena 13 HENRIQUE: (está saindo da fundação, está com raiva, o celular toca, atende) Alô. TAMARA: (se aproxima, sorri) E ai Henrique aproveitando a vida do Flávio? HENRIQUE: (olhando Tamara sem acreditar, com raiva). Fim do Capítulo