PROCURADORIA GERAL DO ESTADO CONSELHO

Transcrição

1 Processo CPGE GDOC nº /2014. Interessado: MOVIMENTO PGE VALORIZAÇÃO JÁ Assunto: Proposta de aperfeiçoamento da GAE alteração Decreto /2011 e Resolução. Senhor Presidente, Senhores Conselheiros, Trata-se de proposta apresentada pelo Movimento PGE Valorização Já, com assinatura de 45 (quarenta e cinco) Procuradores do Estado, para que sejam alterados os Decretos e as Resoluções que tratam da Gratificação de Atividade Especial (GAE) vigentes em nossa carreira. A Gratificação por Atividade Especial (GAE) foi introduzida no sistema remuneratório dos Procuradores do Estado pela Lei Complementar nº 1.113/2010. Essa lei alterou a Lei Complementar nº 724/1993, que dispõe sobre os vencimentos dos Procuradores do Estado. Em linhas gerais, a GAE é tratada no âmbito legal em dois dispositivos da Lei Complementar nº 724/1993, com a redação dada pela Lei Complementar nº 1.113/2010: 1) no artigo 7º, que visa estipular a base de cálculo da gratificação; 2) no artigo 8º, que dá natureza remuneratória à GAE ao dispor que essa gratificação será computada no cálculo das férias e no décimo terceiro salário. 1

2 Os demais elementos da GAE são todos tratados em nível infralegal, por meio do Decreto nº , de 30 de setembro de 2011, alterado pelo Decreto nº , de 15 de maio de 2013, bem como da Resolução PGE nº 68, de 10/10/2011, alterada pela Resolução PGE nº 34, de 19/12/2012. É sabido que o Movimento PGE Valorização Já apresentou proposta específica de alteração legislativa da GAE, que está encartada em outro expediente, com outro número GDOC. Assim, a presente proposta não visa alterar a Lei Complementar que regula a GAE. O objeto desta proposta é a alteração dos Decretos e das Resoluções vigentes referentes à GAE. É o relatório. Passo a proferir meu voto. Preliminarmente, pondero o acerto do Movimento PGE Valorização Já em separar as propostas de alteração legislativa da proposta de alteração de Decreto e Resolução. É do conhecimento de todos que alterações legislativas demandam um tempo muito largo, que não se compraz com a necessidade urgente de se alterar e se aperfeiçoar a GAE. Em que pese as linhas mestras da GAE estarem previstas em lei, fato é que muito se pode avançar no âmbito infralegal. Apresentando as propostas separadas, o Movimento viabiliza que mudanças concretas sejam praticadas rapidamente, bastando mera vontade política do Procurador Geral do Estado. 2

3 Não seria de bom alvitre reunir as propostas numa única peça, pois isso significaria nenhuma mudança num curto espaço de tempo, ficando todas as melhorias que podem ser feitas já relegadas a uma futura, longínqua e incerta alteração legislativa. Dessa forma, a análise a ser empreendida no presente voto restringe-se a alteração do Decreto e da Resolução da GAE, visando que mudanças sejam concretizadas urgentemente pelo nosso dirigente maior da PGE. Destarte, não faz parte desse voto a preocupação em alterar a natureza e base de cálculo da GAE, que são os elementos fixados em lei. grande avanço dentro dos limites legais. É de se destacar: Pela proposta apresentada, pode-se verificar o 1) GAE localização: a) Deslocamento: Redução da quilometragem, criação de um banco de quilômetros e fim da diferenciação entre Capital e Interior: A quilometragem fixada na resolução em vigor (prevista em, no mínimo, 100 quilômetros para a Capital e 200 quilômetros para o Interior) destoa daquela aprovada pelo Conselho da Procuradoria Geral do Estado no dia 25/11/2014, cuja relatora do expediente GDOC nº /2010, era a Dra. Cristina Margarete Wagner Mastrobuono, tendo os votos favoráveis dos conselheiros Rogério Pereira da Silva, Marcelo de Carvalho, Marcos Mordini, Luciana Gasparini, Daniel Smolentzov, Clayton Eduardo Prado, Fernando Franco, Cristina Mastrobuno, José Renato Ferreira Pires. 3

4 Na proposta já aprovada pelo Conselho, as quilometragens foram fixadas em 3 faixas, nos seguintes termos: a) 15% (quinze por cento) quando a distância entre a sede de exercício e o local do serviço prestado for de 20 km (vinte quilômetros) a 60 km (sessenta quilômetros); b) 20% (vinte por cento) quando a distância entre a sede de exercício e o local do serviço prestado for superior a 60 km (sessenta quilômetros) até 100 km (cem quilômetros); c) 25% (vinte e cinco por cento) quando a distância entre a sede de exercício e o local do serviço prestado for superior a 100 km (cem quilômetros). Assim, como a quilometragem fixada é bem mais vantajosa que a existente atualmente, tendo sido aprovada por vários Procuradores do Estado que hoje ocupam cargo em comissão de direção de nossa Carreira, que já demonstraram sua aquiescência pelo voto favorável dessa proposição, deve ser o norte a ser seguido. Ademais, é digno de nota, que na proposta aprovada por esse colegiado anteriormente não foi fixada diferenciação entre Capital e interior e assim deve ser estabelecido. Na proposta que ora se analisa, o movimento inova ao propor a criação de um banco de quilometragem. Dessa forma, não se estabelecem os parâmetros máximos e mínimos, e sim uma quilometragem certa. O que ultrapassar será computado para fins de recebimento de Gratificações futuras. 4

5 Percebe-se que a proposta em testilha pautou-se pela média entre os parâmetros máximo e mínimo da proposta que já fora aprovada por esse Colegiado, para estabelecer uma quilometragem certa e, a partir daí, computar-se nos meses seguintes. Para a implementação dessa alínea a basta a alteração da Resolução. Nem mesmo a intervenção do Governador do Estado é necessária. Ou seja, a implementação dessa sistemática é mera vontade política exclusiva do Procurador Geral do Estado. b) Lotação de difícil provimento: Dentro da GAE de localização, o Movimento insere uma nova hipótese de recebimento cumulativo com a GAE deslocamento. Assim, as comarcas de difícil provimento, em ato fixado pelo Procurador Geral do Estado, também receberão GAE de localização. É de se ressaltar que o parágrafo único do artigo 2º do Decreto prevê expressamente a possibilidade de cumulação da GAE-localizaçãodeslocamento com GAE-localização-comarca de difícil provimento. E de fato, não requisitos e condições diferentes que devem ser remuneradas diferentemente. A primeira é pelo efetivo deslocamento, pela saída da sede de trabalho; a segunda pelo simples fato de estar numa sede, com reconhecimento administrativo de ser de difícil provimento. 5

6 no decreto e na resolução. O acréscimo dessa alínea b depende de alteração 2) GAE natureza do serviço: subdivisão em 4 subitens (acúmulo de serviço, número extraordinário de peças jurídicas produzidas, serviço especiais e serviços externos), e não mais por área da Consultoria e do Contencioso: A diferenciação entre as áreas do Contencioso e Consultoria, no que tange ao afastamento de Procuradores e acúmulo de serviços, vem disciplinada no Decreto nº , de 30 de setembro de 2011 e disciplinado pela Resolução PGE nº 68, de 10/10/2011, mantida pela Resolução PGE nº 34, de 19/12/2012. Essa diferenciação não pode subsistir. Deve haver uma normatização que preveja o recebimento da Gratificação por Atividade Especial (GAE), quer em decorrência de acúmulo de serviços por afastamentos, quer seja pelo grande número de peças produzidas em determinado mês, servindo esse critério tanto para as áreas do Contencioso Geral e Tributário Fiscal como para a Área da Consultoria. É de se ressaltar que na proposta aprovada no Conselho, consoante GDOC acima, não havia tal diferenciação. Assim, a Resolução especifica em artigos cada uma das hipóteses de GAE natureza do serviço previsto na proposta de Decreto. O artigo 3º trata do acúmulo de serviço que Procuradores do Estado de um determinado local de trabalho tiverem de suportar, em razão do número de dias que tiver Procuradores afastados ou existir cargos 6

7 vagos que estavam preenchidos por Procuradores classificados nesta determinada unidade. Com o grande aumento do volume de trabalho verificado em praticamente todos os Setores da Procuradoria, via de regra, tem-se adotado como padrão de substituição a diluição do serviço por todo o Setor e não apenas a um Procurador. Por isso, com o afastamento de um Procurador ou mesmo a vacância do cargo, todo o Setor tem tido acúmulo de serviço, e não apenas um Procurador do Estado. Assim, a proposta inova ao dispor no caput que de acúmulo de serviço deve ser verificada no local de trabalho, e não especificamente para um Procurador do Estado. O parágrafo 5º, desse artigo 3º, é específico ao tratar da hipótese de aumento da distribuição de serviço, e não apenas de substituição, sendo aplicável tanto à Área da Consultoria como à Área do Contencioso Geral e Contencioso Tributário-Fiscal. Destarte, fica regulamenta a incidência da GAE para aquelas unidades onde o acúmulo de serviço é sentido por todo o setor, e não apenas para um ou alguns Procuradores do Estado. É de se enfatizar que os sistemas eletrônicos existentes atualmente na PGE permitem distribuir os processos e expedientes que deveriam ser destinados aos Procuradores afastados para vários Procuradores. Assim, logicamente, todos devem receber pelo acúmulo de serviço e não especificamente um Procurador. O artigo 4º da Resolução trata da produção extraordinária de peças jurídicas. Como é notório, a Procuradoria Geral do Estado vem enfrentando um aumento descomunal no volume de trabalho. Em vista disso, o 7

8 número de peças jurídicas produzidas, quando for considerado um número extraordinário, deve ser remunerado por meio da gratificação por atividade especial. Essa hipótese, que antes era prevista apenas para a Área da Consultoria, também deve ser prevista para a Área do Contencioso Geral e para a Área do Contencioso Tributário-Fiscal. Age bem a proposta ao assim proceder. O artigo 5º também é muito bem vindo ao estender as hipóteses de recebimento da GAE para o exercício de funções consideradas de especial relevância para a carreira e que não tem uma contraprestação diferenciada a altura dessa função. Esse dispositivo sistematiza as hipóteses já existentes e cria novas. Assim, além das designações para o Centro de Estudos e para a Procuradoria de Procedimentos Disciplinares, passariam a ser consideradas funções especiais a atuação no Conselho da Procuradoria Geral do Estado e a atuação de qualquer Procurador em expedientes da Coordenadoria de Procedimentos Disciplinares. Pela natureza do serviço relevante que desempenha, a função de Conselheiro da Procuradoria Geral do Estado, que acarreta um ônus excessivo de trabalho e não é remunerado condignamente pelo Jetom, é necessário que se valorize adequadamente essa atividade. Há que se considerar que a função de Conselheiro não é função comissionada e, por isso, nenhum óbice há em se remunerar adequadamente por meio da GAE. 8

9 O artigo 6º visa incentivar os Procuradores do Estado a praticarem atos em outros órgãos, destacando a importância de uma conduta mais pró-ativa de nossa instituição. Nesta senda, passa a ser remunerado a participação em audiências e a realização de sustentação oral para o Contencioso e a participação em reuniões formais nas Consultorias. Como a atividade na Procuradoria Geral do Estado é dinâmica, mudando com certa frequência, é necessário deixar uma cláusula aberta para que o Conselho possa reconhecer como serviço externo outras atividades desempenhadas pelos Procuradores do Estado. Cumpre salientar que tal medida não é desarrazoada nem desproporcional. A Defensoria Pública, por meio da Deliberação nº 109, de 19 de dezembro de 2008, remunera uma infinidade de atividades por meio de gratificação de atividades especiais, todas cumulativas. A título de exemplo, destaco algumas atividades inserida no artigo 4º dessa Deliberação: a) a realização de plantões (inciso I); b) atendimento ao público (inciso II); c) atuação em revisão criminal (inciso VI); d) designação para atuação emergencial em processos e procedimentos (inciso VIII); e) atuar na Coordenadoria de Execução Penal (inciso IX); f) atuação como Conselheiro (inciso XI); 9

10 g) atuação como fiscal de concurso de ingresso na carreira de Defensor ou participação no concurso para credenciamento de estagiários (inciso XII); h) atuação em Brasília (inciso XVI); i) atuação como Subouvidor (inciso XVII); j) atuação em outras atividades definidas por ato do Defensor Publico-Geral do Estado (inciso XX); k) atuação como Presidente e como membro da Comissão de Prerrogativas da Defensoria Pública do Estado (inciso XXI e XXII); l) visita a estabelecimentos prisionais e estabelecimentos de cumprimento de medidas socioeducativas (inciso XXIII e XXIV); m) atuação em cartas precatórias (inciso XXV); n) prestação de assistência jurídica à população de rua, albergues e congêneres (inciso XXXV). Esses são apenas alguns exemplos das várias possibilidades de receber gratificações de natureza similar a nossa GAE. Na Defensoria Pública se permite a ampla cumulação dessas gratificações. O mesmo norte deve ser perseguido na Procuradoria Geral do Estado de São Paulo para estancar a grande diferença que existe, atualmente, entre essas duas carreiras. alterados o Decreto e a Resolução. Nesse item da natureza do serviço, devem ser 10

11 Demais alterações foram necessárias proceder para se atualizar tanto o decreto quanto a resolução a essa nova sistemática Pelo exposto, meu voto é pela aprovação in totum da proposta formulada pelo Movimento PGE Valorização Já. Por fim, quero consignar meus agradecimentos ao Conselheiro Daniel Pagliusi Rodrigues por me ceder subsídios para a elaboração deste voto, contribuindo inclusive com a sua redação. CPGE, 07 de novembro de Dulce Ataliba Nogueira Leite CONSELHEIRA 11