Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rio de Janeiro
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- Júlio César Rocha Molinari
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1 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2003
2 Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministra do Meio Ambiente Marina Silva Presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Liszt Vieira Comissão de Publicação Claudia Barros (Coordenadora) Rafaela Campostrini Forzza Vidal de Freitas Mansano Ricardo Cardoso Vieira Lana da Silva Sylvestre Editoração Renato Pizarro Drummond Capa Foco Design - Luiz Claudio Franca Ilustrações Maria Alice Rezende, pág. 41: M. Menezes; pág. 215: P. Young Coleções Biológicas de Apoio ao Inventário, Uso Sustentável e Conservação da Biodiversidade/ [organização de] Ariane Luna Peixoto. Rio de Janeiro : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, C p. : il.; 20 x 23 cm. ISBN Coleções biológicas - Brasil. I. Peixoto, Ariane Luna CDD Copyright by Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Jardim Botânico, 1008, Rio de Janeiro, RJ, CEP , tel.:
3 Esta obra foi financiada por: Ministério de Ciência e Tecnologia Programa de Ciência e Tecnologia para Gestão de Ecossistemas Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Diretoria de Programas Temáticos e Setoriais Coordenação do Programa de Pesquisa e Gestão de Ecossistema Ciencia y Tecnologia para el Desarrollo Subprograma Diversidad Biológica
4 Apresentação Coleções Biológicas de Apoio ao Inventário, Uso Sustentável e Conservação da Biodiversidade vem em boa hora. Nasce num momento em que começamos a perceber algumas das perdas irreparáveis causadas pela destruição de nossos ecossistemas. A maior delas é a extinção de espécies, da diversidade biológica que jamais será conhecida! Dezenas de espécies de plantas, de animais e de fungos que não foram sequer coletadas desaparecem a cada ano. Ao longo do tempo, coletar, estudar e se responsabilizar pela guarda e manutenção do acervo biológico que existe e existiu no planeta, tem sido o papel dos Museus de História Natural e dos Jardins Botânicos. Foi neles que nasceu a pesquisa científica. Plantas, animais e fungos são indicadores altamente eficientes da história da vida na terra. Conhecemo-la através do estudo da modificação de seus caracteres ao longo do tempo. Somente de posse destes conhecimentos e aproveitando a experiência de alguns padrões ocorridos no passado, descobertos a partir do estudo de várias formas de vida, poderemos pensar em um futuro com mais qualidade de vida. O incalculável tesouro escondido nas coleções biológicas é muito maior e infinitamente mais rico em informações do que todas as bibliotecas da Terra juntas. Este livro mostra parte da riqueza que escondem nossas coleções biológicas. Precisamos zelar por este patrimônio, aprender as lições do passado e reconhecer que as coleções científicas têm um papel estratégico para o país. Não é preciso apenas incrementá-las com coletas em áreas ainda inexploradas ou ampliar sua representatividade em regiões medianamente estudadas. Esta é também uma tarefa urgente, mas de nada vale se não assegurarmos a manutenção deste patrimônio. Assim como acontece com as espécies na natureza, as coleções biológicas também podem se extinguir. Olhando para traz vemos, com tristeza, que continuam atuais os gritos por recursos, por pessoal, por espaço e por reconhecimento das coleções, de muitos dos antigos dirigentes das instituições que as abrigavam e que deram origem à ciência brasileira. A história do Museu Nacional, por exemplo, mostranos que se desde sua criação, em 1818, tivéssemos reconhecido a
5 importância das coleções e assegurado sustentabilidade à sua manutenção e crescimento teríamos hoje um museu com um acervo de riqueza comparável ao de muitos dos grandes museus europeus e norteamericanos. Mas não foi este o destino que lhes estava reservado. Por falta de pessoal, de recursos e por não atribuir às coleções a importância devida, milhares de espécimes foram perdidos, entre eles muitos coletados pela onda de naturalistas viajantes que aqui esteve no século XIX. Desse modo, literalmente, jogamos fora parte da nossa história e informação biológica, hoje irrecuperável. Várias outras instituições brasileiras passaram por momentos similares. Na perspectiva do tempo percebe-se claramente que a sustentabilidade das instituições biológicas brasileiras e a manutenção das coleções que abrigam só esteve minimamente assegurada nos períodos de auge de atividade econômica. Assim, o Museu Goeldi se estabilizou e cresceu com a borracha mas praticamente desapareceu com a crise do fim do seu ciclo. Foi também a borracha que propiciou o nascimento e a morte precoce do Museu Botânico do Amazonas, assim como foi a atividade cafeeira que permitiu a criação do Museu Paulista. Não há também como não admitir que o crescimento surpreendente das coleções do Museu de Zoologia da USP, oriundo do Museu Paulista, deveu-se em muito ao apoio da FAPESP. Lamentavelmente, salvo exceções muito particulares, o estudo retrospectivo da história dos Museus nos mostra que entre os ciclos de prosperidade as instituições definham por falta de recursos e isto tem levado à perda completa ou parcial das coleções ou a ameaçar seriamente sua integridade. Como depositários da maior diversidade biológica do planeta não podemos correr este risco, mas sim assegurar sempre sua sustentabilidade, ainda que nos momentos de crise mais severa. Nossas coleções hoje não estão mais limitadas aos Museus e Jardins Botânicos. O avanço do conhecimento levou-as a Universidades e Institutos de Pesquisa onde constituem a matéria prima para o trabalho do pesquisador. São ali também fundamentais para melhorar a formação de recursos humanos, dando mais densidade científica ao aluno em formação, que cresce em contato com a diversidade biológica. As coleções são, portanto, também ferramentas educativas do mais alto impacto.
6 A era molecular abriu novos gêneros de coleções, muitos outros certamente virão. As coleções de tecidos, por exemplo, nasceram nos países desenvolvidos associadas ao emprego de uma técnica de análise da diversidade, num momento quando a maior parte da diversidade biológica daqueles países já se conhecia, ao menos no nível da sistemática morfológica tradicional. Nossa situação não é essa. Claro que seu crescimento no Brasil também merece incentivo, mas sem perder de vista o fato de que, como esta coletânea de textos bem mostra, o desconhecimento básico sobre nossa fauna e flora é ainda incomensurável. De nada valerá o esforço dispendido por gerações e gerações de brasileiros se a manutenção e o crescimento das coleções tradicionais que dispomos não estiver assegurada. Falta espaço, pessoal, infraestrutura, amostragem adequada e recursos, como clamam, com razão, todos os autores dos artigos que seguem. Esperamos que esta tentativa de apresentar um panorama da situação de algumas das nossas coleções biológicas, não venha apenas se somar aos gritos de tantos diretores, pesquisadores e curadores que valentemente lutam pelo crescimento e manutenção das coleções. O impacto das coleções na pesquisa e na formação das novas gerações de brasileiros conferem-lhe interesse estratégico, de tal ordem que sua sustentabilidade deve ser assegurada pelo Estado. Somente a partir de seu estudo poderemos tirar proveito da tão propalada megadiversidade que detemos. Já estamos mais do que maduros para reconhecer isso e criar um plano de ação voltado para o crescimento e a manutenção de nosso patrimônio biológico musealizado. Miguel Trefaut Rodrigues Instituto de Biociências Universidade de São Paulo
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