Cobranças e anuidade escolar: pontuações jurídicas

Transcrição

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2 Cobranças e anuidade escolar: pontuações jurídicas

3 A liberdade de preços das escolas particulares As escolas particulares não são sujeitas a um processo de congelamento de preços. Há certa liberdade de fixação de preços, desde que haja uma prévia criação, pela escola, de uma planilha de custo, em conformidade com a Lei n /99, em seu Artigo 2º.

4 A liberdade de preços das escolas particulares O valor anual ou semestral deverá, ainda, sempre tomar por base a última parcela da anuidade ou semestralidade legalmente fixada no ano anterior, multiplicada pelo número de parcelas do período letivo.

5 A vigência da anuidade escolar De acordo com o Artigo 1º, 5º, terá vigência por um ano o valor da anuidade escolar sendo este dividido em doze ou seis parcelas mensais iguais, sendo facultada a apresentação de planos de pagamento alternativos sem que exista direito adquirido neste sentido.

6 A vigência da anuidade escolar É nula cláusula contratual que estabeleça o reajuste do valor das parcelas da anuidade ou semestralidade escolar em prazo inferior a um ano a contar da data de sua fixação.

7 Taxas e serviços As instituições de ensino gozam de autonomia administrativa para decidir sobre o valor a ser cobrado pelos serviços prestados, inclusive no que se refere às taxas para o fornecimento de documentações.

8 Taxas e serviços Contudo, esclarecemos que, de acordo com a Portaria nº 971/97 do Ministério da Educação, os valores de mensalidades e outras taxas cobradas por parte da instituição de ensino devem estar previstos no catálogo da instituição, documento que deve estar disponível para livre consulta de qualquer interessado.

9 Taxas de matrícula e permanência A lei não permite a cobrança de taxa de matrícula. Contudo, poderá a escola cobrar um percentual da anuidade ou semestralidade no ato de matrícula.

10 Taxas de matrícula e permanência Já com relação a taxa de permanência, que é normalmente cobrada por instituições financeiras quando há atraso nos pagamentos, a lei não obriga os alunos a pagarem o valor em questão.

11 Multa contratual O art. 52, 1º do CDC (Lei nº 8.078/90), estabelece que as multas de mora decorrentes de atraso no pagamento da mensalidade não devem ser superiores a dois por cento do valor da prestação. No mesmo sentido, dispõe o item 11 da Portaria n 03, de 19 de março de 1999, da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.

12 Multa contratual No caso de atraso no pagamento, além da multa moratória, a instituição de ensino poderá cobrar correção monetária, de acordo com os índices oficiais, e juros de mora, limitados a 12% (doze por cento) ao ano.

13 Órgãos de restrição de crédito As instituições de ensino privadas sofrem com algumas concepções diferenciadas em relação a outros seguimentos empresariais, pois, são obrigadas a prestar um ano de serviços educacionais independentemente de pagamento. Durante a vigência do contrato, este não pode ser rescindido e não pode, de forma alguma, punir o aluno inadimplente no âmbito pedagógico.

14 Órgãos de restrição de crédito Ainda, não pode negar o fornecimento de nenhum documento para a transferência do aluno, conforme Artigo 6º, da Lei n /99. Uma das únicas formas de buscar garantir o direito de recebimento é por meio da negativação do responsável junto aos órgãos competentes, desde que o aluno seja previamente avisado e após 90 dias do vencimento da dívida.

15 Cuidado no envio de correspondências As instituições de ensino e suas entidades mantenedoras devem ter grande cuidado no sistema de remessa de correspondência para alunos e/ou seus responsáveis, quando menores de 18 anos. Dependendo do tipo de matéria pode haver o chamado "constrangimento ilegal". Isso ocorre, por exemplo, quando é encaminhada uma mensagem informando que o aluno está em débito com o pagamento das prestações decorrentes do contrato

16 Cuidado no envio de correspondências Isso ocorre, por exemplo, quando é encaminhada uma mensagem informando que o aluno está em débito com o pagamento das prestações decorrentes do contrato de serviços e esta já tenha sido paga anteriormente. Há também outro aspecto pertinente ao envio de notas de outro aluno, correspondendo à quebra de um sigilo didático. Vale lembrar que as notas, assim como os resultados de avaliação, somente podem ser entregues aos próprios alunos, se maiores, ou a seu responsável, quando menor.

17 Cuidado no envio de correspondências É sempre prudente que as correspondências sejam entregues em mãos, sob protocolo ou pelos correios, se possível com registro. Outra alternativa válida é disponibilizar pela internet os resultados; contudo, é preciso que o sistema tenha absoluta segurança e que a verificação somente seja feita mediante senha.

18 Sanções a alunos inadimplentes O consumidor deverá honrar com o contratado, caso contrário, se sujeitará às sanções e medidas legais cabíveis. Entretanto, a Instituição de Ensino não poderá aplicar quaisquer penalidades pedagógicas por motivo de inadimplência do aluno, conforme dispõe o art. 6º da Lei 9.870/99.

19 Sanções a alunos inadimplentes A adoção de medidas que visem o constrangimento do consumidor, tais como suspensão de provas escolares, retenção de documentos escolares, penalidades pedagógicas, entre outras, não são admitidas por parte das escolas. (conforme dispõe o art. 6º da Lei 9.870/99.)

20 Sanções a alunos inadimplentes Ocorrendo qualquer situação de constrangimento por parte da escola, em razão de atraso no pagamento ou outro tipo de inadimplemento, o consumidor poderá encaminhar denúncia ao órgão de proteção e defesa do consumidor de sua localidade (Procon) e/ou ingressar com ação junto à justiça comum para ter os seus direitos resguardados.

21 Sanções a alunos inadimplentes Uma das poucas alternativas é a restrição de crédito e a negativa de rematrícula para o ano letivo seguinte, conforme autorizado pela Lei n /99.

22 Desistência do curso e devolução de valores No caso de desistência do curso pelo aluno após efetivação da matrícula, a quantia paga deve ser restituída conforme previsto no art. 51, inciso II, do CDC. Contudo, a instituição de ensino poderá reter um percentual do valor total pago com o fim de cobrir possíveis despesas administrativas incorridas pela instituição de ensino.

23 Desistência do curso e devolução de valores Deve ficar claro contratualmente que, em caso de desistência do curso após a efetivação da matrícula, o estabelecimento de ensino fica obrigado a restituir o valor pago pela matrícula com a ressalva feita no parágrafo acima.

24 Desistência do curso e devolução de valores Nesse caso, há o direito ao recebimento do que foi pago, deduzido naturalmente o imposto sobre serviços, se já tiver ocorrido o recolhimento à prefeitura.

25 Medidas para prevenção da inadimplência Banco de dados ou ficha cadastral atualizada. Documentos atualizados. Contrato bem redigido de prestação de serviços. Consulta prévia e inserção de dados cadastrais em órgãos de restrição de crédito. Notificação extrajudicial. Controle de catraca (comprovação de acesso à escola).

26 Medidas para prevenção da inadimplência Acompanhamento e monitoração mensal da inadimplência. Avaliação individual das causas de atraso. Não tratar de assuntos financeiros com menores. Trabalhar a questão da inadimplência de forma a manter o vínculo contratual do aluno até sua completa formação.

27 Terceirização dos serviços de cobrança Ultimamente, a prática de terceirização dos serviços de cobrança está sendo bastante difundida no âmbito do ramo escolar. Essa terceirização é feita, geralmente, pelas agências de recuperação de telemarketing e escritórios de advocacia que praticam as fases judiciais e extrajudiciais.

28 Terceirização dos serviços de cobrança Essa prática é muito bem-vida, porém, a escola deve estar atenta se os profissionais contratados são especializados na área da educação, pois, a legislação é especial.

29 Luiz Fellipe Preto Advogado