Levar Cristo ao coração do mundo; Trazer o mundo ao Coração de Cristo (Padre Dehon).

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1 , Levar Cristo ao coração do mundo; Trazer o mundo ao Coração de Cristo (Padre Dehon).

2 03. PARA COMEÇAR: MENSAGEM NATALINA DO SUPERIOR GERAL E CONSELHO Caracas, 1 de dezembro de 2019 A todos os membros da Família Dehoniana Mensagem de Natal 2019 Não nos escandalizemos com a manjedoura! Queridos confrades e todos os membros da Família Dehoniana! Um dos primeiros assistentes gerais do P. León Dehon, o P. Alfonso María Rasset, assim se expressava nessa data: No Natal, nasçamos com Jesus, tornemo-nos crianças, pobres, humildes, sofredores; não nos escandalizemos com a manjedoura { Pour Noël, naissons avec Jésus, soyons des enfants, pauvres, humbles, souffrants, ne nous scandalisons pas de la crèche. P. Léon Dehon, Un prêtre du Sacré Cœur. Vie édifiante du Révérend Père Alphonse-Marie Rasset, 342}. Não nos escandalizemos com a manjedoura! Que bonita exortação! De certo modo, pode-se compreender como um chamado a não desistir de contemplar o presente que nos foi dado: Jesus; por outra parte, é também uma provocação para que seja acolhido e vivido sem reservas tudo o que Ele nos ensina com sua Vida e sua Palavra, no seu amor constante à vontade do Pai. A proximidade do Natal nos convida a

3 adentrarmos nas vias escandalosas e surpreendentes de Deus. Assim o viveram Maria, José, Isabel, Zacarias, os pastores, os Sábios do Oriente e tantos outros. Que bom se podemos também nós reconhecer o rastro de Deus em nossas vidas, em nossas comunidades e na vida de tantas pessoas com quem partilhamos quotidianamente nossa missão! Este período do ano é uma boa oportunidade para isso, para nos deter, reconhecer e agradecer a obra de nosso bom Deus entre nós. Olhando a vida da Congregação, quero partilhar três acontecimentos que podem ser lidos inclusive associando-os ao que celebramos nesses dias do ano. Neles existe algo de escândalo e de surpresa, mas sobretudo um grande dom de Deus. Em primeiro lugar, indico a memória do P. Nicola Martino Capelli. Iniciando o mês de outubro, recordávamos que setenta e cinco anos atrás Martino fez de sua vida uma oferta agradável a Deus. Num período de muita escuridão, nosso confrade não deixou de guiar-se pela fé e pela vocação que recebera. Apesar do perigo que corria, atendeu nas montanhas de Monte Sole, na região dos Apeninos italianos, aqueles que mais sofriam: mulheres, anciãos e crianças terrificadas pela violência. Neles encontrou o rosto doloroso de Cristo. Apesar de tanta crueldade e desumanização, Martino, verdadeiro reparador, não deixou o coração se levar pelo ódio e nem desistiu de buscar a paz e a reconciliação, aproximando-se de todos. Não se deixou guiar por outra luz que não fosse a do Coração de Cristo que tanto amava. Martino não se escandalizou com a manjedoura. Foi executado por fidelidade à sua consagração religiosa. Sua grande aspiração era ser missionário na China, mas nunca pode chegar lá. Seu caminho foi outro: o de Jesus. Como os Sábios do Oriente que se dirigiam a Belém seguindo uma estrela, Martino fez o melhor dos caminhos: deixou-se guiar pela luz do Evangelho. Foi assim que nosso confrade, fazendo-se amigo e servo de todos, encontrou-se para sempre com o Príncipe da Paz. Em segundo lugar, destaco o Encontro dos Superiores das Entidades da Congregação em Roma no mês de novembro. Durante aqueles dias tivemos ocasião para escutar-nos, rezar e refletir juntos. Foram dias que nos ajudaram a nos conhecer um pouco mais e, acima de tudo, a nos sentir mais corpo na vocação sempre desafiadora do Sint Unum. Dia após dia fomo-nos confirmando no chamado e no desejo de seguir fazendo do caminho de Jesus o nosso caminho: Seu caminho é também o nosso caminho (Cst 12). Somos conscientes de que temos que continuar a ajustar nossos passos e a afinar bem o olhar para reconhecer melhor o caminho que o Mestre nos vai mostrando. Temos que nos aproximar mais uns dos outros. Sabemos que não o alcançaremos sem nos distanciar de nossos próprios interesses e projetos. O desejo é

4 grande, mas cabe a nós continuar a concretizá-lo. Queremos confiar mais uns nos outros. De fato, durante aqueles dias nos sentimos como os pastores que naquela noite santa se animavam uns aos outros para ir até Belém e empreender um caminho que os levaria ao Menino para poder adorá-lo. Eles o fizeram, e o fizeram juntos, porque confiaram nas coisas de Deus. Essa é a mensagem que precisamos nos presentear, dizer uns aos outros todos os dias, sempre de novo: Vamos ao seu encontro! Assim o fazemos quando nos alimentamos do mistério vivo de Deus na Eucaristia, quando o adoramos em nossas comunidades, quando o reverenciamos em nossos irmãos e quando o servimos em tantos rostos, especialmente naqueles dos mais pobres e aflitos. Em terceiro lugar, por último, agradeço a Deus o dom dos confrades que, há apenas alguns meses, renovaram o sim generoso que proclamaram no dia de sua profissão religiosa. E o fizeram, na ocasião, para abrir caminho à Congregação na Colômbia, na periferia da cidade de Bogotá. São companheiros da Argentina, Brasil, Indonésia e Filipinas que contarão com especial apoio dos nossos confrades do Equador e da Espanha. Cada um deles, no discernimento com suas Entidades de origem, deixa de lado seus compromissos e sua vida ordinária para começar e partilhar uma nova missão. Todos chegarão como discípulos humildes que têm muito que aprender, mas chegarão também com o desejo de partilhar numa terra necessitada de paz e de reconciliação a sua vocação de Amor e Reparação. Como Maria e José, esses nossos companheiros foram surpreendidos por uma proposta que os tirou de seus planos e da sua vida quotidiana. Sem dúvidas, reconheceram em tudo isso o chamado do bom Espírito de Deus e o acolheram com fé e esperança no desejo de contribuir, desde a pequenez e a fragilidade dos primeiros passos, com a missão da Igreja de viver e anunciar o Evangelho. Queridos amigos, a estes três acontecimentos certamente podemos acrescentar muitos outros. Seria estupendo que também em cada comunidade se encontre um tempo para partilhar outras muitas ocasiões e vivências que podem ser reconhecidas como especial proximidade de Deus no meio de nós ao longo deste ano. Juntamente com todo o Conselho geral e os membros da Cúria geral, desejo a todos um feliz Natal; que não nos escandalize o Mistério de Belém e que continue a encorajar-nos no caminho de vida e serviço que queremos continuar realizando no próximo ano novo. Fraternalmente, in Corde Iesu, P. Carlos Luis Súarez Codorniú, scj Superior Geral e seu Conselho.

5 04. DEHONIANOS A CAMINHO DA COLÔMBIA Nova Presença Dehoniana na Colômbia P. Levi dos Anjos SCJ, Conselheiro Geral (dehoniani.org.). Tradução de E&L Na última semana de novembro, representando o Governo Geral, eu, P. Levi dos Anjos (Conselheiro Geral), e o confrade P. José Luis Domingues (ECU), partimos para a Colômbia, no intuito de prosseguir o diálogo, já inaugurado, com a Arquidiocese de Bogotá, acerca da nova presença dehoniana naquela cidade. Estávamos muito preocupados porque naquela semana eram previstas manifestações contra o governo, especialmente na cidade de Bogotá. A praça central da cidade seria o palco para as referidas manifestações. E, precisamente ali, situa-se a sede arquiepiscopal, onde encontraríamos o bispo auxiliar. Para evitar surpresas desagradáveis, o bispo Dom Luis Manuel Ali Herrera marcou o encontro em outro lugar e também outro momento, de sorte que a reunião transcorreu sem problemas. De fato, o que temíamos, aconteceu: as manifestações se intensificaram e houve múltiplos confrontos entre manifestantes e polícia. Infelizmente, um jovem estudante foi morto. Durante a semana, um clima de insegurança tomou conta da cidade, o que gerou um ambiente

6 tenso e causou o fechamento de algumas estações de ônibus e o caos no tráfego urbano. Apesar das incertezas relativas aos transportes públicos, continuamos os nossos planos. Além de conhecer Cidade Bolívar, território pensado para a nova missão, também visitamos, a pedido do bispo, a região de Usme. Trata-se de um quarteirão pobre, como Cidade Bolívar, porém maior e mais necessitado, onde a presença religiosa e a assistência social são poucas. Por essa razão, acabamos decidindo que a nossa nova comunidade se estabeleça em Usme. P. Jose Luis e eu também visitamos a comunidade das Irmãs Carmelitas de Vedruna. As Irmãs desenvolvem maravilhosa ação pastoral há mais de 40 anos. Escutamos atentamente a sua experiência e os seus conselhos para começar bem a nossa nova presença dehoniana. Com a ajuda de uma leiga muito engajada, visitamos o interno da comunidade, a fim de conhecer a vida quotidiana das pessoas: colocounos em contato com os párocos que nos mostraram detalhes daquela gente tão sofrida por conta dos conflitos causados pela pobreza, pela guerrilha e pela droga. Quatro (talvez cinco!) confrades dehonianos formarão a nova comunidade religiosa, no distrito de Usme. Esta comunidade territorial pertencerá ao Distrito do Equador e será sustentada pela Província da Espanha. No próximo mês de março a nova comunidade se reunirá na cidade de Quito (Equador), com o objetivo de preparar-se adequadamente, antes de começar a atividade pastoral. Prevê-se que a nova comunidade se estabeleça na periferia de Bogotá (Usme), em junho de Agradecemos à Arquidiocese de Bogotá, na pessoa de Sua Eminência, Cardeal Rubén Salazar, que nos abriu as portas para partilhar com aquele povo o modo dehoniano de viver o amor e a reparação ao Sagrado Coração de Jesus. Maria Imaculada proteja e acompanhe os nossos novos missionários, de modo que possam atenuar a dor das famílias sofridas que vivem naquele território.

7 ANOS DE CATEQUESE COM PADRE ZEZINHO O Reencontro com a Catequese Gabrieli (Secretariado Dehoniano de Comunicação) No último sábado, 07 de dezembro de 2019, Pe. Zezinho reuniu no Conventinho os representantes dos grupos de catequese que ele criou desde O evento se iniciou com a Santa Missa, que foi marcada pelas profundas reflexões fundadas nas canções do sacerdote. Também houve um momento de partilha, no qual algumas pessoas ressaltaram a importância da catequese em sua história de vida. Após a manhã de espiritualidade, ocorreu uma confraternização, preparada pelos participantes do encontro.

8 Muitos dos presentes aproveitaram a oportunidade para prestigiar o Memorial Pe. Zezinho, scj, que no momento apresenta uma exposição em comemoração aos 50 anos do lançamento do seu primeiro LP O Cristo Inconstante, de Foi um dia de gratidão e reencontros, onde os amigos que perderam o contato puderam relembrar os tempos de juventude. É importante destacar que o Pe. Zezinho sempre foi um propagador da catequese e o amor por esse ministério lhe rendeu grandes inspirações para compor. Seus shows sempre foram marcados pelas pregações, onde ele usava métodos simples, para a melhor compreensão do público. E hoje, no auge dos seus 78 anos, ele ainda o pratica pelos meios de comunicação. 06. REQUIESCANT IN PACE No dia 09 de dezembro/2019, o Senhor chamou ao seu Coração e à Casa do Pai nosso confrade P. Paul Casper, da Província dos Estados Unidos (USA), falecido em Franklin (WI), nos Estados Unidos. Nascimento: 29/04/1930; 1ª Profissão: 08/09/1949 Ordenação presbiteral: 25/05/1957. Comunicamos que faleceu no dia 10/12/2019 (3ª feira), em Ituporanga/SC, a Irmã Joana Heidemann, irmã do nosso confrade P. João Heidemann. Ela trabalhou durante muitos anos no seminário de Corupá com dedicação ao trabalho, oração e zelo. O sepultamento foi em 11/12, às 09h30, no cemitério das Irmãs Franciscanas de São José, em Angelina/SC. Irmã Joana nasceu em 07/02/1926, fez sua entrega ao Senhor na Vida Consagrada em 02/02/1946 e os Votos Perpétuos em 26/07/1951. Ao P. João Heidemann e aos seus familiares expressamos nossos sentimentos e nos unimos em oração pela alma da Ir. Joana. Que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz!

9 07. ORDENAÇÃO PRESBITERAL DE DIÁC. RAFAEL

10 08. DEHONIANOS EM LAVRAS: HISTÓRIA DE 95 ANOS 95 anos da Presença dos Padres Dehonianos em Lavras Jorge Charbel Haddad (Paróquia Sant Ana, Lavras/MG) Ao apagar das luzes do ano de 1924, P. Fernando Baumhoff colocou sua primeira assinatura, no livro de registros de batizados da paróquia com os dizeres: Hoje, tomo posse da paróquia Santana de Lavras. Começava ali uma belíssima história de trabalho, dedicação e fé que jamais foi interrompida, chegando até os nossos dias, dando-nos a

11 oportunidade de comemorar, quase um século, ao lado dos padres do Sagrado Coração de Jesus. Foi sob a imposição das mãos dos padres Dehonianos que a cidade de Lavras do século XX foi batizada, fez sua primeira comunhão, a Crisma e, aos poucos, educada religiosamente. Foram muitas as conquistas em meio a muitas batalhas. Não podia ser diferente. Padre Dehon, fundador desta Congregação, sabia perfeitamente que seriam grandes as dificuldades, ao propor que seus padres saíssem das sacristias, a fim de evangelizar em campos desconhecidos. E eles saíram de fato! Construíram, em Lavras, junto com seus paroquianos, igrejas, capelas, paróquias, escolas, cemitérios, seminário, hospital, casa de retiro, casa de recuperação e muitas outras construções que estão em cada coração paroquiano. O carisma dehoniano veio ligado a cada sacerdote que aqui esteve e externado aos fiéis, em forma de duas das principais virtudes do Amor ao Sagrado Coração de Jesus: Oblação e Reparação. A primeira é praticada no serviço apostólico dedicado a uma entrega quase sem limites. Nesses 95 anos, tivemos padres que, por amor à vocação, trabalharam até o esgotamento total de suas forças físicas. Tivemos o exemplo dos padres Tarcísio Dalsenter e Bernardo Koewner que, durante a Segunda Guerra Mundial, foram perseguidos por inimigos de nossa religião e tiveram que ficar escondidos, na casa paroquial, mas nunca desistiram. Padres que não abandonaram a missão nem desistiram do trabalho, mesmo com a idade avançada ou com problemas sérios de saúde. Durante décadas, o único acesso ao meio rural foi a montaria a cavalo, que era um problema rapidamente resolvido. P. Silvestre contava várias histórias de quando ia cavalgando celebrar as missas antes da paróquia ter o primeiro carro. A segunda virtude do carisma dehoniano, a Reparação, está diretamente relacionada à cura de nossa espiritualidade e ao consolo de nossas angústias e falta de fé. Seja por meio das confissões, atendimentos e direcionamentos espirituais, os padres dehonianos sempre tiveram um jeito especial de nos mostrar as graças da misericórdia do Sagrado Coração de Jesus. Diariamente presentes nos hospitais da cidade, em casas dos adoentados, seja para um simples consolo ou para aplicar o sacramento da Unção dos Enfermos, nossos sacerdotes estão continuamente presentes nos momentos mais difíceis. E, mesmo depois de nossa partida, eles estão ali, encomendando nossa alma a Deus e solidarizando-se com nossas famílias.

12 Os padres dehonianos estão conosco durante toda a nossa vida. Do nascimento à morte. Do batismo à encomendação. Somos eternamente gratos por essa entrega total de suas vidas. Lavras é devedora e agradecida aos Padres do Sagrado Coração de Jesus. A cidade cresceu em volta das paróquias e igrejas; onde havia uma capela, desenvolvia, no entorno, o povoado dos fiéis. Hoje, 95 anos depois da chegada do padre Fernando, o trabalho continua firme e forte, em nossa paróquia, em todas as suas comunidades: no Seminário Dehonista de Lavras, tão conhecido e amado pela importantíssima obra ali realizada e, na Fazendinha do Padre Israel, que traduz com perfeição a Oblação e a Reparação, aplicadas diretamente em pessoas colocadas às margens da sociedade. É, na Fazendinha, que essas pessoas têm a oportunidade de se encontrarem com Deus para a cura de suas feridas físicas e espirituais. Tudo isso foi uma visão e desejo de Padre Dehon, colocados em prática há mais de um século no mundo e há 95 anos em nossa cidade. Nosso profundo agradecimento e nossas constantes orações por todos esses padres que fazem parte de nossas vidas como verdadeiros pais em Cristo Nosso Senhor. VIVAT COR JESU, PER COR MARIAE!! 09. MEMÓRIAS DE NOSSA HISTÓRIA Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba Pe. José Francisco Schmitt, scj O picadeiro Entre os dois pavilhões, São José e Nossa Senhora Aparecida havia uma ampla passagem, que dava acesso do pátio interno do velho conventinho ao campo de futebol, passando por duas fileiras de belíssimas mangueiras. O espaço entre as duas alas chamava-se picadeiro {O Novo Dicionário Aurélio apresenta como local onde se adestram cavalos, e fazem exercícios ou se administram ensinamentos de equitação. Certamente não foi com este sentido que foi dado tal nome. Mas por ser quase uma área circular onde os fratres se reuniam todos os dias}, onde os fratres costumavam passar os recreios. A data da construção desse picadeiro coincide com a da Ala Nossa Senhora Aparecida, 1950, portanto. Na parte térrea desse picadeiro havia um considerável espaço, onde se reuniam os fratres e os padres professores nos recreios, principalmente

13 após o almoço, para contar piadas, tecer comentários teológicos (não muito ortodoxos de teólogos em suas primeiras incursões nas divinas ciências), bem como para pôr em dia os conhecimentos futebolísticos. Era o lugar preferido para conversas mais descontraídas. O recinto se prestava para exposições dos painéis de obras literárias da Academia São João Crisóstomo e outras comunicações. A parte inferior do picadeiro dava, ainda, acesso direto aos dois pavilhões (São José e Nossa Senhora Aparecida). O picadeiro tinha também um piso superior, com grande sala, quase salão, que deveria servir de sala de recreio para os fratres. Mas não se prestava muito para essa finalidade. Aí se faziam as projeções de filmes. Ali chegou mesmo a funcionar um pequeno Cineclube, com participação de pessoas da cidade. Mais tarde, durante a construção do novo prédio do Conventinho, esse salão serviu, provisoriamente, de sala de aula A nova capela do Conventinho O leitor deve ter percebido que dentro da ordem cronológica do surgimento dos prédios, a construção da capela deveria ter sido tratada logo após a conclusão da Ala São José, uma vez que a construção da capela foi bem anterior ao pavilhão Nossa Senhora Aparecida concluída em A capela ficava bem separada e distante do conjunto dos pavilhões São Cristóvão e São José. Sem entrarmos em explicações do porquê dessa deslocação, achamos por bem tratar só agora da construção da capela do Sagrado Coração de Jesus. Quanto à construção da 2ª capela do Convento, não temos absolutamente nenhuma documentação escrita. Nem sequer uma vírgula! Tudo aconteceu no silêncio. Até parece sugerir o silêncio durante a construção do Templo de Jerusalém, quando não se ouviu ruído algum de martelo, picareta ou qualquer outra ferramenta (cf. 1 Rs 6,7). Mesmo assim, decorridos 57 anos da construção daquele pequeno templo, vamos tentar resgatar-lhe a história escondida na memória dos que aqui viveram naquela época. Entre os diversos confrades consultados sobre a origem da antiga capela do Conventinho, ouçamos o depoimento do padre Irineu Decker: Em fins de 1939 foi iniciada a construção da 2ª capela pelo irmão Antônio Büchler e o frater Frederico Bloech. Este foi encarregado de fazer a compra do material. Era uma grande necessidade porque não havia

14 lugar na antiga capelinha para pessoas de fora que vinham participar de algum ato litúrgico. Padre Clemente Britzen era contra a construção, pois cuidava da chácara e não queria que fossem cortadas árvores frutíferas. Mas o então provincial, padre Pedro Storms, deu licença para construí-la nas férias de dezembro e janeiro, quando padre Britzen costumava estar ausente (ele passava as férias em Varginha). Quando voltou, estava diante de um fato consumado e também não reclamou porque respeitava a ordem do superior {Documento Decker, p. 3}. Padre Frederico Winkelmann complementa com outros dados, informando, que quem convenceu o padre provincial para a devida autorização e também como prover o dinheiro necessário para a obra, foi o então frater Frederico Bloech. Até então, nunca tinha havido festas no bairro em benefício do Conventinho. Para a construção desta capela foram organizadas duas festas com a colaboração do povo da Vila São Geraldo. O próprio frater Bloech fez a planta e obteve a assinatura de um engenheiro amigo {cf. Carta Winkelmann (Rio de Janeiro, aos )}. O término da obra da capela do Sagrado Coração de Jesus do Conventinho ocorreu pelo final de Mesmo sem estar completamente concluída, ela foi inaugurada por dom André Arcoverde de Albuquerque Cavalcante. Convém ressaltar, como referencial histórico, que dom André foi bispo de Taubaté, de outubro de 1936 a novembro de O acabamento da capela, principalmente a parte interior, ficou por conta da habilidade do irmão Antônio Büchler, o capinteiro-mor da província.

15 Coube-lhe a tarefa de fazer o coro, a escadaria, a mesa de comunhão, o altar principal, os altares laterais e os bancos. Também mobiliou a sacristia. Nosso irmão, além de primar nessa profissão, era exímio pedreiro. O pequeno templo conventual tinha, atrás da sacristia, uma pequena torre, um campanário equipado de sino. No frontispício da capela, bem em cima, havia um cruzeiro e debaixo desse um nicho encravado na parede, onde ficava a imagem do Sagrado Coração de Jesus, imagem essa que lembrava o nome da capela e do Convento. Da porta principal da capela até a atual Avenida Francisco Barreto Leme estendia-se uma passarela cimentada, ladeada com duas filas de cedrinho. Esta capela, além dos fratres, comportava um grande número de pessoas. Com o tempo, várias missas dominicais (5h30, 6h30, 7h30 e 8h30) eram celebradas. Muitos dos nossos fratres receberam aí as ordens menores em vista do sacerdócio e até mesmo diversos confrades foram ordenados presbíteros nessa capela {cf. Depoimento Goedert (Jaraguá do Sul, aos ); Cf. Cr. I, fl.33}. Com o funcionamento dessa capela começou a ser organizada a catequese. Padre Frederico Winkelmann foi o primeiro catequista no bairro do Areão. O povo era sempre atendido em confissões por algum padre. Assim começou a ser desenvolvido um grande amor à vida eucarística. Essa capela funcionou durante 31 anos, estando a serviço da evangelização do povo da Vila São Geraldo. Foi aí e nas dependências do Conventinho que as crianças foram iniciadas na vida cristã, os jovens e adultos receberam o alimento da Palavra de Deus e da Eucaristia. Ali nasceu a paróquia do Sagrado Coração de Jesus, canonicamente erigida a 8 de dezembro de Por algum tempo nossa capela serviu de sede da nova paróquia. Foi demolida em setembro de 1971, para dar lugar à construção da moderna e atual capela do Conventinho. 10. SABERES E SABORES DE CARREGAR A CRUZ A Cruz muito pesada Alexandre Rangel, org. ( Um homem julgava sua cruz muito pesada. Fazia a jornada da vida, entre os demais, carregando de má vontade os próprios problemas. Pensou

16 muito em como amenizar o fardo e um dia... Eureca! descobriu que podia serrar um pedaço da sua cruz. Isso o satisfez por certo tempo, até que, de novo, decidiu: Por que não facilitar a vida? Sou livre para fazer o que bem entendo com a minha cruz! E, ligando a intenção ao ato, serrou mais um pedaço. Os anos se passaram e muitos pedaços foram cortados. Por fim, o homem levava uma minúscula cruz. Chegando ao termo da viagem, pararam todos, à margem de uma vala. Do outro lado, apareceu um anjo, que deu boas vindas a todos e instruiu: Deponham suas cruzes sobre a vala. É a medida exata para servir de ponte para cá. Mas cada um só pode atravessar pela própria cruz. O homem olhou a largura da vala, comparou com sua pequena cruz e olhou para o anjo. Mas este lhe disse: É uma pena, mas você deve voltar e juntar todos os pedaços serrados, emendá-los e trazer a cruz inteira a seu termo. 11. A PALAVRA NA VIDA E A VIDA NA PALAVRA O que há de vir e as Obras do Messias P. Walmor Zucco SCJ (São Paulo) º Domingo do Advento, Ano A (Mt 11, 2-11) Jesus fala sobre João Batista A Leitura evangélica deste Domingo da Alegria, contém a pergunta de João Batista sobre se Jesus era o Messias. Segundo o Historiador Flávio Josefo, João Batista encontrava-se preso na fortaleza de Maqueronte, às margens orientais do Mar Morto, onde morrerá decapitado (a. 29 d.c), por ordem do tetrarca Herodes Antipas. O Batista, tendo ouvido falar, no cárcere, a respeito das obras de Jesus, quer esclarecer uma dúvida e envia a Jesus dois de seus discípulos com esta pergunta concreta: És tu Aquele que deve vir ou temos que esperar outro? Como o messianismo não é simples

17 ideia ou teoria, mas atividade concreta em favor dos pobres e oprimidos, Jesus responde prontamente. A resposta de Jesus - Ide contar a João o que vedes e ouvis: Os cegos recuperam a vista e os paralíticos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E feliz aquele que não encontra em Mim ocasião de escândalo (Mt 11, 4-6). O Profeta da Conversão radical - Pode ter parecido a João Batista, que a conduta de Jesus não correspondia à imagem do Messias, que ele apresentara ao povo e aos seus próprios discípulos, às margens do Rio Jordão e que ele mesmo havia imaginado. - O austero profeta do deserto insiste na conversão radical, baseando-se na iminência do julgamento de Deus e de Seu Reino, já presentes na pessoa do Messias. Os anseios de João Batista - João se sentia enganado por Jesus, ou ao menos em dúvida sobre Sua identidade messiânica? - É o mais provável, conforme a frase que Jesus acrescenta no final de Sua resposta: Feliz aquele que não ficar escandalizado por minha causa. - Mas cabe aqui uma explicação, que desculparia o Batista da dúvida pessoal. - Ele envia emissários para interrogar Jesus, porque quer, antes de Sua morte, dar um ensinamento melhor a Seus discípulos, sobre Jesus, o Messias. As Profecias se cumprem - Esta percepção deve ter sido abraçada por João Batista e transmitida a seus discípulos, a partir da resposta de Jesus, ainda antes de ser decapitado. - As curas que são anunciadas na primeira Leitura como no Evangelho são sinal messiânico - salienta Jesus - da presença de Deus e de seu Reino libertador em Sua Pessoa, em Quem se realizam as profecias do Antigo Testamento. - Notemos que o anúncio da Boa Nova aos pobres é equiparado e está unido aos sinais religiosos das curas. - Nesta união de palavra e sinal, Jesus faz constar a indissolúvel unidade que existe, deve existir, entre evangelização e libertação.

18 O escândalo da encarnação humilde e pobre - Mas Jesus se dá conta da pedra de tropeço que poderá ser para uma fé fraca, o escândalo da Encarnação messiânica no estilo humilde e pobre, sem o poder e glória que os judeus esperavam. - Por isso, acrescenta esta bem-aventurança da fé: Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim (Mt 11, 6). - Pois, somente pela fé se pode captar o paradoxo de Jesus, isto é, a força de Deus na fraqueza da palavra e dos sinais que anunciam o Reino. A pergunta do Batista ecoa - O eco da pergunta do Batista a Jesus, nunca se apagou através dos séculos: mas ainda hoje ressoa na busca de messias e redentores. - Que messias libertador a Humanidade contemporânea espera: Jesus ou Marx? - Mas hoje como ontem - na história não faltam messianismos de resposta para a expectativa e esperanças humanas. - Poderíamos apresentar breves panoramas dos messianismos ideológicos e fáticos atuais, tais como: o existencialismo ateu (Nietzsche), o marxismo (religião do Estado) e a psicanálise freudiana (complexos). Contudo, conseguem eles evitar a frustração? A esperança de libertação - A alegre esperança cristã da libertação plena, por ser revelação e mensagem de Vida, é crer e esperar não somente a vida eterna, mas também a Vida no sentido mais amplo da palavra. - Crer na vida eterna é lutar contra tudo o que é morte e anula a vida, a pessoa, sua dignidade e liberdade; é tornar digna e humana a vida presente, para que realmente seja Vida, aquela Vida que Deus quer. - Assim se poderá entender e anelar como desejável a Vida do além, que coroará nossa fé e esperança (cf LC (Libertatis Conscientia 43.50). Equipe de Espaços e Laços: Fr. Danilo Cardoso Fuzatto SCJ, P. Mariano Weizenmann SCJ, P. Rarden Luis Reis Pedrosa SCJ. Espaços e Laços 333 : 13/12/2019.