Capítulo 62 Reservatório de retenção
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- Sabina Branco Canejo
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1 Capítulo 62 Reservatório de retenção O número maçônico Φ relativo à proporção áurea pode ser obtido por Φ = 0,5 x (1+ 5 0,5 ) = 1, Reservatório de retenção 62-1
2 Sumário Ordem Assunto Capítulo 62 Reservatório de retenção 62.1 Introdução 62.2 Profundidade 62.3 Borda livre 62.4 Largura das estradas de acesso 62.5 Área de superfície da lagoa Paisagismo e estética 62.7 Relação comprimento e largura da bacia de retenção alagada 62.8 Declividade natural do solo na bacia de retenção alagada 62.9 Área da bacia de retenção alagada Drenagem da bacia de retenção alagada Manutenção da bacia de retenção alagada Critério de seleção Limitações Custos Configuração Pré-tratamento Manutenção Critérios de projeto Monitoramento Dimensionamento do reservatório de retenção conforme CIRIA, Bibliografia e livros consultados 9 páginas 62-2
3 Capítulo 62 Reservatório de retenção Curso de Manejo de águas Pluviais 62.1 Introdução O reservatório de retenção (Wet reservoir) é uma lagoa que tem como objetivo de melhoria da qualidade das águas pluviais conforme Figuras (62.1) e (62.2), possuindo dois reservatórios, sendo um permanente e outro temporário. A área mínima é de 4ha e máxima de 60ha. É uma forma eficiente para melhorar a qualidade das águas pluviais. Os poluentes são removidos pela ação da gravidade e por processos biológicos. O reservatório de retenção é a que tem maior eficiência para a remoção dos poluentes, sendo a mais usada nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Figura 62.1 Reservatório de retenção em uma bairro residencial Fonte: Lincoln, 2006 Figura 62.2 Esquema de reservatório de retenção observando-se a esquerda o pré-tratamento (forebay) e a direita a lagoa propriamente dita, 62.2 Profundidade As profundidades adotadas nos reservatórios de retenção variam conforme a cidade: Tabela Profundidades mínima e máxima de um reservatório de retenção Local Profundidade mínima (m) Profundidade máxima (m) Cidade de Houston,2001 0,90 1,80 Condado de Harris, ,90 1,80 Cidade de Raleigh, ,60 a 0,90 1,80 a 2,40 Cidade de Alberta, ,00 3,00 Ontário, ,00 3,00 Cidade de Portland 0 a 0,60 (30% da área) 0,60 a 1,80 (70% da área) A profundidade tem que ser escolhido usando vários critérios. Não pode ser muito grande para que não haja estratificação térmica. Não pode ser muito pequena para não propiciar o crescimento de algas e não pode ser maior que 1,60m para não ser perigosa a alguém que caia ou vá nadar na lagoa. A cidade de Portland, 2000 ainda considera que o pré-tratamento tenha aproximadamente 10% da superfície da área da lagoa. 62-3
4 62.3 Borda livre A cidade de Raleigh, 2001 adota a borda livre maior que 0,30m. Tabela Redução de poluentes BMPs TSS TP TN Metais Bactéria Bacia alagada Fonte: New York State Stormwater Management Design Manual, Largura das estradas de acesso De modo geral, a largura é de 7,5m para passagem de máquinas pesadas e caminhões em caso de manutenção e emergência. Em volta do reservatório deverá haver acesso para caminhões Área de superfície da lagoa. Uma estimativa da área que vai ocupar o reservatório de retenção pode ser feita conforme a Tabela (62.3), onde se entra com a profundidade escolhida para o reservatório e com a área impermeável da bacia e achamos a área da superfície em porcentagem da área total. O Estado de New Jersey, 2004 adota a área mínima da lagoa de 1000m 2 para a lagoa permanente. Tabela 62.3 Porcentagem da Área de superfície da área total de um reservatório de retenção em função da área impermeável e da profundidade. Área impermeável Profundidade da lagoa (m) (%) 1,07m 1,20m 1,50m 1,80m 6% a 30% 0,9% 0,8% 0,7% 0,5% 30% 2,1% 1,8% 1,5% 1,3% 50% 3,5% 3,0% 2,5% 2,1% 70% 4,8% 4,3% 3,5% 2,9% bacia. A cidade de Thurston, 2002 Adota que a área mínima da lagoa seja de 2,5% da área impermeável da 62.6 Paisagismo e estética Peter Stahre e Ben Urbonas, 1990 aconselham o uso recreacional para a comunidade do reservatório e os aspectos estéticos do mesmo. Exemplo 62.1 Uma bacia de 20ha de área, sendo a porcentagem de impermeabilização de 70%. Calcular a área aproximada que irá ocupar o reservatório de retenção que tem profundidade de 1,20m. Da Tabela (62.2) para 70% e profundidade de 1,20m, achamos área de 4,3%. Portanto, a área do reservatório será de aproximadamente: 4,3% x 20ha x 10000m 2 / 100= 8.600m Relação comprimento e largura do reservatório de retenção A relação aconselhada entre o comprimento e a largura é de 3:1, podendo chegar até 4:1. A cidade de Alberta USA, adota relação comprimento/ largura de 4:1 a 5: Declividade natural do solo do reservatório de retenção A declividade deve ser, de preferência, 3H:1V Área do reservatório de retenção Houston adota que, para controle da qualidade da água, a área da bacia tem que ser maior que 4ha. A cidade de Portland, 2001 adota que a área da bacia da retenção alagada deverá estar entre 2ha a 60ha. O Estado de New Jersey, 2004 adota a área mínima de 8 ha para um reservatório de retenção para que seja garantido a vazão base para manter a lagoa com água. Para áreas menores que 8ha deverá haver justificativa. O Estado de Virginia, 1992 adota para garantir a vazão base a área da bacia mínima de 20 ha. 62-4
5 62.10 Drenagem do reservatório de retenção O esvaziamento do reservatório temporário será de 24h a 48h. A cidade de Portland, 2001 recomenda que, quando o reservatório de retenção está on line, o vertedor de emergência deve ser para Tr= 100anos. Se o reservatório para controle da qualidade está off line, mesmo assim o reservatório deverá ser dimensionado para Tr= 25anos Manutenção do reservatório de retenção As seguintes recomendações devem ser feitas (Houston): Estabelecer programa de manutenção e inspeção; Os sedimentos devem ser retirados quando atingir aproximadamente 1/3 da profundidade do projeto; Os papéis, lixos e outros, devem ser removidos a cada seis meses, ou antes; A vegetação deve ser removida duas vezes por ano; Deve ser feita inspeção visual após chuva maior que 25mm em 24h. É recomendável uma inspeção anual completa; Quando o nível do reservatório não abaixar em mais de 72h, significa que há entupimento e o reservatório total deverá ser esvaziado Critério de seleção Áreas de 2ha< A < 60ha (Cidade de Portland, 2001) ou A>5ha (Austrália, 2000). Áreas 4ha A 250ha (2,50km 2 ) Estado de Massachusets, Área A 5ha e, de preferência A 10ha (Ontário, 2003). O pré-tratamento é necessário sempre. Pode ser integrada ao reúso da água. Aumenta o valor das casas. Os aspectos estéticos são bons. Melhora muito o habitat aquático. Solo tipo C ou D do SCS são ótimos. Para solo tipo A ou B do SCS é necessário impermeabilizar o fundo da bacia de retenção. A máxima declividade é de 8%. A borda da bacia de retenção deverá ter declividade máxima de 3 (H): 1 (V) Limitações Não pode ser construída em lugares com instabilidade devido a declividades. Possibilidade de degradar o habitat a montante e a jusante da lagoa de retenção alagada. Pode ter problemas de lixo e de odores. Pode causar impactos de eutrofização e efeitos adversos a jusante. Pode ter problemas com mosquitos. Pode ser uma barreira para a migração da fauna. Pode agravar as enchentes a montante, se houver entupimento nos órgãos de saída. A infiltração para recarga do manancial subterrâneo é mínima. Pode causar problemas em potencial a jusante devido ao aquecimento da água (para certo tipo de peixes, como as trutas) Custos Precisa de muita área de terra. Alto custo de capital. Custo de manutenção moderado. Custa mais que um reservatório com retenção estendida (ED). O custo da manutenção anual é de 3% a 5% do custo da construção. 62-5
6 Tabela Custo típico das BMPs Tipo de BMP Custo Típico US$ /m 3 Reservatório de retenção 18 a 35 Wetland (alagadiço) 21 a 44 Trincheira de infiltração 141 Bacia de infiltração 46 Filtro de areia 106 a 212 Vala gramada 18 Data base: 1997 Fonte: ASCE, Configuração A relação comprimento/ largura deve estar entre 3:1 e 5:1. A entrada deve estar o mais longe possível da saída. Deve-se construir de modo que não haja um escoamento preferencial para as águas, isto é, o curto circuito Pré-tratamento É muito importante o pré-tratamento do reservatório de retenção. Deve haver pré-tratamento com cerca de 10% a 20% do WQv e deve ser calculado conforme Capitulo 4 deste livro. A profundidade mínima deve ser de 1,00m, para evitar ressuspenção e a máxima de 1,5m, por motivos de segurança Manutenção Deve ser removida a vegetação indesejável ser feita à roça constantemente. Deve ser inspecionada freqüentemente. Deve ser feita a floculação quando for julgado apropriado, usando sulfato de alumínio, por exemplo. Deve ser feito monitoramento sobre a vegetação aquática e os aspectos estéticos. O lixo deve ser removido. Os sedimentos acumulados devem ser removidos para aterros sanitários. Deve ser feito monitoramento a cada seis meses ou depois de um evento de chuva importante. Devemos ter cuidado com o desenvolvimento de vetores (Anopheles, Aedes aegypt, Culex, Flebótomos e Triatomíneos) transmissores de doenças como malaria, febre amarela, dengue, etc). Os mosquitos podem ser controlados através de uso mensal de inseticidas, uso de certas espécies de peixes come as larvas dos mosquitos. Existem também bactérias que causam doenças nos mosquitos. A variação do nível da lagoa com as chuvas criará problemas para o desenvolvimento das larvas dos mosquitos, pois o volume de água deslocará as largas das vegetações para a água aberta e para a zona de sedimentação onde as mesmas serão expostas aos predadores. Cuidados especiais devem ser tomados contra surtos de algas. Aedes aegypti: é de origem do Egito e tem a cor escura e manchas brancas no corpo sendo o transmissor da dengue. As fêmeas picam a qualquer hora do dia, preferentemente ao amanhecer e próximo ao crepúsculo. O homem é mais picado que qualquer outro animal. Nas águas paradas depositam os seus ovos que são fixados acima do nível da água. Gostam de água limpa. No combate à dengue, os cientistas estudam fungos, vírus, bactérias e protozoários que atacam o mosquito. Outra estratégia é buscar animais que se alimentem do Aedes aegypti. Mas esses inimigos naturais não conseguem sozinhos evitar uma epidemia. Pernilongo, ou seja, o Culex: as fêmeas botam de 100 a 400ovos de uma vez e estas são colocadas numa espécie de jangada flutuante. Uma das maneiras de controlar os pernilongos é usar produtos químicos (chamados de inseticidas) que eliminam as larvas e os adultos de mosquitos. Existem insetos em que o inseticida não faz mais efeito. 62-6
7 62.18 Critérios de projeto Caso seja feita on line deverá ter vertedor para Tr= 100anos. Deverá possuir rip-rap. Não pode ser feito em áreas menores que 4ha devido a vazão base necessária. Maryland, 2000 aconselha usar, preferentemente, como mínimo 10ha. Cerca de 70% da área da lagoa deve ter profundidade entre 0,60m a 1,80m Cerca de 30% da área da lagoa deve ter profundidade ente 0 a 0,60m. A profundidade máxima do reservatório permanente deve ser de 1,80m. Ao longo do perímetro da lagoa pode haver profundidade de 0 a 0,60m. O volume 0,5xWQv fica destinado ao reservatório permanente e o volume 0,5 WQv fica reservado para ser escoado em 24h. A lagoa pode causar um aumento da temperatura da água que pode causar problemas para espécies aquáticas sensitivas à jusante. Quando há necessidade de se impermeabilizar a lagoa nos solos tipo A ou B do SCS pode ser usado: - 150mm de argila - polivinil - bentonita - 150mm de silte francoso ou mais fino. O dimensionamento é feito com as seguintes Equações (62.1) e (62.2): Coeficiente de runoff volumétrico R v = 0,05 + 0,009. AI (Equação 62.1) Sendo: R v = coeficiente de runoff volumétrico que depende da área impermeável (AI). AI= área impermeável da bacia (%); Volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (WQv) WQ v = (P/1000). Rv. A (Equação 62.2) Sendo: WQv= volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m 3 ) A= área da bacia (m 2 ). P= first flush, isto é, precipitação correspondente a 90% das precipitações conforme Schueler, No caso da RMSP para a cidade de Mairiporã, tomando precipitações diárias de 1958 a 1995 para 90% das precipitações, achamos para o first flush o valor de P= 25mm (vinte e cinco milímetros). Volumes da bacia alagada Há dois volumes: permanente e temporário. Volume permanente Existem vários critérios para o volume permanente, sendo um aquele que adota o volume WQv integralmente e outro aquele que adota 0,50 x WQv. Adotaremos para volume permanente = 0,5 x WQv. Volume permanente= 0,5 x WQv Volume temporário = 0,5x WQv Exemplo Dimensionar uma bacia de retenção alagada a ser construída off line em bacia com área de 30ha (devido a vazão base necessária), a área impermeabilizada de 60% e solo tipo C do SCS. R v = 0,05 + 0,009. AI = 0,05 + 0, = 0,59 WQ v = (P/1000). Rv. A= (25mm/1000). 0,59. ( )= 4.425m 3 Para o pré-tratamento deveremos reservar cerca de10% do volume WQv, ou seja, 0,1 WQV= 0,1 x 4.425m 3 = 443m 3. A bacia alagada deverá ter volume total de: 4.425m 3 443m 3 = 3.982m
8 Adotando profundidade média de 1,80m e que o comprimento seja 3 vezes a largura teremos: 3 L. L x 1,80m = 3.982m 3 L=27m Comprimento = 3 x L = 3 x 27m= 81m O reservatório de retenção terá 50% de WQv permanente, ou seja, 0,5 x 3.982m 3 = 1.991m 3 Os outros 50%, ou seja, 1.991m 3 restantes deverão ser armazenados temporariamente e deverão escoar no mínimo em 24horas. Dimensionamento do diâmetro do orifício para esvaziar 738m 3 no mínimo em 24h. A vazão média será: Q médio = 0,5WQv/ (número de segundos durante um dia) Q médio =0,5WQv/ s = 1.991m 3 /86.400s= 0,023m 3 /s= 23 L/s Cd= 0,62 g= 9,81 m/s 2 Podemos usar o método da média. A profundidade média é 1,80m, mas o reservatório temporário tem profundidade de 0,90m e abaixo de 1,80m. A altura média será: h=(1,80 0,90)/ 2 + 0,90m= 1,35m A área da seção do orifício será: A= Q médio / Cd x (2 g h) 0,5 = 0,023/ [0,62 x (2 x 9,81 x1,35) 0,5 ]= 0,0072m 2 A taxa do reservatório permanente será: 1991m 3 / 30ha = 66 m 3/ ha Diâmetro orifício D= (4 A/ π) 0,5 = (4x 0,0072/ π) 0,5 = 0,096m Portanto, o diâmetro de saída é de 0,10m para o reservatório temporário. Como se trata de solo tipo C, não haverá necessidade de impermeabilizar o fundo da lagoa Monitoramento Os parâmetros típicos para monitoramente do reservatório de retenção deve incluir no mínimo o seguinte (Cidade de Alberta, 1999). Sólidos Totais em Suspensão (TSS) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) Oxigênio Dissolvido (OD) Bactérias Substâncias tóxicas como chumbo, zinco, cobre, mercúrio, etc. Nutrientes como fósforo, Nitrogênio total Kjedahl (NTK), nitrito, nitrato, etc. A turbidez, cor e odor se relatam a aspectos estéticos que podem ser incorporados ao monitoramento dependendo da localização do reservatório de retenção. O monitoramento de nutrientes estão associados ao problema de se ter um surto de algas, que também apresentará problemas estéticos. A freqüência com deve ser feito o monitoramento deve ser prevista no projeto da lagoa. Como a lagoa é para o armazenamento de águas pluviais é perigoso que o peixe seja consumido, devendo a pesca ser proibida, devendo os peixes também serem monitorados devidos as substãncias tóxicas Dimensionamento do reservatório de retenção conforme CIRIA, 1997 As recomendações da CIRIA, 1997 sobre o volume do reservatório permanente é que quanto maior melhor (bigger is better). Mas aconselham que o volume mínimo deve ser equivalente a uma das regras: 12 a 15mm de runoff de toda a área da bacia 12 a 15mm de runoff da área impermeável da bacia 2,5 vezes o volume do runoff gerado pela precipitação média anual em toda a bacia 4 vezes o volume do runoff gerado pela enchente anual, prevendo duas semanas de retenção. A idéia da CIRIA, 2007 é obter um tempo ótimo de residência para a remoção do poluente. As primeiras três regras baseiam-se na sedimentação e a última possui os melhores resultados biológicos. 62-8
9 62.21 Bibliografia e livros consultados -CIRIA (CONSTRUCTION INDUSTRY RESEARCH AND INFORMATION ASSOCIATION). Design of flood storage reservoirs. Inglaterra,140paginas,
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