OS FUTUROS ADVOGADOS (a esperança de ser agente da Justiça)

Transcrição

1 OS FUTUROS ADVOGADOS (a esperança de ser agente da Justiça) Desde sempre há princípios que são corolários da Justiça, nos Estados de Direito. Desde os tempos da Faculdade, ensinam-nos que os dois pilares fundamentais das sociedades modernas são a Justiça e a Segurança. E ensinam-nos aquilo que é facilmente apreensível: sem Advogados, não há Justiça. E não há Justiça porque, sem Advogados, aqueles que comparecem perante os órgãos que a administram não têm a ciência e a capacidade necessárias à defesa do seu entendimento e, por conseguinte, à demonstração do seu direito. E também aqueles que, mesmo sem ocorrer qualquer litígio, pretendem saber como actuar, como contratar, como acautelar os seus interesses, carecem, indiscutivelmente, do aconselhamento do Advogado. É o conceito de Advocacia Preventiva, tão afastado da mentalidade portuguesa, como necessário para a estabilidade da vida em sociedade... Torna-se, por isso, absolutamente necessário diria imprescindível habilitar os novos Advogados, recém-licenciados que buscam na Advocacia um modo de vida e a oportunidade de intervir socialmente na defesa dos desprotegidos, com os apetrechos de sabedoria necessários a esses fins. Isto conduz a que seja absolutamente essencial fornecer aos jovens licenciados uma formação capaz e capacitante. Não se trata apenas da formação inicial, mas da garantia de que, ao longo de todo o estágio, ao estagiário, ou ao candidato à advocacia como, em expressão que julgo mais

2 feliz, se dizia antigamente, são fornecidos os instrumentos para, ao longo da sua carreira, bem advogar. Para isso, uma das principais preocupações da Ordem tem que ser a Formação. A formação inicial, com a contratação de formadores capazes, com experiência profissional, tanto forense como das outras vertentes da Advocacia, e com qualidades docentes. Nunca se poderá esquecer que a Ordem não serve para ensinar Direito (para isso, lá estão as faculdades, embora por vezes sem êxito), mas antes para ensinar a Advogar. Questão crucial, para este desígnio, é o custo da formação. A formação sempre terá que ser paga, dado que o Orçamento de Estado, que tão prodigamente subvenciona a (qualitativamente boa) formação de magistrados, não reconhece a importância a imprescindibilidade da Advocacia na administração da Justiça. A Ordem não pode, por isso, deixar de, através das suas próprias receitas, contribuir para a (também obrigatoriamente boa) formação dos seus futuros pares. Mas não poderá deixar de, junto dos poderes públicos, reivindicar a contribuição do Estado na formação dos Advogados. É certo que os tempos são de contenção. Mas certo é também e inelutável que a justiça sem Advogados não é Justiça, nem arremedo de Justiça. Afinal, trata-se de um dos dois pilares fundamentais do Estado de Direito. Há que garanti-la aos cidadãos. E é ao Estado que compete assegurá-la. E aplicar fundos na Justiça nunca poderá ser esbanjamento. É claro que será difícil, mesmo impossível, demonstrar ao Estado esta evidência (é sempre muito difícil demonstrar o que é evidente). Mas, no interim, é à nossa Ordem que compete assegurar estes desígnios: Cobrando a formação que proporciona, mas usando também as suas receitas para a alcançar. Ascender à honrosa e honrada profissão de Advogado não pode ser privilégio de uns quantos ricos, mas antes apanágio dos melhores, sejam ricos ou sejam pobres. Para tanto, torna-se necessário aferir, in limine, quem merece esta honra. Trata-se de estabelecer um exame de aptidão ao estágio, tema polémico que, por ser polémico, e dada a sua importância, deve ser debatido em Congresso. Este exame de aptidão (tendencialmente gratuito ou a preço reduzido), autêntico crivo

3 de acesso à profissão, é absolutamente essencial e, por isso, tem que ser presidido pelos mais rigorosos critérios, científicos, sociais, psicológicos... Passado este crivo, ficarão desde logo os mais aptos. E esses mais aptos, haverão de ser acolhidos na Ordem sem olhar às suas posses. Por isso, sendo certo repete-se - que a formação há-de ser, por ora, paga pelos seus destinatários, há que estabelecer critérios que respeitem a competência, em detrimento das posses de cada candidato. Há, por conseguinte, que instituir critérios de graduação do preço segundo os rendimentos de cada um, e segundo a qualidade da prova que haja prestado e das provas que, ao longo do estágio, vá prestando. Só assim se poderá garantir que à Ordem chegam os melhores, e que tendencialmente serão melhores Advogados, melhores defensores dos cidadãos e da Justiça. Em conclusão: 1. A Advocacia é parte integrante e imprescindível da administração da Justiça, no Estado de Direito; 2. O Advogado é, por isso, imprescindível na tutela dos interesses dos cidadãos e das empresas, tanto no domínio da representação judicial, como no aconselhamento jurídico; 3. Ao Estado compete assegurar a boa formação dos Advogados, pilares da boa administração da Justiça; 4. Na omissão do Estado, há-de ser a Ordem, como representante dos Advogados Portugueses, a assegurar a formação dos seus pares e futuros pares; 5. A fim de assegurar o concurso dos melhores, torna-se necessária a instituição de um exame liminar de aptidão, tendencialmente gratuito ou a preço reduzido, a fim de obviar à exclusão dos mais aptos; 6. E, na recusa da intervenção financeira do Estado, sendo certo que os destinatários da formação terão que contribuir no seu custeio, compete à Ordem cooperar na sua satisfação; 7. Devendo, para isso, aferir das possibilidades financeiras de cada candidato, a fim de obviar a que apenas prossigam o estágio os que sejam detentores das posses necessárias ao efeito; 8. E instituindo-se um sistema de propinas proporcional às posses dos interessados e

4 à sua prestação. É o que se sujeita à 1ª Secção do VII Congresso dos Advogados Portugueses. Lisboa, 10 de Outubro de Subscritores e Cédulas Profissionais: João Pereira da Rosa 4604-L João Teles Branco 4957-L João Nuno Azevedo Neves 2711-L José de Athayde de Tavares 4487-L Luís Paulo Relógio 3933-L José António Silva e Sousa 8516-L Eduarda Proença de Carvalho L Paula Cabral 9129-L Cláudia de Melo Pimenta L Isabel da Silva Mendes 705-E Filipa de Figueiroa L Miguel Matias 9945-L José Bento Marques L António Marques Baptista 2050-P Paula Lamosa Pinto L José António Ferreira 3886-L Dina Lopes Paulo 8693-L Maria José Leote L Liliana Marques Murta L Fernando Valente 3658-L José Filipe Nogueira 5152-L Cláudia Costa Pereira L Ana Soares da Costa L Alexandre Castelo L Miguel Mendes Pereira L Ana Oliveira Bruno 8492-L

5 Rita Nabais L Carlos Cardoso 4530-L Filomena Villas Raposo 6951-L Ana Aparício Vale L Maria Moura Fonseca L Lúcio Correia L Nelson Soares L Carlos Aguiar 4072-L Bruno Paradela de Oliveira L Carlos Valente 5113-L Francisco Beirão 4692-L Tito Arantes Fontes Alexandre Jardim Nuno Azevedo Neves João Cavaleiro e Silva Largo de São Domingos, 14 1º LISBOA-PORTUGAL Tel congressoadvogados@cg.oa.pt