CAPÍTULO 8. Outro Interlúdio: As Razões Subjacentes dos Sofrimentos da Igreja

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Fernanda Beppler Ventura
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1 CAPÍTULO 8 Outro Interlúdio: As Razões Subjacentes dos Sofrimentos da Igreja Ainda restam as sete taças para que se completem as dores de parto do Reino de Deus. Antes, porém, necessário se faz que a Igreja compreenda que suas lutas na terra são reflexo de uma batalha milenar mais complexa, que envolve as hostes malignas do inimigo do homem e de Deus. Este interlúdio, que inclui os capítulos 12, 13 e 14, novamente, perpassa toda a história da presente dispensação, que vai da primeira à segunda vinda de Cristo. Se não, vejamos. I. A mulher e o dragão Apocalipse 12:1-6 1 E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. 2 E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz. 3 E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. 4 E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. 5 E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. 6 E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias. Na primeira visão desse intervalo, João vê uma mulher grávida, prestes a dar à luz. Ele vê também um enorme dragão postado defronte à mulher. Ele quer tragar o filho da mulher, que está para nascer, tão logo ele nasça. A mulher é a Igreja de todas as eras, sem qualquer importância da perspectiva da terra, mas gloriosa e triunfante sob o prisma do céu. Por isso João a viu vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça 1. Ademais, Deus não possui dois povos. A Igreja 1 Segundo Mettew Henry, A igreja, representada por uma mulher, a mãe dos crentes, foi vista no céu pelo apóstolo em uma visão. Ela estava vestida de sol, justificada, santificada e brilhando pela união com Cristo, o Sol da Justiça. A lua estava embaixo dos seus pés; ela era superior à luz refletida e mais fraca que a revelação feita por Moisés. Tinha em sua cabeça 59

Este interlúdio, que inclui os capítulos 12, 13 e 14, novamente, perpassa toda a história da presente dispensação, que vai da primeira à segunda vinda de Cristo. Se não, vejamos. I.

2 é uma! Portanto, pode ser perfeitamente simbolizada pela figura de uma mulher, como faz o apóstolo Paulo em Gálatas, onde afirma que a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe (4:46, grifei). Por outro lado, o dragão vermelho é descrito de modo a expressar o poder que é capaz de exercer. Ele tinha sete cabeças com diademas e dez chifres. De tão grande, o balançar de sua calda removeu de sua órbita a terça parte das estrelas, uma provável alusão aos demônios que seguiram Satanás (II Pe 2:4; Jd 6). Todavia, a despeito desse poder, a mulher dá à luz a um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro (Sl 2:9). Trata-se de nosso Senhor Jesus Cristo, a semente da mulher (Gn 3:15; Gl 4:4), que, vitorioso sobre a morte, ascendeu ao céu. Frustrado em seu plano de opor-se a Cristo, o dragão se volta contra a Igreja. E aqui há nova decepção, pois Deus, que guardou o Seu Ungido, também proveio um lugar seguro para o Seu povo, para a Igreja, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias. Verdadeiramente, não obstante vivendo em um deserto, a Igreja será guardada e alimentada, como Israel o foi por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras (...) e te fez sair água da pederneira; que no deserto te sustentou com maná (Dt 8:15,16). Já comentamos sobre esse tempo mil duzentos e sessenta dias (11:3). Tratase dos mesmíssimos quarenta e dois meses (11:2), período de apostasia e de sofrimento para os verdadeiros crentes, no domínio último de Satanás, assim como de testemunho fiel e eficaz da pequena Igreja remanescente dessa época (11:3). II. A batalha no céu Apocalipse 12: E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; 8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. 9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. 10 E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do uma coroa de doze estrelas; a doutrina do evangelho pregada pelos doze apóstolos é uma coroa de glória de todos os crentes verdadeiros. Op. Cit 60

De tão grande, o balançar de sua calda removeu de sua órbita a terça parte das estrelas, uma provável alusão aos demônios que seguiram Satanás (II Pe 2:4; Jd 6).

3 nosso Deus os acusava de dia e de noite. 11 E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte. 12 Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo. João vê uma batalha no céu. Dois exércitos, cada um liderado por seu general, se confrontam. Satanás e suas hostes são derrotados, expulsos de lá e precipitados na terra. O grande dragão é a antiga serpente, uma alusão à Gn 3. Satanás é a transliteração da palavra hebraica que significa adversário. Diabo é o termo grego equivalente de Satanás, significando, portanto adversário ou acusador. A grande voz que João ouve no céu explica-lhe o significado da visão. Com efeito, não se trata de uma batalha literal. Muito menos da queda de Satanás e seus anjos. A visão mostra-nos os efeitos da encarnação, morte e ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo, em termos de uma batalha entre Miguel (Dn 10:13, 21; 12:1; Jd 9) e Satanás. A frase foi precipitado o grande dragão é explicada pela informação de que já o acusador de nossos irmãos é derrubado (...). Ou seja, Satanás perdeu sua posição de acusador dos crentes: Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus que os justifica (Rm 8:33). Portanto, a vitória de Cristo na cruz do calvário, plenamente evidenciada em Sua ressurreição e ascensão, traz diversas conseqüências, quais sejam: Primeiro, a salvação de Deus, em Cristo, torna-se evidente, tanto quanto o reino de Deus e Seu poder; segundo, vemos a vitória do povo de Deus, que descansa no sangue do Cordeiro a ponto de manter seu testemunho nas piores aflições, pois não amaram as suas vidas até a morte ; e, terceiro, sabendo Satanás que possui pouco tempo, enche-se de ira contra os que habitam na terra e no mar. Ladd 2 observa, a propósito, que Satanás está derrotado, mas ainda não destruído. Afirma esse comentarista, com acerto, que (...) Satanás ainda pode atacar os santos na terra e martirizá-los, esperando vencê-los e obrigar a negar sua fé. Este é o pano de fundo do último esforço desesperado de Satanás de acabar com a igreja e destruir os santos. Mesmo sabendo que seu poder foi quebrado e que seu destino é certo e próximo, ele ataca a igreja com grande cólera. 2 OP. Cit. p

João vê uma batalha no céu. Dois exércitos, cada um liderado por seu general, se confrontam. Satanás e suas hostes são derrotados, expulsos de lá e precipitados na terra.

4 III. A ira do dragão contra a mulher Apocalipse 12: E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. 14 E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente. 15 E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. 16 E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca. 17 E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo. 18 E o dragão parou sobre a areia do mar. (...) o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. A frustração do dragão por não destruir o filho da mulher, que nasceu e foi arrebatado para Deus e para o seu trono, bem como a ciência quanto à sua queda da posição de acusador dos crentes, explica a perseguição atroz que intentará contra a igreja. Mas a mulher recebe duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto. Já fomos informados, no verso 6, que Deus já havia lhe preparado lugar onde haveria de alimentá-la por mil duzentos e sessenta dias, período que aqui é descrito como um tempo, e tempos, e metade de um tempo, o terrível período final de perseguição e martírio sem paralelo 3. Incansável, o dragão tenta afogar a mulher com água como um rio que sai da sua boca. Outra vez debalde! A terra abre a sua boca e traga o rio lançado pelo boca do dragão. Sigo Mattew Henry, quando diz que isto pode significar uma torrente de erro pela qual a Igreja de Deus esteve em perigo de ser derrubada e descaminhada 4. Embora a igreja não seja afogada pelas mentiras do dragão, a terra a engole, uma indicação de que os incrédulos quanto ao evangelho darão crédito às mentiras da boca de Satanás. Estes é que engolem o rio inteiro. Não podendo destruir o filho da mulher, nem desencaminhá-la pelo erro doutrinário, o dragão volta-se contra ela para causar-lhe aflições aos que haveriam de manter seu testemunho, a despeito dos martírios pelos quais padeceriam. Com este propósito ele fica de pé na praia, para chamar das 3 Ladd, Op. Cit. p Op. Cit 62

15 E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar.

5 profundezas do mar a besta que será o principal insrumento da perseguição final 5. 5 Ladd. Op. Cit. p

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