Edital n.º 01/ COMUI ATENDIMENTO A IDOSOS COM GRAU DE DEPENDÊNCIA III

Transcrição

1 Edital n.º 01/ COMUI ATENDIMENTO A IDOSOS COM GRAU DE DEPENDÊNCIA III O Conselho Municipal do Idoso - COMUI, no uso de suas atribuições conferidas pela Lei Complementar Municipal n.º 444/2000, torna público que se encontram abertas as inscrições de projetos para repasse financeiro às entidades filantrópicas registradas neste COMUI que se proponham a acolher idosos com grau de dependência III, ou seja, idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo e que estejam em condição de vulnerabilidade social. A cópia do Edital 01/2015 COMUI poderá ser obtida na página do COMUI e seus extratos no Diário Oficial de Porto Alegre e jornal de grande circulação. JUSTIFICATIVA O envelhecimento é um fenômeno universal e uma aspiração natural de qualquer sociedade. Nosso país vive uma revolução demográfica marcada pela desigualdade social e por um novo perfil de morbidade e mortalidade. O censo 2010 surpreendeu pelo aumento significativo da população idosa em Porto Alegre, que passou de 11,8% em 2000 para 15% ( ) em Chamou atenção a existência de uma população cada vez mais longeva: Em 2000, 12,8% dos (20.575) idosos estavam com 80 ou mais anos, enquanto que em 2010 este percentual subiu para 16,9% (35.605) (IBGE/2010). Esse bônus demográfico, secundário ao declínio das taxas de fecundidade e mortalidade, obtidas pelos investimentos público em saúde, saneamento e educação, entre outros e das conquistas médico-tecnológicas, nos desafia a responder de maneira ágil a nova realidade epidemiológica. Torna-se necessária uma política pública de cuidados integrais à pessoa idosa planejada de modo a maximizar a eficiência dos recursos. Neste sentido, multiplicam-se as demandas por cuidados sociais impostos pela incapacidade física e cognitiva prevalentes na população longeva somada à vulnerabilidade das famílias destes cidadãos. 1

2 A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE/Censo 2010) demonstrou que 70% dos idosos brasileiros são usuários do SUS e também que 14 % dos idosos brasileiros moram sozinhos. Algumas pesquisas envolvendo a população idosa que mora sozinha constataram que, mesmo que a preocupação com a saúde fosse evidente nas falas dos idosos, a maior parte não cuidava adequadamente da saúde como pensavam e relatavam. Exemplos destes falsos cuidados que podem refletir em susceptibilidade a doenças foram: hábitos alimentares indesejáveis, monitoramento inadequado da saúde, falta de prática de atividade física regular, dificuldade em ocupar seu tempo livre e a não compreensão do que significa o lazer, não utilização de medicamentos conforme prescrição e falta de companhia em período integral quando estavam doentes, entre outros. Estes idosos são considerados frágeis, pela sua alta vulnerabilidade à perda de autonomia e independência. Os dados de internação hospitalar entre idosos demonstram custos crescentes com doenças do aparelho circulatório, respiratório e neoplasias. São essas as causas de mortalidade prevalentes, sendo as neoplasias mais freqüentes que as doenças respiratórias. Ademais, observa-se um incremento das doenças crônico-degenerativas no perfil epidemiológico da população. Das quais, advém sequelas que podem comprometer a independência do indivíduo. Alguns estudos estimam que 13% dos indivíduos entre 64 e 74 anos, 25% dos entre 75 e 84 anos e 46% daqueles acima de 85 anos apresentam algum tipo de incapacidade (Emlet & Cradtree, 1996). A maioria dos quadros de dependência experenciada por esta população está associada a agravos destas condições crônicas que podem ser adequadamente manipuladas fora de instituições hospitalares (Duarte, 2000). Por outro lado, no Brasil, os idosos em situação de dependência necessitam cuidados que na maior parte das vezes são atribuídos aos familiares. Observa-se hoje que grande parte das necessidades dos idosos com dependência, que chegam às emergências está relacionada à falta de preparo, sobrecarga, maus-tratos e/ou negligência desses cuidadores. Observa-se ainda o crescente número de notificações de violência contra a pessoa idosa e de ações promovidas pelo Ministério Público, que 2

3 sugerem a institucionalização como alternativa de proteção ao idoso dependente, que não se beneficia com internação hospitalar e que pelas condições de maus-tratos e de vulnerabilidade não podem permanecer em seu domicílio. Neste contexto, a demanda por Instituições de Longa Permanência de Idosos ILPI com grau de dependência III é cada vez maior. Isto se observa pelo aumento de procuras espontâneas registrado pelas ILPI, pela maior incidência de casos notificados pelos serviços de saúde, pelo crescente número de ações do ministério público e de ordem judicial de institucionalização contra as ILPIs filantrópicas e o município. Nos casos de intervenções judicializadas, considera-se o artigo 3º do Estatuto do Idoso:...é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. São escassos os números de vagas para idosos dependentes em Porto Alegre, conforme dados do Ministério Público, entre 2012 e 2013, dos 46 casos judicializados por este órgão, apenas 9% foram acolhidos por ILPI filantrópicas credenciadas à FASC ou por encaminhamento direto do MP. Dentre os demais, 21% ainda aguardavam vaga, 26% faleceram antes da institucionalização, 8,7% se encontravam amparados com assistência domiciliar da secretaria municipal de saúde, 8,7% foram incluídos em instituições particulares financiadas pelo poder público e 17,4% foram incluídos em ILPIs filantrópicas em outros municípios. Diante deste contexto atual do idoso no município, torna-se fundamental e imprescindível o apoio deste Conselho Municipal do Idoso, na sua competência de contribuir com órgãos públicos e entidades públicas e privadas sempre que houver interesse relativamente aos direitos e ao bemestar do idoso (Lei Municipal Nº444/2000; Artigo 2º, parágrafo II), à qualificação dos serviços existentes em Porto Alegre para o atendimento de idosos com grau de dependência III. 3

4 1. DA HABILITAÇÃO Poderá participar com a apresentação de um único projeto, toda entidade registrada neste Conselho que cumprir o disposto neste Edital e que até a data do término de entrega dos projetos, ou seja, 13 de janeiro de 2016: Tenha registro no COMUI e esteja em funcionamento regular; Esteja adimplente junto ao Fundo Municipal do Idoso (FUMID); Esteja registrada no Conselho Municipal de Assistência Social CMAS Seja uma Instituição de Longa Permanência de Idosos com condições de atendimento a pacientes com grau de dependência III em conformidade com a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC ANVISA nº. 283, de 26 de setembro de 2005, e demais legislações pertinentes. 2. DOS DOCUMENTOS Os documentos deverão ser entregues na sede do COMUI, Rua Uruguai, 155 9º andar, sala 918, durante o período da manhã, das 09 horas às 11 horas e 30 minutos e no período da tarde, das 14 horas até às 17 horas conforme cronograma. A entidade deverá apresentar os seguintes documentos: 2.1. Anexo I - Dados cadastrais da entidade Anexo II - Projeto a que se destinam os recursos contendo: Dados de Identificação; Histórico; Objetivo; Número de idosos dependentes que pretende acolher com o projeto; Justificativa; Metodologia; Cronograma; Orçamento Anexo III Plano de Aplicação de Recursos Certidões Negativas da Receita Federal, FGTS, Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas e Tributos Municipais CNPJ atualizado Ata de eleição da atual diretoria. 3. DOS RECURSOS FINANCEIROS Os recursos deste Edital são oriundos de doações destinadas ao Fundo Municipal do Idoso de Porto Alegre, no valor de R$ ,00 (Dois milhões e trezentos mil reais). As dotações utilizadas serão (Despesas correntes) e

5 1222 (Despesas de capital) através do Fundo Municipal do Idoso FUMID. 4. DO REPASSE E PRESTAÇÃO DE CONTAS DO RECURSO O valor integral do presente Edital será dividido entre os projetos aprovados conforme número de idosos que a entidade comprovadamente poderá atender O valor mensal repassado por vaga disponibilizada será de R$ 3.500,00 (Três mil e quinhentos reais) Serão efetivados 12 (doze) repasses mensais A entidade terá 15 (quinze) dias para aplicação e prestação de contas do recurso financeiro repassado, seguindo o que está disposto no Decreto / A parcela subsequente será depositada mediante aprovação da prestação de contas do repasse anterior Nos casos em que a entidade não cumprir o disposto no item 4.3, ela deverá encaminhar, com antecedência mínima de 7 (sete) dias corridos, ao COMUI, a solicitação da prorrogação dos prazos. 5. DOS PROJETOS Os projetos deverão ter unicamente a finalidade de acolher idosos com grau de dependência III, ou seja, idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo. Fica vedado qualquer tipo de reformas e/ou construções. Poderão ser contemplados os seguintes itens: 5.1. Pagamento de Pessoal e Encargos: Contratação de recursos humanos, folha de pagamento e obrigações patronais (DARF do IRRF e PIS, GPS e GFIP do INSS) Pagamento de Serviço de Terceiros: Capacitação e treinamento de profissionais, contratação de serviço de transporte e/ou ambulância, energia elétrica, serviço de água e esgoto, telefonia, fretes Tarifas Bancárias: manutenção de contas, talão de cheque (obrigatoriamente comprovada mediante recibo emitido pelo banco) Gêneros Necessários ao Atendimento: compra de medicamentos, 5

6 insumos de saúde (fraldas, material de curativo), gêneros alimentícios, produtos de limpeza e higiene, reposição de gás Utensílios de Cozinha e Material de Alojamento: panelas, caçarolas, canecas, copos, pratos, talheres, tecidos, aventais, uniformes, colchão e colchonetes, linhas, botões Equipamentos e Materiais Permanentes (bens duráveis): camas, mesas, armários, balcões, cadeiras de rodas, eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, equipamentos para verificação de sinais vitais e multiparâmetros. 6. DOS CRITÉRIOS O recurso disponibilizado pelo presente Edital permitirá atender até 54 (cinquenta e quatro) idosos Serão contempladas as entidades que corresponderem aos critérios de habilitação bem como a apresentação da documentação com os elementos exigidos no Item 2 deste Edital Cada entidade aprovada receberá de forma progressiva e ordenada uma vaga até se extinguirem o número de vagas disponíveis No momento do encaminhamento será considerada a territorialidade de referência do idoso em relação à instituição de acolhimento; 6.4. A ordem de distribuição se dará mediante sorteio a ser realizado em local determinado pelo COMUI. 7. DA APROVAÇÃO O COMUI analisará os projetos e em 15 de janeiro de 2016 publicará a lista das Entidades habilitadas na página eletrônica do COMUI e no Diário Oficial de Porto Alegre 8. DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS A entidade poderá apresentar recurso administrativo ao COMUI no prazo de 18 à 19 de janeiro de DAS RESPONSABILIDADES DA ENTIDADE CONTEMPLADA As entidades contempladas devem atender, dentre outras, as seguintes 6

7 premissas: 9.1. Garantir a disponibilidade das vagas contempladas para o ingresso dos atendidos por um período de 12 (doze) meses, a contar do repasse da primeira parcela; 9.2. Acolher o relatório de avaliação da FASC e SMS referente aos idosos; 9.3. Havendo a necessidade, a entidade se responsabilizará pela curatela do idoso encaminhado; 9.4. A entidade deve propiciar o exercício dos direitos humanos (civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e individuais) de seus residentes; 9.5. Observar os direitos e garantias dos idosos, inclusive o respeito à liberdade de credo e a liberdade de ir e vir, desde que não exista restrição determinada no Plano de Atenção à Saúde; 9.6. Preservar a identidade e a privacidade do idoso, assegurando um ambiente de respeito e dignidade; 9.7. Promover ambiência acolhedora; 9.8. Promover a convivência mista entre os residentes de diversos graus de dependência; 9.9. Favorecer o desenvolvimento de atividades conjuntas com pessoas de outras gerações; Incentivar e promover a participação da família e da comunidade na atenção ao idoso residente; Desenvolver atividades que estimulem a autonomia dos idosos; Promover condições de lazer para os idosos tais como: atividades físicas, recreativas e culturais; Desenvolver atividades e rotinas para prevenir e coibir qualquer tipo de violência e discriminação contra as pessoas residentes; Obedecer à normalização do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Coordenador da Política Nacional do Idoso. 10. DA FISCALIZAÇÃO No uso de suas atribuições conferidas pela Lei Complementar Municipal n.º 444/2000, a fiscalização dos projetos ficará sob responsabilidade do COMUI 7

8 e se dará mediante visitas periódicas às entidades contempladas e emissão de relatórios da situação dos idosos atendidos. 11. DO INGRESSO DOS ATENDIDOS As solicitações de ingresso serão demandadas prioritariamente pelo Ministério Público por meio de processo administrativo encaminhado à FASC; O Núcleo de Acolhimento da FASC, da Proteção Social Especial, fará a avaliação do caso com vistas à identificação das situações de vulnerabilidade social (insuficiência ou inexistência familiar, insuficiência de renda, entre outros) que justifiquem o acolhimento; Após avaliação da FASC, o processo será encaminhado à Área Técnica de Saúde do Idoso que viabilizará também avaliação de saúde pelos serviços da rede pública do Município a que o idoso estiver vinculado. Esta avaliação terá como objetivo identificar o grau de dependência e a gravidade do caso Após as avaliações, a documentação será encaminhada às entidades selecionadas neste edital, conforme o estabelecido no item 6, a fim de efetivar o acolhimento do idoso; A entidade deverá acolher o idoso em até 24 (vinte e quatro) horas após o recebimento da documentação; O transporte do idoso no momento do ingresso à entidade, será feito através do SAMU; Todos os encaminhamentos realizados pelo Núcleo de Acolhimento da FASC em conjunto com a SMS serão comunicados ao COMUI; Em caso de saída do idoso da entidade, esta deverá, no prazo de até 3 (três) dias úteis, comunicar ao COMUI e ao Núcleo de Acolhimento da FASC para preenchimento desta vaga; Não será vedado o ingresso do idoso sem renda. 12. DA CONTINUIDADE DO ATENDIMENTO: A Prefeitura Municipal de Porto Alegre se compromete a alocar recursos financeiros na Lei Orçamentária Anual 2016, a fim de dar continuidade no 8

9 atendimento aos idosos pelas Instituições de Longa Permanência para Idosos ILPIs. 13. DO CRONOGRAMA: Publicação do Edital 16/12/2015 Entrega dos projetos e documentos anexos 17/12/2015 à 13/01/2016 Análise dos projetos 11/01 à 15/01/2016 Divulgação resultado da análise dos projetos 20/01/2016 Apresentação dos recursos administrativos 21/01 à 22/01/2016 Publicação dos resultados dos recursos administrativos 25/01/2016 Publicação das entidades aptas à assinatura do Termo de Compromisso 25/01/2016 Assinatura do Termo de Compromisso 15/02 à 17/02/2016 Pagamento da parcela 1 22/02/2016 Porto Alegre, 15 de dezembro de Dilciomar Rodrigues Teixeira Presidente do COMUI 9