Tecnologias, exportações e gestão de dinheiro dão trabalho certo

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1 Tecnologias, exportações e gestão de dinheiro dão trabalho certo Focadas nas funções ligadas ao controlo da sua actividade, as empresas estão a recrutar mais para cargos médios do que para o topo, aceitam menos experiência, e procuram profissionais técnicos para novas latitudes ANTÓNIO LARGUESA alarguesa@negocios.pt O sector financeiro procura profissionais para funções na área do risco, as imobiliárias desesperam por quem venda mais casas, as empresas exportadoras procuram quem conheça os mercados externos - para escoar a produção que a crise em Portugal não deixa absorver -, a indústria coloca osengenheiros (que não emprega) facilmente em novas paragens e as empresas de tecnologias, essas, vivem no "oásis" do pleno emprego. Este é o retrato traçado ao Negócios por especialistas em recrutamento, quando questionados sobre onde está o emprego. O director-geral da Michael Page Portugal, Álvaro Fernandez, cita as tecnologias de informação e telecomunicações como sectores "anticíclicos, continuamente em alta procura", e em que quem sai da faculdade tem "emprego garantido". "Continua a ser um sector de pleno emprego comumaprocuramuito acentuada de profissionais técnicos na área de programação, investigação e desenvolvimento", confirma fonte oficial do Grupo Multipessoal. Arma Quintino, directora de marketing da Info Jobs (bolsa online de emprego com mais de empresas portuguesas registadas), destaca também a "grande necessidade de especialistas formados" em informática e telecomunicações, engenharia e de técnicos de vários tipos. Este tipo de ofertas são 29% do total disponibilizado no portal e "costumam procurar tanto pessoas com bastante experiência como jovens acabados de sair da faculdade". Mesmo não crescendo na maior parte das áreas, no sector financeiro há "pequenas áreas que estão a contratar", frisa Fernandez. É o caso da identificação e reestruturação de dívidas e de empresas, do planeamento de custos e também da gestão de cobranças. A Multipessoal corrobora uma "procura generalizada na área de risco, controlo de gestão, contabilidade, recuperação de crédito e gestão de insolvência". Se controlar e reduzir custos é importante, vender mais também o é. "Todas as companhias precisam de comerciais para vender e também de profissionais que façam a gestão interna do negócio",diz Arma Quintino, da Info Jobs, apontando que as ofertas para comerciais subiram 20% de Janeiro para Fevereiro. Em especial, técnicos de exportação. As empresas estão também a "deslocalizar" quadros para mercados emergentes, como Angola, Brasil e Moçambique, falando a Multipessoal de um "boom" na procura de gestores de mercados externos qualificados por parte das PME. Mais cargos médios e "trainees" Fonte oficial deste grupo, que actua nas áreas de trabalho temporário, "outsourcing" especializado, recrutamento e selecção, releva uma nova tendência; nesta conjuntura, "as empresas estão mais atentas a funções ligadas ao controlo da sua actividade", como controlo de gestão, planeamento e supervisão de produção. Os cargos médios, mesmo com pouca experiência, estão a ser mais procurados que os de topo. Por outro lado, há em todos os sectores uma procura "constante e frequente" de estagiários que rejuvenesçam as empresas. Têm uma "curva de crescimento interessante, rapidamente evoluem para quadros técnicos e trazem "óbvias vantagens, que vão desde os salários mais baixos, à capacidade de gerir de forma previsional os recursos humanos, com passagens de testemunhos efectivas entre profissionais". Qualquer que seja o "core business", há profissões transversais, como a de comercial de vendas, cuja oferta aumentou 20% em Fevereiro. ANNA QUINTINO Directora de Marketing e Comunicação da infojobs

2 Um "oásis" I Empresas de tecnologia vivem uma situação privilegiada, próxima do "pleno emprego".

3 Há sectores que são anticíclicos, que estão continuamente em alta procura, como as tecnologias de informação. E, até, difícil encontrar candidatos. Quem sair da faculdade tem emprego garantido e os salários têm subido todos os anos. ÁLVARO FERNANDE2 Diretfor-geral da Michael Page Portugal Banca procura reforços para gerir cobranças e reestruturar dívidas No sector financeiro e na banca, em particular não houve crescimento na maior parte da actividade, mas há "pequenas áreas em que tem havido contratação" e que têm escapado ao cenário de estancamento no recrutamento, frisa o director- -geral da Michael Page Portugal. "Há uma procura grande de responsáveis financeiros com uma grande especialização na reestruturação de dívidas e companhias, em planos de poupança de custos e, também, na gestão de cobranças", enumera Álvaro Fernandez. Fonte oficial do grupo Multipessoal, que actua nas áreas de trabalho temporário, "outsourcing" especializado e recrutamento e selecção através das várias empresas, corrobora que no sector de "finance & banking" sente-se "uma procura generalizada na área de risco, controlo de gestão, contabilidade, recuperação de crédito e gestão de insolvência". Fonte oficial da mesma empresa detalha ainda outro dado curioso: a banca de retalho está a "absorver, na maioria, profissionais com experiência inferior a dois anos". Distribuição continua activa para gerentes e supervisores Na área de "sales & marketing", sempre alvo de maior rotatividade, o grupo Multipessoal diz que continua a haver sectores muito activos, como a distribuição. "A procura continua activa para posições como gerentes de loja e supervisor de loja, com particular destaque para o mercado da moda e restauração". Fonte oficial diz, ainda, que o desenvolvimento do sector da distribuição em Angola "esbarra na imensa dificuldade de localização deste tipo de perfis no país, pelo que assistimos a uma emigração forçada, e por isso bem paga, de alguns profissionais deste sector em Portugal". A grande distribuição é, a par do sector tecnológico, da indústria alimentar, a automóvel, a metalomecânica, o calçado, a construção civil e o turismo, um dos sectores com os quais mais a Multipessoal trabalha, em especial no Norte do País. Além disso, o grupo destaca, também, o mercado hoteleiro, de segmento alto, que continua "particularmente atento" a perfis comerciais e cargos técnicos na área de "food & beverage".

4 OutSystems crescimento recruta para apoiar e internacionalização A OutSystems, empresa de tecnologias de informação (Tl) com sede em Linda-a-Velha, com 150 colaboradores nos cinco escritórios (Lisboa, Proença-a-Nova, Maarssen, na Holanda, e dois escritórios nos EUA), vai recrutar 50 pessoas este ano. Mais de metade são na área de serviços profissionais, consultores, sendo outra parcela significativa do recrutamento para a área de engenharia, engenheiros de "software". A empresa está também em fase de recrutamento internacional para a equipa de vendas norte-americana. Alexandra Monteiro, directora de recursos humanos, explica que "este investimento pretende suportar o crescimento da empresa que tem vindo a registar um aumento significativo da sua base de clientes, bem como tem vindo a apostar fortemente na internacionalização". Fundada por Paulo Rosado, o actual CEO, o produto da OutSystems é a "agile platform", uma solução que permite criar e gerir aplicações "web" e "mobile", totalmente personalizadas e adaptadas à realidade e à mudança do negócio das empresas. Imobiliário tem pelo menos vagas para preencher este ano A expansão do número de lojas das três maiores redes imobiliárias (Remax, Era e Century 21) que, no conjunto, este ano vão abrir 58 unidades, obriga as empresas a iniciarem um processo de recrutamento de grande dimensão. "É uma grande oportunidade para recrutar porque as taxas de desemprego colocam no mercado quadros de grande qualidade, em relação à que existia no passado", disse ao Negócios o director-geral da Era, Miguel Poisson. Esta oportunidade, e as condições de mercado (o momento difícil para as transacções fazem com que mais pessoas recorram à mediação profissional), levam a rede imobiliária a avançar para a contratação de 750 colaboradores este ano, e mais 750 no próximo ano. A Century 21 também está a lançar um volumoso programa de contratações durante o primeiro semestre deste ano. "Estamos num processo de recrutamento forte. Queremos recrutar mais 400 pessoas só neste semestre", explica Ricardo Sousa. Portucel Soporcel abre 22 estágios para rejuvenescer a empresa 0 grupo Portucel Soporcel, que está entre os três maiores exportadores e representa 3% das vendas nacionais para o exterior, vai promover este ano 22 estágios profissionais nos complexos industriais de Cacia, Figueira da Foz e Setúbal. Respeitando a tendência do mercado (ver pág. 30) de procura de "trainees" para rejuvenescer as empresas, o director de pessoal e organização, João Ventura, diz que o recrutamento reflecte um "papel dinamizador" na formação de futuros quadros técnicos e "enriquecerá o mercado de oferta de trabalho nas áreas de negócios do grupo": floresta, pasta, papel e energia. Para pessoas até aos 30 anos, há ofertas nas engenharias (de vários sectores), economia, gestão e contabilidade, instrumentação e au- -s^^^ tomação, logística e gestão industrial, direito, relações públicas e recursos B^^H S^^V humanos. Os jovens recebem formação com incidência profissional activa e é-lhes assegurada a alimentação, transporte e um subsídio de estágio. A empresa conta ainda atribuir estágios internacionais inov Contacto nas subsidiárias comerciais.

5 Fenabel procura "fluente total" em alemão para vender cadeiras Não é um processo amplo nem contínuo de recrutamento, mas é significativo pela posição que pretende contratar e pelas características que requer, sendo um "modelo" nesta fase das empresas portuguesas. A Fenabel, a maior fabricante nacional de cadeiras, em Rebordosa (Paredes), está neste momento à procura de um assistente para o departamento de compras, para se juntar aos 67 trabalhadores da empresa, criada em 1992, que produz 450 a 500 cadeiras por dia. "Um dos requisitos indispensáveis", conta a directora de recursos humanos, Sandra Moreira, é a "fluência total em alemão, falado e escrito, porque o mercado assim o exige". A responsável acredita que, como noutras alturas, surjam lusodescendentesque "já trabalham nesta área e que tenham vivido lá até tarde". A, Fenabel facturou 5,3 milhões de eu- / ros em 2011 e espera novo crescimento de 7% em Mais de 60% da produção segue directamente para a exportação, sendo que, das vendas restantes, grande parte acaba também por seguir para o exterior.