NOTA TÉCNICA Novembro 2016
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- Luísa Paixão Carneiro
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1 Novembro 201 Expectativa de melhoria na economia pode não repercutir na maior oferta de empregos Qual a percepção do segmento empresarial, sediado no Estado do Ceará, com relação aos rumos das economias nacional e estadual, em 2017? Tendo em vista o quadro de incertezas com relação a essas trajetórias, frente aos desdobramentos das crises política e econômica dos últimos meses, levou-se esta indagação à parcela do empresariado local, no mês de outubro. A forte elevação do desemprego e o risco cada vez mais premente dos trabalhadores de entrarem para essa estatística têm feito com que as pessoas tenham mais cautela com os gastos financeiros, realidade esta percebida nos diferentes indicadores ligados ao consumo e ao próprio Produto Interno Bruto (PIB), que atualmente aponta para uma retração superior aos três por cento, em 201. Ou seja, a queda do nível de ocupação, o aumento do desemprego e o medo de perder o posto de trabalho parecem formar um verdadeiro ciclo vicioso que dificulta a retomada do crescimento econômico, mesmo nos últimos meses do ano em que tradicionalmente há maior dinamismo da economia e, consequentemente, mais oferta de trabalho, ainda que temporariamente. Entre janeiro e setembro de 201, o país já acumula um saldo de 83, mil empregos extintos, sendo 27,9 mil no Estado do Ceará. Em ambos os casos, estes resultados representam valores bem superiores aos registrados em igual período do ano passado respectivamente, 57,8 mil e 14,3 mil -, evidenciando o agravamento da crise em 201, atingindo especialmente as formas de trabalho mais regulamentadas que oferecem um nível mínimo de garantias trabalhistas, tais como: salário mínimo, 13º salário, férias remuneradas, seguridade social, dentre outras. Frente a essa realidade, sondaram-se diferentes empresas sediadas no Ceará como estratégia de se captar a percepção de seus gestores com relação aos rumos das economias nacional e estadual para o ano que vem. Em sua maioria, o grupo é composto por estabelecimentos que disponibilizam suas vagas (postos de trabalho) para o sistema público de emprego, capitaneado majoritariamente no território estadual pelo SINE/IDT. O grupo inclui diferentes empresas, tanto com relação ao setor de atividade econômica quanto ao porte dos estabelecimentos, embora seja reconhecido que as grandes empresas recorrem mais aos serviços da intermediação pública por realizarem maior número de contratações. Este levantamento contou com a participação de 435 empresas as quais declararam a percepção que atualmente possuem com relação à economia no ano que vem, bem quanto às perspectivas com relação ao quadro de pessoal que deterão, em 2017.
2 Esta investigação trata destas questões cujas informações foram prontamente prestadas por uma parcela das empresas convidada a participar dessa sondagem de interesse público, na medida em que o desemprego volta a ser um dos grandes problemas que desafiam a sociedade e as diferentes instâncias do poder público brasileiro. Seis em cada dez empresas consultadas acreditam numa melhora da economia, mas não pretendem abrir novos postos de trabalho, em 2017 Esta primeira sondagem com o empresariado - sediado no Estado do Ceará - parece refletir o quadro atual de incertezas com relação aos rumos das economias nacional e estadual, embora a maioria dos respondentes aposte em alguma melhoria do cenário econômico nacional, em 2017 (2,7%): um pouco (54,7%) e bastante (8,0%). Em menores proporções estão aqueles que disseram que não sabem (7,%) e os que acharam que a situação ainda vai piorar (15,4%) ou que não haverá maiores alterações com relação ao contexto atual (14,3%). A representação gráfica dessas percepções parece apontar para a conhecida metáfora do copo, cujo utensílio, ao ser preenchido ao meio, possibilita, pelo menos, duas percepções bastante distintas: uma mais otimista e outra pessimista. Neste caso, o fiel da balança parece ser a crença de que a economia já piorou bastante ao ponto de a maioria dos entrevistados não acreditar em uma piora ainda mais acentuada em 2017, embora uma parcela reduzida do segmento empresarial acredite nessa possibilidade (15,4%). Fato é que seis em cada dez gestores consultados acreditam que a economia nacional vai melhorar um pouco ou bastante no próximo ano (Gráfico 1). Gráfico 1 Perspectivas quanto à economia nacional, em 2017 Ceará Out/201 0,0 50,0 40,0 54,7 30,0 20,0 14,3 10,0 7, 7,8 7, 8,0 0,0 Não sabe Vai piorar muito Vai piorar um pouco Não vai melhorar nem piorar Vai melhorar um pouco Vai melhorar bastante Fonte: Pesquisa Direta - IDT. 2
3 Esta perspectiva pode não repercutir imediatamente no mercado de trabalho na medida em que, mesmo nesse período de final ano, nota-se que não há uma evolução mais favorável das estatísticas de emprego e desemprego como sazonalmente ocorre. Assim, fica difícil acreditar que essa melhoria possa ocorrer justamente nos primeiros meses do ano, quando historicamente há um maior número de demissões e aumento do desemprego no país (Gráficos 2 e 3). Gráfico 2 Saldo do emprego formal Brasil Jan/201 Set/201 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set Fonte: MT/CAGED Gráfico 3 Taxa de desemprego (trimestral) Brasil Set/2015 Set/201 13,0 12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 7,0,0 5,0 8,9 9,0 9,0 set/15 5 t/1 se out/15 5 u t/1 o 5 v /1 n o nov/15 9,5 10,2 Fonte: IBGE/PNAD Contínua. (1) Mês de referência está ligado ao último da composição trimestral. dez/15 5 z/1 d e jan/1 /1 n ja fev/1 v /1 fe 10,9 11,2 11,2 11,3 mar/1 a r/1 m abr/1 a b r/1 mai/1 a i/1 m jun/1 /1 n ju 11, 11,8 11,8 jul/1 l/1 ju ago/1 /1 a g o t/1 se set/1 3
4 O contexto do mercado de trabalho cearense não é muito diferente da tendência nacional, pois mesmo registrando resultados positivos na geração de empregos, nos últimos dois meses, o resultado da extinção de empregos no estado é, no acumulado do ano até o mês de setembro, quase o dobro ( ) do observado em igual período do ano passado (-14.34), evidenciando uma crise do emprego mais acentuada, em 201 (Gráfico 4). Gráfico 4 Saldo do emprego formal Ceará Jan/2015 Set/ jan fev mar abr maio jun jul ago set out nov dez Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED. Não obstante essa realidade, seis em cada dez gestores consultados acreditam em uma melhoria da economia cearense em 2017, assim como relatado em termos nacionais. Neste paralelo, percebe-se ainda que a perspectiva quanto a uma possível piora da economia estadual é relativamente menor (12,%) do que a nacional (15,%), segundo as empresas consultadas (Gráfico 5). 4
5 Gráfico 5 Perspectivas para 2017 das economias nacional e estadual Ceará Out/201 Brasil Ceará 0,0 50,0 40,0 54,7 51,0 30,0 20,0 10,0 7,,4 7,8 5,5 7, 7,1 20,5 14,3 8,0 9,0 0,0 Não sabe Vai piorar muito Vai piorar um pouco Não vai melhorar nem piorar Vai melhorar um pouco Vai melhorar bastante Apesar disso, o empresariado local parece encarar com maior cautela essa perspectiva quando se trata do quadro de funcionários que deverão contratar no ano que vem. Seis em cada dez gestores consultados no Ceará afirmaram que pretendem manter (4,7%) ou até mesmo reduzir o quadro de pessoal (15,2%), em 2017 (Gráfico ). Esta realidade pode ser amenizada na medida em que 38,1% dos inquiridos pretendem abrir novos postos de trabalho no próximo ano. Gráfico Perspectivas para 2017 do quadro de funcionários Ceará Out/201 Reduzirá quadro de funcionários 15,2% Abrirá novos empregos 38,1% Pretende manter quadro atual de funcionários 4,7% 5
6 Entre estas empresas (38,1%), destaque-se que a maior parcela das contratações pode ocorrer ainda no primeiro semestre do ano que vem (17,2%), seguidas daquelas cujas contratações podem ocorrer na segunda metade de 2017 (14,0%) e, em menor proporção, estão as empresas que pretendem contratar em ambos os períodos (,9%). Outro aspecto importante é que a perspectiva para a abertura de novos postos de trabalho está presente nos diferentes setores de atividade econômica ainda que existam maiores possibilidades de redução do quadro de pessoal nas empresas ligadas ao comércio e à construção civil, segmentos econômicos, que embora intensivos de mão de obra, dependem, em grande medida, da dinâmica do mercado consumidor interno (Gráfico 7). Gráfico 7 Perspectivas para 2017 do quadro de funcionários, segundo setor de atividade econômica Ceará Out/201 Manter Contratar Reduzir 100% 90% 80% 70% 0% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Administração Pública Agropecuária Serviços Industriais de U lidade Pública Serviços Indústria de Transformação Comércio Construção Civil Não obstante essa realidade, investigou-se entre aquelas empresas que pretendem fazer novas contratações de pessoal (38,1%) como farão o processo de recrutamento de profissionais. A maior parte delas apontou que buscarão apoio do SINE/IDT (42,2%), seguido do recebimento direto de currículos (24,1%), de indicações pessoais dos amigos ou funcionários (17,5%), dentre outras estratégias (Gráfico 8).
7 Gráfico 8 Perspectivas para 2017 das estratégias de recrutamento e seleção de pessoal Ceará Out/201 Agências do SINE/IDT 42,2 Recebimento direto de currículos 24,1 Indicações de amigos ou funcionários 17,5 Site da própria empresa Agências privadas de emprego,0 5,4 Anúncios em jornais Faixas, cartazes e/ou letreiros Outros 1,8 0, 2,4 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 Esse tipo de sinalização aponta para a importância do sistema público de emprego que não traz maiores custos, tanto para o empregador quanto para os trabalhadores, por se tratar de uma política pública tão necessária, especialmente em tempos de crise econômica e de desemprego mais elevado. Inquiriu-se também quanto ao número de postos de trabalhos que podem ser abertos por essas empresas, em Verificou-se que mais da metade delas tem pretensão de abrir, no máximo, cinco novos empregos no ano que vem. Um resultado que poderia ser até surpreendente uma vez que mais da metade do total das empresas consultadas é constituída por microempresas (52,%), isto é, com, no máximo, dezenove empregados (Gráficos 9 e 10). Gráfico 9 Perspectivas para 2017 do número de novas contratações Ceará Out/ a 99 4,8% 100 ou mais 8,4% Entre e 49 34,9% Até 5 51,8% 7
8 Gráfico 10 Empresas consultadas, segundo o número de funcionários Ceará Out/ ou mais,4 Entre 100 e ,0% Entre 20 e 99 2,9% Até 19 52,% Quando vistas as nuances de perto, nota-se, porém, que a perspectiva de ampliação do número de funcionários está proporcionalmente mais vinculada às empresas maiores, enquanto nas microempresas as intenções parecem mais ligadas às possibilidades de retração do quadro de pessoal, segundo os próprios respondentes (Gráfico 11). Gráfico 11 Perspectivas para 2017 do quadro de funcionários, segundo o porte dos estabelecimentos Ceará Out/201 Manter Contratar Reduzir 100% 90% 80% 70% 0% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Micro Pequena Média Grande 8
9 Em síntese, os resultados dessa sondagem com o empresariado local parecem indicar uma perspectiva de cautela com relação ao comportamento geral da economia no próximo ano, indicando que a maior parcela deles pretende, ao menos, manter o quadro atual de funcionários. Para os que pretendem contratar, estes vão abrir menos vagas do que tradicionalmente faziam, enquanto outra parcela de empresas manifestou intenção de reduzir o quadro atual de funcionários, sinalizando, assim, que uma possível melhoria da economia pode não repercutir na maior abertura de postos de trabalho, em
10 Governador do Estado do Ceará Camilo Santana Secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social Josbertini Virginio Clementino Coordenador do SINE/CE Robson de Oliveira Veras Presidente do IDT Antônio Gilvan Mendes de Oliveira Diretora Administrativo-Financeira Sheila Maria Freire Cunha Diretor de Promoção do Trabalho e Empreendedorismo Francisco das Chagas Nascimento Araújo Diretora de Estudos e Pesquisas Cláudia Fernanda Moreira da Silva Coordenador de Estudos e Análise de Mercado Erle Cavalcante Mesquita Coordenadora de Produção Estatística Wládia Magalhães Lima Rocha Análise e Redação Erle Cavalcante Mesquita Editoração Ana Clara Braga Maria Iracy Lemos Lopes de Souza Neta Revisão Regina Helena Moreira Campelo
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