O Tema do Amor na Poesia de Florbela Espanca

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1 Filozofická fakulta Ústav románských jazyků a literatur Bakalářská diplomová práce O Tema do Amor na Poesia de Florbela Espanca Petra Lukelová Vedoucí práce : Mgr. et Mgr. Vlastimil Váně Masarykova univerzita v Brně Brno 2009

2 Prohlašuji, že jsem bakalářskou diplomovou práci vypracovala samostatně s využitím uvedených pramenů a literatury. 2

3 Za cenné rady, vstřícnost a trpělivost při vedení mé bakalářské práce bych ráda poděkovala Mgr. et Mgr. Vlastimilu Váňovi 3

4 Índice: 1. Introdução O contexto histórico, social e cultural na viragem do século XX As datas históricas da época Educação das mulheres na época O movimento feminista e as poetisas da época A vida de Florbela Espanca As datas capitais na vida de Florbela Espanca Florbela Espanca e as relações com homens Florbela Espanca e o pai Florbela Espanca e o irmão Florbela e os maridos A inspiração e a intertextualidade literária na poesia de Florbela Espanca António Nobre Américo Durão Antero Quental Luís Camões A obra poética de Florbela Espanca O Livro de Mágoas O Livro de Soror Saudade Charneca em Flor O tema de amor na poesia de Florbela Espanca Saudosismo Narcisismo Sensualidade e erotismo Conclusão Bibliografia:

5 1. Introdução A tarefa do presente trabalho é analisar a temática de amor na obra poética de Florbela Espanca. Para atingirmos essa tarefa, decidimos dividir o nosso trabalho em duas partes. A primeira será dedicada aos acontecimentos históricos e culturais assim como da vida da poetisa. A segunda parte será dedicada à análise do tema do amor. Devido a limitação do espaço do trabalho decidimos levar em consideração só três colectâneas de Florbela Espanca: Livro de Mágoas, Livro de Soror Saudade e Charneca em Flor excluindo assim as colectâneas Trocando Olhares e Reliquiae. Além da literatura primária, apoiamo-nos, também, em várias fontes secundárias. No capitulo sobre acontecimentos históricos e culturais, História Concisa de Portugal escrita por José Hermano Saraiva da qual retiramos informações sobre história portuguesa e o estudo sobre a obra de Florbela Espanca, Imagens do Eu na poesia de Florbela Espanca de Cláudia Pazos Alonso a que dedicou uma parte à situação de mulheres na viragem do século XIX para o século XX. No capítulo referente à vida de Florbela usaremos principalmente a biografia de Florbela Espanca de Agustina Bessa-Luís e O Destino em Florbela Espanca de António Freire. No capítulo de inspiração comparemos a poesia de António Nobre, Antero de Quental, Américo Durão e Luís Vaz de Camões e então trabalharemos com a literatura primária destes autores. Finalmente na parte principal, isso é, nos capítulos de análise para além de fonte primária de Florbela Espanca, o estudo publicado depois do Congresso sobre Florbela Espanca realizado em Évora nomeado A Planície e o Abismo de vários autores. Finalmente convém delinear a estrutura da própria análise. Primeiro comparemos a poesia de Florbela com a obra poética de autores de inspiração. Em seguida iremos analisar as colectâneas particulares e tentaremos encontrar traços característicos para cada uma das colectâneas. No último capítulo iremos abordar o tema de amor do ponto de vista saudosista, narcisista, e sensual. 5

6 2. O contexto histórico, social e cultural na viragem do século XX Aqui vamos referir alguns factos históricos, sociais e culturais. Como a época da vida da poetisa é muito rica de acontecimentos consideramos relevante abordar alguns factos em pormenor. Primeiro, viraremos a nossa atenção aos pilares históricos e políticos, focaremos datas e personagens importantes da altura e as alterações na vida social e cultural. Segundo, aproximarmo-nos à problemática da educação das mulheres em Portugal no primeiro quartel do século XX e, finalmente, mencionaremos o movimento feminista em Portugal As datas históricas da época Quando Florbela Espanca nasceu, o estatuto de Portugal ainda era designado como monarquia. Os inícios das ideias revolucionárias e republicanas são datados no princípio do século XIX, em particular, em 1820 e, principalmente, em 1848, após a revolução francesa 1. As tendências republicanas tornaram-se mais fortes depois do Ultimato de 1890 e foram ainda mais apoderadas depois da morte violenta do rei Carlos I, acabando em proclamação da República em No mesmo ano foi constituído Governo Provisório administrado por Teófilo Braga. A administração de Teófilo Braga e do Ministro de Justiça Afonso Costa é marcada por muitas mudanças na vida política e social em Portugal. A Constituição foi baseada nas ideias da Constituição de 1822 significando ideias anti-monarquistas. Além disso, novas leis foram introduzidas, entre elas, por exemplo, a lei que garantiu protecção do estado para mães solteiras, os filhos de uniões ilegítimas foram permitidos usar o apelido do pai e herdar as propriedades do mesmo, a Igreja foi separada do Estado e então casamentos civis e divórcios foram autorizados 2. Levando em consideração que essas leis foram introduzidas seis anos depois do nascimento de Florbela, julgamos extremamente importantes quanto ao desdobramento da vida da poetisa. Mesmo durante a vida da poetisa, os acontecimentos políticos eram muito agitados. Em 1915, Pimento de Astro assumiu a Presidência de Ministério e introduziu regime ditatorial chamado República Nova que, também, não durou muito, pois ainda no mesmo ano Afonso 1 Saraiva, José Hermano. História Concisa de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América, 24ª ed., 2007, pág

7 de Costa se tornou o Presidente de Ministério e administrou o estado de forma democrática. Em 1917, Portugal participou na Primeira Guerra Mundial em cooperação com Inglaterra e França. Em 1918, Sidonio Pais torna-se o Presidente e o regime de ditadura foi introduzido novamente, mas, de novo, o regime ditatorial não durou muito, pois Sidonio Pais foi no mesmo ano assassinado. Os anos desde 1919 até 1926 são caracterizados por domínio do Partido Democrático e pela crise de finanças públicas. Em 1926, ditadura militar foi introduzida pelo general Gomes de Costa. O ano 1927 é o ano de crise extremamente séria indicando o colapso do sistema económico em Portugal. No ano seguinte, António de Oliveira Salazar assumiu a posição de Ministro de Finanças, em 1930 já tinha grande influência sob a política e em 1932 se torna o Presidente de Ministério e o período chamado o Estado Novo praticamente começa. 2.2 Educação das mulheres na época Nesta parte do nosso trabalho dedicarmo-nos à educação das mulheres em Portugal do século XIX e do início do século XX. Julgamos importante delinear o desenvolvimento da educação feminina da época e como essa passou por grande mudanças. Neste lugar, também, convém mencionar o facto, que havia várias formas de educação na época. Além da educação oferecida pelas escolas estatais, as mulheres podiam ser educadas duma forma privada, principalmente em conventos ou em casa. Aqui nos focaremos na educação facilitada por escolas femininas do Estado, vista a impossibilidade de verificar o número preciso de mulheres educadas em privado. A origem da criação das escolas primárias para mulheres data-se em 1790, embora essas começassem a funcionar após a revolução de Em 1845 existiam em Portugal só 41 escolas primaras femininas do Estado e então, como resultado, havia poucas mulheres que na primeira metade do século XIX soubessem ler e ou escrever 4. O analfabetismo feminino diminuiu-se na segunda metade do mesmo século devido à abertura de mais escolas primárias para mulheres em 1884 havia alunas nas escolas do Estado 5. Quanto à educação secundária feminina, a situação era menos favorável. As primeiras escolas secundárias foram abertas em 1888, mas, como no caso das escolas primárias, praticamente começaram a 3 Alonso, Cláudia Pazos, Imagens do eu na poesia de Florbela Espanca. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1997, pág Ibid., pág Ibid., pág

8 funcionar só em Segundo Agustina Bessa-Luís, Florbela Espanca foi matriculada no liceu de Évora no ano , noutras palavras, um ano antes da real abertura das escolas secundárias femininas. Isso era possível devido a alguns liceus masculinos, entre eles o liceu de Évora, aceitarem, embora em número limitado, alunas 8. No respeitante à educação académica, os estudos eram julgados irrelevantes ou mesmo nocivos para as mulheres. 9 Se levaremos em consideração os factos mencionados em cima, encontramos a educação e com ela ligada a criação literária feminina nos seus inícios. O caminho para os estudos no princípio do século XX era muito mais complicado para as mulheres do que nas décadas posteriores e o facto de as mulheres em Portugal começarem a escrever obras literárias pode ser considerada como uma expressão de revolta feminina. Por essa razão focaremos apenas no sub capítulo seguinte o movimento feminista e as escritoras, em particular, poetisas da época. 2.3 O movimento feminista e as poetisas da época Aqui mencionaremos alguns factos dedicados à problemática do feminismo. Nós entenderemos o termo feminismo como a tendência de enunciar os direitos das mulheres de estudar e participar na vida social, campo que, até ao início do século XX foi em Portugal ocupado na maior parte do tempo só por homens. Como já foi esboçado anteriormente, a permissão de estudar até nas escolas secundárias dada às mulheres fez com que elas começassem a sentir a necessidade de se realizar no ambiente público. As origens do movimento feminista surgiram nos Estados Unidos em 1840 como resultado do movimento chamado a Convenção de Seneca Falls de que saiu a declaração formulando os direitos das mulheres. Em Portugal, começa-se a falar sobre a problemática dos direitos das mulheres mais tarde do que nos Estados Unidos, em particular, nos anos , período considerado a segunda vaga de feminismo 10. Com as iniciativas feministas e a escrita feminina, especialmente a poesia, são inseparavelmente ligadas com algumas revistas, como por exemplo, na viragem do século XIX e XX a revista A Mulher ou Alma Feminina ou, mais tarde, Portugal Feminino, revista 6 Ibid., pág Neste lugar se trata dum desacordo entre Agustina Bessa-Luís e António Bartolomeu Gromicho em Alonso, Cláudia Pazos, Imagens do eu na poesia de Florbela Espanca. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1997, pág. 22 em datas como o segundo dos autores indica o início dos estudos de Florbela no liceu de Évora nos anos Ibid., pág Ibid., pág

9 em que Florbela Espanca, também, publicou cinco sonetos, em particular, Noite em Chuva, Nós Dois, O Meu Condão, Vão Orgulho e Crucificada 11. Nesta época surgiram várias poetas femininas e por isso mencionaremos algumas. Uma das poetisas bem conhecida da época era Branca de Gonta Colaço, filha do poeta Tomás Ribeiro, que, como Florbela, dedicou a maior parte da sua poesia ao tema de amor, apenas amor bastante convencional. Outras poetisas de êxito eram Alice Moderno, Domitilda de Carvalho, Marta Mesquita da Câmara, Virgínia Vitorino e outras. O tema mais comum na poesia feminina da época era, certamente, o tema de amor (como na obra de Florbela Espanca), por outro lado não se tratava de tema único 12. Neste lugar não faremos a análise dos poemas das autoras mencionadas pois não entendemos ser relevante para o nosso trabalho. A tarefa desta parte do trabalho foi sublinhar a ligação entre as datas históricas, o desenvolvimento da educação feminina e, como consequência, a escrita feminina, especialmente, a poesia que se começou a criar e publicar. 3. A vida de Florbela Espanca Florbela Espanca, a poetisa da viragem do século XX, é uma das personagens no campo poético que não pertence a nenhum grupo de poetas da altura. Ao contrário, a sua obra poética é muito individualista, marcada pelas experiências da infância e adolescência, pelas relações 11 Alonso, Cláudia Pazos, Imagens do eu na poesia de Florbela Espanca. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1997, pág Ibid., pág. 34 9

10 familiares e amorosas, pela doença. Neste capítulo vamos dedicar-nos, brevemente, a alguns pormenores da vida da poetisa. Mencionaremos factos que achamos relevantes para compreendermos melhor a sua poesia. Primeiro vamos virar a nossa atenção às datas e acontecimentos principais e em seguida vamos tomar em consideração as relações com os homens de importância na vida de Florbela Espanca, em particular, com o seu pai, com o irmão e com os seus maridos. 3.1 As datas capitais na vida de Florbela Espanca Parece, que até as circunstâncias do nascimento de Florbela indicaram a vida tão insólita e tão rara da poetisa. Florbela d Alma da Conceição Espanca nasceu em Vila Viçosa às duas horas da noite, dia 8 de Dezembro de 1894, matriculada como filha de Antónia da Conceição Lobo e pai desconhecido. Apesar deste facto, Florbela cresce em casa de seu pai, João Espanca, junto com a madrasta Mariana Toscano (chamada, também, Mariana Inglesa), a mãe sendo amante dele. Nem três anos depois, Antónia da Conceição Lobo dá à luz o irmão de Florbela, Apeles, que se tornará pessoa muito cara para ela. Na idade de 11 anos, Florbela começa a frequentar o liceu em Évora, cidade amada, que se reflectirá na sua poesia: (...) Tenho corrido em vão tantas cidades! E só aqui recordo os beijos teus E só aqui eu sinto que são meus Os sonhos que sonhei noutras cidades! Évora!...O teu olhar...o teu perfil... Tua boca sinuosa, um mês de Abril, Que o coração no peito me alvoroça 13 É, também, em Évora onde Florbela encontra o seu primeiro marido, Alberto Moutinho com quem casa em 8 de Dezembro de 1913 no dia do seu aniversário. O conjunto não é muito feliz, Florbela sofre do primeiro ataque de depressão depois de aborto, está no Algarve. Finalmente, é Florbela quem põe a acção de divórcio, por causa de abandono, realizando-se em 30 de Abril de Não demora nem três meses, e outro homem ocupa lugar ao seu lado. Em 29 de Julho de 1921 Florbela casa com António Guimarães e vai viver para o Porto. 13 Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

11 Mas nem a vida no Porto nem a convivência com António Guimarães a satisfaz e, novamente, a desilusão acaba em divórcio, desta vez pedido pelo seu marido. Apesar de tudo, em 15 de Outubro de 1925, Florbela casa-se pela terceira vez. O seu último marido chama-se Mário Lage, é médico e o casamento parece feliz como podemos testemunhar na carta de Florbela dirigida ao seu irmão Apeles: Dois anos lutei em vão por fugir a um amor que estava a encher-me toda e este que eu encontrei agora orgulho-me dele, pois é um ser único, como eu esperava encontrar, enfim, na vida. 14 Mas a felicidade da poetisa não dura muito tempo, Florbela morre na véspera do seu aniversário, às dez horas da noite em 7 de Dezembro de 1930, em Matosinhos. Quanto à vida profissional da poetisa, é conveniente adicionar neste lugar alguns factos que consideramos essenciais para entendermos melhor a sua obra poética. Como já foi mencionado neste capítulo, na idade de onze anos Florbela inscreve-se nos estudos no liceu de Évora que frequenta até Agustina Bessa-Luís descreve Florbela como aluna não brilhante 15 mas, por outro lado, como leitora ardente que visita biblioteca com frequência. 16 No ano 1916, desde 2 de Julho até 17 de Setembro Florbela tem colaboração literária no Notícias de Évora e, no ano seguinte vai viver para Lisboa e então acaba o 7º ano de Letras no liceu de Évora como aluna externa. No ano 1917, Florbela inscreve-se no 1º ano da Faculdade de Direito de Lisboa e nos anos 1918 e 1919 continua a estudar no 2º e no 3º ano da mesma faculdade. Em 1919, também, sai a sua primeira colectânea de sonetos, o Livro Mágoas. Depois do divórcio com o seu primeiro marido, Florbela vive no Porto e em 1923 é publicado o Livro de Soror Saudade, a segunda e a última colectânea que foi publicada durante a sua vida. O terceiro livro de sonetos Charneca em Flor já sai postumamente em No mesmo ano, Guido Battelli, o amigo próximo de Florbela, publica Cartas de Florbela Espanca e Juvenília que inclui poesias inéditas. O ano 1930 é, também, o ano em que Florbela escreve o seu diário que começa em 11 de Janeiro e acaba em 2 de Dezembro, publicado em 1981 como o Diário do Último Ano. Em 1932 sai o livro de contos chamado As Máscaras do Destino, Florbela Espanca foi enterrada em 8 de Dezembro em Matosinhos, no cemitério de Sedim, onde ficam os seus restos mortais até dia 17 de Maio de 1964, data em que foram transportados para o cemitério em Vila Viçosa. 14 Espanca, Florbela. Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág Ibid., pág

12 3.2 Florbela Espanca e as relações com homens Nesta parte do capítulo dedicado à vida de Florbela Espanca consideramos importante delinear as relações da poetisa com os homens que a rodeavam e então, indirectamente, influíram na sua poesia. Florbela Espanca nunca teve grande acesso aos salões onde se encontravam poetas, músicos e pintores e como ela própria disse: Tenho pena, hoje que vou envelhecendo, de ter fugido a sete pés de todas as cabotinagens e de ter vivido mais para mim, segundo o meu gosto, do que para os outros. Podia ser alguém hoje na sociedade portuguesa. 17 A sua poesia foi, portanto, em grande parte inspirada pela sua própria vida e pelas relações que fizeram parte dela. Por esta razão focaremos, primeiro, a relação entre Florbela e o pai, segundo, entre Florbela e o irmão e, por fim, entre Florbela e os seus maridos Florbela Espanca e o pai A relação entre Florbela e o seu pai era muito complicada, marcada pela ausência da mãe biológica que praticamente nunca conhecia, crescendo só com o pai João Espanca, a madrasta Mariana Inglesa e o irmão Apeles Espanca. Quando Florbela tinha 28 anos, o seu pai casa-se, depois do divórcio com Mariana, pela segunda vez com Henriqueta das Dores Almeida. Durante a sua vida, Florbela nunca foi oficialmente aceite como a filha do seu pai, sendo registrada como filha do pai desconhecido. Agustina Bessa-Luís exprime-se sobre o assunto assim: Esse estranho João Maria Espanca chega a parecer deslumbrante como tipo de pai tribal. Nunca perfilha Florbela, deixa-a entregue à humilhação de se matricular no liceu e depois na Universidade como filha de pai incógnito e neta de avós incógnitos. 18 João Espanca, na verdade, perfilhou a sua filha, esse acto ocorreu em 13 de Junho de 1949, dezanove anos depois da morte de Florbela, cinco dias antes da inauguração do busto dela em Évora. Por outro lado, Florbela, apesar de não ter sido perfilhada em vida, cresceu junto com ele, foi educada e então, praticamente, nunca foi realmente recusada. Depois de partir da casa familiar, sempre escrevia cartas ao pai, em que falava abertamente sobre si, os seus maridos, as suas preocupações e alegrias: Só há perto de um ano é que eu comecei a ter alegria; vim 17 Espanca, Florbela. Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág

13 tão quebrada, tão desiludida que foram precisos muitos meses de sossego e muitos cuidados de todos estes amigos para conseguir ter força para viver. 19 A relação entre Florbela e o pai pode ser considerada boa até o segundo divórcio que João Espanca recusa de aceitar e quebra a comunicação com a sua filha durante dois anos. A correspondência entre eles é restabelecida só depois do casamento de Florbela com Mário Lage: Paisinho. Já estava a ver que nunca mais recebia carta tua e já não estava mesmo nada contente. Eu estava há muito tempo morta por te escrever mas não o fiz por duvidar de ti, do meu irmão, da Henriqueta, de todos; pensei que nunca mais quisessem saber de mim e orgulhosa como sempre fui não quis ir ao encontro duma possível humilhação. O meu pecado foi julgar que o coração dum pai não era capaz de compreender o mal dos filhos; bem castigada fui por tal pensamento pois o vosso afastamento de quase dois anos foi a minha única nuvem negra. 20 Segundo este extracto podemos concluir que a relação da Florbela com o seu pai era incerta, a poetisa tem medo de ser abandonada pelo pai, que ele nunca mais quisesse saber dela, tem medo de humilhação de não ser aceite. No mesmo momento, quando o pai manifesta o desejo de se comunicar com ela, Florbela aceita-o com prazer, desculpando o seu orgulho. Agustina Bessa-Luís descreve a relação entre Florbela e o pai assim: Como mulher receia-o, ele pode causar-lhe mal e conduzi-la à sua perda, desde que a identifique à fraqueza proverbial da mulher. 21 A escritora vê o pai de Florbela como um homem a quem falta o sentimento paterno, alguém, que causa temor de abandono em Florbela, temor que se reflectirá nas suas relações amorosas: O seu complexo de abandono há-de exprimir-se até nos divórcios Florbela Espanca e o irmão Apeles Espanca nasceu em 10 de Março 1897, três anos depois do nascimento de Florbela e como ela foi, também, registado como o filho de Antónia da Conceição Lobo e o pai incógnito. Desde a infância Apeles era uma pessoa próxima de Florbela, pessoa que se tornou o confidente dela nos anos posteriores. Os irmãos trocaram muitas cartas entre si. Trata-se de cartas íntimas em que os dois, Florbela e Apeles, escreveram sobre as relações amorosas e, também, sobre a relação entre si. A relação entre Florbela e Apeles era tão íntima 19 Espanca, Florbela. Freire, António. O Destino em Florbela Espanca. Porto: Edições Salesianas, 1977, pág Ibid., pág Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág Ibid., pág

14 que deu origem às polémicas sobre incesto. Florbela exprimiu também o seu amor pelo irmão na sua obra, tanto nos contos como na poesia, em particular no poema Roseira brava : Há nos teus olhos de oiro um tal fulgor E no teu riso tanta claridade, Que o lembrar-me de ti é ter saudade Duma roseira brava toda em flor. Tuas mãos foram feitas para a dor, Para os gestos de doçura e piedade; E os teus beijos de sonho e de ansiedade São como a alma a arder do próprio Amor! Nasci envolta em trajes de mendiga; E, ao dares-me o teu amor de maravilha, Deste-me o manto de oiro de rainha! Tua irmã... teu amor... e tua amiga... E também, toda em flor, a tua filha, Minha roseira brava que é só minha!.. 23 A relação incestuosa entre Florbela e Apeles nunca foi provada. Segundo o poema podemos supor que Apeles era pessoa muito rara e muito amada, pessoa de grande importância para Florbela. António Freire descreveu a relação assim: É certo que Florbela dedicava ao irmão uma amizade, uma ternura, como de mãe a filho estremecido. Fora ele quem melhor compreendera, quem procurava suavizar as suas mágoas, quem passara à tela um dos mais originais retratos da poetisa; e quem, finalmente, privado, como ela, do carinho de pai e mãe, mais veio a precisar do afecto maternal, que ela já desde os quatro anos lhe dispensava. 24 Noutras palavras, António Freire vê a relação entre eles como relação de amizade profunda, de grande dedicação e de sentimentos puros. Apeles Espanca morre em 6 de Junho 1927, três anos antes da morte de Florbela. A morte de Apeles foi trágica como ele caiu ao rio Tejo, num hidroavião que tripulava. As circunstâncias da sua morte e da queda do avião nunca foram esclarecidas e, portanto, existem teorias em que se trata de suicídio Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág Freire, António. O Destino em Florbela Espanca. Porto: Edições Salesianas, 1977, pág Guedes, Rui. Espanca, Florbela. Contos e Diário. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, pág

15 A morte de Apeles teve impacto destrutivo na saúde psíquica de Florbela que naquela altura sofria com doença misteriosa, diagnosticada como neurose. Rui Guedes descreve o seu estado: Mas a tragédia rondava a sua porta, manifestando-se, desta vez, através do suicídio do seu único mas querido irmão Apeles (...), e que teve nela fortíssima destruição. 26 Florbela nunca recuperou do choque causado pela morte prematura do seu irmão que amava. Essa tragédia podemos testemunhar na sua obra ora poética ora prosaica, em particular, no poema In memoriam e no conto O Aviador Florbela e os maridos Florbela Espanca, como já foi referido, passou pela experiência de três casamentos dos quais dois acabaram em divórcio. António Freire disse que (...) o amor foi a principal tragédia de Florbela Espanca (...). 27 Não é claro até que ponto esta declaração é importante, mas o facto é que os primeiros dois casamentos eram infelizes, só o último parece que a satisfez. No liceu em Évora encontra Florbela Alberto Moutinho que se tornará o seu primeiro marido. Florbela e Alberto são colegas de liceu, visitam biblioteca com frequência, pois os dois encontram o mesmo prazer na leitura. Agustina Bessa-Luís caracteriza a união deles em termos de amizade 28 e ídilio de adolescentes 29 que estam à procura de soluções rápidas para os compromissos fastidiosos que a moral social impõe. 30 Florbela e Alberto casam-se no dia 8 de Dezembro de 1913, no dia do seu aniversário, em Vila Viçosa. O casamento não se tornou muito feliz, e, como Agustina Bessa-Luís escreve na biografia, (...) a paixão não teve nunca companhia (...) 31 na relação deles. Alberto Moutinho não era homem rico, pois o casal teve que encarar problemas financeiros e, além disso, Florbela revelou-se uma mulher emancipada com grandes ambições. Em 1917, Florbela matricula-se na Faculdade de Direito de Lisboa e em 1919 o Livro de Mágoas é publicado. Eram as ambições de estudar e a escrita que causaram a distância entre os maridos. 32 A união dura 8 anos, pois em 1921 Florbela põe acção de divórcio por causa de abandono. Entretanto, em 1920, Florbela encontra António José Marques Guimarães, o seu segundo marido. O 26 Ibid., pág Freire, António. O Destino em Florbela Espanca. Porto: Edições Salesianas, 1977, pág Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág Ibid., pág Ibid., pág Ibid., pág

16 casamento de Alberto e Florbela foi divorciado em 30 de Abril de 1921 e dois meses depois, em 29 de Junho, Florbela casa António Guimarães. O segundo casamento com o alferes de Artilharia da Guarda Republicana, António Guimarães, foi ainda mais curto e infeliz do que o primeiro. O casal viveu no Porto, num ambiente alheio com diferentes tendências culturais e sociais. Mas, na maior parte, a conjunção tornou-se num desastre pela (...) formação militarista e machista (...) 33 António Guimarães que tinha (...) grande falta de cultura (...) 34 e que nunca a compreendeu (...) como pessoa nem como artista... e batia-lhe. 35 A união deles não tinha grande duração, só três anos e meio depois do casamento António Guimarães põe acção de divórcio por causa de abandono. O casamento durou menos tempo do que o casamento com Alberto Mountinho, mas, por outro lado, foi muito mais doloroso e exaustivo como a própria Florbela escreve: Sofri todas as humilhações, suportei todas as brutalidades e grosserias, resignei-me a viver no maior dos abandonos morais, na mais fria das indiferenças. 36 de Durante este casamento Florbela escrevia a sua segunda colectânea de poesia chamada O livro de Soror Saudade que foi publicada no ano É essa colectânea em que Florbela se dedica ao tema de perda de amor, amor doloroso, amor espiritual e amor corporal, tema que focaremos num dos capítulos seguintes. O divórcio de António e Florbela é decretado no dia 23 de Junho em 1925 e no dia 15 de Outubro do mesmo ano Flobela casa Mário Pereira Lage, seu médico. Desta vez a união parece muito mais feliz do que as anteriores. Florbela mora com o seu marido e a família dele em Matosinhos. Numa das cartas que escreveu ao pai fala, também, sobre as condições em que vivia: Como já deves saber meu marido é médico aqui onde resido (...) e onde temos o resto da família que mito me consideram e estimam todos desde sempre. Sinto-me honrada e orgulhosa pelo apreço em que ele todos me têem e quando oiço quatro bocas pequeninas dos meus pequeninos sobrinhos chamarem-me tia com muito amor eu não posso deixar de agradecer Deus a felicidade que depois de tantos tormentos fez a esmola de me dar! 37 Por outro lado, depois da morte do seu irmão Apeles no ano 1927, Florbela sofre não só de fraqueza física, mas, também, de abatimento psíquico. Além disso, o seu marido não tinha compreensão pela sua poesia pois recusou-lhe financiar a sua colectânea de sonetos chamada 33 Guedes, Rui. Espanca, Florbela. Contos e Diário. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, pág Ibid., pág Ibid., pág Espanca, Florbela. Contos e Diário. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, pág Espanca, Florbela. Freire, António. O Destino em Florbela Espanca. Porto: Edições Salesianas, 1977, pág

17 Charneca em Flor que assim saíram postumamente. Agustina Bessa-Luís refere a este facto assim: Mário Lage (...) nunca financia uma edição, mas, depois que Florbela morre, aparece como proprietário de toda a sua obra poética e rubrica todos os exemplares das edições. 38 Depois da morte de Florbela, é Mário Lage quem divulga a informação do suicídio que nunca foi nem confirmada nem rejeitada. 4. A inspiração e a intertextualidade literária na poesia de Florbela Espanca Neste capítulo do presente trabalho vamos debruçarmo-nos na inspiração literária que podemos reflectir na poesia de Florbela Espanca. No dicionário da Academia das Ciências de Lisboa lemos que o verbo inspirar significa: Fazer sugerir ou encontrar novas ideias, motivações..., para realizar, fazer ou levar a cabo alguma coisa. 39 A autora era grande leitora de poesia portuguesa e estrangeira, principalmente a poesia francesa, então podemos 38 Bessa-Luís, Agustina. Florbela Espanca. Lisboa: Guimarães Editores, 4ª ed., 2001, pág Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, 2001, pág

18 observar várias alusões a outros autores na sua obra poética. Na poesia francesa, Florbela era admiradora ardente de Paul Verlaine cujo extracto podemos ler na abertura do Livro de Mágoas. Na poesia portuguesa, Florbela foi muito influenciada pela colectânea de António Nobre, Só. Florbela nomeia por várias vezes o autor português nos seus sonetos por abreviatura do seu nome, Anto, como no poema chamado Languidez : (...) Tardes da minha terra, doce encanto, Tardes duma pureza de açucenas, Tardes de sonho, as tardes de novenas, Tardes de Portugal, as tardes de Anto (...) 40 Noutros poemas a poetisa comunica com outros modelos da sua inspiração, como no seguinte extracto do poema A Maior Tortura, um poema que é dedicado a Um grande poeta de Portugal 41 : (...) Poeta, eu sou um cardo desprezado, A urze que se pisa sob os pés. Sou, como tu, um riso desgraçado! Mas a minha tortura inda é maior: Não ser poeta assim como tu és Para gritar num verso a minha Dor! 42 Outro modelo de inspiração de Florbela foi o poeta Américo Durão que encontrou durante os seus estudos em Lisboa e que é o criador do nome Soror Saudade como ele assim chamou Florbela num dos seus poemas, nome que Florbela posteriormente usou como o nome da seu segunda colectânea o Livro de Soror Saudade. Além da poesia de António Nobre e Américo Durão, levaremos, também, em consideração a poesia de Antero de Quental e Luís Vaz Camões. A do primeiro em mais pormenor, a do segundo apenas brevemente como a poesia camoniana influiu muitos poetas portugueses e cuja influência é aparente em muitas obras poéticas, e então não consideramos necessário que nos dediquemos nessa problemática em detalhe. 4.1 António Nobre 40 Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág Ibid., pág

19 António Nobre foi um poeta que inspirou Florbela em grande medida e cuja influência podemos observar especialmente no Livro de Mágoas. Por este motivo compararemos a poesia de António Nobre e os sonetos florbelianos da colectânea mencionada. Florbela Espanca inspirou-se, também, pela organização da colectânea Só de António Nobre que já no primeiro soneto do livro, Memória, avisa: (...)Mas tende cautela, não vos faça mal... Que é o livro mais triste que há em Portugal! 43 António Nobre comunica com os leitores e prepara-os para a leitura de poemas explicando que os poemas do livro inteiro serão tristes e sublinha este facto pelo uso do superlativo (...o livro mais triste...). Florbela Espanca, também, avisa os seus leitores no soneto inicial do Livro de Mágoas: Este livro é de mágoas. Desgraçados Que no mundo passais, chorei ao lê-lo! Somente a vossa dor de Torturados Pode, talvez, senti-lo... e compreendê-lo. Este livro é para vós. Abençoados Os que o sentirem, sem ser bom nem belo! Bíblia de tristes... Ó Desventurados. Que a vossa imensa dor se acalme ao vê-lo! Livro de Mágoas... Dores... Ansiedades! Livro de Sombras... Névoas e Saudades! Vai pelo mundo... ( Trouxe-o no meu seio...) Irmãos na Dor, os olhos rasos de água, Chorei comigo a minha imensa mágoa, Lendo o meu livro só de mágoas cheio! Ao contrário de António Nobre, Florbela avisa os leitores já no primeiro verso do soneto, escrevendo que se tratará dum livro de tristeza. Como Nobre, a autora, também, comunica com os leitores, chamando-lhes vários nomes (Desgraçados, Torturados, Abençoados, Desventurados e, finalmente, Irmãos na Dor) criando assim o sentimento de 43 Nobre, António. Só. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, pág Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

20 proximidade entre o leitor e a autora. No último verso, Florbela sublinha a sua advertência pela repetição e alude ao poema de Nobre pelo uso da palavra só, o título da sua colectânea. Os dois autores, Florbela e António Nobre, referem à perdição de ilusões, as dores da alma e à morte, usando com frequência as palavras como torre, castelo, sonho, minha alma, choro, dor e morte... e, também, referem à natureza usando palavras como névoa, céu, vento ou água, rio, mar...podemos observar nos seguintes extractos a intertextualidade entre os autores como os dois descrevem os seus sentimentos de perda de ilusões: (...) Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada, E que era sempre dia, e nunca tinha fim Essa visão de luar que vivia encantada, Num castelo com torres de marfim!(...) (...) Debalde clamo e choro, erguendo aos Céus meus ais: Voltam na asa do Vento os ais que a alma chora, Elas, porém, Senhor! Elas não voltam mais Observamos na primeira parte do extracto de António Nobre os sentimentos optimistas do autor que antigamente tinha tido, mas que já perdeu. Usa o tempo passado, então no momento em que escreve os versos já sabe que os seus sonhos eram falsos, já perdeu a ilusão. Para frisar o antigo optimismo, usa palavras que referem à luz e brancura luz, dia, luar, marfim. Na segunda parte, o autor já descreve os seus sentimentos no presente. Exprime o seu desespero da perdida ilusão que nunca mais voltará, sabendo que o único que fica é a sua dor. Florbela Espanca foi inspirada pelo soneto de Nobre e responde assim: Subi ao alto, à minha Torre esquia, Feita de fumo, névoas e luar E pus-me, comovida, a conversar Com os poetas mortos, todo o dia. Contei-lhes os meus sonhos, a alegria Dos versos que são meus, do meu sonhar, E todos os poetas, a chorar, Responderam-me então: Que fantasia, Criança doida e crente! Nós também Tivemos ilusões, como ninguém, 45 Nobre, António. Só. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000, pág

21 E tudo nos fugiu, tudo morreu!... Calaram-se os poetas, tristemente... E é desde então que eu choro amargamente Na minha Torre esguia junto ao céu! Como no poema de António Nobre, Florbela Espanca, também, primeiro descreve os seus sentimentos de esperança, mas a sua torre já é muito mais frágil do que a torre de Nobre, como é feita de fumo, névoas e luar, substâncias que são instáveis e que podem desaparecer facilmente, como os sonhos. Também, como António Nobre, Florbela primeiro escreve no passado, então no momento de escrever já sabe da sua desilusão. No último terceto, Florbela já fala no presente descrevendo o seu estado e, desesperada, como Nobre, chorando desde o momento da perda de ilusões. 4.2 Américo Durão Como já foi referido, Américo Durão um dos poetas que Florbela encontrou na Universidade em Lisboa, e que, também, teve alguma influência na sua poesia. Américo Durão foi, também, aquele que chamou Florbela Soror Saudade no poema intitulado Soneto : (...)Irmã, Soror Saudade, ah! Se eu pudesse Tocar da aspiração a nossa vida, Fazer do mundo a Terra Prometida Que ainda em sonho às vezes me aparece! (...) 47 O autor exprime o desejo de acreditar ainda nos seus sonhos que antigamente tinha, acreditar que viver no presente mundo possa ser agradável, mas ao mesmo tempo sabe que isso não é possível, que tem que viver na sua dor. O extracto deste soneto, também, exprime o seu desespero da sua incapacidade de tornar o mundo num mundo melhor de que ainda, às vezes, sonha. Esta incapacidade é exprimida pelo uso do imperfeito do conjuntivo do verbo poder, pois é óbvio que se trata dum desejo que é impossível tornar em realidade. Florbela Espanca foi inspirada pelo nome que foi dada e usou-o como o nome da sua colectânea e o nome do primeiro soneto da dita colectânea, que foi, originalmente, chamado O meu nome. Além disso, começou-se a chamar Soror Saudade também noutros sonetos do 46 Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág Durão, Américo.Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

22 Livro de Soror Saudade e este nome aparece, também, em Charneca em Flor. Florbela respondeu ao soneto de Américo Durão: Irmã, Soror Saudade, me chamaste... E na minh alma o nome iluminou-se Como um vitral ao sol, como se fosse A luz do próprio sonho que sonhaste. (...) 48 No soneto, que foi dedicado a Américo Durão, a poetisa reflectiu os sentimentos dele, sabendo que o sonho do poeta é só desejo que se nunca tornará realidade, mas é um desejo que ela compreende e acha belo. Como no caso de António Nobre, Florbela refere, também, neste soneto directamente à obra de Américo Durão usando a palavra vitral com que alude à colectânea do poeta chamada Vitral na Minha Dor. No soneto de Florbela, o vitral significa espalho que reflecte a luz que ilumina, trata-se dum momento de felicidade, comparando a iluminação com o sonho que não é real mas é belo. No caso dos extractos em cima, trata-se mais de intertextualidade entre os poetas do que inspiração, não vamos analisar mais poemas porque consideramos importante mencionar ainda neste trabalho outros autores que influíram a poesia florbeliana. 4.3 Antero Quental Antero de Quental é, indubitavelmente, um dos maiores poetas portugueses que pertence à Geração de 70. Antero na sua poesia frequentemente está à procura do ideal, à procura da significação do seu ser que não consegue encontrar. É um poeta inquieto, sente desespero e dor da imperfeição no seu viver: Conheci a Belleza que não morre E fiquei triste. Como quem da serra Mais alta que haja, olhando aos pés a terra E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre, Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre; Assim eu vi o mundo e o que elle encerra Perder a côr, bem como a nuvem que erra Ao pôr do sol e sobre o mar discorre. 48 Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

23 Pedindo à forma, em vão, a idéia pura, Tropeço, em sombras, na matéria dura, E encontro a imperfeição de quanto existe. Recebi o batismo dos poetas, E assentado entre as formas incompletas, Para sempre fiquei pálido e triste. 49 O poeta sente-se triste e desesperado como já conheceu a perfeição e quer descrever as belezas que viu, mas sabe que ele nunca será capaz disso. No último terceto inclui-se ao grupo de poetas, mas sabe que os seus versos nunca serão tão bons como os versos doutros poetas, que nunca será capaz de atingir a perfeição. Florbela Espanca nos seus versos enuncia o seu desespero de incapacidade de exprimir os seus sentimentos duma forma que ela própria consideraria perfeita: Tirar dentro do peito a Emoção, A lúcida Verdade, o Sentimento! E ser, depois de vir do coração, Um punhado de cinza esparso ao vento!... Sonhar um verso de alto pensamento, E puro como um ritmo de oração! E ser, depois de vir de coração, O pó, o nada, o sonho dum momento... São assim ocos, rudes, os meus versos: Rimas perdidas, vendavais dispersos, Com que eu iludo os outros, com que minto! Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse, a chorar, isto que sinto!! 50 A poetisa, tanto como Antero de Quental, acha o encontro da perfeição dos seus versos impossível. Ao contrário de Antero que quer descrever a beleza, Florbela quer exprimir as suas emoções e sentimentos, mas, como Antero, não consegue. No último terceto exprime o seu desejo de ser capaz de ser um poeta perfeito usando o tempo do pretérito mais-que Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

24 perfeito (Quem me dera) e o imperfeito do conjuntivo (dissesse), tempos que reflectem a hipótese ou desejo, mas não a realidade. 4.4 Luís Camões Dedicaremos agora algum espaço à poesia de Camões que é considerado o pai da lírica amorosa e assim é um dos modelos sem pares da maioria dos poetas líricos. Camões exprime na sua poesia os seus sentimentos de dor de viver e a dor amorosa, motivos que são muito típicos para a poesia de Florbela. Camões frequentemente usa as palavras de contrariedades na sua poesia: Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.(...) 51 São estas as contrariedades que, também, podemos observar na poesia florbeliana, como, por exemplo, no seu soneto conhecido Amar! : Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... Além... Mais Este e Aquele, o Outro e a toda a gente... Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente! Prender ou desprender? É mal? É bem? (...) 52 Quando Camões usa as contrariedades para descrever a diversidade do amor, Florbela Espanca usa-as para exprimir a sua incerteza e medo de amar, aumentando assim o significado dos seus sentimentos. 51 Camões, Luís. Poesia lírica. Lisboa: Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses, 2ª ed., 1988, pág Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

25 5. A obra poética de Florbela Espanca Dedicaremos este capítulo à caracterização das colectâneas de Florbela Espanca assim como às diferenças entre elas, especialmente à temática. Decidimos escolher três colectâneas da autora que consideramos exemplares quanto ao desenvolvimento da sua poesia. Primeiramente examinaremos a colectânea chamada o Livro de Mágoas que é livro cuja temática é pessimista ou até niilista, descrevendo o sofrimento, a perda de sonhos e ilusões, o desejo de atingir a perfeição na sua poesia e desejo de amor. O segundo livro, o Livro de Soror Saudade já é marcado pelo sofrimento que é causado pela perda ou ausência de amor, como o tema de amor é o tema principal nesta colectânea. Surge, também, o conflito entre o tema de amor físico e o amor espiritual e o narcisismo da poetisa. Charneca em Flor, a última 25

26 colectânea que será analisada neste trabalho, é caracterizada pela perda de identidade, a problemática do eu e o tema do amor, especialmente o amor sensual. 5.1 O Livro de Mágoas O Livro de Mágoas é uma colectânea pessimista, marcada pelo sofrimento causado, principalmente, pela desilusão e pelo sentimento de incompreensão da poetisa. Aparecem, também, outros motivos, como, por exemplo, o motivo do envelhecimento ou o desejo de atingir a perfeição no campo poético. No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea podemos ler que o termo sofrimento significa: Dor física ou moral; o facto de sofrer. 53 Cláudia Pazos Alonso compara Florbela Espanca com poetas românticos e explica: O poeta romântico sente-se incompreendido por causa da sua excepcional sensibilidade, sente-se marginalizado pelo vulgo e sofre intensamente. Mas também encontra grandeza no seu sofrimento por causa de certeza da sua vida ser governada por um destino omnipotente: foi escolhido e predestinado para ser poeta e para sofrer. 54 Estamos de acordo com a autora do estudo, que na poesia florbeliana no Livro de Mágoas podemos observar traços típicos dos poetas românticos, como os motivos frequentes são, entre outros, o castelo, o convento e o destino, palavras chaves das obras da época romântica. Neste capítulo analisaremos sonetos representativos dos sonetos que consideramos típicos desta colectânea. No soneto Em busca de amor encontramos o tema de perda de ilusão, causada pela desilusão amorosa: O meu Destino disse-me a chorar: Pela estrada da Vida vai andando, E, aos que vires passar, interrogando Acerca do Amor, que hás de encontrar. Fui pela estrada a rir e cantar, As contas do meu sonho desfiando... E noite e dia, à chuva e ao luar, Fui sempre caminhando e perguntando... Mesmo a um velho eu perguntei: Velhinho, 53 Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, 2001, pág Alonso, Cláudia Pazos, Imagens do eu na poesia de Florbela Espanca. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1997, pág

27 Viste o Amor acaso em teu caminho? E o velho estremeceu... olhou... e riu... Agora pela estrada, já cansados, Voltam todos pra trás desanimados... E eu paro a murmurar: Ninguém o viu! Nas primeiras duas estrofes observamos que a autora ainda acredita que um dia encontrará o amor, que ainda não perdeu o seu sonho. No último verso da terceira estrofe já se reflecte mudança, e o clímax surge na última estrofe em que a autora perde a sua ilusão. Como já foi dito, o motivo do destino é muito comum nesta colectânea e mesmo neste soneto podemos reflectir a predestinação. A autora foi mandada pelo destino de encontrar o amor e, como não o encontrou, foi predestinada para não o encontrar, foi predestinada para acabar em desilusão. A nomeação é, também, muito típica na poesia de Florbela Espanca, e, como podemos observar neste soneto, Florbela usa maiúsculas nas palavras o Destino e a Vida e o Amor. Trata-se de personificação de termos abstractos que são, obviamente, palavras-chave do soneto. Florbela Espanca frequentemente exprime o seu sentimento de ser incompreendida, sofrendo assim de solidão, como ela está sozinha com a sua dor: Aqueles que me têm muito amor Não sabem o que sinto e o que sou... Não sabem que passou, um dia, a Dor À minha porta e, nesse dia, entrou. E é desde então que eu sinto este pavor, Este frio que anda em mim, e que gelou O que de bom me deu Nosso Senhor! Se eu nem sei por onde ando e onde vou! Sinto os passos da Dor, essa cadência Que é já tortura infinda, que é demência! Que é já vontade doida de gritar! E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, 55 Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág

28 A mesma angústia funda, sem remédio, Andando atrás de mim, sem me largar! 56 Neste soneto observamos o motivo de sofrimento de ser incompreendida que lhe causa a Dor. Outra vez trata-se da personificação da palavra dor (a Dor entra, a autora sente os passos da Dor). Achamos interessante adicionar que quando Florbela personifica o seu sofrimento, usa a palavra Dor, escrita com maiúscula. Mas quando não se trata de personificação, a palavra Dor é substituída pelas palavras do mesmo campo semântico como tortura e mágoa. O soneto, também, tem traços niilistas como a poetisa está resignada, tendo certeza que sofrerá para sempre, que a sua Dor nunca desaparece. Outro motivo típico é o motivo de atingir o sucesso como poeta, mas este, já analisado em capítulo anterior. 5.2 O Livro de Soror Saudade A colectânea, cuja característica desenvolveremos neste lugar, já é muito mais marcada pela problemática de amor do que a colectânea anterior. O tema do amor é, certamente, o tema principal, a autora descreve os seus sentimentos de sofrimento causado pela ausência de amor. Nesta colectânea desenvolve-se, também, o tema do amor espiritual e do amor carnal. Quanto ao segundo, o tema da sensualidade e erotismo será ainda mais marcante na colectânea seguinte, Charneca em Flor. Embora já pudéssemos notar alguns sonetos com feições narcisistas na colectânea anterior, neste livro o narcisismo surge duma forma mais poderosa. Como o amor narcisista é, também, uma forma de amor, focaremos esta problemática mais detalhadamente no capítulo seguinte. Nesta colectânea, também, surge outro tema que consideramos essencial na análise da poesia florbeliana o saudosismo. O termo saudade é um termo típico português que aparece com frequência em muitas obras literárias e a poesia de Florbela Espanca não cria excepção. No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea lemos as definições: Recordação de alguma coisa que foi agradável mas que está distante no tempo ou no espaço. 57 Ou Sentimento de tristeza pela morte de alguém ou perda de alguma coisa a que afectivamente 56 Espanca, Florbela. Sonetos. Lisboa: Europa-América, 4ª ed., 1985, pág Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, 2001, pág

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