Figurino para danças gaúchas. Material elaborado por Everton Cardoso a partir do painel realizado em 7 de junho de 2014 em Caxias do Sul

Transcrição

1 Figurino para danças gaúchas Material elaborado por Everton Cardoso a partir do painel realizado em 7 de junho de 2014 em Caxias do Sul

2 Importante: Este material não pretende substituir a leitura das obras que serviram de referência e que estão identificadas ao final. Também este é um trabalho com vistas ao Fegadan não concluído. Este é um material que pode/deve ser aperfeiçoado para as próximas edições. Consiste, apenas, em uma interpretação e sistematização das ideias desenvolvidas por João Carlos Paixão Côrtes e Marina Paixão Côrtes em livros e cursos nos quais tratam do vestuário típico do gaúcho em suas diversas dimensões e aspectos.

3 Figurino de danças tradicionais Noções preliminares

4 Conceitos fundamentais 1 Indumentária, vestuário, vestimenta Dimensão mais abrangente do vestir típico do gaúcho apresentada nas obras de João Carlos Paixão Côrtes e Marina Paixão Côrtes. Inclui aspectos históricos, sociológicos e psicológicos. Figurino Recorte parcial e específico, a partir da literatura, destinado à concepção de conjuntos de roupa para apresentação de grupos de projeção folclórica. É o objeto deste material e do Fegadan. 1 Estes conceitos iniciais se baseiam nas ideias esboçadas por Anderson Luiz de Souza e Wagner Ferraz na obra O trabalho do figurinista: projeto, pesquisa e criação (Porto Alegre: IndepIn, 2013).

5 Ideais norteadores Temporalidade Na impossibilidade de determinar épocas restritas quando do uso das peças pesquisadas, faz-se com que convivam no figurino de danças, guardadas algumas particularidades baseadas em congruências históricas no que se refere à combinação de algumas peças o que ocorre no figurino masculino. Essa abordagem expressa uma dimensão típica do vestir quando ainda presente no cotidiano: a convivência entre o que se usou em diferentes

6 Ideais norteadores Diversidade Um figurino de danças pretende reconstituir e apresentar, em sua forma mais completa e abrangente, a diversidade de peças, materiais, talhes, modos de uso e outros aspectos do vestir do homem e da mulher rurais do Rio Grande do Sul de outras épocas. Traduz, ainda, a ausência de uniformização enfatizada por Paixão Côrtes, aspecto não registrado pelo pesquisador na vivência cotidiana dos gaúchos de outrora, exceto quando em caráter específico militar, religioso, entre outros.

7 Ideais norteadores Fim formador Ao apresentar a diversidade do vestir, um figurino serve como elemento de formação para os membros do grupo que o apresentam, já que estes têm a possibilidade de familiarizarse com as diferentes possibilidades do vestuário. Ainda, para o público que assiste a uma apresentação de danças tradicionais, o figurino oferece a possibilidade de conhecer o vestir típico dos gaúchos de forma algo instantânea, seja em uma apresentação na íntegra, ou apenas em uma parte dela; ou ainda em um flagrante registrado fotograficamente.

8 Dimensões do figurino para danças tradicionais Histórica, folclórica e tradicional É resultado de um processo de pesquisa e serve como norte para a reconstituição de peças de vestuário e, portanto, para a concepção de um figurino para grupo de danças. Baseia-se na literatura recomendada, esta escrita a partir de pesquisas de campo e de relatos de informantes. No caso do Fegadan, em razão de seu objetivo de valorizar e promover a obra de João Carlos Paixão Côrtes e Marina Paixão Côrtes, esta é tomada como referência.

9 Dimensões do figurino para danças tradicionais Individual Está na ordem da característica pessoal do sujeito. Constitui a manifestação da individualidade e de sua representação objetivada por meio do vestir. Traduz, portanto, personalidade e gosto, ao mesmo tempo em que adequa-se à estatura e à constituição física do portador a fim de obter resultado estético mais harmônico.

10 Dimensões do figurino para danças tradicionais Grupal Refere-se à posta em cena, simultaneamente, de um conjunto de figurinos personalizados e individualizados de forma a obter um resultado visualmente harmônico e que dê conta dos ideais norteadores da concepção de um figurino de danças. Reflete, pois, questões de temporalidade, diversidade e cumpre fim formador, além de primar pela harmonia de conjunto que não deve ser confundida com uniformidade.

11 Harmonia de conjunto Obtida a partir da confluência dos ideais norteadores e dimensões acima descritos. Pressupõe uso harmônico e adequado de modelos e tecidos conforme a faixa etária do grupo que apresenta o conjunto de figurino. Diz respeito, ainda, à distribuição de cores, tonalidades e matizes. No caso a vestimenta masculina, normalmente inclui predominantemente tons mais sóbrios de cinza, azul, verde, bege e marrom em suas diversidades exceto em peças mais específicas como camisas, ceroulas, lenços e faixas. No caso do vestuário feminino, a variedade abrange sobretudo matizes diversas de azul, verde, amarelo, rosa, alaranjado e vermelho esta usada apenas pelas adultas em seus tons mais vivos e pelas veteranas e xiruas em seus tons mais fechados. Sugere-se, neste caso, uma distribuição mais ou menos equilibrada entre cores quentes e frias. Ainda, inclui uma distribuição harmônica do colorido no conjunto do grupo, evitando a concentração de roupas de cores muito próximas principalmente em motivos coreográficos executados em filas, rodas ou cordões.

12 Figurino de danças tradicionais Roupa íntima feminina

13 Confeccionada geralmente em tecido de algodão branco e com acessórios que o complementam (babados, passa-fitas, bordado inglês, crochê confeccionado em linha fina, bordados em ponto-cheio ou rococó) e que podem inclusive conter detalhes em tons pastéis. Pode ser composta de uma diversidade de peças corpete, saia-de-armar, corpinho, viso, sutien, bombachinha, camisa íntima e espartilho. Adapta-se ao comprimento do vestido, sendo um pouco mais curta para não aparecer quando a mulher está parada, mas de forma a ser vista quando do caminhar ou dançar. Quando engomada, deve-se tomar o cuidado para que este processo seja executado adequadamente e não deixe a saia demasiado armada.

14 Figurino de danças tradicionais Mirim masculino

15 Bombacha (evitam-se os tons demasiado escuros); camisa em cores claras, lisa ou com padronagens discretas e miúdas de xadrez e listrado; botas pretas ou marrons; guaiaca simples (somente uma fivela à frente, e bolsos fechados com fivelas menores); lenço ao pescoço (em tamanho adequado à estatura). Não recomendado o uso de chapéu, colete, faixa, esporas, faca ou pala. O objetivo é dar às crianças liberdade de movimento. Para maior conforto térmico, recomenda-se o uso de tecidos de fibra natural exceto no caso do lenço.

16 Figurino de danças tradicionais Mirim feminino

17 Deve traduzir, em seu conjunto, a ingenuidade da infância. Vestido ou conjunto de jardineira e camisa em tons pastéis (em geral rosas, verdes, azuis, amarelos, alaranjados). Possui mangas longas ou ¾. A saia é em corte evasé de panos e com comprimento logo abaixo do joelho. A roupa é fechada por botões forrados de tecido ou ainda com motivos infantis. Tecidos de algodão (tricoline, piqué etc.) lisos, com estampas florais, listradas, xadrezes ou com motivos infantis, mas miúdas. Os acessórios da roupa correspondem à estética infantil (trancelins, bordados ingleses, gregas etc.), mas sempre delicados. Podem trazer, à saia, bolsos ou ainda aventais falsos (costurados à saia, não soltos). O corpo da peça é ajustado ao tronco, sempre terminando à cintura e frequentemente arrematado por faixa, que pode ser atada às costas (em nó ou tope de laçada simples ou dupla).

18 Meias soquete brancas com acessórios brancos (babados, passa-fitas, botões, fuxicos etc.) ou combinando com o vestido. Cabelos com penteados infantis (maria-chiquinha, rabo-de-cavalo, tranças etc.) arrematados com enfeites combinando com o vestido (tiara, flores de tecido, fuxicos, laços de fita etc.). Sapatos de couro do tipo boneca em tons claros (bege, rosa, branco, etc.) ou de verniz, afivelados na lateral com tira que passa sobre o peito do pé. Não usam maquiagem. Brincos de pequenas dimensões e apenas presos ao lóbulo, não pendentes. Ausência de demais adereços.

19 Figurino de danças tradicionais Juvenil masculino

20 Bombacha; camisa em cores claras, lisa ou com padronagens de xadrez e listrado discretas; colete (do mesmo tecido da bombacha ou não); botas pretas ou marrons; faixa de lã; guaiaca; lenço ao pescoço (em tamanho adequado à estatura); chapéu e esporas (adequadas ao tamanho). Coletes, chapéus e esporas carregam consigo responsabilidade.

21 Figurino de danças tradicionais Juvenil feminino

22 Deve traduzir o despertar da menina-moça. Vestido em tons claros e alegres. Possui mangas longas ou ¾. A saia é em corte evasé de panos e com comprimento que chega pouco abaixo da meia canela. A roupa é fechada por botões forrados de tecido ou de crochê. Tecidos de algodão (tricoline, tergal etc.) lisos, com estampas florais, listradas ou xadrezes, mas miúdas. Os acessórios da roupa são algo discretos, de forma a apenas dar acabamento à peça (trancelins, bordados ingleses, gregas, rendas etc). O corpo da peça é ajustado ao tronco, ora com a saia iniciando na cintura, ora em cadeirão. Quando à cintura, pode ser arrematado por cinto afivelado ou faixa, atada às costas (em nó ou tope de laçada simples ou dupla).

23 Meias longas em tons claros (branco, off-white). Cabelos semipresos, não em coque. Fitas, flores de tecido ou de palha de milho, tiaras e pequenos passadores de osso, chifre ou imitando casco de tartaruga para arrematar o penteado. Sapatos de couro em tons de bege, pretos ou marrons, afivelados na lateral com tira que passa sobre o peito do pé. Não usam maquiagem. Brincos de pequenas dimensões e apenas presos ao lóbulo, não pendentes. Ausência de demais adereços.

24 Figurino de danças tradicionais Adulto, xirú e veterano masculino

25 Bombacha Possui de três a quatro pregas de cada lado à frente e nas costas. Normalmente traz adornos laterais (favos, mondongos, pregueados, botões, etc.). Tem dois bolsos-faca nas laterais; às vezes tem dois bolsos na parte traseira (estes apenas em fenda e fechados por um botão cada). Não há lapelas sobre os bolsos traseiros, tampouco há bolsos de qualquer tipo na parte frontal a peça. É fechada por botões na braguilha e nos punhos. Possui gancho ou fundilho amplo, caído, o que facilitava a montaria. Na cintura, guaiaca acompanhada ou não por faixa de lã. Pode ser confeccionada em tecido liso ou com padronagens xadrezes ou listradas, mas sempre miúdas e discretas; cores sóbrias.

26 Chiripá primitivo ou mortero (saiote) Enrolado à cintura e trespassado da direita para a esquerda na parte externa da perna esquerda. Chega à altura do joelho. É feito de tecido e pode ser arrematado ou não na barra com franjas do próprio tecido desfiado. Em cor lisa e não berrante. Fixado à cintura por faixa do tipo brasileira e guaiaca. Para melhor facilitar os movimentos da dança, pode ter pequenas pregas na parte da cintura (que fica oculta pela faixa ou guaiaca); também pode ter cordões do próprio tecido para facilitar a fixação ao ser amarrado à cintura.

27 Chiripá (fronteiriço) Passado por entre as pernas. Pode ou não trazer adornos listrados nas extremidades laterais estes pretendem imitar os tecidos barrados outrora existentes, por isso prefere-se uma combinação que dê a impressão de um tecido não emendado. Extremidades que terminam em ângulo na parte de trás e que arrematam a peça não devem encontrar-se às costas do usuário, devem terminar nas laterais do corpo e, então, ficar pendentes. Exceto pelas barras listradas, é feito em tecido liso e em cores discretas. Arrematado à cintura por faixa de lã e guaiaca.

28 Ceroula Usada sob ambos os tipos de chiripá. É feita de algodão branco ou em padronagens xadrezes e listradas discretas e em cores claras do tipo usado para camisaria. Quando brancas, podem ter franjas à barra, desfiadas do próprio tecido e trançadas (macramé). Também, quando sem franjas, podem trazer cadarço costurado à barra para atar ao tornozelo isso tanto para as brancas quanto para aquelas feitas em tecido com padronagem. Na parte da cintura, fundilho típico de roupa interior masculina semelhante a um sarouel e botões de chifre ou osso. Também possui discretos bordados no cós com motivos florais, arabescos, iniciais e monogramas. Para ajustar à cintura, possuem diferente tipos de presilhas e espécies de lapelas arrematadas por botões.

29 Colete Do tipo usado com costume (traje social). Não tem mangas e possui a frente de tecido de algodão do tipo usado para traje social e as costas de tecido de qualidade inferior, como o próprio forro da peça ou algodão (em tom próximo ao usado na parte frontal). Traz às costas uma tira de tecido que, com uma fivela, serve para deixar a peça mais bem ajustada ao corpo. Tem a parte inferior frontal terminada em duas pontas. Traz pequenos bolsos à frente. Fechado à frente por uma ou duas carreiras de botões. Pode ou não trazer gola. Quando tiver, é do tipo smoking ou redonda. Confeccionado em cores discretas assim como véstias e casacos.

30 Véstia Espécie casaco curto, com mangas, não acinturado e que vai não muito além da cintura. Gola em bico (típica de paletós). Normalmente usada em conjunto com colete, do mesmo tecido ou não. Acompanha os chiripás e a calça de tropeiro. Casaco Paletó do tipo social, usado com terno. Normalmente é usado em conjunto com colete, do mesmo tecido ou não. Acompanha bombacha.

31 Camisa primitiva Usada com os chiripás, é confeccionada em tecido de algodão liso e em cores claras. Pode ser cortada inteira, em forma de T, ou ter emenda para as mangas mas sem cava, o que faz com que a emenda caia além do ombro do usuário. Não é abotoada, mas possui uma abertura na parte frontal até a altura do peito, junto ao pescoço, que é fechada por um cordão feito do próprio tecido e preso por pequenas alças feitas também do mesmo tecido. Nos punhos, também é arrematada por um cordão de tecido enfiado em um corredor. Pode ainda conter gola inteira, sem o corte dos colarinhos atuais, mas tirada inteira. Quando sem gola, o cordão ao pescoço é atado na parte superior; quando com gola, recomenda-se atá-lo na parte inferior da abertura.

32 Camisa atual Usada com bombacha, é feita em tecido de algodão, em cores claras. Pode ser lisa ou com padronagens xadrezes e listradas discretas. Abotoada à frente, possui colarinho e punhos estes fechados com botão e casa. O colarinho é do tipo mais tradicional não o italiano, mais aberto, ou americano, abotoado. Não possui qualquer tipo de pesponto ou adereço de outro tecido. Pode trazer um bolso ao lado esquerdo da parte frontal à altura do peito.

33 Faixa brasileira Feita de algodão nas cores branco ou cru, com cerca de 14cm de largura e comprimento que passa duas vezes ao redor da cintura do usuário. Possui bordados em ponto cheio ou rococó nas extremidades e ao longo da peça. No corpo da peça, motivos florais e arabescos; nas extremidades também monogramas e iniciais. Nas extremidades, traziam adornos em franjas, também complementadas por macramé ou bainhas abertas. Atada no lado esquerdo à marinheira, com duas pontas caídas; ou com apenas uma caída e a outra escondida por debaixo da guaiaca. Acompanha o chiripá primitivo.

34 Faixa de lã Feita de lã, com cerca de 14cm de largura e comprimento que passa duas vezes ao redor da cintura do usuário. Pode ser confeccionada em lã industrial nas cores vermelha, azul marinho e preta e tem franjas em ambas as extremidades. É usada completamente enrolada na cintura, sempre sob guaiaca.

35 Lenço Feito de algodão ou seda palha estes os mais característicos, ainda quem em cetim que imita o tecido mais antigo. Em cores vivas, inclui tons de branco, vermelho, bege, azul, verde, entre outras colorações. Pode ser liso ou trazer padronagens miúdas xadrezes, poás, pied-de-poule, etc. É usado de diferentes maneiras: enrolado e passado ao redor do pescoço, por dentro ou por fora do colarinho; dobrado ao meio, na diagonal, com a ponta do meio caída às costas e as outras duas atadas à frente; ou à meia espalda, ou seja, dobrado ao meio ou enrolado, passado sobre o ombro esquerdo e atado do lado direito do tronco. Os nós usados em qualquer caso são os mais variados. Pode, quando o usuário usar chapéu-decoco, ser usado à cabeça, atado à corsário, na parte traseira da cabeça (quando o usuário usa chiripás ou calça de tropeiro).

36 Chapéu Feito de feltro nas cores preta, marrom, cinza escuro ou bege escuro. Possui copas e abas diversas. Quando usado com ambos os tipos de chiripá, é de coco, ou seja, de copa alta e arredondada, com abas estreitas. Quando usado com bombacha tem copa mais baixa e abas um pouco mais largas. Ao redor da copa, é arrematado por fita de gurgurão tal como vem de fábrica ou por adereço de couro. Barbicacho Pode ser de couro cru, em linha de seda preta ou bege (crochê) lã de ovelha ou pelos da cauda de cavalo trançados. Pode terminar em duas partes ou ambas unidas logo abaixo da altura do queixo em parte única; estas possuem borlas ou franjas nas pontas. Possui anel do mesmo material ou de couro trançado que une ambas as partes para ajustar.

37 Botas Feitas de couro preto ou marrom, possuem solado e salto também de couro. Podem ter cano sanfonado industrialmente ou mole. Na parte superior, podem trazer ou não tira de couro com fivela ou trança de couro arrematada com borlas (sempre do mesmo material e cor que o calçado). Botas de garrão de potro Feitas de couro cru extraído da perna traseira de animais equinos. Amaciada, é usada com o carnal para fora. Pode ter o bico parte correspondente à canela do animal costurado, amarrado ou ainda deixar os dedos dos pés à mostra.

38 Guaiaca Pode ser feita de couro de sola sem pintura, preto ou marrom. Possui um ou dois bolsos menores nas laterais e um maior às costas, sempre fechados com pequenas fivelas. No modelo chamado de tropeiro possui apenas um bolso grande às costas. Pode ser feita com couro peludo de animais silvestres. Também pode ser confeccionada em couro bordado artesanalmente em ponto cheio ou rococó. À frente, uma ou duas fivelas. Estas podem ser substituídas por uma espécie de fivela feita de moedas de prata unidas por correntes.

39 Esporas Em modelos e feitios diversos, possuem rosetas ponteagudas e são atadas ao calçado por tiras de couro ou correias metálicas Faca Embainhada, complementa o vestuário pendurada à guaiaca ou usada passada por dentro desta às costas. Pala de seda Feito de seda ou de tecido sintético que a imite; é usado dobrado à meia espalda sobre o ombro esquerdo e atado do lado direito do corpo ou ao redor da cintura e atado do lado esquerdo do usuário. Sempre em tons claros, correspondendo à função de atenuar o calor no verão. Pode ter franjas nas barras.

40 Figurino de danças tradicionais Adulto feminino

41 Traduz, ao mesmo tempo, responsabilidade adulta e jovialidade. Possui uma variedade grande de peças e combinações possíveis. Pode ser confeccionado em tecidos diversos (seda, algodão, veludo e outros) de cores mais ou menos vivas, sem tons excessivamente sóbrios ou escuros. Além de lisos, podem trazer estampas florais, xadrezes, listradas e poás. São inadequadas estampas com motivos animais (animal print) e manchas (em estilo tie-dye e assemelhados). Entre os acessórios 1, rendas, babados, gregas, botões, etc. Também são frequentes vivos, pétalas de rosa, bicos e fuxicos feitos de tecido. Ainda, crochês e frivoletês de linha fina. Estão ausentes pinturas artesanais e tecidos transparentes ou vaporosos. O decote não é muito profundo, de modo a não mostrar o colo, e as mangas são longas ou ¾. A barra da saia chega ao peito do pé. 1 Complementos que fazem parte do tema formal original, sem fazer parte dele.

42 As meias são longas; brancas ou em tons de bege claro (off-white ou champanhe). Os cabelos são presos ou semi-presos com coques, tranças, cacheados, etc, e arrematados por adereços como travessas, delicados pentes (não confundir com a peineta espanhola de dimensões maiores) e passadores de osso, chifre ou casco de tartaruga (este normalmente reproduzido industrialmente em acetato). Também são comuns as flores artesanais de palha de milho ou tecido (sempre evitando o excesso). Os sapatos são de couro marrom, bege escuro ou preto. Têm salto de no máximo 5cm e são arrematados por tira sobre o peito do pé e afivelada na parte externa do calçado. O salto não deve ter linhas verticais curvas ou afinar-se na parte que toca o solo. Ainda, são frequentes adereços 2 como brincos, broches, camafeus, anéis e pulseiras (joias ou bijuterias que as imitem). São frequentes em marcassita, pérola, madrepérola e outros materiais. Flores de tecido, fuxicos e fichu também servem de adereço à roupa. 2 Objetos de ornato independentes da peça principal.

43 Saia Pode ter cós à cintura ou acima desta, dependendo da constituição física da usuária. Pode ser complementada com faixa (atada em meio tope ou nó) ou com cinto de fivela (à frente ou atrás; podem ser forradas de tecido, joias, bijuterias que imitem joias ou feitas de osso, chifre ou imitação de casco de tartaruga). A barra chega ao peito do pé e pode ser arrematada com pregueados, vassourinha (pequena franja costurada na parte interna da barra), vivo ou outros adereços, ou apenas feita a mão, de forma invisível. Pode ser evasé de panos, godê, pregueada, cigana ou de corredor (atada à cintura).

44 Blusa Complementar à saia. Pode ser usada por dentro desta ou por fora (arrematada à cintura por cinto ou faixa) e é algo folgada em relação ao corpo. Bata Espécie de blusa mais ou menos folgada cujo comprimento vai além da cintura. É usada por fora da saia.

45 Casaco Complementar à saia. Normalmente de mangas longas e com gola e feito de tecidos mais encorpados e forrado. Quando em modelo mais decotado, é acompanhado por uma camisa ou mesmo por um falso peitinho de tecido. Ainda, pode ser acompanhado por um fichu por debaixo, com as pontas para trás, arrematando o decote. Fechado com botões ou alamares. Bolero Complementar à saia de cós alto ou ao vestido. Espécie de casaco curto, logo abaixo aos seios, solto em relação ao corpo. Usado aberto ou fechado. Fichu Confeccionado em grampada em fio de seda ou filó bordado. Deve ficar na linha da cava da roupa, na frente na altura do busto e atrás na metade das costas. A peça vai até a linha dos ombros, a franja um pouco além disso. As pontas do triângulo podem ser fechadas por camafeu ou broche à frente, às costas ou nos ombros.

46 Vestido Peça inteira. Pode ser em corte princesa, de cadeirão ou cortado à cintura. Saia evasé de panos, cigana, pregueada ou godê. É complementado por acessórios e adereços diversos. Abotoado à frente ou às costas. Basquê Espécie de pequena saia (mais ou menos ¼ do comprimento da saia), cortada godê e presa à cintura por um cós. Pode complementar um vestido ou uma saia. Cós postiço Usado tanto para arrematar saias e vestidos, é uma espécie de corpete abotoado que cobre a cintura, subindo e descendo um pouco além desta.

47 Figurino de danças tradicionais Xirú e veterano feminino

48 Traduz maturidade, respeito e admiração. Da casada jovem às mais maduras, as cores traduzem sobriedade e discrição. Evitam-se tons vivos; ausência de vermelhos. São mais frequentes as combinações de saia com casaco, blusa e bata; e menos dependendo da constituição física um discreto vestido. As estampas - discretas - podem ser florais, listradas, xadrezes, poás e geométricas (especialmente para blusas). Entre os acessórios, rendas, babados, gregas, botões, etc. O decote não é muito profundo, de modo a não mostrar o colo, e as mangas são longas ou ¾. A barra da saia chega ao peito do pé.

49 As meias são longas; beges ou fumês. Os cabelos são presos em coques de diversos tipos e arrematados por adereços como travessas, delicados pentes (não confundir com a peineta espanhola de dimensões maiores) e passadores de osso, chifre ou casco de tartaruga (esta normalmente reproduzida industrialmente em acetato). São frequentes as tranças enroladas em coque e os coques-banana. Os sapatos são de couro marrom ou preto. Têm salto de no máximo 5cm e são arrematados por tira sobre o peito do pé e afivelada na parte externa do calçado. O salto não deve ter linhas verticais curvas ou afinar-se na parte que toca o solo. Ainda, são frequentes adereços como brincos, broches, camafeus, anéis e pulseiras (joias ou bijuterias que as imitem). São frequentes em marcassita, pérola, madrepérola e outros materiais. Flores de tecido e fichus também servem de adereço à roupa.

50 Figurino de danças tradicionais Lenços de bolso

51 Masculinos Com cerca de 20 X 20cm, em tecido de algodão branco. Podem trazer, em um dos cantos um discreto bordado em ponto cheio ou ponto atrás (também conhecido como pontode-marca) com as iniciais ou o monograma do usuário. Femininos Feitos de tecido de algodão branco, com aproximadamente 20 X 20cm. Podem ser arrematados com delicados trabalhos em crochê ou frivoletê e trazer pequenos bordados em ponto cheio, atrás, cruz ou rococó. Podem ser motivos florais, arabescos, iniciais ou monograma.

52 Figurino de danças tradicionais Tropeirismo Biriva

53 Calça Peça com corte que se assemelha a um sarouel, possui fundilho caído e é fechada à frente por botões de confecção artesanal chifre ou osso. Ainda, possui no cós frente e costas e na parte frontal sobre as pernas, mas próximo ao cós, espécies de bordados feitos com cordão característico galão. Em termos de comprimento, chega a pouco abaixo da canela do usuário, mais ou menos à altura em que iniciam as franjas da ceroula. Possui variações de talhe e corte no cós e na forma de fechamento à frente. Também pode trazer sistema de ajuste por amarração com um cordão feito do próprio tecido na parte traseira. É usada sem guaiaca ou faixa.

54 Chapéu de palha Com copas e abas diversas, é elaborado em trança de palha. Ao redor da copa, uma trança de couro cru dá acabamento, com as duas pontas caídas para trás e arrematadas por borlas também de couro. É preso por barbicacho de couro cru com duas borlas. Quando possui aba largas, tem sistema de cordões de sisal que servem para levantar uma ou ambas as laterais da aba para evitar o acúmulo de água da chuva. Bitango e poncho-bichará Ponchos feitos de lã em tear artesanal. O bitango chega a pouco abaixo da cintura do usuário e o poncho-bichará mais ou menos à altura do joelho.

55 Figurino de danças tradicionais Referências

56 Obras de João Carlos Paixão Côrtes: O gaúcho: danças, trajes e artesanato. Porto Alegre: Garatuja, danças e a mesmice: patrimônio da cultura popular do Rio Grande. Porto Alegre: ed. do autor, Danças tradicionais e a Carta de Vacaria. Canoas: C.T.G. Brasão do Rio Grande, Tropeirismo biriva: gente, caminhos, danças e canções. Porto Alegre: ed. do autor, 2000(?). Obras de João Carlos Paixão Côrtes e Marina Paixão Côrtes: Ponto & pesponto da vestimenta da prenda. Porto Alegre: ed. do autor, A moda: alinhavos & chuleios. 2. ed. Porto Alegre: ed. do autor, 2005.