Gilda Santos, Luci Ruas, Teresa Cristina Cerdeira (Orgs.). Sena e Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020

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1 DOI: / x0935 Gilda Santos, Luci Ruas, Teresa Cristina Cerdeira (Orgs.). Sena e Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020 Gabriela Silva Assim os melhores nos escrevem do princípio do mundo 1 O ano de 2019 foi particularmente importante para a história, a cultura e a literatura portuguesa: comemorou-se o centenário do nascimento de Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen. Personalidades significativas, foram poetas, ficcionistas e críticos, pensaram o seu tempo a partir de um olhar crítico e esperançoso alinhado ao desejo de liberdade e justiça. Sujeitos de uma história marcada pela ditadura que controlou Portugal por quarenta anos, Sena e Sophia estabeleceram laços afetivos e construíram um imaginário literário alicerçado no exercício ético. O evento Sena e Sophia: centenários, organizado pelo Centro de Estudos do Real Gabinete Português de Leitura e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através da Cátedra Jorge de Sena, promoveu em setembro de 2019, no Rio de Janeiro o encontro de pesquisadores, professores, poetas e estudiosos da obra de Sena e Sophia. As palestras e conferências foram reunidas no livro Sena & Sophia: centenários, organizado por Gilda Santos, Luci Ruas e Teresa Cristina Cerdeira. Publicado pela editora Bazar do Tempo, em 2020, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, o livro apresenta os textos dos conferencistas. O volume é composto de quatro partes distintas e complementares: Átrio: em redor da mesa ; Sena: capitão de tempestades ; Sophia: no esplendor da maresia e Sena & Sophia & outras vozes: cartas poemas e notícias. O prefácio de Teresa Cristina Cerdeira, Celebrar Sena & Sophia apresentanos a obra de maneira significativa, compondo um panorama da biografia e da relevância dos escritores para a literatura portuguesa e ocidental, no século XX. Ousamos defender que suas experiências de vida, seu investimento numa poesia que não deixa nunca de acenar para o tempo e a cumplicidade que desde muito 1 Doutora em Teoria da Literatura, professora-visitante na Universidade Federal de Lavras, MG, Brasil. srtagabi@gmail.com. Verso do poema Lendo a correspondência entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena de Luís Filipe Castro Mendes (2020, p. 28).

2 Sena e Sophia: centenários cedo os uniu fazem dessa coincidência uma referência a não desprezar (CeRdeiRa, 2020, p. 9), diz-nos ao enunciar as motivações do evento e da publicação da obra. Evoca, para tanto, a amizade entre os poetas, marcada pela distância imposta pela ditadura. O prefácio abrange as partes que constituem a obra e coloca os temas de cada uma, evidenciando a variedade das leituras reunidas. Somos convidados ao reino das palavras e das imagens de Sena e Sophia no texto de Luís Filipe Castro Mendes, no Átrio: em redor da mesa, Sena e Sophia: escrever no princípio do mundo. Apresenta-nos uma leitura das aproximações estéticas e temáticas entre Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen: a construção do poema, o significado do fazer poético e a liberdade, desejo de ambos. O texto encerra com poemas inéditos do autor dedicados aos homenageados, entre eles Lendo a correspondência entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena, que nos mostra a clareza poética de Castro Mendes quanto à viva herança dos poetas. Ao sairmos do Átrio, de arquitetura memorialística e poética, entramos nas divisões da obra, Sena: capitão de tempestades, dedicada às vertentes literária e crítica, como também de tradutor e antologizador de Sena. Compreende textos de pesquisadores e estudiosos a partir de singulares perspectivas da produção do intelectual. Em Jorge de Sena e seus sonetos: ainda que não Annie Gisele Fernandes apresenta-nos uma leitura da escrita do soneto por Sena, revisitando a história da forma poética, a recusa do lugar comum, tanto dos modelos de composição quanto aos temas. Pensar a experiência contemporânea: o contributo de Maquiavel e outros estudos de Jorge de Sena de Antonio Pedro Pita incide sobre a produção ensaística de Sena, especificamente a respeito de Maquiavel e outros estudos, que apresenta interpretações e estudos acerca de personalidades e ideias. Horácio Costa, em O prodigioso físico do físico prodigioso, no início de sua leitura coloca ao leitor a natureza da sua proposta ou hermenêutica a partir de O físico prodigioso: perceber a representação do corpo e do desejo masculino em Jorge de Sena: a) junta retalhos de leituras e memórias de retalhos de leituras ao fio de décadas, tão frequentemente alimentadas enquanto memórias b) envolvem o meu corpo e um seu incômodo (Costa, 2020, p. 51). Ida Alves, oferece-nos uma relevante perspectiva da obra ensaística de Jorge de Sena, salientando em seu texto Jorge de Sena: um leitor da cultura brasileira, a importância da voz, força do pensamento e a contribuição imensa para a cultura de língua portuguesa, em sua criação estética ou crítica. Revisita a relação de Jorge de Sena com o Brasil, o exílio e a docência. Ida Alves ainda nos relembra da publicação de Estudos de cultura e literatura brasileira, publicado por Mécia de Sena, viúva de Jorge, em 1988, dez anos após a morte do escritor. Destacam-se as palavras de Ida Alves sobre a relevância dos estudos senianos, ao analisar e discutir a obra de escritores e intelectuais como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Cecília Meireles, Manuel Bandeira entre outros. Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 35, p , jan./jun

3 GabRiela Silva A repercussão da morte de Sena, é abordada em Fazem cá um barulho com a morte do gajo! :Jorge de Sena na imprensa portuguesa, de Inês Espada Vieira. O texto é uma recolha e análise da repercussão na imprensa portuguesa procurando perceber que aspectos foram destacados no material publicado sobre a morte do autor. Fragmento da investigação em curso sobre a presença de Jorge de Sena no pós-25 de abril de 1974, o texto também apresenta os nomes de intelectuais que concederam depoimentos sobre Sena para diversos jornais na época. Questão da crítica literária no discurso de Jorge de Sena, de José Cândido de Oliveira Martins é uma abordagem do lugar da crítica na obra seniana. De acordo com o autor, Jorge de Sena proporcionou através da sua produção crítica abundantes reflexões dispersas, quer sobre a natureza e o papel da crítica literária, quer mesmo sobre uma tipologia da crítica, apontando caminhos e denunciando vícios (MaRtins, 2020, p. 84). Por sua vez, a vertente de tradutor e organizador de antologias é o cerne de Tradução e talento individual: Jorge de Sena tradutor e antologizador de Joana Meirim, que apresenta o trabalho de tradutor realizado por Sena, para quem traduzir era também interpretar. A autora destaca os textos sobre tradução do escritor, entre eles, Forma, conteúdo e tradução, publicado em Jorge de Sena e as cores da liberdade, de José Vaz de Carvalho parte do tema da liberdade na poética seniana, indicando elementos simbólicos e metafóricos associados a Portugal e suas imagens. Ainda sobre a poesia, Lucas Laurentino, em Um jogo demoníaco mostra-nos a atitude experimental de Sena, onde é preciso aceitar o convite do jogo poético para entendermos o sentido do poema. Luciana Salles, apresenta a construção da identidade na obra de Sena, em Dos olhos de Artemidoro: reflexo e reflexão em Jorge de Sena. O ensaio incide na leitura do exercício autobiográfico percebido pela autora, principalmente na obra Metamorfoses. Com evidente e provocativo viés irônico e político, Luis Maffei trata do erotismo na poética de Sena e na abordagem das imagens eróticas e sua banalização no atual contexto político brasileiro. O texto Golden Shower segundo Jorge de Sena: diálogo místico e Filmes pornográficos para o Brasil de hoje é uma revisitação do sentido de erótico em Sena e do paradigmático uso do corpo na arte, imagem amorosa e política. A ficção de Jorge de Sena é contemplada por Marcelo Pacheco Soares no ensaio O natal, a alquimia, o tempo e o espírito. A partir da obra Novas andanças do demônio, Soares estabelece relações simbólicas no conto O urso, a pantufa, o quadro e o general. Também Margarida Braga Neves propõe interessantes relações com a significação da casa nos contos de Jorge de Sena. Casa e casas nalguma ficção de Jorge de Sena tem como corpus de análise As andanças do demônio, Novas andanças do demônio e Antigas e novas andanças do demônio. Espaço interno e externo são pensados tendo em vista a casa como lugar de evolução e transformação, espaço de metamorfoses profundas que instauram um percurso ascendente (Neves, 2020, p. 184). Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 35, p , jan./jun

4 Sena e Sophia: centenários A presença da música na obra de Jorge de Sena são o ponto fulcral de O pickup de Jorge de Sena: sobre o suporte material da Arte de música tratado por Rui Vieira Nery. As premissas estabelecidas identificam um Sena poeta, crítico, pedagogo e o musicólogo, manifestação em que se faz evidente o sentimento de Sena em relação à música: uma declaração de amor. Bach, Händel, Scarlatti, Haydn, o Mozart final, Beethoven, Schumann, o Liszt da velhice, Wagner, Brahms, Smetana, Mussorgsky, Mahler, Debussy, Satie, Bartók, Schönberg estão nos escritos de Sena, consagrando a história da música. Em Non de trás para a frente é non: a negatividade em Jorge de Sena Sabrina Sedlmayer vale-se do conceito de negatividade na lírica testemunhal e nos contos, em narrativas que encenam contradições éticas e políticas. Sena aproxima-se da atitude filosófica dos gregos ao inicialmente selecionar uma proposição para, posteriormente, negá-la com a sua crítica que a tudo enfrenta (SedlmayeR, 2020, p. 219). Outrossim, a ácida e voraz crítica seniana encontra espaço no texto de Silvio Renato Jorge, Jorge de Sena: um olhar atento sobre o seu tempo. A partir da correspondência de Sophia e Sena, o autor apresenta a potência crítica de Sena em relação a sociedade portuguesa do seu tempo. Recorda que o escritor nunca se negou a correr riscos pela autenticidade da sua voz e ideias. A segunda parte de Sena e Sophia: centenários é dedicada à Sophia de Mello Breyner Andresen. Sophia: o esplendor da maresia reúne ensaios que apresentam leituras originais da poeta. Entre essas apreciações está A presença humana e a dimensão política em Contos exemplares ensaio de Ângela Beatriz de Carvalho Faria. Encontramos uma abordagem das narrativas a partir das personagens metafóricas e da sensibilidade de Sophia quanto ao destino humano, expressões do seu sentido ético e político. O feminino na poética andrensiana é o foco do ensaio Figurações do feminino em Sophia, a poeta que amava os gregos, de Angela Maria Rodrigues Laguardia. O texto aponta para a aproximação com o mundo grego, rememora a formação da leitora Sophia, dos clássicos da antiguidade e todo o imaginário gerado na infância. Revisita ainda as artes poéticas e evidencia as figuras femininas míticas evocadas pela poeta: Eurydice, Penélope ou as Moiras. Carlos Mendes de Sousa em Toda a vida vivida trata da unidade que é busca constante na obra de Sophia: a experiência do tempo vivido, o tempo transcorrido e a vivência dos lugares. Também a memória que encontra seu espaço de manifestação na poesia e ficção da escritora. Por sua vez, Carolina Anglada escreve-nos em Navegar, derivar: o dizer para ver de Sophia, sobre a geografia portuguesa projetada nas imagens construídas pela poeta. Ainda, a partir do elemento da paisagem, Constance Von Krüger, em Paisagem e palavra: Sophia e o silêncio aponta-nos a potência da palavra em estabelecer relações com o silêncio das coisas na obra da escritora. A presença de Sophia no Brasil, percorrendo as paisagens do país, é o tema de Eucanaã Ferraz em No centro do reino de Ártemis A viagem de Sophia ao Brasil. Impressões sobre a natureza, pessoas, mitos, nomes, sensações e sentimentos Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 35, p , jan./jun

5 GabRiela Silva aparecem recortados e unidos pelo tecido do imaginário da poeta. Brasília, Rio de Janeiro, Recife e outros espaços, escritores e poéticas revisitadas emergem do texto de Eucanaã, numa espécie de materialização da presença de Sophia, erigida por afetos e leituras. No reino terrível da pureza, a prosa dispersa de Sophia de Federico Bertolazzi analisa depoimentos, entrevistas, panfletos e intervenções variadas. Surgem nos escritos poetas, ficcionistas, críticos, amigos do mundo e da literatura: Jorge de Sena, Ruy Cinatti, Cecília Meireles, Maria Helena Vieira da Silva, João Cabral de Melo Neto. Bertolazzi propõe uma revisitação afetiva ao imaginário da poeta. A produção para o público infantil é o objeto de atenção de Luci Ruas em Entre flores e festa noturna, a busca da unidade em O rapaz de bronze. Ruas discorre sobre os conceitos de ético e estético no texto de Sophia. Ao descrever sua percepção da obra, aponta-nos uma harmonia no discurso do maravilhoso e na sua busca pela justeza de caráter, pela limpidez dos sentimentos e engendra a possibilidade do encantamento. Morte e memória constroem o tecido de Sophia: tempo e memória, ensaio de Maria Elizabeth Graça de Vasconcelos, que aborda a prosa de Sophia, desde um viés filosófico das construções que se alinham à finitude e à lembrança. A experiência lírica encerra as leituras da poética de Sophia em ensaios de grande potência ao se direcionarem para a criação das imagens e da vivência da poesia. Atenta como uma antena: a invocação à Musa e a poética da escuta de Sophia, de Maria Silva Prado Lessa, trata do conceito de poesia. Parte do poema Musa, de Livro sexto, para analisar o conceito da musa evocada. Roberto Bezerra de Menezes debruça-se sobre a escrita do soneto em Desenhar a linha dos teus flancos: Sophia e o soneto, resgata Sá de Miranda, Camões, Antero de Quental e Florbela Espanca, poetas consagrados na arte do soneto para buscar a essência do exercício poético em Sophia. Por fim, Vilma Arêas em Sophia os pequenos pássaros da interpretação oferece-nos uma leitura da experiência lírica da poeta. Refere-se à força que emerge das suas criações, identifica linhas mestras nas artes poéticas e as relações entre o fazer, o ser e o dizer. Constitui-se assim, um amplo espectro da poética andrensiana. A última parte Sena & Sophia & outras vozes: cartas, poemas e notícias é composto por ensaios que apresentam leituras e relações entre os poetas e seus contemporâneos. Ana Luísa Amaral inicia com Entre-cartas: paisagens com poemas, filhos, dois mares e liberdade ao fundo ensaio memorialístico e afetivo, onde se articulam as principais características de Sena e de Sophia: a justeza de caráter, a pureza da poesia como espaço do espírito e da epifania. Figuras constituintes do imaginário poético e afetivo de Amaral, meu Sena e minha Sophia, como designa a autora, são recordados pela obra abrangente e rica de imagens, metáforas e sobretudo, humanidade. Sobre esta praia: a vida da poesia, Jorge de Sena e Gastão Cruz e uma nona meditação à beira do pacífico, de António Carlos Cortez, é uma aproximação entre Jorge de Sena e Gastão Cruz a partir dos conceitos de Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 35, p , jan./jun

6 Sena e Sophia: centenários contemplação e o alinhamento entre as duas poéticas através da meditação e da experiência contemplativa do mundo. Os imaginários de Sophia de Mello Breyner Andresen e Cecília Meireles são objetos de atenção de Jorge Fernandes da Silveira em Capítulo sexto: Sophia e Cecília em companhia da biógrafa e da fadista no canto do conto. Silveira coloca que é o texto literário uma biografia do seu tempo, oceânicas, Sophia e Cecília são biógrafas dos novecentos (SilveiRa, 2020, p. 420), indicando-nos o caminho que suas ideias irão percorrer pelo universo lírico das poetas. A revisitação de imaginários e aproximações são, do mesmo modo, o tema de Jorge Vicente Valentim em Natália Correia e Jorge de Sena, um diálogo (im)provável(?), ensaio que propõe uma correspondência imaginária entre suas ideias e poéticas. As similaridades iniciam, de acordo com Valentim, na biografia dos poetas: distintas experiências de criação literária, além, é claro, de verem boa parte de suas obras sofrer uma forte perseguição e censura por parte do Estado Novo Salazarista, em virtude do combate e da luta pela liberdade de expressão nesse contexto (Valentim, 2020, p. 426). A correspondência entre Sena e Sophia, inesgotável em suas múltiplas leituras é o elemento em torno do qual se desenvolve o ensaio de Maria Otilia Pereira Lage, Discurso epistolar entre Jorge de Sena e Sophia. Diálogo construído através de afinidades e cumplicidades, a correspondência entre os poetas e amigos é profícua e repleta de intensas percepções sobre o mundo, a história e os homens. Constituem segundo a ensaísta arquivo vivo de criação para uma aproximação abrangente, mais por dentro, aos dois escritores, universos literários e poéticos que marcam e inspiram a literatura portuguesa contemporânea (Lage, 2020, p. 456). O surrealismo será aquilo que nossa atitude ditar, de Mônica Simas é uma leitura da relação de Jorge de Sena com o surrealismo, na aproximação com os críticos Adolfo Casais Monteiro e José-Augusto França e na crítica sobre Antonio Pedro. O texto é uma revisitação da polêmica estabelecida a respeito do surrealismo em Portugal e da percepção de Jorge de Sena da poesia associada ao movimento. Sophia e João Cabral no gume do poema, de Rafaela Cardeal é um exercício ensaístico sobre a amizade e a poética cabralina e andrensiana. Aponta-nos similaridades e aproximações, indicando uma cumplicidade não somente no campo semântico e sonoro, mas no modo de ver os homens do seu tempo. O diálogo epistolar entre Sena e Sophia, levado ao ecrã por Rita Azedo Gomes em Correspondências, filme de 2016 é o tema de A correspondência entre Sena e Sophia e o diálogo com o cinema da poesia de Rita Azevedo Gomes. Rui Pedro Vau, apresenta-nos a construção poética do filme que procura mostrar um diálogo que se organiza através de imagens de um universo comum e rico em interpretações de símbolos e metáforas. A aproximação entre os imaginários e as poéticas de Sophia e Murilo Mendes é o tema de Sophia & Murilo Mendes: visões da Grécia, de Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 35, p , jan./jun

7 GabRiela Silva Silvana Maria Pessôa de Oliveira, texto do qual emerge a imensa carga simbólica e mítica que se origina e se mantém viva nas construções líricas dos poetas. A influência de Sophia na poesia do século XX e XXI é o mote do texto de Sofia de Sousa Silva, A poetisa e sua mestra. A intertextualidade entre a poesia de Adília Lopes e Sophia torna-se evidente, não só nas epígrafes e citações, mas na construção dos sentimentos e das imagens nos escritos de Adília. A aproximação entre poéticas é, de modo similar, a motivação do texto Jorge de Sena e Cecília Meireles: o poema-errância em (irresistível) contraste, de Susana L. M. Antunes. Viagens, errâncias, percursos e a passagem por diversos ambientes e paisagens são abordados pela autora que compõe, em sua análise, possíveis intersecções e identificações entre as itinerâncias poéticas de Cecília e Sena. Os textos que compõem o volume apresentam aspectos, leituras e visões das obras, biografias e personalidades de Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen. Os autores de cada ensaio evidenciam ao leitor sua especial atenção sobre determinado detalhe, intertextualidades, similaridades, entrelaçamentos sentimentais e imagéticos. Vozes críticas, potências que reverberaram palavras e indagações sobre a humanidade. Sena e Sophia são arcabouços de ideias, imagens, lirismo e sobretudo, do desejo de que todas as possibilidades que contemplem o mundo com justiça e beleza possam, de fato, se concretizar. Sena & Sophia: centenários, é, por fim, a certeza de que essas poéticas são infinitas e múltiplas em suas singularidades. Referências Santos, Gilda; Ruas, Luci; CeRdeiRa, Teresa Cristina (Orgs). Sena e Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, Recebido em 9 de junho de Aprovado em 28 de junho de Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 35, p , jan./jun