Consideramos o Bom Fim um país um pequeno país, não um bairro em Porto Alegre Moacyr Scliar z'l

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1 o.s.: /07/ NA AMAT- REVISTA PIONEIRAS - CAPA FRENTE Chafariz do Parque Farroupilha Lancheria do Parque Feira Ecológica na Av. José Bonifácio Na amat Pioneiras - RS Revista do 53º Bazar Foto: Sioma Breitman Parque Farroupilha Parquinho da Redenção Hospital de Pronto Socorro Mercado do Bom Fim Consideramos o Bom Fim um país um pequeno país, não um bairro em Porto Alegre Moacyr Scliar z'l

2 o.s.: /07/ NA AMAT- REVISTA PIONEIRAS - CAPA VERSO Foto: Antares Martins Modelo: Jennifer Alves Rua Casemiro de Abreu, CEP Bela Vista Porto Alegre - RS - Tel.: (51) Rua Borges Lagoa, 1065 sala 73 - CEP Vila Clementino São Paulo - SP - Tel.: (11) Cel.: (11) marcotarrago@uol.com.br - MODA FEMININA 5ª avenida center 24 de Outubro, 111 / loja Estacionamento no local 39

3 Sem dúvida a juventude é uma idade de ouro e sempre lembrada com nostalgia. É um momento inesquecível, vibrante, emocionante e feliz. AGATHA LERRER DINIZ (RIO) ALESSANDRO SCHWARTZ ALEX MALTZ SCHUL ALEXANDRE FRIDMAN VARGAS ALICE ALTSCHIELER TESSLER ALICE ROITMAN ALIZA BLUM AMANDA COPSTEIN AMANDA GIORDANI CARDON AMIR RIBEMBOIM BLIACHERIS AMIT HALEVY (ISRAEL) ANA CAROLINA HELER MEDEIROS ANA CAROLINA ISDRA MOSZKOWICZ ANA FLAVIA W. FRIDMAN ANA LARA GORELIK PEREIRA ANA LAURA SZAPSZAY ANA LUÍSA TONATTO MELAMED ANA LUIZA C. DE MIRANDA ANA TETELBOM SCHUCHMANN ANABELLA OLIVEN ANDRÉA MALTZ SCHUL ARIEL S. BARKAN ARIELA GENSAS MESTER ARTHUR COPSTEIN ARTHUR WAINSTEIN PAIVA ARTUR ZOUVI ASHER DAVID BERLIM MULLER BÁRBARA MOLD LEAL BEATRIZ C. DE MIRANDA BENI BLIACHERIS BERNARDO ARAUJO CARDON BERNARDO DIAS COIFMAN BERNARDO GALO PAKTER BERNARDO MARTINS BERDICHEVSKI BERNARDO MOLD LEAL BERNARDO SCALETSKY BERNARDO SZAPSZAY BETINA CHAIT BETINA KASPER GLASSER BIANCA SALTZ (USA) BRUNA WAINSTEIN GROSSMAN BRUNA ZOUVI BRUNO FRIDMAN SCHWETZ BRUNO GRINBERG BELLEZA CAMILA GOLDSTEIN FRIDMAN CAMILA HUROVICH CAMILA SCALETSKY CARINA HENKIN AMIEL CAROLINA HOROVITZ VIEIRA CAROLINA OLCHIK CANTERJI CAROLINE KAPEL CAROLINE SALTZ GENSAS CATARINA CHIWIACOWSKY LEMOS CATHERINA ISDRA MOSZKOWICZ CECÍLIA WENZEL BRODACZ CINTIA ROVINSKI CINTIA TETELBOM SCHUCHMANN DAFNE KIVES DAN NELSTEIN FIALKOW DANA WEISFELD SCHAMES DANIEL GENSAS MESTER DANIEL GOLDSTEIN FRIDMAN DANIEL POCZTARUK DANIEL ROSENHEIN (ISRAEL) DANIEL S. SPUNBERG DANIELA GURSKI DANIELA MALTZ RASKIN DANIELA RUBIN DANIELA SCHWARTZ DANIELA TEITELBAUM FRIEDMAN DANIELLE KASPER GLASSER DAVI FIRPO TURIK DAVID CHANAN DA ROSA GRINBERG DAVID MEIR GRUBER DAVID MALTZ KRANTZ DAVID PRESMAN DÉBORA CHAIT DÉBORA OLIVEN DÉBORA SIMINOVICH GURSKI DÉBORA SOIBELMAN DÉBORA WAINSTEIN PAIVA DEBORAH LEISTNER SEGAL DENIS MALTZ BIN DENISE ROVINSKI DIEGO ANDRÉ EIFER EDUARDA BRODACZ DE VASCONCELLOS EDUARDA JOVEGELEVICIUS EDUARDO FRIDMAN VARGAS EDUARDO FOLBERG EDUARDO KIVES EDUARDO MALTZ RASKIN ELISA TETELBOM SCHUCHMANN ESTER PRESMAN ESTHER FAJER FERNANDES (SEVILHA) ETIELE AMIEL CORTEZ (URUGUAIANA) FABIANA FARIA GIGUER FEDERICO REYES HERSLIKOWICZ FELIPE CANTERGI FRIDMAN FELIPE FOLBERG FELIPE LECHTMAN NETO FELIPE P. NEMETZ FELIPE SALTZ (USA) FELIPE SCHWARCZ BERLIM FERNANDA HALPERN FAERTES FERNANDA KESSLER PEREIRA FERNANDA S. SUKIENNIK FERNANDA SCHNEIDER FERNANDA SOIBELMAN FERNANDO ROSOLEN KIJNER FLÁVIA GURSKI GABRIEL CZYZ GABRIEL HERNAN EIFER GABRIEL ISDRA MOSZKOWICZ GABRIEL OLCHIK BORGES GABRIEL SCHWARCZ MACHADO GABRIEL SIMINOVICH GURSKI GABRIEL SIVIERO SIBEMBERG GABRIEL TEITELBAUM FRIEDMAN GABRIEL V. DE MIRANDA GABRIELA CHIWIACOWSKY LEMOS GABRIELA FRIDMAN GABRIELA GUELFAND GABRIELA KESSLER PEREIRA GABRIELA RAPAPORT AVERBUCH GABRIELA TONATTO MELAMED GABRIELLE POGORELSKY ESPOSITO GEORGIA PAKTER GIOVANA LAPUENTE GUELFAND GUILHERME SCHWARTZMAN RODRIGUES GUILHERME V. DE MIRANDA GUSTAVO BOSA (FLORIPA) GUSTAVO FRIDMAN SCHWETZ GUSTAVO RAPAPORT GUSTAVO SCHAFRAN VOLQUIND GUSTAVO SCHWARCZ BERLIM HANAH GOLBSPAN HANNAH SHARGORODSKY TERNER HENRIQUE ISCOVICH HENRIQUE LERRER TERNER HILA TURKIENICZ IAIR IUGT IAN KERSZ AMARAL IAN RATINECAS IANIV SHARABANI (ISRAEL) IASMIN GOLBSPAN IGNÁCIO ISDRA SNIADOWER ILAN LIBESKIND (ISRAEL) INBAL SHARABANI (ISRAEL) ISABELA CARDON UNIKOVSKI ISABELA NAIDITCH BERGER ISABELLA G. MÜLLER ISABELLE WAINSTEIN GROSSMAN Marili Scliar Buchalter A Origem do Bairro e de seu Nome Aos grupos Na amat A comissão organizadora do 53º Bazar da Na amat Pioneiras homenageia os grupos Any Scliar Rerin, Avoda, Berta Siminovich, Chai, Clarinha Milman, Coach Neurim, Elisheva Kaplan, Hamsa, Hatikva, Iachad, Kidma, Kineret, Morasha, Paulina Cuperstein, Prachim, Sara Barkait e Shemesh, e agradece o seu apoio e comprometimento. Almoço de comidas típicas judaicas; Galeria e Leilão de Arte; Chá da Tarde com tortas; Grupos musicais e de dança; Mezanino com novidades; Teatro Infantil 02/Set 53º BAZAR BOM FIM: ONTEM, HOJE E SEMPRE Homenageados: Beneficiando as Entidades: Atrações: Barracas com: Associação Israelita Damas de Caridade Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul Lar da Criança Anne Frank Sociedade Humanitária Padre Cacique - Asilo Padre Cacique Hering, Beigalech, Strudel e outras delícias; Artigos de Israel; Artigos de Cozinha, Mesa, Artesanato e Vestuário; Espaço Infantil o.s.: /07/ NA AMAT - REVISTA PIONEIRAS - MIOLO PB 1 - FRENTE Bom Fim - Origem Talvez poucos saibam, mas o bairro inicialmente se chamou Campo da Várzea. Era uma área pública de 69 hectares que servia para a guarda do gado. O nome foi alterado para Campo do Bom Fim devido à construção da Capela Senhor do Bom Capela Senhor do Bom Fim Fim, localizada junto ao futuro prolongamento da Rua Barros Cassal. A construção da capela iniciou-se em 1867 e foi concluída em Após a abolição da escravidão, muitos libertos abrigaram-se nessa região, que passou a se chamar, popularmente, Campo da Redenção. Entre as ruas Ramiro Barcelos e São Manoel, ficava a Colônia Africana. Na segunda década do século XX, começaram a chegar as primeiras famílias judias em Porto Alegre, que se instalaram nas imediações da Av. Bom Fim (atual Av. Osvaldo Aranha, desde 1930) e em suas transversais e paralelas. Imitando os shtetls (vilarejos) da Europa, construíram suas sinagogas, colégio, clubes, COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO COLÉGIO MILITAR ESCOLA ESTADUAL ANNE FRANK INSTITUTO DE EDUCAÇÃO GENERAL FLORES DA CUNHA pequenos comércios, fábricas e oficinas. Na esquina das avenidas Osvaldo Aranha e Venâncio Aires, funciona desde 1944 o Hospital de Pronto Socorro e, ali perto, desde a década de 1970, o Hospital de Clínicas. Em 1931, o bairro já contava com o moderno cinema Baltimore, em cujo andar superior estava a sede do Círculo Social Israelita. Hoje, o Bom Fim aloja todas as tribos : é um bairro moderno e dinâmico, cujo Parque Farroupilha converte-se, nos domingos, no centro de Porto Alegre. Sinagogas do bairro Bom Fim Jovens Patrocinadores

4 o.s.: /07/ NA AMAT - REVISTA PIONEIRAS - MIOLO PB 1 - VERSO Rede de Informações do Bazar Ao escolhermos, por sugestão do grupo Kineret, o tema Bom Fim: ontem, hoje e sempre para o Bazar e a Revista, fiquei apreensiva: teríamos a grande responsabilidade de honrar o bairro que acolheu a comunidade israelita gaúcha. O primeiro passo foi reunir a comissão editorial e escolher os tópicos que abordaríamos na revista. Com entusiasmo, foram dezenas de sugestões, as quais nem caberiam nas páginas disponíveis da revista. Selecionamos aquelas que, na nossa opinião, seriam as mais atraentes e importantes. A partir daí, me vi tomada por um clima de encantamento. Juntei livros, jornais antigos e muitas fotos para pesquisar. Celi Maltz Raskin, Marili S. Buchalter, Lúbia S. Zilberknop e Renata Fischer Presidente: Celi Maltz Raskin Vice-Presidentes: Frida Enk Kaufman e Luciana Borenstein Coordenação do Bazar Celi Maltz Raskin e Sarah Gerber Departamento de Divulgação Conselho Editorial: Celi Maltz Raskin, Lúbia Zilberknop, Marili S. Buchalter e Renata Fischer BAZAR NA AMAT PIONEIRAS Jornalista Responsável, Projeto Gráfico e Diagramação: Tatiana Schostack Mtb: Fotos: Marili S. Buchalter, Acervo ICJMC, Acervo Ethel Castan e Sioma Breitman Pré-impressão e Impressão: Rittmann Gráfica e Editora Distribuidora: Faster Tiragem: exemplares Recebemos a valiosa ajuda do Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, com seu precioso acervo de livros e fotos antigas. Contamos com os colaboradores estes, sim, fiéis ao Bom Fim: Abrão Slavutzky, Élida Tessler, Ester Golandinski, Fiapo Barth, Israel Lapchik, Jarbas Milititstky, Lúbia Scliar Zilberknop e Nei Lisboa que, de uma maneira ou outra, nos contaram sobre a importância do Bom Fim em suas vidas. Vi-me em saídas fotográficas, percorrendo o bairro para fotografar imagens que estavam retidas, desde a infância, em minha memória. Em resumo, me formei em Bom Fim. O bairro mudou. De um pequeno gueto ou shtetl (lugarejo) bucólico, de casinhas de porta e janela, dos passeios noturnos no Parque da Redenção, com suas fontes luminosas, tornou-se um bairro moderno, dinâmico, com grandes prédios, comércio e bancos. Mas conservou sua diversidade cultural, com seus bares, cafés, a antiquíssima lojinha Ao Crochet, instituições sociais, igrejas e sinagogas. Aos domingos, a Redenção torna-se o principal ponto de encontro de amigos, famílias, namorados. Concretizada a edição desta revista, teremos, enfim, no dia 02 de setembro, um encontro marcado. Após a caminhada matinal no brique da Redenção, venham até a Hebraica. As muitas atrações do 53º Bazar esperam vocês. E... onde mais poderia ser? No Bom Fim, é claro. Marili Scliar Buchalter Distribuição Gratuita Trabalho Voluntário Na amat Pioneiras Centro Porto Alegre Organização das Mulheres Pioneiras Rua Gen. João Telles, 329 / 3º andar CEP: Porto Alegre/RS Fone/Fax: (051) Fale Conosco: naamatpioneirasrs@terra.com.br IURI COPSTEIN IURY AMIEL CORTEZ JAIME CARRION FIALKOW JACQUES ENGELMAN KAUER JAYME CAOM JOVEGELEVICIUS JÚLIA ADAMS PEREZ RASKIN JÚLIA ALTSCHIELER TESSLER JÚLIA BERESNIACK SCHEIRR JÚLIA CHIWIACOWSKY LEMOS JULIA COIFMAN SZALANSKI JULIA PAKTER JULIA ZOUVI JULIANA W. FRIDMAN JULIANO SCHWARTZ KFIR KOHEN (ISRAEL) LAYLA WAINSTEIN GROSSMAN LAURA ALEIXO IGOR LAURA KIVES LEANDRO WASCHSMAN SCHANZER LENA LEISTNER CLOTTES LEONARDO SCHUCH ZILBERKNOP LIORA STEMERIA MELAMED LORENZO Z. DE MIRANDA LUCA MACADAR FERRERA LUCAS FRIDMAN SCHWETZ LUCAS SIVIERO SIBEMBERG LUCAS SOIBELMAN MENEZES LUCAS SUSLIK LUCAS ZOUVI GERBER LUISA CHATKIN LUISA RIBEIRO KREITCHMANN LUÍSA SCALETSKY LUÍSA WLADIMIRSKI CIRIACO LUIS ALBERTO COHEN TVORECKI LUIZ SPECHT ZILBERKNOP LUÍZA SPUNBERG MANOELA SCHNEIDER MANUELA ISDRA RAJCHENBERG MAOR SHARABANI (ISRAEL) MARCEL CANTERGI FRIDMAN MARCELA FISCHER FRIEDMAN MARCELO AXELRUD MARCELO GENSAS SPIELMANN MARCELO HENKIN AMIEL (STA MARIA) MARCELO MALTZ SCHUL MARCELO W. FRIDMAN MARIA EDUARDA BOSA (FLORIPA) MARIANA FOLBERG MARIANA NAIDITCH DE SOUZA MARIANA SCHNEIDER MARINA LEVENTAL (USA) MARINA NISSEMBLATH ROSENFELD MARINA PAKTER MARINA ZILBERKNOP MENDES MARIO PESCAROLO IOCHPE MARTINA IGOR MARTINA SCHWARCZ MACHADO MARTINA ZOUVI GERBER MATHEUS WAINBERG DE ALES MATHEUS ZILBERKNOP MENDES MAURICIO SZAPSZAY MAX NELSTEIN FIALKOW MAYA KRUTER ERIJMAN MEYR SHLOMO ZAGURY (RIO) MIRA LIBESKIND (ISRAEL) MORIAH ZAGURY (RIO) MOSHE GENDELMAN TVORECKI NATAN LEVENTAL (USA) NATAN PRESMAN NATASCHA BERGER MURACHOVSKY NICOLAS BERLIM TORRES NICOLAS VAITSES CARNOS NICOLE DIAMANTE WAJNTRAUB NICOLE MACADAR CAVALHEIRO NICOLE GIORDANI CARDON NICOLE KAPEL OFIR WLADIMIRSKY (ISRAEL) OREN SELIGMAN (ISRAEL) PAULINHO NAHARI (USA) PAULO KREITCHMANN NETO PEDRO BECKER FITERMAN (CURITIBA) PEDRO CARDON UNIKOVSKI PEDRO L. ZOUVI PEDRO TURIK FIRMINO PEDRO W. SCHANZER DE OLIVEIRA PEDRO WLADIMIRSKI CIRIACO PIERRE COPSTEIN PIETRO SIBEMBERG COSO RACHEL SPECHT ZILBERKNOP RAFAEL AMIEL CHARCHAIT (BRASÍLIA) RAFAEL CZYZ RAFAEL DALL'AGNAL RODRIGUES RAFAEL FARIA GIGUER RAFAEL FONSECA GORELIK RAFAEL GALEGO GHIDALEVICH RAFAEL H. WEINSTEIN RAFAEL HOROVITZ VIEIRA RAFAEL L. ZOUVI RAFAEL PRESMAN RAFAEL SALTZ GENSAS RAFAEL SPUMBERG SEUS RAFAEL TOBIAS COHEN TVORECKI RAFAELA BRODACZ DE VASCONCELLOS RAFAELA COIFMAN GROSS RAFAELA FISCHER FRIEDMAN RAFAELA WAINSTEIN RAFAELLA G. MÜLLER RAISSA TURIK FIRMINO RAPHAEL ZILBERKNOP MENDES REBECA AMIEL CHARCHAIT (BRASÍLIA) REBECA ISCOVICH RENATA AXELRUD RENATA H. WEINSTEIN RENATA POCZTARUK RENATA TERUCHKIN DA COSTA RENATO AMIEL CHARCHAIT (BRASÍLIA) RICARDO H. WEINSTEIN RICARDO OLIVEIRA DORFMAN RICARDO PESCAROLO IOCHPE ROBERTA LEISTNER SEGAL ROBERTA P. IOCHPE ROBERTO AXELRUD ROBERTO MALTZ RASKIN ROBERTO SALTZ ROSENFELD RODRIGO FRIDMAN RODRIGO LERRER TERNER RODRIGO PRIKLADNICKI RODRIGO RAPAPORT RODRIGO ROSOLEN KIJNER RODRIGO SALTZ ROSENFELD ROGER ROZENFELD OLCHIK ROMY POCZTARUK RON KOHEN (ISRAEL) RONI COHEN RONI MALTZ BIN SABRINA NADOLNY LEVIN SABRINA S. BARKAN SALO JOVEGELEVICIUS SAMANTA NAHARI (USA) SAMI MALTZ BIN SAMUEL FAJER FERNANDES (SEVILHA) SARAH SHARGORODSKY TERNER SHACHAR HALEVY (ISRAEL) SHAJAR KOHEN (ISRAEL) SOFIA WAINSTEIN SOPHIA COIFMAN GROSS STEPHANIE KESSLER GERCHMANN SUZANA OLIVEN TAL KOSMAN TAMARA OLIVEN TATIANA S. ZAGO TESS SZAPSZAY THEO HALPERN FAERTES THEO HUROVICH THÉO ISDRA SNIADOWER THIAGO KREUTZ GROSSMAN THIAGO SCHUCH ZILBERKNOP URIEL IUGT VICENTE WENZEL BRODACZ VICENZO DAYRELL BERGER VINICIUS ISDRA SNIADOWER VITOR OSTERMAN GROSSMAN YAFA LECHTMAN YONI TURKIENICZ ZVI BLUM (ISRAEL) Patrocinadores A comunidade judaica deixou fortes marcas no bairro Bom Fim. Essa influência traduziu-se numa forte rede de instituições sociais, culturais, religiosas, assim como escolas, organizações voluntárias, movimentos juvenis, etc, num estreito e profícuo convívio com a comunidade ampla do bairro. O depoimento de Ester Golandinski nos conta como foi essa influência. Falar sobre o Bom Fim é fazer um passeio pela memória e observar o que permaneceu, o que se modificou, o que desapareceu. No Bom Fim judaico, permaneceram algumas instituições e alguns estabelecimentos comerciais. Mas mesmo estes sofreram modificações através dos tempos. As sinagogas de hoje, embora permaneçam nos lugares originais, tiveram seus prédios modernizados, ampliados. A Hebraica-RS Ester Golandinski Bom Fim: ontem e hoje O Círculo Social Israelita, além de se transferir dos altos do cinema Baltimore, sua antiga sede, para seu atual prédio moderno, mudou seu nome. No clube dos altos do Baltimore, realizavam-se memoráveis bailes, iniciavam-se namoros, festejavam-se casamentos, pulava-se carnaval, enfim, pulsava a vida social comunitária. Os movimentos juvenis: Dror, Betar, Hashomer Hatzair, várias vezes, mudaram de sede, mas sempre permaneceram no bairro. Havia grande vibração sionista e realizavam-se messibot, festas anuais, com apresentações de teatro, danças, corais, sempre com grande público presente. Hoje, no bairro, permanecem Betar e Habonim Dror. Quanto a atividades econômicas, as fábricas de móveis, as alfaiatarias, os armazéns, as colchoarias, as fiambrerias, etc, desapareceram. Mas o armarinho Ao Crochet permanece como era originalmente. A Ferragem Igor, os Móveis Farroupilha, a Drogamaster, a Casa Salomão se modernizaram, permanecendo com as novas g e r a ç õ e s d a s famílias. O Armazém Internacional desapareceu, dando lugar à s o r v e t e r i a Loja Ao Crochet C r o n k s, c o m nova administração. É preciso assinalar que, em Rosh Hashaná e Y o m K i p u r, todos os estab e l e c i m e n t o s p e r m a n e c i a m fechados. Havia, t a m b é m, u m relacionamento c o m o s estabelecimentos não judaicos do bairro. O cinema Baltimore era o das matinés de domingo e, também, onde se realizavam grandes conferências na época da constituição do futuro Estado de Israel. Onde hoje é o Zaffari era a padaria Zoratto. Lá, além de comprar pão, quando havia um casamento, levavam-se as aves para assar no forno. É interessante citar o fato de que, no Pessach, a padaria tinha prejuízo, pois diminuía significativamente o consumo. A leiteria do Nogueira, na Henrique Dias, era onde as Damas de Caridade compravam leite para os necessitados da comunidade e pagavam mensalmente, mediante as anotações no caderno do leiteiro. Hoje, grande parte da comunidade não mora mais no bairro. Mesmo o Colégio Ídiche saiu da Osvaldo Aranha, cresceu, modernizou-se, mudou de nome. As velhas casas de portas abertas se transformaram em edifícios gradeados. As ruas, com suas cadeiras na frente das casas, onde as pessoas sentavam nos fins de tarde para conversar, e as crianças brincavam até a hora de entrar, são lugares de passagem para automóveis e pedestres apressados. E o próprio perfil da comunidade mudou de uma geração de sapateiros, alfaiates, clienteltchics, vidraceiros, donas de casa para uma geração de profissionais liberais. Muito mais se poderia falar sobre o Bom Fim, mas para os que vivenciaram a vida do bairro fica aberta uma janela para a m e m ó r i a. E, para os que não a vivenciaram, fica aberta uma p o r t a p a r a novas descobertas. Foto: Acervo ICJMC Cinema Baltimore Leiteria do Nogueira Foto: Acervo ICJMC JULIETA PRAWER JUSSARA GRIMBLAT KARINA RABINOVICH KARINA SCHAFRAN VOLQUIND LAÍS KNIJNIK LAURA VARGA LEVY LAUREN COIFMAN GROSS LÉA RUSSOVSKY MACIEL LÉA SCHWARTZ LÉIA WAISMANN LEILA SIGAL SUSLIK LENA S. KEISERMAN LEONOR SCHWARTZMANN LIANA CENTENO CARDOSO ZOUVI LÍDIA ROITMAN CARDON LINA HAUZMAN LIZETE GLOCK LÚBIA SCLIAR ZILBERKNOP LÚCIA CRESPO RIBEIRO MOREIRA LÚCIA M. RUBINSTEIN LUCIANA BORENSTEIN LUIZA BILESKI LUIZA FAINGLUZ LUIZA COPSTEIN WALDEMAR MALVINA BERESNIACK MALVINA DORFMAN MALVINA SOIBELMAN MÁRCIA SIGAL MARGARETH CHWARTZMANN MARGARIDA ARENZON MARIA CRISTINA FARIA GIGUER MARIA CRISTINA C. JOVEGELEVICIUS MARIA MADALENA MARTINS KESSLER GERCHMANN MARIA N. FOLBERG MARIA HELENA FINKEL MARIA HELENA LERRER MARIA KUPERSTEIN MARIA RICACHINEVSKI MARIA SCHWARTZMAN MARIA SOFIA BACALTCHUK MARIE ANNE MACADAR MARILI BERG MARILI SCLIAR BUCHALTER MARISA SIGAL MARIZA TERUCHKIN MARLENE KAPEL MARTA FITERMAN MARTA NEMETZ MARTA R. H. GLASER MARYSE MATTATIA WOFCHUK MATILDE GROISMAN GUS MENITA SIBEMBERG BONDAR MERCEDES BOLOGNESE MICHELLE ROCHICHNER STEIN MINA ALCALAY MINA LAPTCHIK MIRA KUPPER (CURITIBA) MIRIAM LEVIN MIRIAN WEISS BLIACHERIS MIRIAM LERRER TERNER MIRIAM ZELTZER FIALKOW MÔNICA HERTZ COHEN NARA B. SIROTSKY NELLY DE BERMAN NICHA BRODACZ NOÊMIA FAERMAN NOÊMIA LITVIN NOÊMIA NESTROVSKY NOÊMIA SALTZ GENSAS OVETT SIGAL SUSLIK PATRÍCIA D. CHIWIACOWSKY PATRÍCIA REGINA C. TVORECKI PATRÍCIA SANBERG PAULETE PAKTER PAULINA EIZIRIK PAULINA GLOCK PAULINA G. GORELIK PAULINA PROCIANOY PAULINA SUSLIK PAULINA Z. KNIJNIK PÉROLA MALTZ ZOUVI (PAULINA) POLA WACHSMANN SCHANZER RACHEL TAMAR GURSKY RAIA KNIJNIK RACHEL KIRJNER RAQUEL B. MELAMED RAQUEL CARDON RAQUEL SUSLIK (RUTH) RAQUEL TOBA SPRITZER REBECA SAUTE REGINA BLIACHERIS REGINA BUCHATSKY REGINA ESTER L. CHANIN REGINA LIBESKIND REGINA LITVIN REJANE BEATRIZ KASPER GLASSER REJANE RATINECAS RENATA FISCHER RENÉE RUBIN RENÉE STEIN RITA SIMINOVICH ROSA IOLOVICH ROSA LEWKOWICZ ROSA SPUNBERG ROSA WAGNER ROSA WLADIMIRSKY ROSALI PIPKIN ROSANA ENGELMAN ROSANE BORENSTEIN ROSANE PAKTER RASKIN ROSANNE PLATCHECK ROSINHA MALTCHIK MEYER ROSINHA SAPOZNIK RUTE MILMAN RUTH COIFMAN RUTH FRIDMAN SABINA K. KANTER SABRINA BURCK BECK SABRINA PRIKLADNICKI SANDRA AKCELRUD SANDRA LEISTNER SEGAL SARA BURSZTEJN SARA CANTERGI SARA CHAIT SARA FETER SARA FRAJNDLICH SARA SIBEMBERG STOLNIK SARA WAINSTEIN SARAH N. GERBER SARINA ZOUVI SARINHA S. HENKIN SARITA BENSIMON SARITA CANTERGI SARITA GUERCHMAN SARITA ISCOVITZ SHEILA LÉA HELER MEDEIROS SHEILA MALTZ SHEILA S. WAGNER SÍLVIA BLUM TARTAKOWSKY SÍLVIA CANTERGI DE CANTERGI SÍLVIA HALPERN SÍLVIA LILIANA SCHAFRAN SÍLVIA GENSAS SPIELMANN SIMONE ROBIM LEVEMFOUS SOFIA MILMAN SAUTE SÔNIA DVOSKIN SÔNIA FRIDMAN SÔNIA K. DRANOFF SONIA L. REICHERT ROVINSKI SÔNIA UNIKOVSKI TERUCHKIN SOPHIA NEMETZ MALTZ SOPHIE ISDRA SUZANA S. MELZER SUZANNE REBOH SUZETTE LEVY NUNES TEIXEIRA SUZETE S. ZYLBERSZTEJN TALY WERNICK TÂNIA DE LEON TÂNIA STEREN BARQUI TÂNIA WAIS TÂNIA K. WLADIMIRSKY TANISE ROITMAN CARDON TANISE S. RODRIGUES TATIANA CARDON TERESA CARDON TEREZINHA SANDLER THELMA SNE-OR SILVERSTON TILZA SIGAL SUSLIK VÂNIA CHATKIN VERA ROWE MILMAN VERA SCHWARCZ VIVIAN FISCHER VIVIAN SUSLIK ZYLBERSZTEJN YARA KNIJNIK YEDA CARNOS ZELDA PRIKLADNICKI ZELDI OLIVEN ZORAIA C. W. MARTINS ZULAMAR PIPKIN Influência da comunidade judaica

5 Patrocinadores Crie laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras, e desfaça os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida, mas, infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser. Nó aperta, laço enfeita... Simples assim. ADÉLIA ROITHMANN ADELINA NAIDITCH ADRIANA DA SILVA RIBEIRO AIDA STEREN ALESSANDRA JOVEGELEVICIUS ALESSANDRA SHARGORODSKY TERNER ANA BEATRIZ COPSTEIN WALDEMAR ANA GOLDSTEIN ANA MARIA PASCAROLO IOCHPE ANA OLCHIK ANA TRACHTENBERG ANABELA LOIFERMAN ANDREA WURZEL ANDRESSA B. SILVA FITERMAN (CURITIBA) ANGELA STEIN ANNA GROSSMANN ANNA ZAMEL ANNITA SOIBELMAN ANNITA WOLF AUGUSTA COROGODSKY AUGUSTA KELBERT ÁUREA NUDELMAN BEATRIZ CHWARTZMANN BEATRIZ FISCHMAN OSÓRIO BEATRIZ NEUMAN BEATRIZ SAUTE GLOCK BEATRIZ PAPICH KROST BEATRIZ STRAZAS BEATRIZ ZIMMERMANN BEKY MORON DE MACADAR BELA IGOR BELA LITVIN BELA TEITELBAUM BELA FANI G. TVORECKY BELINHA DUBIN BELINHA NUDELMAN BERTA ROSA JOVEGELEVICIUS BERTA SALTZ BERTHA FAJER BETI BACALTCHUCK BETTY RUTH WINDMUELLER BETTY ZAMEL KATZ BRIGIDA GURSKI CATIA HELENA ROSA CECI LEWIN ZILBERKNOP (PELOTAS) CECÍLIA SUKIENNIK CEIRA LAKS CELI MALTZ RASKIN CÉLIA BERGER CÉLIA BROCHMAN CÉLIA KRAVETZ CÉRES MALTZ BIN CLARA ASPIS CLARA GUELFAND CLARA RABIN CLARA S. MALTZ CLARICE A. CHARCHAIT (BRASILIA) CLARICE K. GUS CLARITA NURKIN CLAUDETE GARBARSKI CLESSY BURSZTEJN CRISTIANE MENNA CZYZ CRISTINA D. RODRIGUES DAISY SUSLIK POGORELSKY DANIELA MOLD DÉBORA GENSAS MESTER DEBORA PRESMAN DELEUSE RUSSI DE AZEVEDO DIVA R. KORNFELD DORA BERGER DORA CARDONI DORA GUDIS HENKIN DORA PLATCHECK DORA ROZMAN DORA TABASNIK DORINHA B. PILTCHER DORINHA RASKIN DORINHA STIFELMAN EDA WAINSTEIN EDZIA STORCH ELAINE RODRIGUES ELIANE KASSOW MASTRONARDI ELIANE KIVESS ELKA KREITCHMAN ELOIR ZYLBERSZTEJN ENA RASKIN ENEIDA DIAMANTE ENI GALBINSKY ESTELA LEDERMAN SPRITZER (RIO) ESTELA WAINBERG ESTER BERENICE VEISSID ESTER CARDON ESTER GOLANDINSKI ESTER K. ENGELMAN ESTER UNIKOVSKI ESTHER GUELFAND ESTHER HANDLER EUGÊNIA BERLIM EVA ESMERALDA BECKER EVA PIPKIN EVA SUKSTER FANI JAWETZ FANI MESTER FANI RATINECAS FANI SALTZ ROSENFELD FANY EVA SELIGMAN FANY KLEIMAN FANY S. CHWARTZMANN FANNY CHMELNITSKY FANNY ROSEMBERG FANNY DVOSKIN ZAMEL FELA HALPERN FERNANDA AZAMBUJA FERNANDA C. UNIKOVSKY FERNANDA SIBEMBERG SPUNBERG FERNANDA STZILER FLÁVIA ASPESI SALTZ FLORA AMIEL (SANTA MARIA) FLORA ZELTZER FLORA SHERMAN FRIDA ENK KAUFMAN GABIELLE DA CUNHA TEVAH GENY TURKIENICZ GENY SIBEMBERG GESSY AMIEL FISCHMAN GILDA L. NEMETZ GLACI FAINGLUS GLADIR O. CONCEIÇÃO GUITA SILBERFARB HELENA B. G. ROSENFELD HELENA FRIEDRICH HELENA KEISERMAN HELENA RUBIN HELENITA SCALETSKI HENIE O. NUDELMAN HILDA PECHANSKY IDA C. GUS IDA ROCHICHNER IDA S. FRIDMAN IEDA GUTFREIND IEDA NUDELMAN INÊS GLOCK INÊS GOLBSPAN IONE GALBINSKY ISABEL SCHWARTZMANN IVONE HERZ JACQUELINE SPUMBERG JANE BEATRIZ CANTERGI GHIDALEVICH JANE WULFF ALTSCHIELER JANETA G. ZILBERMAN JANETE CANTERGI JANETE F. A. CORTEZ (URUGUAIANA) JANICE CHMELNITSKY JOCELI MARLI KUPPER TERNER JOICE NHUCH JUDITH SCLIAR Jarbas Milititsky Instituições do Bom Fim Como se fosse um grande shtetl, a comunidade judaica se organizou em uma infinidade de instituições que contribuem para a ativa vida cultural, social e educacional. O presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul deu um depoimento sobre a entidade. Paralelamente à imigração agrícola para as colônias de Phillipson e Quatro Irmãos, organizada e patrocinada pela ICA a partir de 1904, começou, na década de 20, uma imigração para Porto Alegre de rapazes solteiros vindos da URSS e da Polônia, países onde o antissemitismo e a miséria eram cada vez mais intensos. Seus objetivos eram trabalhar, amealhar recursos e mandar buscar familiares que tinham ficado na Europa. Esses jovens eram artesãos, alfaiates, sapateiros, marceneiros. Alguns não tinham profissão definida e dedicaramse ao comércio ambulante. Eram os clienteltshic, mascates, que ofereceriam, de casa em casa, suas mercadorias, como roupas, gravatas, rendas, meias, botões e miudezas em geral. Numa primeira fase, carregavam suas mercadorias no próprio corpo. Mais tarde, numa maleta ou carroça e, após algum tempo, abriam sua "lojinha". Vendiam a prazo, sem carnês. Apontavam as dívidas num cartão. A base era a confiança mútua. Começaram produzindo em pequenas oficinas, dentro das próprias residências, chegando a construir indústrias de confecções e de móveis. O bairro do Bom Fim, nos anos 30 e 40, tornou-se um verdadeiro shtetl, uma aldeia da Europa Oriental em terras gaúchas. Predominavam as casinhas de porta e janela sempre abertas. Nas noites de verão, colocavamse cadeiras na calçada. Os vizinhos ficavam conversando e as crianças brincando. Aos poucos, foram sendo criadas as entidades judaicas, como sinagogas, clubes, o Colégio Israelita, instituições beneficentes, que serviam para congregar e auxiliar a comunidade no Rio Grande do Sul. Era também o polo cultural da comunidade com o seu Teatro Idishe, bandas de música klezmer, jornais comunitários e, algum tempo depois, o programa de rádio Hora Israelita. Com o aparecimento das entidades, a constituição de um órgão integrador foi inevitável. É nesse momento que surge a necessidade de fundar a Federação das Sociedades Israelitas Brasileiras do Rio Grande do Sul, atual Federação Israelita. Neste contexto, no dia 05 de abril de 1961, é fundada a Federação das Sociedades Israelitas Brasileiras do Rio Grande do Sul. Desde o início, o objetivo era representar e integrar a comunidade judaica do Rio Grande do Sul, estimulando o espírito de união. A comunidade gaúcha é contemplada, então, com a instituição que irá reunir as suas entidades judaicas e exercer a sua representatividade. Os protagonistas das décadas de 60 e 70 são unânimes em reconhecer que aqueles foram tempos de incrível efervescência política, cultural e social. Inicialmente, a Federação congregava as entidades Organização Sionista Unificada, Magbit, Keren Kaiemet Leisrael, Federação Israelita do Rio Grande do Sul Poalei Tzion Histadrut, Na amat Pioneiras, Wizo, Sionistas Revisionistas, Ala Feminina Revisionista, Sionistas Gerais, Damas de Caridade, Centro Israelita de Porto Alegre, Leisper Casse, Chevra Kadisha, União Israelita Porto-Alegrense, Centro Hebraico Rio-Grandense, Sibra, Círculo Social Israelita, Linat Hatsedek, Sociedade Israelita Maurício Cardoso, Ginásio Israelita Brasileiro, Damas Sefaradi, Grêmio Esportivo Israelita, Amigos da Universidade de Jerusalém, B nai Brith, Clube de Cultura, Lar dos Velhos, Club Campestre, Ichud Hanoar, Hashomer Hatzair, Betar, Poalei Tzion e Credipal. Atualmente, a Federação tem 35 entidades filiadas. Nos primeiros anos de sua fundação, a Federação Israelita não possuía sede própria. Funcionava, inicialmente, numa sala do Colégio Rui Barbosa, na Av. Osvaldo Aranha. A partir de 1975, passou a utilizar uma sala no terceiro andar do Círculo Social Israelita, atual Hebraica. Era o momento de mostrar aos gaúchos o multiculturalismo judaico e de contribuir com a sociedade que o acolheu. Em 1977, a Federação das Sociedades Israelitas Brasileiras do Estado do Rio Grande do Sul, estatutariamente, muda o seu nome para Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS). O sonho de se construir uma sede própria para a Federação Israelita tornou-se realidade no dia 09 de maio de 1994, quando foi inaugurado o seu prédio. Localizado na Rua Gen. João Telles, a construção é composta por cinco pavimentos e abriga as seguintes entidades: Sinagoga da Associação Israelita Maurício Cardoso, Museu Judaico de Porto Alegre/Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, Na amat Pioneiras, Fundação Kadima, Fundo Comunitário, Wizo, B nai B rith e Ecibras. A conquista do terreno, onde era situado o Polish Fairbandt, foi concretizada ainda no final dos anos 70, quando foi apresentado um projeto de doação pelo Município. Nestes 50 anos de atividades ininterruptas, a comunidade judaica mudou e evoluiu junto com a sociedade gaúcha. A visão dos anos passados, de se voltar para dentro da comunidade para fortalecer seus vínculos, deu lugar à visão de maior inserção na comunidade maior, sem perder seus valores e sua identidade. São desafios da atual Federação: o permanente incentivo na disseminação para a sociedade gaúcha dos valores éticos, princípio de solidariedade, costumes e tradições, religião e contribuição judaica nas diferentes áreas para a humanidade, a defesa da pluralidade e respeito às diferenças, a promoção de aproximação de Israel com o estado do Rio Grande do Sul, contribuindo para nosso desenvolvimento e a defesa do princípio de existência do Estado de Israel, em paz e harmonia com seus vizinhos. Instituições INSTITUIÇÕES E ENTIDADES JUDAICAS Residíamos em Cruz Alta, meus pais, minha irmã Riva e eu. Em 1935, nossa família chegou a Porto Alegre e, inicialmente, moramos na Avenida Cauduro, no Bom Fim, perto de onde hoje é a Escola Anne Frank. Embora com seis anos, fui aceito como aluno do Colégio Israelita, assim como minha irmã Riva. O Colégio Israelita Brasileiro foi fundado na Sinagoga da União Israelita, deu continuidade na Sinagoga do Centro Israelita e, em sede própria, na Av. Osvaldo Aranha, 1006, para após mudarse para onde está instalado, na Av. Protásio Alves, 943. O Colégio Israelita Brasileiro, que ficava perto de onde morávamos, era uma boa escola, além de judaica, qualidades que continuaram. No início, tínhamos aulas no Centro Israelita e, depois, na Avenida Osvaldo Aranha. Eu só cursei lá o 1º ano primário, período em que fui alfabetizado em português e hebraico. Tive excelentes professores. Fui alfabetizado em português pela professora Sara Slavutzky e em hebraico pelo Moré Zitman, o que me ajudou a ler, falar e escrever em ídiche. Por necessidade, para empreender n o c o m é r c i o, n o s mudamos para a Rua 24 de Outubro, onde meus pais fundaram a l o j a C h i c, q u e perdurou, por muitos anos, com sucesso. Boletim escolar de Israel Lapchik Naquela Foto: Acervo Ethel Castan época, o transporte entre bairros não era fácil e, por isso, a continuidade nos estudos foi na Escola Daltro Filho, ginásio e c i e n t í f i c o n o Instituto Porto Alegre (IPA), depois a Faculdade Lembrança: primário da ex-aluna Marili S. Buchalter de Odontologia. Não tenho dúvida de que os primeiros passos na educação no Colégio Israelita foram fundamentais na adolescência e juventude. Vinha ao Bom Fim rever os amigos do colégio, jogávamos pingue-pongue na parte superior do Centro Israelita. Minha cerimônia de Bar Mitzvá foi na Sinagoga da Associação Israelita Brasileira Mauricio Cardoso, na Rua Gen. João Telles, período em que lia jornais em ídiche, com notícias da guerra na Europa. Participava de encontros culturais e bailes no Círculo Social Israelita (era sobre o cinema Baltimore, onde conheci minha esposa). Lá aconteciam também atividades de apoio ao renascimento do Estado de Israel, com palestrantes também em ídiche, onde eu participava com forte emoção. Já adulto, casado com Mina Soibelmann, três filhos pequenos (Mário Breno, Regina Esther e Milton), passei a exercer atividades comunitárias em várias entidades. O Colégio Israelita Brasileiro, cujo boletim guardo desde 1935, como documento muito importante, prestou e vem prestando excelentes serviços, merecendo o reconhecimento e o apoio de todos Escolas Israel Lapchik Colégio Israelita Brasileiro A primeira leva de imigrantes judeus que se instalou no Bom Fim tinha bastante clara a necessidade de integrar-se à cidade. Era preciso ser, ao mesmo tempo, judeu entre judeus e cidadão comum no corpo social, situação por vezes muito difícil de manter sem perda de valores, de identidade. A preocupação com a cultura, com a educação dos filhos, gerou a aparecimento de vários cheder, grupos de estudo. O primeiro deles, na Sinagoga União Israelita, seria o germe da Escola de Educação e Cultura, o futuro Colégio Israelita Brasileiro. A Sociedade Mantenedora da escola israelita de nível primário que se originara do cheder da União foi fundada em 04 de junho de 1922, e seus estatutos passaram a vigorar em novembro. As aulas começaram com 70 alunos e dois professores que dividiam entre si o ensino leigo e de hebraico, o professor Vecksler e a professora Teitelbaum que, vindos de Israel, dominavam bem o ídiche e o hebraico e conheciam um pouco da atividade pedagógica. Em 1938, o colégio passou a funcionar nas salas da Sinagoga do Centro Israelita e, em 1942, instalou-se em sua primeira sede na Avenida Osvaldo Aranha, 1006, com o nome de Sociedade de Educação e Cultura. Em 1958, transferiu-se para a sede atual, na Avenida Protásio Alves, onde está até hoje, primeiro com o nome de Ginásio Israelita Brasileiro e, posteriormente, como Colégio Israelita Brasileiro, quando foram iniciados os cursos de ensino médio. No final da década de quarenta, criaram-se vagas para o curso ginasial, que antes não existia. Em consequência disso, a Escola passou de 156 alunos em 1945 para 254 alunos em 1947, o que ocasionou a construção de ambientes maiores e um ginásio para atender a esse público. Ao longo dos anos, o Colégio Israelita Brasileiro conseguiu criar um projeto pedagógico que atende tanto às pessoas de origem judaica quanto a outros públicos. O Israelita acredita em um conjunto significativo de valores, resultado de um judaísmo ativo, repleto de conhecimento, força de grupo e ideais. A cultura, no sentido amplo da palavra, é o centro do seu projeto educativo. Os alunos são incentivados a buscar, na literatura, ciência, formas de expressão corporal e artes, seus próprios espaços de realização pessoal e autossuperação. O Colégio é, sem dúvida, o elo central da comunidade judaica sul-rio-grandense. Um colégio moderno, dotado dos mais diversos recursos que a tecnologia oferece, como laboratórios de informática e a Ir Ktaná, a pequena cidade do Israelita. Ao completar seus 90 anos de atividades ininterruptas, oferecendo uma educação de ponta aos seus alunos, Na amat Pioneiras parabeniza a escola por todo o sucesso que tem alcançado na área pedagógica. o.s.: /07/ NA AMAT - REVISTA PIONEIRAS - MIOLO PB 2 - FRENTE

6 o.s.: /07/ NA AMAT - REVISTA PIONEIRAS - MIOLO PB 2 - VERSO Escolas 08 Lúbia Scliar Zilberknop Instituto de Educação A educação escolar também se faz presente no Bom Fim. O Colégio Israelita Brasileiro, que completa 90 anos em 2012, iniciou suas atividades no Bom Fim, e depois se mudou para o Petrópolis, mas várias escolas estão presentes no bairro: Instituto de Educação Gen. Flores da Cunha, Colégio Militar, Escola Estadual Anne Frank. Lúbia Scliar Zilberknop nos apresenta seu depoimento como ex-aluna do Instituto de Educação e Israel Lapchik, ex-aluno do Colégio Israelita, nos relata suas lembranças nessa escola. Juntas cantemos a nossa marcha triunfal, Eia! Marchemos a escalada do ideal! Vibra nossa alma de entusiasmo juvenil, Pela glória do Instituto, pela glória do Instituto. E a grandeza do Brasil! Esse era o início do hino da minha escola querida, o Instituto de Educação, que eu frequentei durante 15 anos, do Jardim da Infância até o término da Escola Normal. Naquela época, a maioria das escolas públicas oferecia um ensino de excelência no nosso Estado, e o Instituto de Educação, juntamente com o Colégio Júlio de Castilhos, eram os estabelecimentos mais reconhecidos no que respeita à qualidade do seu corpo docente e ao preparo dos seus alunos. Havia, nesse tempo, o exame de admissão, uma espécie de vestibular, que dificultava bastante o ingresso no ginásio. Instituto de Educação Gen. Flores da Cunha O Instituto de Educação foi construído no Parque Farroupilha (ou Redenção, como queiram) e possui uma arquitetura belíssima, com uma escadaria na entrada e diversas colunas em estilo grego. O saguão da entrada era imponente, com escadarias de mármore e três magníficos e enormes quadros pintados a óleo. Passaram por ele gerações e gerações de pessoas influentes em nossa cidade e, dentre as diretoras que estiveram à testa da escola, eu gostaria de citar uma: Florinda Tubino Sampaio, que foi Formatura de Lúbia Scliar Zilberknop no Curso Normal em 1956 nossa diretora quando eu era ainda muito pequena, e que hoje é nome de uma escola. Infelizmente, depois que a D. Florinda deixou a direção do Instituto, eu nunca tive o privilégio de ser sua aluna, mas o seu conhecimento como professora de História era por todos elogiado. Gostaria de também render a minha homenagem à minha alfabetizadora, Profa. Jacy Jobim, uma pessoa fantástica que, enquanto outros professores ainda ensinavam "b + a = ba", já utilizava, em 1945, o moderníssimo (na época) método de contos, com a cartilha da Lili. E, já no ginásio, havia também, além das magistrais aulas de matemática da D. Sophia Azevedo e de francês da Mme. Vinholles, a Hora da Pátria, quando todas as alunas, juntamente com os cadetes da Escola Preparatória de Porto Alegre (agora ocupada pelo Colégio Militar), iam cantar, no dia 07 de setembro, num campo de futebol, onde hoje se localiza o Cemitério João XXIII. Posso dizer que o Instituto de Educação me deu régua e compasso para a vida e me deixou muita saudade. Não recuar, sempre avante pra vencer! O Instituto quer a Pátria engrandecer Este Brasil a quem tanto prometemos Que há de sempre se orgulhar De ver longe, aqui no Sul, O I.E. a rebrilhar! ABRAHÃO SUSLIK ABRAHAM GUELFAND HENRIQUE ROCHICHNER ROSA ARENZON SAUTE SARA ARENZON ALEXANDRE SZAPIRO OLGA SZAPIRO MIRIAM SZAPIRO AMÁLIA HOCSMAN AMÁLIA K. GRIMBERG ANDRE RIOGRANDINO FISCHER MIRIAM FISCHER MARGOT STRUMPF MADALENA FISCHER ANNA SPUMBERG ANÔNIMO ARIEL LERRER TERNER ARON ENK FLORA ENK BELA ENGELMAN BELA LICHTENSTEIN BERKO KAUFMAN CHANA KAUFMAN BERNARDO CARNOS SOPHIA W. CARNOS BERNARDO PAKTER GENY PAKTER BERNARDO FIALKOW BERTA FITERMAN COLMAN BERTA MARON BERTA RUSSOWSKY SOIBELMAN BERTA SIMINOVICH BERTA TAMPOLSKY LERMANN BORIS ZILBERMAN MALVINA G. ZILBERMAN REISE Z. GUDIS CARLOS KNIJNIK SARA KNIJNIK CAMILA BANON CARMEM DORA COPSTEIN CARMEM SILVEIRA NETO FARIA CECÍLIA DAVIDSON KUMPINSKY CECÍLIA LICHTENSTEIN CECÍLIA SLAVUTZQUE CIPRA BORESTEIN CLARA BLIACHERIS CLARA FERMAN CLARA MILSTEIN CLARA NAGELSTEIN CLARA SAFRO CLARA KOR WOLFUCK DAVID JOSEPH KAPEL DAVID LITVIN DAVID TEITELBAUM ELFRIDES TEITELBAUM SOLON TEITELBAUM DORA WOLFF (RG) DOREL GRUNBERG Em memória das pessoas queridas que nos deixaram. DR. ABRAÃO SUKIENNIK DR. JACOB KIRJNER DR. JAIME COPSTEIN DR. JOSÉ GLOCK DR. JULIO GLOCK DUNHE ZIMMERMANN ELIAS AMIEL (SANTA MARIA) EMILIE FLEISCHER ESTER CHMELNITSKY ESTHER TORICACHVILI EVA GOLBERT FANNY GUS FANY UNIKOWSKY FELIPE LIPA M. HAUZMANN GEIVA SANDLER GUILHERMINA SANBER GUITA FEDERMANN (CURITIBA) HANNA WULFF VARGA HENRIQUE ACHTENBERG REBECA ACHTENBERG HENRIQUE COROGODSKY CHEIVA COROGODSKY HERSZ WOLF FRIDMAN MINDLA FRIDMAN FRANCISCO FRIDMAN IDA CANTERGI ISAAC AINHORN ISAAC SAUTE IDA SAUTE ISAAC NELSTEIN LIZA NELSTEIN ISAAC NUDELMAN ISAAC RUBIN ISRAEL MALTZ (POLACO) ISRAEL PLATCHECK ISRAEL PIPKIN ISAAC PIPKIN JOSÉ PIPKIN ISSAK GOLANDINSKY OLGA GOLANDINSKI JACOB BERESNIACK JACOB CARDON LUIZA CARDON JACOB ENGELMAN CLARA ENGELMAN JACOB KATZ JACHETA (JANETE) KATZ SARA KATZ JAIME JOVEGELEVICIUS JAIME ZELTZER RAQUEL I. ZELTZER JAIRO ENK JOSÉ ENK JAYME HOCHBERG MARIA HOCHBERG JAYME SALTZ ÉLIO ROSENFELFD JENI CARANGACHE JONAS WOLF JOSÉ ANAPOLSKY IDA ANAPOLSKY JOSÉ AXELRUD JOYA AXELRUD JOSÉ DAVID KUPPER (CURITIBA) JOSÉ ROGER GLASSER JOSÉ SPUMBERG JOSÉ (PEDRO) LECHTMAN AMÁLIA MALKA LECHTMAN JOSÉ MILMAN JOSÉ LEVY CALAHORA REBECCA LEVY JOSÉ NEMETZ FANY ANA TESSLER NEMETZ JOSÉ PEREL FLORA PEREL JOELSONS JOSEF SCHAFRAN DWORA SCHAFRAN JULHIO MOLD EVA ABRAMOVICH MOLD LEA SOIBELMAN GRUTSCHKO LEÃO KNIJNIK ELIZETE KNIJNIK LUIZ FITERMAN JENY FITERMAN LUISA CATTAN MELAMED LUIZ ALBERTO RABENO COHEN LUIZA BLIACHERIS SZUCHMAN MALVINA PITERMAN MARA SCHWARTZMAN MARCOS NURKIN MARCOS RABIN MARIA SIMINOVICH MAURICIO FISCHMANN MARIA B. FISCHMANN MAURICIO PIPKIN FRIDA PIPKIN MAURICIO SUSLIK SUELY SUSLIK SVIRSKY MIKLOS ROSENFELD CLARA BERTA ROSENFELD MOISIE ZAMEL MORDCHAI CZYZ NATALIO SZUCHMAN JANETE SZUCHMAN NICOLAS SCHUL PHILIP ALBERTO SCHUL ODETE DVOSKI PAULINA CUPERSTEIN PEDRO BERLIM JOANA KASSOW BERLIM TÂNIA BERLIM PEDRO GLOCK BERTA GLOCK RACHEL MATTATIA RACHEL WAINSTEIN RAFAEL ZOUVI RAQUEL CELNIC REISLA MALTZ RUBINAS (RAUL) GENSAS MARTA BLIACHERIS GENSAS SAMUEL GENSAS ROBERTO FITERMAN ALICE COSTA FITERMAN ROSA DUBOW ROSANE SANDLER ROSITA SELIGMAN SALOMÃO JOVEGELEVICIUS SALOMÃO KAUFMAN SALOMÃO STEREN SAMUEL NEMETZ ANA NEMETZ SAMUEL SUKIENNIK SARA KATZ SARA NEIROS GROISMAN SARA VICTORS SARA SCLIAR MOACYR SCLIAR SENDER SZAPSZAY NECHUMA SZAPSZAY SIMÃO KUPERSTEIN SIMÃO SCHWARTZMAN SOFIA KRUMHOLZ STELLA WECHSLER SUSANNE SCHALL TULIA GUINSBURG OCHMAN TOBIAS GOCMAN ANA G. GOCMAN WALDEMAR CANTERJI ANITA TESSLER CANTERJI CLARITA, ABRAÃO, JOSÉ E STELLA prestam sua homenagem a seus pais ELIAS E LUIZA GALBINSKI z l Em Memória 33 Abrão Slavutzky O Schtink e o Café João Se há algo que marca o Bom Fim, não há dúvida, são os bares: Minas Gerais (mais antigo), Alaska, Serafim (conhecido como Fedor ou Schtink), João, Lancheria do Parque, Lola, Luar Luar, Marius, Copa 70, Ocidente. Dentro deles, todas as tribos possíveis: desde os comerciantes, moradores do bairro, políticos, anarquistas, punks... lugares de história e de memória, espaços de criação e de rebeldia; cenário de encontros amorosos e de discussões sobre todos os assuntos, do futebol às melhores estratégias para mudar o mundo. Abrão Slavutzky, frequentador do Serafim e do Café João, e Fiapo Barth, do bar Ocidente, nos deram seus depoimentos sobre esta tranquila convivência: O Schtink não foi só um Café, foi todo um mundo. Nele conviviam judeus, malandros e intelectuais. Uma história típica daqueles dias: um malandro oferece um relógio Omega, supervalorizado à época, para um conhecido judeu, como uma pechincha de tão barato. Conversam, discutem o preço e finalmente o judeu, feliz, faz um ótimo ghesheft. Passam umas horas, e o judeu volta brabo à procura do vendedor; ao encontrálo, vai logo gritando. Tu me vendeste um relógio que não funciona, não tem máquina, tu me roubaste! Carinha, não entendo diz lentamente o malandro O senhor sabe que um Omega custa vinte vezes o preço que me pagaste. Então, carinha, pelo preço pago, tu querias um Omega e ainda com máquina? A fama do Schtink (Fedor) era internacional. Os marinheiros que aportavam na cidade conheciam dois lugares: o Fedor e o cabaré da Mônica. Além disso, quem passasse nos domingos pela manhã na esquina da Av. Osvaldo Aranha com a Felipe Camarão, ficaria sem entender por que havia tanta gente. Eram dezenas e dezenas de judeus na rua, conversando por horas a fio. Schtink era o nome, pois o fedor era terrível, devido à existência de um banheiro estragado bem no meio do Café. Outro detalhe eram as portas que nunca fechavam, pois estavam estragadas, e o Café funcionava dia e noite. Num salão aos fundos, havia mesas de "snooker" sempre cheias. O Schtink não era só um Café, mas um mundo, e foi cenário de uma das novelas de Moacyr Scliar,"O Exército de um homem só" : Um dia Mayer Guinzburg entrou num bar do Bom Fim. Rosa, um cafezinho. Está na mão, Foto: Acervo ICJMC C a p i t ã o! g r i t o u a garçonete, escaldando a xícara. Mayer Guinzburg empalideceu. Rodeando o balcão, agarrou a mulher pelo avental. Nunca mais me chama de Capitão, está bom? Não sou Capitão. Sou uma pessoa igual a ti. No Schtink, pareciam todos iguais, mas havia líderes incontestes. Um deles era chamado de Patrão, o tio Waldemar Sandler, dono do Café João - Av. Osvaldo Aranha Foto: Acervo ICJMC Prédio do antigo Bar Serafim - Av. Osvaldo Aranha esquina Felipe Camarão primeiro carro Galaxie do Bom Fim. Quantas histórias o mundo do Schtink tem para contar! No entanto, todo esse mundo silenciou quando o Fedor foi fechado. Pelo menos, terminou de forma dramática, devido a um incêndio numa pizzaria que havia ao seu lado, ocorrido há uns quarenta anos. E naqueles tempos, felizmente, já funcionava o Café João, nome do proprietário. Interessante que ele tinha sido gerente durante onze anos do Schtink; um dia saiu e, pouco tempo depois, abriu seu negócio ainda na década de 50. Aos poucos, parte da coletividade judaica e os artistas do bairro começaram a se reunir ali. Fui com frequência ao Café João, quando era criança, comer bolo inglês ou mil folhas, e tomar o cafezinho que era posto num pires para esfriar. Passei meus primeiros vinte e quatro anos de vida entre a João Telles e a Felipe Camarão, o coração do Bom Fim. Lá estavam o Colégio Educação e Cultura, as sinagogas, a barbearia Max, o sorvete de Dona Liza, os armazéns judeus e os Movimentos Juvenis. Os mais velhos eram imigrantes que trabalhavam muito para seus filhos estudarem e serem alguma coisa na vida. Nesse mundo, se inseriam o Schtink e o Café João, onde se discutiam os temas candentes da época: guerras, o socialismo, o sionismo, o Brasil, Israel. Também se faziam muitos guesheftn e se falava de mulheres, futebol e cultura. Quem se sentia sozinho na cidade sabia que, num ou noutro café, sempre haveria gente para conversar. Como se conversava e como se discutia naquela época, quando todos tinham alguma razão! Escrevendo, fui recordando e vendo as cenas, os personagens e matando as saudades dos lugares, dos familiares e amigos. Abrão Slavutzky é psicanalista, autor, entre outros, dos livros "O dever da memória - Gheto de Varsóvia", "Quem pensas tu r u a n e u s a g o u l a r t b r i z o l a, rua vicente da fontoura, ljs poa/rs fones: / / A FAMÍLIA MATONE PARABENIZA O TRABALHO VOLUNTÁRIO E APOIA O 53º BAZAR ANUAL DA NA'AMAT PIONEIRAS Bares

7 o.s.: /07/ NA AMAT - REVISTA PIONEIRAS - MIOLO PB 3 - FRENTE T O T A L CORRETORA DE SEGUROS LTDA Giordano Bruno, 305 cj Fone: SERVIÇOS FUNERÁRIOS Plano Cremação com Funeral a partir de R$ 45,00 mensais (Familiar) TECIDOS/DECORAÇÕES/LÃS/AVIAMENTOS LOJA "AO CROCHET - Fundada por Jacob Katz, em 1935 Telas, Riscos, Bordados, Lãs, Linhas e Miudezas Agradecemos aos nossos clientes e amigos pela sua preferência. Osvaldo Aranha, Fone/Fax: TINTAS TÚMULOS MATZEIVAS em granito Novas, reformas e consertos Maurício Bliacheris A número 1 em texturas, bem mais perto de você! Saiba que comprar tinta também requer bom gosto, venha até nosso Show-Room e descubra tudo o que o Ponto Kresil tem a lhe oferecer, além dos melhores preços e melhor qualidade. Av. 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O Bom Fim respondia a nossa expectativa de diversão, frequentávamos bares e restaurantes e vimos o início da mudança que já se anunciava no bairro. A necessidade de um espaço como o nosso demonstrou-se na primeira noite. Queríamos ir devagar, não tínhamos experiência com público e decidimos abrir as portas numa segunda-feira, mas foi totalmente surpreendente. O que nos pareceu e, depois de 30 anos, ainda nos parece, é que a multidão de jovens que começou a entrar pela porta e também pelas janelas transformou as primeiras noites do Ocidente em memoráveis celebrações. O sucesso foi imediato. Superando nosso públicoalvo, que era o pessoal do teatro e das artes plásticas, recebemos também a turma da literatura e do rock. Todos queriam se Sarau de 1981 apropriar do espaço, e o palco se transformou numa espécie de tribuna pública, onde qualquer um podia, a qualquer momento, protagonizar seu número. A sede de exposição pessoal e criativa do início dos anos 80 se mostrou, desde logo, a principal atração da casa. Os velhos quinze minutos de fama eram a meta de todos. Aliado a isso, nossa localização sempre foi privilegiada e acessível, defronte ao Parque da Redenção e as palmeiras imperiais da Osvaldo Aranha. O espaço aberto, no segundo andar, permite ao público interagir direto com a paisagem através das janelas centenárias. Esta noção espacial foi muito importante para o funcionamento do bar. Nunca utilizamos o nome na fachada; mesmo assim, o Ocidente foi e continua sendo referência no bairro. Todos podem se localizar através dele. O almoço vegetariano ampliou nosso público. E quem subiu à luz do dia ao segundo andar encontrou uma nova turma de pessoas interessadas nos ideais de igualdade, paz e amor herdados dos anos 60, quando elas ainda acreditavam que o mundo pudesse ser consertado em apenas uma geração. Mudaram os ideais, mas o Bar Ocidente almoço permaneceu fiel aos princípios vegetarianos. Utilizar o espaço durante o dia deu ao Ocidente a possibilidade de integrar a comunidade. As lendas criadas nos primeiros tempos, e que até hoje nos seguem, foram cruciais para o sucesso dos anos seguintes, apesar de também terem trazido alguns problemas. Em alguns momentos, tivemos que fechar as portas, ora para nos adequarmos à legislação, ora para uma reflexão interna. E, no resto do tempo, foi-se deixando o barco correr, com muito trabalho, na tentativa de manter a dinâmica do espaço. Já trocamos de geração, e o bairro mudou mais uma vez, e o casarão que já abrigou pensionistas italianas, adolescentes judeus e uma borracharia amadureceu e quase dobrou de área. Apesar de o grupo original ter se esfacelado aos poucos, as diretrizes de tolerância ainda são uma das características da casa, ratificadas, ao longo de trinta anos, por todos os que conviveram conosco, clientes, funcionários e sócios inesquecíveis. Este ano, surpreendentemente, o Ocidente virou Patrimônio Cultural, um reconhecimento que nos deixa honrados e agradecidos. Nossa expectativa, em 1980, era de que três anos seriam suficientes para levar a cabo nossa experiência. Não imaginávamos que, depois de tanto tempo, ainda estaríamos de portas abertas. Mas, enfim, o que realmente tínhamos em mente era somente uma grande necessidade de diversão. Sarau de 2011 Bares DR. GILBERTO FRIEDMAN - Cardiologia, Medicina Interna e Intensivista Ramiro Barcelos, cj Fone: DR. JAIRO TROMBKA - Cardiologia e Medicina Interna Luciana de Abreu, 337 sl Fone: DR. JOEL SCHWARTZ - Dermatologia Mostardeiro, 5 sl Fone: DR. MOACIR RABIN - Oftalmologia Mostardeiro, 5-4 and. - cj.401 Fones: e DRA. DORA ULLMANN - Medicina Estética Tobias da Silva, 267 cj Fones: e DRA. FANY GLOCK - Clínica Geral e Geriatria Cavalhada, Fone: / e Fax: DRA. SHEILA NAIDITCH - Ginecologia e Obstetrícia Ramiro Barcelos, cj Fone: INSTITUTO KAPLAN - Oncologia Diretores: DR. GILBERTO SCHWARTSMANN DR. ALGEMIR BRUNETTO ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA, Direito civil, de família, do trabalho e empresarial DR. JAIME LÉO CARANGACHE DR. FÁBIO BERGER CARANGACHE Felipe Camarão, 751 cj Fones: / AGRONOMIA DRA. VIVIAN FISCHER Fernandes Vieira, and. - Fone: Decoração de interiores Projetos Arquitetônicos Artesanatos Artigos de decoração Móveis em madeira de demolição Arq. Caroline Egoburo Rua Felipe Camarão, 334 Loja 2 DR. PAULO FASOLO - Medicina Interna Ramiro Barcelos, 1793 cj Fones: e DR. RENATO SALTZ - Cirurgia Plástica e Estética Fone: (801) (EUA), SPA Vitória DR. ROBERTO RODRIGUES - Psiquiatria e Psicoterapia DRA. ELAINE RODRIGUES - Psicologia Icaraí, 74 - Fone: DR. MARCELO RODRIGUES - Urologia Mostardeiro, sl. 205 DR. 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10 o.s.: /07/ NA AMAT- REVISTA PIONEIRAS - MIOLO VERSO Moacyr Scliar z l Os muitos parques de Porto Alegre Sábado é dia da Feira Ecológica na Av. José Bonifácio, onde podemos adquirir frutas, verduras e outros alimentos cultivados sem agrotóxicos. Nos domingos, o brique e seus personagens tomam conta da avenida e do parque. Simples caminhantes, partidos políticos, grupos de músicos, teatro, capoeira, enfim, uma miscelânea de atrações. Ao escrever sobre Porto Alegre, Moacyr Scliar, o escritor do Bom Fim, nos deixou uma crônica sobre o brique da Redenção. A não ser para as pessoas que vão à igreja, ou para os atletas que pulam da cama para correr, caminhar ou fazer esporte, o domingo nunca começa muito cedo em Porto Alegre. Mas, quando começa, e se há sol detalhe importante, numa cidade Domingo familiar na Redenção em que não chove pouco, é um dia glorioso. E um dia basicamente familiar. A manhã é dedicada a passeios. Verdadeiras multidões acorrem aos parques da cidade. Que são vários e bonitos: a cidade é conhecida por suas áreas verdes. O mais antigo e tradicional é o Parque Farroupilha. Era antes uma região baixa, alagadiça, uma várzea, lugar onde pastavam os cavalos dos carroceiros e onde jogavam humildes times de futebol até hoje o condescendente e um pouco desdenhoso adjetivo varziano designa futebol de segunda categoria. Em 1935, por ocasião do centenário da Revolução Farroupilha, o lugar foi aterrado e construído ali um parque, que, no seu desenho, revela muito do imaginário provinciano: há uma imitação de templo budista, uma imitação de vulcão, imitações de pontes orientais... Já que estamos condenados à província, parece ser a mensagem do parque, viajemos pelo menos em imaginação. Mas a árvore petrificada que ali descobri em minha infância é autêntica. Pelas aleias do parque caminhei com meus amigos, depois com Auditório Araújo Viana minhas namoradas e com meus colegas, a caminho da Faculdade de Medicina; até hoje, o rangido do areão sob a sola dos sapatos remete-me a esse passado. E há muita coisa ali capaz de fascinar crianças e adultos também: o pequeno zoológico, o lago onde se pode andar de pedalinho e onde nadam gordas e preguiçosas carpas, as bicicletas de aluguel. Há dois outros parques, mais recentes (ambos da década de 70): o parque Moinhos de Vento, o Parcão, no lugar onde havia um hipódromo. É um lugar elegante, de classe média alta. Mais popular é o parque Marinha do Brasil, ao longo do Guaíba. Já no Jardim Botânico encontramos uma enorme coleção de árvores e plantas, distribuídas em mais de quarenta hectares. Mas há um lugar que se tornou programa preferencial do domingo: o Brique da Redenção. A José Bonifácio, que ladeia o Parque Farroupilha e é bela e antiga rua, com árvores frondosas (em alguns lugares as exuberantes raízes chegaram a levantar o asfalto), tem seu trânsito bloqueado. Ali passa a funcionar o Brique. Essa palavra, que vem do bric-à-brac, já aportuguesado como bricabraque, designa o lugar onde são vendidos velhos objetos de arte ou artesanato, móveis, roupas, bijuterias e quinquilharias várias. Ou seja, a versão porto-alegrense do Lago artificial do Parque Farroupilha Mercado das Pulgas parisiense. Versão modesta, é claro; Porto Alegre ainda não tem idade para antiguidades respeitáveis. Mas, como as coisas tornam-se rapidamente obsoletas, um gramofone já pode ser visto como coisa pré-histórica. Suspeito, porém, que os frequentadores do Brique da Redenção não estão em busca de testemunhos da História, com H maiúsculo; querem apenas coisas que recordem o passado da cidade, o seu próprio passado. Lembro da emoção que experimentei quando vi no Brique soldadinhos de chumbo e as estampas do sabonete Eucalol. E os livros antigos, e os discos de vinil, e os relógios de pêndulo... O Brique é um lugar de encontros, e até de shows musicais o que é facilitado pela proximidade do parque. Políticos vão ali para confraternizar com possíveis eleitores, e, embora adversários ocasionalmente se vejam fren-te a frente, não há bate-boca ou agressões. O domingo porto-alegrense é amável. Brique aos domingos Parque Farroupilha 17

11 o.s.: /07/ NA AMAT- REVISTA PIONEIRAS - MIOLO FRENTE Diversidade Cultural Nei Lisboa Vivendo o Bom Fim Muitos artistas tiveram ou têm no Bom Fim sua raízes: os escritores Moacyr Scliar e Cintia Moscovich, os artistas plásticos Ado Malagoli, Túlio Pinto e Élida Tessler, os atores Meme e Claudia Menegheti e Paulo César Pereio, os músicos Nei Lisboa e Renato Borghetti, entre outros. Nas décadas de 50 e 60, o Clube de Cultura (Ramiro Barcelos) apresentava peças de teatros, shows musicais (tinha um coral) e muitas conferências em português e em ídiche. Os cinemas Baltimore e Rio Branco disputavam o público em suas matinés dos domingos. Hoje, temos no bairro, entre outros, o grupo de danças israelis da Fundação Kadima, a Sociedade Italiana do Rio Grande do Sul, a Festa da Rua o os saraus do Bar Ocidente. Nei Lisboa e Élida Tessler nos contam sobre a importância do Bom Fim em suas carreiras: Já vejo casa ocupadas As portas desenhadas No vergonhoso muro da Mauá Os velhos nos cafés O Bar João em plena Kriegstrasse A saga violenta desse parque O cinza da cidade partido verde ao meio Cheiros peculiares ao receio De um bolo de concreto Repleto de chucrute e rock n roll E depois da meia-noite A fauna ensandecida do Ocidente Digitando em frente ao Metropol Berlim, Bom Fim Berlim, Bom Fim histórico, um caminho liberto do jugo de tiranias e de injustiças, e a possibilidade de forjar o próprio destino. Penso na comunidade judaica, como marca e representação maior do bairro, e também nos negros libertos e fugidos, precursores dos Campos da Redenção. Penso nas comunidades de estudantes egressos do interior, em busca de conhecimento e realização, nos que aqui bravamente resistiram à ditadura militar, e nos que aqui romperam barreiras de comportamento, arte e convivência, nos emprestando sua visão cosmopolita do mundo. E penso que o Bom Fim, ao fim e ao cabo, faz por merecer o nome e o grande carinho que todos temos por ele. Nei Lisboa Como um bairro singelo e tão pequeno, na sua geografia, alcança a posição de referência que tem o Bom Fim na vida dos porto-alegrenses? Visto em seus estritos limites atuais, sem o entorno atrativo da Redenção e da Independência, que tecnicamente não lhe pertencem, o bairro talvez não provoque maior comoção. Um visitante eventual e desinformado, que lhe desconheça a história e as peculiaridades, pode, quem sabe, passar batido, sem guardar lembrança mais significativa. É claro que o oposto também há de acontecer. É fácil imaginar que o hipotético viajante, sendo mais atento e compassivo, encante-se à primeira vista com o movimento, o colorido, a diversidade dos que por ali transitam diariamente, ou com o sossego de alguma travessa, os cafés, os jacarandás e outros tantos adereços do Bom Fim que se possam exaltar. Mas não é a isso que me refiro, e sim ao sentimento que um bairro imprime ao longo da sua história, sua marca cultural, o conteúdo afetivo na relação com os habitantes de uma cidade. Arrisco dizer, em resposta àquela pergunta lá do início, que o Bom Fim evoca em todos nós, na memória do coração da cidade, uma ideia de resistência, de ousadia, de liberdade. Uma sugestão sutil, sem a pomposidade de explícitas mitificações, mas bem presente no imaginário popular. Digo isso, pensando no Bom Fim como a sua gente, como um abrigo de migrações que ali vislumbraram, em cada instante Palmeiras Imperiais da Av. Osvaldo Aranha 18 23

12 o.s.: /07/ NA AMAT- REVISTA PIONEIRAS - CENTRAL VERSO Élida Tessler Falas inacabadas: o Bom Fim como um bom começo Nascer é começar. Nascer no Bom Fim é continuar. O nome do bairro contradiz sua vocação e nos oferece um fluxo contínuo de história, palavra por palavra. Morar aqui é assumir um estado de conversa com forma espiral. Habitar o tempo sem desabituar-se do espaço, eis a invenção. Tenho quatro importantes endereços no bairro, que são referências fortes para tudo o que tenho feito até então, considerando o fato de terem sido abrigo para todos os sonhos. De tempos em tempos, passo diante, olho através e confirmo origens: Rua Jacinto Gomes, n 73, Rua Santa Teresinha, n 37, Rua Fernandes Vieira, n 474, e novamente Rua Santa Teresinha, desta vez, n 79, uma casa de esquina. Nos dois primeiros, morei entre zero e dez anos; no terceiro, residiram meus avós maternos, desde que os conheci até o final, meus pais e agora nós, a família Tessler Sousa. É onde moramos até hoje, reunindo dois apartamentos no mesmo andar. E o último, vocês sabem, é onde teve lugar, de 1993 a 2009, o TORREÃO espaço de produção e reflexão em arte contemporânea, coordenado por mim e por Jailton Moreira. Mais do que entrecruzamentos de linhas no mapa, esse desenho produz uma pulsação constante em meus trânsitos cotidianos, dando impulso a algumas esticadas radiais, incluindo a Rua Senhor dos Passos, onde fica o Instituto de Artes da UFRGS. Ali eu frequentei a Escolinha de Arte durante a infância, graduei-me em Artes Plásticas e é onde sou professora desde Diversidade Cultural Artesanato no Brique da Redenção Parece que tenho tendência a fixar-me em pontos específicos, mas ouso dizer que, ao contrário, permanecer em um mesmo endereço permite-me saltos cada vez maiores entre mundos diferentes. De todo modo, apoio-me na noção de contiguidade: a proximidade, a vizinhança, esta condição que nos faz estar em permanente contato com o antes e com o depois de cada um de nós; é o mecanismo gerador de cada um de meus trabalhos atuais. Dentro de um projeto mais amplo que se chama Falas inacabadas, que hoje completa 19 anos, tenho um trabalho Monumento aos 100 anos da imigração judaica - André Venzon intitulado Você me dá a sua palavra?, que posso considerar como o meu próprio Bom Fim. Decidi iniciar um processo já com o intuito de nunca finalizar. Todos os dias, em meu bairro ou em muitos outros lugares que frequento, peço a palavra escrita em um prendedor de roupas de madeira. Esclareço que a palavra deve ser manuscrita na língua materna de meu interlocutor. Desta forma, entram em cadeia as relações de origem e convivência. Lado a lado, palavras são pessoas, lugares, sentimentos, testemunhos, elevados à potência do infinito em caligrafia singular. Projeto Você me dá a sua palavra? 22 19

13 o.s.: /07/ NA AMAT- REVISTA PIONEIRAS - CENTRAL FRENTE Na amat Pioneiras Eventos º Bazar Anual - I 52º Bazar Anual - II Jantar 90 Anos Na amat Visita ao Lar Mauricio Seligman Passeio Morro Borússia - Departamento Turismo Apresentação Coral Zemer no Teatro São Pedro 18º Kinus Artzi Almoço Grupo Chai Almoço Grupo Kineret Confraternização final do ano 2011 Leilão de Artes em Atlântida - Grupos Any Rerin e Koach (Wizo) Festa de Purim Curso de Culinária Feijoada Grupo Clarinha Milman Doação Grupo Clarinha Milman para penitenciária feminina de Guaíba Palestra abertura trabalhos 2012 Reunião Departamento Dor Hemshech Visita ao Lar Mauricio Seligman Doação Grupo Chai para Casa Lilás Festival Cinema Judaico Painel Departamento Cultural Painel do Departamento Cultural - Tevye, o Leiteiro, de Sholem Aleichem Abertura da Campanha Anual Arkadá de Iom Haatzmaut Seminário Cultural Jantar na sucá Grupo Coach Neurim Pizza da Primavera Grupo Morasha Doação para Damas de Caridade do Grupo Morasha Chá do Dia das Mães Grupo Sara Barkait Festa da Rua Painel do Departamento Cultural - De judeus apátridas a cidadãos brasileiros anos casamento Germano e Sarah Gerber - Grupo Sarah Barkait Encontro Dor Hemshech Confraternização dos grupos Dor Hemshech Entrega doação do 52º Bazar Confraternização Dor Hemshech Participação no Iom Mitzvah Dia Na amat 2012 Jogos Recreativos do Grupo Elisheva Kaplan 21