AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA LP EMPREENDIMENTOS CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO LTDA

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1 6ª Câmara Cível AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA AGRAVANTE LP EMPREENDIMENTOS CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO LTDA 1º AGRAVADO PRESIDENTE DA PRIMEIRA CÂMARA DA JUNTA RECURSOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA - GOIÁS 2º AGRAVADO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA RELATOR Desembargador NORIVAL SANTOMÉ RELATÓRIO E VOTO Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto por LP EMPREENDIMENTOS CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO LTDA., em face de decisão proferida pelo MM. Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal e Registros Públicos da Comarca de Goiânia, Dr. Jeronymo Pedro Villas Boas, nos autos do Mandado de Segurança impetrado contra ato do Sr. PRESIDENTE DA PRIMEIRA CÂMARA DA 1

2 JUNTA RECURSOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA - GOIÁS, que determinou a emenda da inicial, no prazo de dez dias, para retificar o valor da causa, que deverá corresponder ao valor do crédito tributário apurado, devendo ser efetivada a complementação do valor das custas. O MM. Juiz de Direito, determinou ainda, à impetrante a efetivação do depósito integral em dinheiro de que trata o artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, suficiente à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Aduz a agravante que impetrou o mandado de segurança, objetivando a anulação do processo administrativo nº , desde a lavratura do auto de infração nº , tendo em vista a violação dos princípios da motivação, do devido processo legal, contraditório e ampla defesa nos autos do processo administrativo. Em suas razões recursais, aduz que não deve prosperar a decisão agravada, haja vista que sua pretensão com o presente mandamus, não é o questionamento ao mérito da exação tributária, ou seja, não possui conteúdo econômico imediato, e sim como retromencionado, a violação dos princípios constitucionais no processo administrativo, que pretende anular. Colaciona a recorrente jurisprudências em abono a tese exposta, aditando ser pacífico o entendimento deste Egrégio Tribunal de Justiça, que em se tratando de mandado de segurança de natureza declaratória, o valor da causa deve ser objeto de mera estimativa. 2

3 Pugna pela concessão do efeito suspensivo ao decisum agravado até o pronunciamento definitivo desta Câmara, no que tange à necessidade de emendar a inicial, sustentando estarem presentes o periculum in mora e o fumus boni iuris. Repete que não pretende obter benefício econômico com a impetração do mandado de segurança, mas, sim, a anulação do processo administrativo nº , desde a lavratura do auto de infração nº Assegura que eventual julgamento de procedência dos pedidos aviados em sede mandamental, não irão repercutir, de maneira decisiva (ou seja, extinguir) sobre o destino do crédito tributário apurado pelo Fisco Municipal; sendo que haverá, única e tão somente, a retomada do processo administrativo tributário (PAT) nº /2011, sem os vícios que o inquinavam. seja mantido o valor atribuído à causa. Requer, em apertada síntese, o provimento do recurso para que Preparo visto às fls. 13/14. Com a inicial vieram os documentos de fls. 15/913. Por força do decisum de fls. 915/919, o pedido de efeito 3

4 suspensivo foi indeferido. Gabinete do Desembargador Norival Santomé Conforme certidão de fls. 928, não foram oferecidas as informações pelo MM. Juiz de Direito, e não foi contrarrazoado o recurso pelo o agravado. A Douta representante da Procuradoria Geral de Justiça, às fls. 930/936, opina pelo conhecimento e desprovimento do agravo de instrumento. Neste ponto vieram-me conclusos os autos. É, em síntese, o relatório. Passo a decidir. recurso. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do Como visto, trata-se de Agravo de Instrumento, interposto por LP EMPREENDIMENTOS CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO LTDA., em face de decisão proferida pelo MM. Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal e Registros Públicos da Comarca de Goiânia, Dr. Jeronymo Pedro Villas Boas, nos autos do Mandado de Segurança impetrado contra ato do Sr. PRESIDENTE DA PRIMEIRA CÂMARA DA JUNTA RECURSOS 4

5 FISCAIS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA - GOIÁS, que determinou a emenda da inicial, no prazo de dez dias, para retificar o valor da causa, que deverá corresponder ao valor do crédito tributário apurado, devendo ser efetivada a complementação do valor das custas. Preambularmente, importa consignar que o agravo de instrumento constitui recurso secundum eventum litis, devendo limitar-se a atacar o que restou soberanamente decidido pelo ato agravado, não sendo lícito, dessa forma, antecipar-se incontinente ao exame da questão de fundo, cabendo ao relator analisar, unicamente, o acerto ou desacerto da decisão ferreteada, sob pena de se suprimir um grau de jurisdição. Cediço ainda que os critérios para a aferição da pretensão de concessão de liminar, estão na faculdade do julgador, à margem do seu livre arbítrio, ou seja, no gozo do poder discricionário que a atividade judicante lhe confere, de decidir sobre a conveniência da sua concessão quando, logicamente, relevantes os fundamentos esposados pelo sujeito pretensor. Nesse prospecto, mantenho o posicionamento outrora lançado na decisão liminar, de que resta evidente que a pretensão da recorrente representa um benefício econômico, não se tratando o presente mandamus de natureza declaratória, com o valor da causa consubstanciado em mera estimativa. 5

6 Ora, se a segurança for concedida à impetrante, com a anulação do processo administrativo nº , em razão de violação dos princípios da motivação, do devido processo legal, contraditório e ampla defesa, obviamente que o auto de infração será invalidado, e não ocorrerá a cobrança do crédito tributário em desfavor da impetrante/recorrente no importe de R$ ,08 (quinhentos e vinte e seis mil, quatrocentos e cinco reais, e oito centavos), valor este que a autora pede que seja suspenso da inscrição da dívida ativa, num dos pedidos do mandado de segurança. de Justiça, nesse sentido: Muito bem lançada a manifestação da Procuradoria Geral Quanto ao valor da causa nas ações mandamentais, Hely Lopes Meirelles esclarece que o mandado de segurança, como as demais ações civis, exige que na petição inicial se declare o valor da causa. Este valor deverá corresponder ao ato impugnado, quando for suscetível de quantificação. No caso em questão, a quantificação é possível, visto que a ação ataca processo administrativo tributário cujo crédito tributário remonta a importância de R$ ,08 (quinhentos e vinte e seis mil, quatrocentos e cinco reais, e oito centavos). Embora não se ataque diretamente o mérito do processo administrativo, a concessão da segurança será capaz de rediscutir novamente o crédito tributário, podendo possivelmente excluí-lo, o que significa proveito econômico para a parte agravante. Assim, escorreita a decisão agravada, que determina a emenda da inicial, nos termos do artigo 258, do Código de Processo Civil, devendo o valor da causa corresponder ao conteúdo econômico pretendido. 6

7 Distrito Federal, nesse mesmo entendimento: Colaciono jurisprudência do Tribunal de Justiça do AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSO CIVIL MANDADO DE SEGURANÇA. INDICAÇÃO DO VALOR DA CAUSA PROVEITO ECONÔMICO ARTIGO 258 CPC LIBERAÇÃO DE MERCADORIAS APREENDIDAS PELO FISCO DO DF VALOR DA CAUSA DEVE SER CORRESPONDENTE AO VALOR DAS MERCADORIAS APREENDIDAS. 1 O E. Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que o valor atribuído à causa, inclusive na via mandamental, deve guardar plena correspondência ao proveito econômico da demanda, ou seja, ao benefício econômico colimado, não sendo possível atribuir-lhe valor aleatório. 2- Ainda que o objeto do mandamus seja apenas a liberação de mercadorias apreendidas pelo Fisco do DF, sem o pagamento de multa e impostos, encontra-se evidente que o proveito econômico a ser auferido pelo impetrante corresponde ao valor das mercadorias apreendidas. 3 Agravo de instrumento conhecido e provido. (TJDF. 4ª Turma Cível; Agravo de Instrumento AGI; Desembargadora Maria Beatriz Parrilha) Sendo possível determinar o proveito econômico que busca a Impetrante, ora agravante, tenho por obrigatória a indicação do valor da causa em plena concordância com a expressão financeira perseguida. Assim, independentemente se a pretensão da recorrente é a anulação do processo administrativo, e consequente invalidade do auto de infração, lavrado em decorrência da falta de recolhimento do imposto ISS, evidenciado está que o proveito econômico da ação mandamental corresponde ao valor do crédito tributário cobrado no referido auto de infração. 7

8 Inconteste que o valor da causa deve corresponder ao conteúdo econômico almejado, inclusive no mandado de segurança, quando passível de estimativa, tal como se verifica no caso em exame, em que é há como estimar possível proveito econômico auferível pela impetrante, se concedida a segurança, a esta vantagem patrimonial devendo equivaler o valor da causa. Justiça do Rio Grande do Sul: Perfeitamente aplicável, precedente do Tribunal de AGRAVO. PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. VALOR DA CAUSA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO. 1. Em se tratando de matéria a cujo respeito há súmula ou jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior, o Relator está autorizado a negar seguimento ou a dar provimento a recurso. Art. 557 do CPC. 2. O valor da causa no mandado de segurança que visa à suspensão de exigibilidade de crédito tributário e à obtenção de certidão positiva com efeito de negativa corresponde ao conteúdo do benefício econômico da pretensão. Precedentes do STJ. Recurso desprovido. (Agravo Nº , Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relatora: Des.ª Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em 23/02/2012) Nessa mesma direção é a orientação do STJ: IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. MANDADO DE SEGURANÇA. ANISTIA POLÍTICA. REPARAÇÃO ECONÔMICA. PRETENSÃO DE RECEBER O MONTANTE RETROATIVO. QUANTIA ESPECIFICADA NA PORTARIA DE ANISTIA. NECESSIDADE DE QUE O VALOR DA CAUSA CORRESPONDA AO PROVEITO ECONÔMICO BUSCADO PELO IMPETRANTE.1. O valor da causa deve ser definido de acordo com o conteúdo econômico da demanda, critério 8

9 aplicável inclusive aos mandados de segurança. 2. A indicação de valor da causa que não traduza o verdadeiro proveito econômico buscado pelo impetrante não conduz, por si só, à declaração da inépcia da inicial, cabendo ao magistrado ajustar tal valor, de ofício ou no julgamento de eventual impugnação. Precedente. 3. Impugnação julgada parcialmente procedente para fixar, como valor da causa, a quantia especificada na portaria de anistia. (Pet 8.816/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/11/2011, DJe 08/02/2012) Processual Civil. Recurso Especial. Mandado de Segurança. Incidente de impugnação ao valor da causa. Vantagem econômica imediata e quantificável. Valor da causa. Proveito econômico perseguido. - Se o "writ" tem por objeto a tutela de direito líquido e certo que possui expressão financeira imediata e quantificável, deve o valor dado à causa refletir o exato proveito econômico perseguido. (REsp /RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/12/2002, DJ 17/02/2003, p. 273) Por isso, nenhuma dúvida há quanto à possibilidade de o magistrado determinar a correção do valor da causa quando constatar descompasso entre o valor atribuído, e o benefício econômico visado na demanda. Aliás, a própria inicial (fls. 16/37) estampa o montante que a impetrante pretende ver suspenso da inscrição da dívida ativa dos débitos constituídos no processo administrativo, o que demonstra o conteúdo econômico imediato no mandamus, a justificar a manutenção da decisão agravada, que determina a adequação do valor atribuído à causa. 9

10 Com efeito, mantenho o posicionamento lançado na decisão liminar, de não vislumbrar argumentos fortes para o provimento do agravo de instrumento. Por último registro que o teor da decisão que indeferiu o efeito suspensivo, não se mostra discrepante, ilegal ou abusivo em relação ao direito aplicável e à necessária cautela que deve ter o julgador, a justificar a reforma deste tribunal, mesmo porque não se encontra-se finda a instrução processual. Vê-se, destarte, que a decisão agravada não merece reparos, pelo menos nesta estreita via do agravo de instrumento, já que não encontro respaldo e argumentos plausíveis para o provimento do recurso. Ante o exposto, hei por bem conhecer do presente agravo de instrumento e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, a fim de manter incólume o vergastado decisum, por estes e por seus próprios fundamentos. Goiânia, 11 Desembargador Norival Santomé Relator 10

11 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA AGRAVANTE LP EMPREENDIMENTOS CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO LTDA 1º AGRAVADO PRESIDENTE DA PRIMEIRA CÂMARA DA JUNTA RECURSOS FISCAIS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA - GOIÁS 2º AGRAVADO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA RELATOR Desembargador NORIVAL SANTOMÉ EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. ADEQUAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. CORRESPONDÊNCIA AO CONTEÚDO ECONÔMICO PRETENDIDO. ANULAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO E DE AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSTO ISS. 1- O valor a ser dado à causa, ainda que no mandado de segurança, deve ser fixado de acordo com o conteúdo econômico perseguido, conforme artigo 258 do Código de Processo Civil. 2 Não há falar-se no mandado de segurança de natureza declaratória, sendo certo o pedido da impetrante, no sentido de suspender a inscrição da dívida ativa de débitos constituídos no processo administrativo. 3- Embora pretenda a autora anular o processo administrativo, a concessão 11

12 da segurança será capaz de influenciar no crédito tributário, o que significa o proveito econômico para a parte agravante. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do agravo de Instrumento nº , acordam os integrantes da 4ª Turma Julgadora da 6ª Câmara Cível, por unanimidade, em CONHECER E NÃO PROVER o recurso, nos termos do voto do Relator. Presidiu a sessão o Desembargador Fausto Moreira Diniz. Votaram com o Desembargador Norival Santomé, o Desembargador Camargo Neto e o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes. Rodolfo Pereira Lima Júnior. Esteve presente à sessão o ilustre Procurador de Justiça Dr. Goiânia, 11 de junho de Desembargador NORIVAL SANTOMÉ Relator 12