Experiência de Deus em meio

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Edite Costa Figueiredo
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1 A pobreza e a graça: Experiência de Deus em meio ao sofrimento em Simone Weil

2 Coleção filosofia em questão Pensamento ético contemporâneo, Jacqueline Russ Pitágoras e os pitagóricos, Jean-François Mattéi Pensar com Emmanuel Levinas, Benedito E. Leite Cintra Nietzsche Viver intensamente, tornar-se o que se é, Mauro Araujo de Sousa Nietzsche: Para uma crítica à ciência, Mauro Araujo de Sousa Introdução a Ricoeur, Domenico Jervolino O sofrimento como redenção de si Doença e vida nas filosofias de Nietzsche e Pascal, Thiago Calçado A pobreza e a graça Experiência de Deus em meio ao sofrimento em Simone Weil, Alexandre Andrade Martins

3 ALEXANDRE ANDRADE MARTINS A POBREZA E A GRAÇA experiência de deus em meio ao sofrimento em Simone weil

4 Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Revisão: Caio Pereira Thiago Augusto Dias de Oliveira Diagramação: Dirlene França Nobre da Silva Capa: Marcelo Campanhã Impressão e acabamento: PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Martins, Alexandre Andrade A pobreza e a graça: experiência de Deus em meio ao sofrimento em Simone Weil / Alexandre Andrade Martins. São Paulo: Paulus, (Coleção Filosofia em questão) ISBN Espiritualidade 2. Filosofia francesa 3. Teologia 4. Vida cristã 5. Weil, Simone, I. Título. II. Série CDD-194 Índices para catálogo sistemático: 1. Filosofia francesa 194 1ª edição, 2013 PAULUS 2013 Rua Francisco Cruz, São Paulo (Brasil) Fax (11) Tel. (11) editorial@paulus.com.br ISBN

5 A todos os desventurados do meu país.

6 Agradecimentos Por mais que na capa deste livro tenha meu nome como autor, digo que não foi apenas por minhas forças que consegui chegar ao fim e apresentar o resultado dessa pesquisa. Muitas pessoas me ajudaram significativamente. Sem elas, eu não conseguiria realizar nem dar os primeiros passos desse estudo. Chegado ao fim, resta-me agradecer, agradecer, agradecer... Sei que corro o risco de esquecer alguém ao nomear algumas pessoas que foram fundamentais no decorrer desses anos no auxílio dessa pesquisa, mas não posso deixar de dizer alguns nomes. Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado o dom da vida e a força de vontade para não desistir de buscar aquilo em que acredito. Com muito carinho, digo obrigado também aos meus pais. Sem dúvida alguma, a maior dádiva que Deus me concedeu foi permitir que eu nascesse na família que nasci. Obrigado, papai e mamãe, 7

7 por terem ensinado tudo que me ensinaram e por sempre favorecerem o meu caminhar pelo mundo acadêmico. Obrigado a Leandro e Rayany, meus irmãos, pelo apoio e amizade. Obrigado aos queridos amigos que sempre estiveram presentes, ajudando-me a não desistir dos estudos e incentivando a avançar nas pesquisas. Amigos do NEMES, muito obrigado pelos debates nas nossas reuniões, com elas, aprendi muito. Amigos do GESME, pequenino grupo de estudos em mística e espiritualidade dos tempos de faculdade, graças ao apoio de vocês, eu arrisquei dar esse passo em direção ao mestrado e não posso deixar de nomeá-los, Milena, Silvia, Sérgio e Maurício. Muito obrigado também às irmãs Elizabeth e Iracema, que, com muita dedicação, carinho e competência, ajudaram-me na revisão dos textos que escrevia. A Guilene Postele, que me ajudou na correção das traduções do francês. E a Claudenir Módolo, amigo e colega no ensino de filosofia, que incentivou a publicação do livro e abriu caminhos para que isso acontecesse de fato. Amada Província Camiliana Brasileira, a você, que na verdade são todos os membros, padres e irmãos que a compõem, muito obrigado! Minha admiração e agradecimento ao Pe. José Maria dos Santos, ex-provincial, e ao Pe. Leo Pessini, atual provincial, que me apoiaram sem- 8

8 pre nos meus estudos, em especial na realização dessa pesquisa. Ao longo de toda a minha formação acadêmica, muitos mestres contribuíram para que eu fosse um apaixonado pelos estudos como sou hoje. Eles contribuíram direta e indiretamente com essa pesquisa. Obrigado por tudo, estimados professores: Pedro Lima Vasconcelos, Rafael Rodrigues, Francisco Catão, Ronaldo Racharias, Ênio Brito, Edélcio Otaviani, Juvenal Savian, Domingos Zamagna, João Decio, Hubert Lepargneur, Júlio Munaro e Maria Clara Bingemer. Um agradecimento muito especial ao meu orientador e amigo de muitos anos Luiz Felipe Pondé, que desde os tempos da faculdade de filosofia sempre acreditou no meu potencial e fez de tudo para favorecer seu desenvolvimento. Obrigado ao CNPq ter fomentado essa pesquisa por meio de bolsa de estudos e a todos do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC-SP por terem me acolhido e propiciado momentos de muito crescimento pessoal e aprendizagem. 9

9 Prefácio Um livro urgente em cinco sentidos Luiz Felipe Pondé 1 Este livro é um livro urgente em vários sentidos. O primeiro deles é que o autor, Alexandre Andrade Martins, é um jovem filósofo e teólogo que reúne expertise no assunto e coragem intelectual para enfrentar temas espinhosos em épocas marcadas pela mania da felicidade. Um segundo sentido é que o autor trabalha seu objeto, a filósofa e teóloga judia-cristã francesa Simone Weil, com rigor intelectual e paixão erótica, no sentido mais platônico do termo: amor ao conhecimento. Nosso jovem filósofo não teme demonstrar sua adesão a Simone Weil como pensadora, e isso, quando feito ao lado de um estudo cuidadoso do objeto, como é o caso em questão, lega ao leitor uma experiência de integridade intelectual rara e contagiante. 1 Filósofo, com doutorado pela USP. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP e colunista da Folha de São Paulo. 11

10 Um terceiro sentido de urgência é o fato de que faltam entre nós estudos acadêmicos sobre Simone Weil. A filosofia e a história da filosofia praticadas no Brasil são ainda excessivamente marcadas pela recusa da filosofia em diálogo com a teologia e a espiritualidade áreas essenciais da experiência humana. Além do fato óbvio de que precisamos conhecer mais obras assinadas por filósofas: o silêncio filosófico das mulheres nos faz mal. Num quarto sentido, o trabalho de Alexandre Martins é urgente porque traz para o centro do debate a relação entre práticas de vida e filosofia, visto que respeita o traço específico do pensamento de Simone Weil: a recusa de pensar a filosofia apartada da vida real e suas contingências, agonias e esperanças. Sabemos que a filósofa francesa, que viveu os horrores da primeira metade do século XX, na Europa, era uma mulher corajosa e implicada com o sofrimento do mundo a sua volta. Muitas vezes, a separação entre conceito e matéria empírica da vida e do afeto fere a possibilidade de uma filosofia que seja relevante para o homem e a mulher de carne e osso, como diria outro grande filósofo cristão do século XX, o espanhol Miguel de Unamuno, que partilhava com Simone Weil a mesma sensibilidade um tanto trágica acerca do mundo e do cristianismo como teologia e espiritualidade num mundo tomado pela dor. Num quinto sentido, como desdobramento do dito acima, este livro é urgente na forma como 12

11 ele se faz exemplo do tratamento rigoroso dos conceitos escolhidos como objetos de pesquisa e reflexão, ao lado do modo como esses conceitos se relacionam com o restante da obra da filósofa, sua vida histórica e sua conversão religiosa ao cristianismo. E aí vemos com toda força a coragem do pensamento de Simone Weil em diálogo com a tradição filosófica e teológica cristã, a partir das marcas de sangue, dor e amor do mundo que a cercava. A relação entre os conceitos de malheur e graça em Simone Weil é central em sua obra, visto que descrevem o modo de viver como esperar por e em Deus ( Attente de Dieu, título da obra da filósofa que Alexandre Martins privilegia neste livro), cumprindo uma das grandes virtudes teologais do cristianismo, que é a esperança. Esperar e confiar, ainda que sob o signo da infelicidade, da tristeza e do sofrimento (malheur). A graça, conceito essencial do cristianismo, que descreve o amor desinteressado de Deus pela Criação e o ato criador por excelência, uma vez que Deus cria de graça tudo que existe, é a chave para não nos afundarmos na desgraça, tema também chave na reflexão de Simone Weil. Ainda que sofrendo o fardo do sofrimento, é justamente por contraste a ele que podemos perceber a beleza de Deus na figura de Jesus Cristo. Filosofia, espiritualidade e busca existencial cotidiana marcam a obra da filósofa francesa Simone Weil. Na mais pura tradição cristã, na qual, 13

12 segundo outro grande mestre, o russo Fiódor Dostoiévski, será a beleza que salvará o mundo, nossa filósofa espera por Deus. Você, leitor, tem em mãos um fragmento do esforço humano para contemplar essa beleza. Boa leitura. 14

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