DESCOBRINDO O ESSENCIAL

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Herman Vilanova de Paiva
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2 CSD_Advento_2016 O Advento é um tempo especial para preparar o Natal - a vinda de Jesus, o Emanuel, o Deus connosco. Descobrir o essencial é, para nós este ano, dar mais atenção aos pequenos gestos que fazem a diferença nas nossas relações pessoais, e que, tantas vezes, nos vai escapando, por ignorância ou por alheamento. 2

3 1ª Semana de Advento «Portanto, vigiai estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais» (Mt 24, 42) No Evangelho, Jesus convida-nos à vigilância, a estarmos atentos. Alguém dizia que o tempo é o oxigénio das relações. Se não há tempo, e tempo de qualidade, para os amigos, para a família, para o outro não há relação. E por vezes nem nos damos conta disso. Se eu me deixo ficar no piloto automático nos contactos mecânicos, perco o espanto, perco a abertura de olhos para aquilo que o outro é. É como se fizéssemos parte da mobília da casa uns dos outros e verdadeiramente já não nos enxergássemos. ( ) Tolentino Mendonça Quero mesmo ter tempo para estar contigo. - Esta semana, vou encontrar tempo para estar com as pessoas com quem há muito não estou.. - Esta semana, vou dar tempo àqueles que esperam um pouco de atenção da minha parte. 3

4 2ª Semana de Advento «Uma voz clama no deserto» (Mt 24, 2) No Evangelho, João Batista é o profeta que preparara o povo para Jesus que vem. Para O acolher de verdade, é preciso conversão, deixar Deus entrar na vida. E Deus também pode entrar na nossa vida, começando pelo modo como vemos os outros... Quantas vezes, achamos que os outros não entendem o que lhes queremos dizer Quantas vezes, achamos que vai ser sempre assim que já sabemos o que contar daquela pessoa Quantas vezes, achamos que nem todos valem a pena Quantas vezes, achamos que nem todos são dignos da nossa atenção, da nossa amizade E apetece-nos desistir Que tal mudar a nossa maneira de ver? É em nós que, tantas vezes, está o preconceito, o obstáculo e a dificuldade Ninguém pode ser deixado para trás. É urgente mudar de lentes! - Esta semana, esforço-me para ir ao encontro de quem está mais só, mais colocado de parte, mais frágil, mais fora do meu grupo - Esta semana, vou mudar de lentes e olhar para todos com amizade. 4

5 3ª Semana de Advento «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres» (Mt 11, 4-5) João Batista queria saber se Jesus era, de verdade, o Messias esperado. E Jesus respondeu, fazendo o bem e procurando o bem dos outros. A alegria é a melhor forma de continuarmos a tornar presente Jesus no mundo de hoje! Três aspetos importantes, nas relações pessoais do dia-a-dia, que tendemos a descurar são o Bom dia!, o sorriso e o elogio. Já disse bom dia? - Esta semana, vou dizer bom dia a todas as pessoas com um sorriso. - Esta semana, vou elogiar as pessoas que me rodeiam, com um elogio rápido e sincero. 5

6 4ª Semana de Advento «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-lhe-ás o nome de Jesus» (Mt 1, 20-21) José estava com medo de fazer o que o coração lhe mandava por receio de ser julgado pelos outros. No seu íntimo, ele sabia o que fazer mas a pressão social era grande e José conhecia bem a crueldade da sociedade em que estava inserido. Foi preciso ajuda para ganhar força e ser ele próprio. O medo é um sentimento muito presente na nossa vida, em criança, enquanto jovens e até como adultos. (Por alguma razão, a expressão Não temas é a mais vezes repetida em toda a Bíblia!) Também nós conhecemos a crueldade dos juízos que podem vir a fazer sobre nós e, às vezes, evitamos ser nós próprios, por vergonha ou por medo. Preciso de ser eu mesmo. - Esta semana, vou ser eu-mesmo. - Esta semana, vou fazer o bem, sem medo ou vergonha. 6

7 O Deus que se revela na nossa vida é o Deus das coisas pequenas. Às vezes ficamos desconcertados, às vezes cega-nos a pequenez de Deus. Deus tem metro e meio, Deus, como diziam os monges budistas, está num grão de arroz, Deus está nas pequenas coisas, nos detalhes, no escondido da vida, no banal, naquilo que é mais próximo, naquilo que até nos repugna pensar que Deus possa estar contido naquilo. Porque queremos para Deus, ou achamos que são de Deus, apenas as coisas grandes, omnipotentes, providenciais há, de facto, uma conversão do nosso olhar. Porque é de maneira de ver, de maneira de compreender que se trata verdadeiramente. Quer dizer, nós temos de sentir que Deus chega a nós no pequeno, no pequeno. Chega a nós no banal, naquilo que nós, em princípio, não damos importância. Mas Ele vai tocando à porta do nosso coração, Ele vai-se manifestando, Ele vai-se tornando presente se nós quisermos ver. ( ) José Tolentino Mendonça 7

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