A modernidade numismática de Francisco de Holanda: uma ciência esquecida, um ensinamento a preservar. António Miguel Trigueiros, APH

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2 A modernidade numismática de Francisco de Holanda: uma ciência esquecida, um ensinamento a preservar António Miguel Trigueiros, APH 2

3 Resumo da Comunicação Numa conhecida passagem da segunda parte Da Fábrica que Falece Há Cidade de Lisboa (1571), Francisco de Holanda lembra a Dom Sebastião «de quanto serve a ciência do desenho no serviço delrei», no particular do desenho das novas moedas do jovem monarca, onde ele teve uma intervenção importante no período de transição do reinado de Dom João III e durante a regência de Dona Catarina, referindo ainda terem sido cometidos grandes erros desde então noutras moedas de ouro, prata e de cobre. O autor identifica todas as moedas desenhadas por António e Francisco de Holanda para correrem no continente do reino e na Índia; os desenhos legendados para novas moedas de Dom Sebastião debuxados na guarda de um livro que lhe pertenceu; e tenta identificar esses grandes erros praticados noutras moedas do mesmo reinado, à luz do ideário numismático renascentista advogado por Francisco de Holanda. Quatrocentos e cinquenta anos depois, passada a era dourada da numismática portuguesa contemporânea, alcançada que foi nos últimos anos do Escudo como unidade monetária nacional e durante a vigência da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses ( ), o autor revela alguns dos grandes erros que desde então têm sido cometidos nas novas moedas de Euro da República Portuguesa, por falta de estudos numismáticos académicos da ciência do desenho das moedas e por desinteresse dos seus encomendadores. António Miguel Trigueiros, APH 3

4 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Lisboa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV SÃO TOMÉ A INDIA FOI-TE CONSAGRADA 4

5 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Lisboa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV Escudo São Tomé, reais 1544: 31 mm; 9,6 g ex. 5

6 ... na república Moedas Renascentistas: 1544 até

7 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Goa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV Pardau São Tomé, 360 reais : 20 mm; 3,4 g 7

8 ... na república Ordenança e instrução para os cambistas..., Antuérpia,

9 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Goa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV Patacão São Tomé, 360 reais 1550: 34 mm; 23,2 g 9

10 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Lisboa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV S. Vicente, D. João III reais milreis, : 31 mm; 7,6 g 10

11 ... na república Ordenança e instrução para os cambistas..., Antuérpia,

12 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Lisboa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV S. Vicente, Sebastião, reais milreis, : 31 mm; 7,6 g 12

13 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Porto cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV S. Vicente, Sebastião, reais milreis, : 31 mm; 7,6 g 13

14 ... na república Lisboa Porto... Gravadores... 14

15 ... na república... No debuxo das novas moedas... que com muito Lisboa cuidado e descrição fizemos para os S. Tomés e S. Vicentes de ouro, eu e o meu pai, e para outros pardaus... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV Meio S. Vicente, Sebastião, 500 reais, : 24 mm; 3,8 g 15

16 ... na república... No debuxo das novas moedas... Lisboa em que muito vai e se tem feito grandes erros... Da Ciência do Desenho..., 1571, cap. IV O retrocesso ao primativismo reais, Sebastião, : 24 mm; 3,8 g 16

17 Encomendador Artista Gravador Oficina Tecnologia Localização da Casa da Moeda de Lisboa em

18 Encomendador Artista Gravador Oficina Tecnologia A Casa da Moeda de Hall, no Tirol, com Maximiliano I 18

19 ... para a moeda nova delrei dom Sebastião Francisco de Holanda 19 desenhos e múltiplas legendas esboçados desde cerca Vitas Patrum, (guarda), 1553, BNP, Reservados, 198 A, Lisboa 19

20 ... para a moeda nova delrei dom Sebastião TRIGUEIROS, AM e FARIA, M. De outros pardaus desenhados por Francisco de Holanda. Leituras: BNP, Lisboa, S. 3, n.º 2,

21 ... para a moeda nova delrei dom Sebastião Goa, 1569 Bastião, 300 reais TRIGUEIROS, AM e FARIA, M. De outros pardaus desenhados por Francisco de Holanda. Leituras: BNP, Lisboa, S. 3, n.º 2,

22 ... para a moeda nova delrei dom Sebastião TRIGUEIROS, AM e FARIA, M. De outros pardaus desenhados por Francisco de Holanda. Leituras: BNP, Lisboa, S. 3, n.º 2,

23 ... para a moeda nova delrei dom Sebastião Goa, 1569 Meio Bastião, 150 reais, 21 mm, 10 g TRIGUEIROS, AM e FARIA, M. De outros pardaus desenhados por Francisco de Holanda. Leituras: BNP, Lisboa, S. 3, n.º 2,

24 ...no desenho das moedas MOEDA = Corpo metálico + Rosto numismático Moeda-mercadoria Moeda-sinal de valor Moeda-sinal de cultura 24

25 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... como sinal de Cultura... João da Silva, ensaio para moeda de 5 escudos-ouro,

26 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... como sinal de Cultura... João Pedro Roque, Luis de Camões,

27 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... como sinal de Cultura... José Aurélio, Fernando Pessoa,

28 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... como sinal de Cultura... Clara Menéres, ensaio para moeda de 25 mil escudos,

29 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... como sinal de Cultura... Sousa Machado, Fragata D. Fernando II e Glória,

30 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... como sinal de Cultura... Isabel e Fernando Branco, Colchas de Castelo Branco,

31 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... em que muito vai e se tem feito grandes erros... José Guimarães, Provedor de Justiça,

32 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... em que muito vai e se tem feito grandes erros... Charters de Almeida, Museu do Dinheiro, BdP,

33 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... em que muito vai e se tem feito grandes erros... Joana de Vasconcelos, Jogos Olímpicos,

34 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... em que muito vai e se tem feito grandes erros... Souto Moura, Álvaro Siza,

35 ... nas moedas da República Portuguesa... No desenho das novas moedas... em que muito vai e se tem feito grandes erros... João Cutileiro, Rosa Mota,

36 Um queixume de Francisco de Holanda em 1571: 36

37 «...Um queixume faz por mim a arte da Pintura precedida pela ciência a que se chama DESENHO a Vossa Alteza muito Cristianissimo Rei e Senhor (Dom Sebastião): de quão pouco é bem entendida e estimada, neste vosso reino de Portugal, sendo ela uma ciência e arte dignissima de ser muito apreciada e tida em mérito... E sómente em Portugal não é conhecida nem tem o resplendor e lustro que merece...» Francisco de Holanda, Da Ciência do Desenho, 1571 (ed. 1879) 37

38 Um queixume que faço meu, agora e neste Congresso: Quatrocentos e cinquenta anos depois de Francisco de Holanda e passada que foi uma era dourada da arte numismática portuguesa contemporânea, alcançada nos últimos anos do Escudo com moedas-sinais de Cultura, a ciência e a arte do desenho das novas moedas do Euro da República Portuguesa regrediu para tempos primitivos, por desinteresse dos seus encomendadores e desastradas encomendas e por falta de ensino da ciência e da arte do desenho e da escultura de moedas como sinais de Cultura. António Miguel Trigueiros, APH 38

39 Sobre o Autor António Miguel Trigueiros (Coimbra, 1944), engenheiro-químico, foi diretor da Casa da Moeda de Lisboa, vogal da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e diretor da Sociedade de Geografia de Lisboa. É sócio efectivo do Instituto Dom João VI e sócio honorário da Academia Portuguesa de História. É autor de uma vasta obra de investigação histórica que cobre os campos da Numismática, da História Monetária, da Medalhística e das Ordens e Condecorações. Entre os seus livros mais conhecidos estão "Moedas Portuguesas na Era dos Descobrimentos " (Lisboa, 1992), "A Grande História do Escudo Português" (Lisboa, 2004) e "A Viagem das Insígnias. Valor e Lealdade (Lisboa, 2017; Rio de Janeiro 2018). A maioria dos seus artigos científicos está publicada na plataforma editorial Academia EDU, como contribuição para o acesso livre e universal ao conhecimento nas ciências e humanidades. Congresso Internacional sobre Francisco de Holanda Lisboa, FCB, 22Nov