Universidade de São Paulo Faculdade de Direito

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1 Universidade de São Paulo Faculdade de Direito SYLLABUS [ainda sujeito a alterações] Código: DES0241 Disciplina: Direitos fundamentais Departamento: DES Professor: Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva Créditos: 4 Horários: Aulas expositivas: Turma par, quartas-feiras, das 18:20 às 19:55 (Sala Almeida Júnior) Turma ímpar, quartas-feiras, das 20:00 às 21:35 (Sala Pedro Lessa) Seminários: Turma par: terças-feiras, das 20:00 às 21:35 (várias salas) Turma ímpar: terças-feiras, das 21:40 às 23:15 (várias salas) Atendimento aos alunos: Segundas-feiras, das 11:00 às 12:00 h. (agendar com antecedência via Moodle: Descrição do curso: Disciplina obrigatória para os alunos do quarto semestre do curso de direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Objetivos do curso: Propiciar ao aluno um espaço de discussão sobre aspectos filosóficos e dogmáticos dos direitos fundamentais. Para tanto, o aluno terá que ser treinado para a leitura de textos e para a exposição consistente de argumentos. Programa (aulas expositivas): 1. Normas de direitos fundamentais: princípios e regras 2. Restrições a direitos fundamentais: razoabilidade, proporcionalidade e o núcleo essencial dos direitos fundamentais 3. Titulares e destinatários dos direitos fundamentais 4. Evolução dos direitos fundamentais 5. Direitos sociais, políticas públicas e separação de poderes 6. Fundamentação dos direitos humanos 7. Universalismo x relativismo cultural 8. Direito de resistência 9. Garantias e remédios constitucionais 10. Estado de defesa e estado de sítio 11. Tratados internacionais sobre direitos humanos na ordem interna Programa (seminários): 1. Liberdade de expressão (HC Ellwanger) [duas aulas] 2. Igualdade (ADI ação afirmativa / ADI ProUni)

2 Direitos fundamentais (DES 241) - Syllabus - Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva Direito de reunião (ADI 1969) 4. Direito à vida (ADPF 54 - anencefalia) 5. Direito de propriedade (MS função social) 6. Liberdade de imprensa (Conselho Federal de Jornalismo) 7. Direitos sociais (ADI salário mínimo / ADPF 71 - educação) 8. Privacidade e sigilo bancário (MS ) 9. Privacidade, dignidade, honra (HC ) 10. Liberdade religiosa (ADI ensino religioso / MS [TJ/SP] - Crucifixo) Metodologia: Aulas expositivas: Todas as quartas-feiras, ministradas pelo professor responsável. Essas aulas pretendem abordar a parte teórica do programa, descrita acima. A segunda parte, relativa aos direitos fundamentais em espécie, será abordadas nas discussões em seminário, realizados às terças-feiras. Aula expositiva não significa, contudo, mera exposição ou doutrinação. Nela, há também espaço para o debate. Para isso, é fundamental que os alunos leiam os textos sugeridos (ver abaixo). Seminários: A metodologia adotada nos seminários pretende superar a limitação das aulas meramente expositivas tradicionais, nas quais o professor apenas expõe sistematicamente o conteúdo programático da disciplina, sem que haja grande participação dos alunos. Ao mesmo tempo, pretende-se evitar a adoção pura e simples dos seminários nos moldes tradicionais, porque eles apenas substituem a figura do professor-expositor pela do aluno-expositor. Para evitar as falhas apontadas, as aulas deverão seguir alguns requisitos: 1. Cada tópico do programa e seu respectivo texto base serão apresentados por uma dupla de alunos. 2. O tempo de exposição não poderá ultrapassar 30% do tempo total da aula. 3. O tempo restante será destinado ao debate com os outros alunos, que deverão ter lido o texto. Como se vê, o cerne da aula é a discussão, não a apresentação dos alunos. Essa serve apenas de mote para aquela. O foco na discussão tem como objetivo capacitar o aluno para o debate. No ensino jurídico tradicional, os estudantes são condicionados ao nãoquestionamento, a aceitar a "opinião da cátedra". É com essa forma de ensino que se pretende romper. Mas, para que mesmo com as diretrizes acima mencionadas a aula não se torne um seminário tradicional, é preciso atentar às regras de avaliação abaixo. Além dos seminários descritos acima, haverá, na última aula do ano, uma simulação (role-play) envolvendo alguma situação relacionada a um direito fundamental garantido pela constituição brasileira. Nessa simulação, cujos detalhes serão divulgados oportunamente, todos os alunos de cada grupo de seminário participarão e serão avaliados ao mesmo tempo. Material didático: Apesar de ser o mais comum no ensino jurídico brasileiro, não será adotado nenhum manual universitário como texto base da disciplina. Isso por uma razão simples. Pretende-se evitar que a aula seja uma mera exposição de um conteúdo que já está no manual, o que torna intercambiáveis as duas ferramentas de ensino - aula e texto.

3 Direitos fundamentais (DES 241) - Syllabus - Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva - 3 Nesse sentido, bastaria ao aluno escolher uma delas para obter êxito. Partindo do pressuposto de que isso seria um desperdício e também do que já foi mencionado acima sobre o foco no debate, serão utilizados diferentes textos, de autores diferentes e com visões diferentes sobre um mesmo problema. Esses textos não serão simplesmente expostos, mas discutidos nas aulas. O que se pretende, como se vê, é pressupor que aulas e textos são complementares e não alternativos. Além disso, a idéia não é doutrinar os alunos, mas prepará-los para o debate. Os manuais universitários pretendem, em geral, cumprir a primeira e não a segunda dessas tarefas. No caso dos seminários, o material principal, como já ficou claro acima, são decisões judiciais, especialmente as do Supremo Tribunal Federal. A opção pela jurisprudência não se baseia em um simples argumento de autoridade, ou seja, não se pretende mostrar o certo e o errado a partir da visão do STF. Pelo contrário, as decisões serão sempre analisadas a partir de uma reconstrução crítica da argumentação dos ministros. A opção pela jurisprudência se baseia na premissa de que, no aprendizado dos direitos fundamentais em espécie, mais importante do que a exposição de características teóricas, é o debate sobre os problemas que sua aplicação concreta costuma suscitar. Ao final do curso, será distribuída uma bibliografia mais abrangente, com o intuito de fornecer, ao aluno interessado, subsídios para um aprofundamento nas matérias tratadas no semestre. Avaliação A avaliação dos estudantes é múltipla e constante. A média final de cada um, que determinará sua aprovação ou reprovação, é composta de quatro notas. apresentação de seminário participação nos seminários desempenho na simulação (role-play) prova final Sobre as notas: A primeira nota é definida a partir do êxito do aluno na apresentação clara e consistente do caso abordado, da argumentação utilizada pelos ministros e da contribuição crítica pessoal. Além disso, será avaliada a capacidade dos apresentadores de debater as questões suscitadas pelos monitores ou pela "platéia". A segunda nota refere-se à participação (inteligente) de cada aluno nos debates ao longo dos seminários no semestre. Importante: essa nota não tem nenhuma relação com a mera presença física dos alunos em sala de aula. Isso significa que estar presente em todas as aulas, mas nunca participar (por qualquer que seja a razão) é praticamente a mesma coisa do que estar ausente. Além disso, ela não tem nenhuma relação com a quantidade de coisas que se diz, mas com a qualidade da participação. Quanto mais se participa com intervenções que pouco contribuem para o debate ou que demonstram que o aluno não leu o material obrigatório, menor será a sua nota de participação. A terceira nota, referente ao desempenho na simulação, levará em conta a capacidade de cada aluno para, em grupo, encarnar um determinado papel em uma simulação de uma situação ligada ao mundo jurídico (pode ser um julgamento simulado, um debate sobre um projeto de lei etc.) e defender a visão que lhe foi atribuída no início do exercício, independentemente de suas convicções pessoais.

4 Direitos fundamentais (DES 241) - Syllabus - Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva - 4 A prova final será realizada em sala de aula, no dia e no horário do calendário oficial. Não será uma prova na qual será cobrada a exposição sistemática de matéria assimilada por meio de perguntas teóricas, mas sim a resolução de problemas jurídicos com base nessa matéria. Sobre a média final: Para a composição da nota final, essas quatro notas serão consideradas com base nos seguintes pesos: apresentação de seminário - 25% participação nos debates - 15% desempenho na simulação - 10% prova final - 50% Bibliografia básica (parte expositiva - por tópicos do programa): [os textos marcados com um asterisco estarão disponíveis na minha página no Moodle] *** ainda sujeita a mudanças e complementações *** 01. Normas de direitos fundamentais: princípios e regras Alexy, Robert, Theorie der Grundrechte, 2. Aufl., Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1994, pp (em espanhol: Teoría de los derechos fundamentales, Madrid, Centro de Estudios Constitucionales, 1993, pp ). Ávila, Humberto, Teoria dos princípios, 4. ed., São Paulo: Malheiros, 2004, pp Silva, Virgílio Afonso da. "Princípios e regras: mitos e equívocos acerca de uma distinção", Revista Latino-Americana de Estudos Constitucionais 1 (2003): [*]. 02. Restrições a direitos fundamentais: razoabilidade, proporcionalidade e o núcleo essencial dos direitos fundamentais Ávila, Humberto Bergmann, "A distinção entre princípios e regras e a redefinição do dever de proporcionalidade", Revista de Direito Administrativo 215 (1999): [*]. Silva, Virgílio Afonso da Silva. "O proporcional e o razoável", Revista dos Tribunais 798 (2002): [*]. Canotilho, J.J. Gomes, Direito constitucional e teoria da constituição. 2. ed., Coimbra: Almedina, 1998, Titulares e destinatários dos direitos fundamentais Sarlet, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 3. ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003, pp Steinmetz, Wilson, "Princípio da proporcionalidade e atos de autonomia privada restritivos de direitos fundamentais", in Virgílio Afonso da Silva (org.), Interpretação constitucional, São Paulo: Malheiros: 2005: [*]. Leitura complementar:

5 Direitos fundamentais (DES 241) - Syllabus - Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva - 5 Sarlet, Ingo Wolfgang, "Direitos fundamentais e direito privado: algumas considerações em torno da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais", in Ingo Wolfgang Sarlet, A constituição concretizada. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000: Sarmento, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, Steinmetz, Wilson, A vinculação dos particulares a direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros: Evolução dos direitos fundamentais Silva, Virgílio Afonso da. "A evolução dos direitos fundamentais", [texto ainda não publicado] [*]. 05. Direitos sociais, políticas públicas e separação de poderes Abramovich, Victor / Courtis, Christian. Los derechos sociales como derechos exigibles, Madrid: Trotta, 2002, pp PET/Capes (FD-USP), "O Judiciário e as políticas públicas de saúde no Brasil: o caso AIDS", 2004 [*]. 06. Fundamentação dos direitos humanos Alexy, Robert, "Diskurstheorie und Menschenrechte", in Robert Alexy, Recht, Vernunft, Diskurs. Studien zur Rechtsphilosophie, Frankfurt: Suhrkamp, 1995: (em inglês: "Discourse Theory and Human Rights", Ratio Juris 9 (1996): ; em espanhol: "Teoría del discurso y derechos humanos" e "La fundamentación de los derechos humanos" in Robert Alexy, Teoría del discurso y derechos humanos, Bogotá, Universidad Externado de Colombia, 1995, e ). Bobbio, Norberto, "Sul fondamento dei diritti dell'uomo", in Norberto Bobbio, L'età dei diritti, Torino: Einaudi, 1990, 5-16 (em português: "Sobre o fundamento dos direitos humanos" in Norberto Bobbio, A era dos direitos, Rio de Janeiro: Campus, 1992). Habermas, Jürgen, Faktizität und Geltung. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1992, pp (tradução brasileira, Jürgen Habermas, Direito e democracia: entre faticidade e validade, São Paulo: Boitempo, 1998, pp ). 07. Universalismo vs. Relativismo cultural Li, Xiaorong, "'Asian Values' and the Universality of Human Rights", Report from the Institut for Philosophy and Public Policy 16 (1996): (republicado em Patrick Hayden, The Philosophy of Human Rights, St. Paul: Paragon, 2001, pp ). 08. Direito de resistência Kant, Imanuel, Metafísica dos costumes, 1, A 173 ss. / B 203 ss.

6 Direitos fundamentais (DES 241) - Syllabus - Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva - 6 Rawls, John, A Theory of Justice, Cambridge (Mass.): Belknap, 1971, pp Garantias e remédios constitucionais Meirelles, Hely Lopes. Mandado de segurança. 25. ed., São Paulo: Malheiros, Silva, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23. ed., São Paulo: Malheiros, 2004, Estado de defesa e estado de sítio Silva, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23. ed., São Paulo: Malheiros, 2004, Tratados internacionais sobre direitos humanos na ordem interna Piovesan, Flávia, "O valor jurídico dos tratados e seu impacto na ordem internacional", in Flávia Piovesan, Temas de direitos humanos, 2. ed., São Paulo: Max Limonad, 2003: Leitura complementar: Piovesan, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 5. ed., São Paulo: Max Limonad, 2002.