RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO, é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

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1 Proc.º Insolvência n.º 169/15.0 T8AMT Insolvente: PFR INVESTE SOCIEDADE DE GESTÃO URBANA, E.M., S.A Comarca do Porto Este Amarante Instância Central Secção de Comércio Juiz 3 RELATÓRIO O presente RELATÓRIO, é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos seguintes locais: Na morada fixada à insolvente, correspondente à sua sede, sita na Praça da República, número quarenta e seis, freguesia e concelho de Paços de Ferreira, correspondente ao último piso do Edifício do Câmara Municipal de Paços de Ferreira, e onde a insolvente exercia efectivamente a sua actividade; Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças e conservatórias, tendo-se requerido informações complementares ao Serviço de Finanças de Paços de Ferreira; Solicitou-se certidão fiscal comprovativa da (in) existência de dívidas fiscais, bem como da existência de bens sujeitos a registo; Pesquisas informativas no site onde foram consultados os elementos relativos à insolvente, com recurso às passwords facultadas pelo legal representante da empresa

2 Contou-se com a colaboração do Ilustre mandatário da insolvente e do Presidente do Conselho de Administração da insolvente, Dr. Joaquim Adelino Moreira de Sousa, bem como dos serviços da contabilidade da ISM Consulting, S.A.; Foram recepcionadas as reclamações de créditos apresentadas em âmbito de PER, as quais nos foram entregues pelo Sr. Dr. José Eugénio Gayoso Pinto Pais. Previamente à diligência de arrolamento e apreensão de bens foram efectuadas pesquisas matriciais, prediais e automóveis, de bens sujeitos a registo, cujo resultado confirma as informações já prestadas, no que respeita à titularidade de bens em nome da insolvente e sua identificação. Salienta-se que, aquando da diligência de arrolamento e apreensão de bens, na qual estiveram presentes o Sr. Joaquim Adelino Moreira de Sousa, em representação da insolvente, acompanhado pelo Sr. Dr. José Manuel Monteiro, foram prestadas as seguintes informações: A empresa encontra-se encerrada ou seja sem actividade económica; À data do seu encerramento, a empresa apenas tinha uma trabalhadora ao seu serviço, tendo já sido procedido ao seu despedimento por parte da signatária, e entregues todos os documentos necessários para a trabalhadora requerer o devido Subsídio de Desemprego; A empresa é proprietária de um conjunto vasto de imóveis, os quais se encontram melhor discriminados no anexo 1 ao presente relatório (auto de arrolamento e apreensão de bens); O TOC e o ROC da insolvente foram devidamente identificados, tendo sido fornecidas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social. Como acima referido, pelo legal representante da insolvente foi fornecida a identificação do TOC e ROC da insolvente e foram entregues todos os documentos contabilísticos e fiscais solicitados e fornecidas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, o que permitiu à signatária ter acesso à informação contabilística e fiscal da empresa

3 In casu, foram efectuadas as análises e verificações contabilísticas tão exaustivas quanto possível, atendendo à exiguidade do tempo disponível e à falta de elementos e documentos a que abaixo nos referiremos, sendo certo que os elementos disponiveis foram entregues e analisados com a celeridade necessária. Note-se que muitos dos documentos cuja análise se mostra necessária, foram apreendidos pela Policia Judicária, no âmbito de um processo crime em curso, sobre o qual, dado o segredo de justiça em que se encontra, nada se sabe, sendo essa análise efetuada mais tarde, depois de se apurar como consultar (não o processo) os referidos documentos. Trata-se de documentos importantes para a fase seguinte do processo, nomeadamente: contratos diversos, contratos de ajuste direto, contratos promessa de compra e venda, contratos de empreitada, contratos de direitos de superfície, escrituras, candidaturas a fundos comunitários e outros. A listagem dos documentos apreendidos, dos quais não ficou sequer fotocópia nos serviços da ora insolvente, será fornecida à signatária na próxima semana, bem como a identificação da pessoa a contatar para a sua consulta. Note-se que sendo este um processo urgente, não pode ficar em stand by à espera da consulta dos documentos em apreço, já que tal poderá demorar, e como já dito, a sua consulta releva para uma fase seguinte do processo, pelo que a informação necessária para esta fase processual, parece-nos a suficiente. De qualquer forma, dados os recursos da sentença insolvencial, ainda em apreciação, a liquidação do ativo ficará suspensa, pelo que, também por esta via, nos parece que inexiste risco na apreciação dos itens abaixo propostos. Sendo a finalidade do presente Relatório a simples apreciação do estado económico-financeiro da insolvente, tendo em vista uma apreciação de continuidade ou liquidação da empresa, os dados recolhidos permitem-nos apresentar este documento à Assembleia de Credores para votação dos itens legais em apreço

4 B Identificação e situação actual da empresa insolvente: B.1. Identificação da empresa: Nome: Natureza Jurídica: Sede: PFR INVEST, SOCIEDADE DE GESTÃO URBANA, E.M.,S.A. EPMIR Sociedade Anónima Praça da República, n.º 46, 3.º andar Paços de Ferreira NIF e CAE s: R3 Matrícula: Capital: Conservatória do Registo Comercial de Paços de Ferreira ,00 (seiscentos mil euros). Conselho de Administração (composto por 3 membros: 1 Presidente e 2 Vogais): Mandato de 2013/2017: - Joaquim Adelino Moreira de Sousa Presidente (eleito em 31/03/2014) Residente: Travessa da Lameira Fria, n.º 61 Frazão Paços de Ferreira Estrutura da Administração NIF: António Manuel Ribeiro Carneiro Leão 1º Vogal (eleito em 17/02/2014) Residente: Rua de Pedrosas, n.º Paços de Ferreira NIF: Célia Pinheiro de Castro 2.º Vogal (eleita em 17/02/2014) Residente: Av.ª da liberdade, n.º 277 Figueiró Paços de Ferreira NIF:

5 Nota - Orlando Jorge da Silva Freitas (eleito em 17/02/2014 e cessou funções em 31/03/2014) Residente: Rua Professor Joaquim Bastos, n.º 30, R/C-A Porto NIF: Anterior Conselho de Administração Mandato de 2009/ Rui Adérito de Oliveira Coutinho Presidente (Cessou funções em ) Residente: Rua D. José de Lencastre, n.º 108, 3.º Esq Paços de Ferreira NIF: *** - José Amândio Lino Tavares da Silva Vogal (Cessou funções em ) Residente: Av.ª Dr. Nicolau Carneiro, n.º 15, 1.º Paços de Ferreira NIF: Daniel João Pacheco Barbosa - Vogal (Cessou funções em ) Residente: Rua da Devesa, n.º Figueiró NIF: Estrutura da Fiscalização (Fiscal único e suplente) Fiscal Único Fernando Virgílio Cabral da Cruz Macedo, ROC NIF: Rua Santos Pousada, 199, 3.º Dto Traseiras Porto Suplente do Fiscal Único Jorge Manuel da Silva Baptista Pinto (ROC) NIF: Rua Raúl Caldevilla, 6.º Trás Porto - 5 -

6 Prazo de duração dos mandatos: 4 anos (Quadriénio de 2013/2017) Objecto social: Promoção, manutenção e conservação de infraestruturas urbanísticas e gestão urbana e a renovação e reabilitação urbanas e gestão do património edificado. Para a prossecução do seu objecto, incumbe; adquirir para revenda e alienar imóveis; gerir imóveis próprios; construir, implementar e gerir parques industriais e empresariais; desenvolver uma política de captação, atração e acompanhamento do investimento privado, seja ele nacional ou investimento directo estrangeiro, que contribua estrategicamente para o tecido económico e social do concelho, gerando postos de trabalho e riqueza; desenvolver um programa de apoio à reabilitação urbana; desenvolver soluções de infraestruturação em áreas de reabilitação urbana e em áreas de gestão urbana especial; exercer todas as competências delegadas pelo Município para efeitos de gestão e reabilitação urbana; desenvolver métodos de contabilidade analítica que permitam identificar as ineficiências existentes na gestão de infraestruturas de forma atenuar os seus custos; elaborar planos e regulamentos para o Município; praticar atos de natureza acessória, complementar ou conexa com o desenvolvimento das actividades de promoção, manutenção e conservação de infraestruturas urbanísticas e gestão urbana e de renovação e reabilitação urbanas e gestão do património edificado. Forma de Obrigar: a) Pela assinatura do Presidente do Conselho de Administração; b) Pela assinatura de dois Administradores; c) Pela assinatura do Administrador Delegado no âmbito da respectiva delegação; - 6 -

7 d) Pela intervenção de um procurador legalmente constituído, nos termos e no âmbito do respectivo mandato ou no âmbito dos poderes conferidos especificamente pelo Conselho de Administração. B.2. Situação actual da empresa: O presente processo iniciou-se com requerimento apresentado pela própria sociedade, a qual reconhecendo a sua frágil situação económica, requereu, em 31 de Março de 2014, ao extinto Tribunal Judicial da Comarca de Paços de Ferreira, a possibilidade de recuperar da sua situação económica difícil, sob a égide do Processo Especial de Revitalização, o qual se iniciou com a nomeação do Administrador Judicial Provisório, Dr. José Eugénio Gayoso Pinto Pais, em 11 de Agosto de Todavia, revelaram-se infrutíferas as negociações conducentes à recuperação dos créditos em dívida junto dos seus credores, pelo que veio a ser decretada a sua insolvência, por douta sentença proferida em 16 de Fevereiro de 2015, ainda não transitada em julgado, atenta a interposição de recurso da sentença de declaração de insolvência junto do Tribunal da Relação do Porto, por parte dos credores CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, S.A. e NOVO BANCO, S.A. Com a inviabilização das negociações no âmbito do PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO, e consequente decretamento da insolvência da empresa, a sua actividade operacional terminou, não desenvolvendo desde então qualquer escopo laboral, e consequentemente encontra-se sem actividade, não tendo trabalhadores ao seu serviço

8 É de salientar que o atual Conselho de Administração da insolvente foi eleito para o exercício de funções desde o dia 31 de Março de 2014 e aquando da sua tomada de posse, a atual situação económico-financeira da empresa já se verificava, provocada pelos atos de gestão e condutas, alegadamente imprudentes, do anterior Conselho de Administração. Nesse sentido, as contas do exercício de 2013 não foram aprovadas pelo atual Conselho de Administração, tendo sido, posteriormente enviadas para as entidades competentes para validação/clarificação de certos aspetos, uma vez que existem várias situações contingentes com o cumprimento dos contratos promessa por falta de liquidez e ocupação indevida dos terrenos, nomeadamente, no polo 5, necessidade de clarificar alguns aspetos sobre a formalização e legitimidade da celebração de alguns contratos pelo anterior Conselho de Administração e ainda de avaliar com seriedade a introdução, que a anterior Administração fez, do justo valor nas Demonstrações Financeiras para valorar os seus ativos, como forma de colmatar/ocultar a acentuada debilidade/fragilidade financeira da empresa, que conduziu à rutura total da mesma. A Insolvente é uma sociedade anónima (S.A.) com sede em Paços de Ferreira e constituída em 31 de Outubro de Nos termos dos seus estatutos, é uma sociedade anónima que goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial e independência orçamental. A insolvente tem por objetivo a prestação de serviços de interesse geral que visem o crescimento económico local e regional e o reforço da coesão económico-social, local e regional, mais concretamente no concelho de Paços de Ferreira. Como já referido, a insolvente é proprietária de cento e trinta e nove imóveis melhor discriminados e identificados no anexo um, cuja decomposição dos terrenos pertencentes à insolvente, por polo, é conforme se segue: - 8 -

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14 Nota um Os mapas supra foram retirados, sem alterações, do PER, apenas para conter a informação dos imóveis e sua distribuição por polos e freguesias; Nota dois Os valores indicados como valores atualizados, são os valores contabilisticos (valor de aquisição + benfeitorias e outras despesas) e não correspondem aos valores comerciais dos imóveis, ou seja aos valores atuais de mercado; Nota três Foram solicitadas aos credores Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos cópias dos levantamentos topográficos e avaliações efetuadas pelos mesmos, e que, segundo informações, serão atualizadas; Nota quatro Os imóveis que não têm hipoteca a favor dos referidos credores terão de ser avaliados, bem como no caso de não seram fornecidas as avaliações por aqueles credores, terá de proceder-se à avaliação dos respetivos imóveis. C Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE: Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: A empresa insolvente tem contabilidade organizada e em dia, obedecendo a todas as regras do POC e do SNC e ainda às exigências fiscais na matéria. Os elementos contabilísticos que nos foram fornecidos estão de acordo com a realidade da empresa. Requeridas informações adicionais ao serviço de finanças competente, foram estas recepcionadas, consistindo no seguinte:

15 Existência dos bens imóveis já constantes do processo; Inexistência de veículos automóveis; Identificação do TOC da insolvente. A requerente iniciou a sua actividade em 31 de Outubro de 2007, tendo-se dedicado à implementação e administração das Zonas de Acolhimento Empresarial do Concelho de Paços de Ferreira, ao desenvolvimento de políticas de promoção e captação de investimento privado, a construção, gestão, manutenção, exploração e concessão de equipamentos sociais, ao acompanhamento e execução de políticas urbanísticas definidas no Plano Director Municipal, promoção e regeneração urbana e rural, desenvolvimento de uma política de solos eficientes, justa e equitativa, desenvolvimento de programas de gestão urbana avançada e de regulação do mercado imobiliário e a execução de processos perequativos de benefícios e encargos em Paços de Ferreira. De referir que a empresa nunca construiu nenhum edifício, limitando-se à compra e venda de imóveis, sendo as obras a efectuar nesses imóveis adjudicadas a empresas terceiras, através de contratos de empreitadas. De igual modo, os objetivos para que foi criada a insolvente decorriam do desenvolvimento de vários programas de investimento o que implicava a aquisição de terrenos para a construção e implementação de parques industriais e empresariais, com vista à captação de investimento nacional ou investimento direto estrangeiro. Entre os programas referidos constava: o desenvolvimento do conceito de Cidade Empresarial de Paços de Ferreira (criação de 8 polos/parques industriais), e, a implementação do programa Cidade Tecnológica (ou CITEC), que visava favorecer a criação de um espaço de conhecimento, inovação e criatividade e propiciar a instalação de um cluster de atividades geradoras e valorizadoras de conhecimento

16 Destaca-se que foram reclamados créditos provindos de vários contratos promessa de compra e venda, bem como de contratos de empreitada celebrados entre a aqui insolvente e os credores, e sobre qual, é posição da signatária deliberar sobre o cumprimento ou recusa dos mesmos após assembleia de apreciação do relatório de acordo com as disposições conjugadas dos artigos 102.º e 104.º, n.º 3 do CIRE. Por outro lado, Pelo legal representante da insolvente foram fornecidas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, bem como a identificação e contactos do TOC, o que nos permitiu consultar toda a documentação contabilística e fiscal, nomeadamente a referente aos anos de 2010, 2011, 2012 e Dessa análise retiramos algumas conclusões pertinentes para o que aqui interessa, pelo que abaixo se indicam os valores do volume de negócios da requerente/insolvente e os resultados líquidos dos referidos anos, o que nos permite também verificar a sua evolução: Anos Volume de Negócios (vendas e serviços prestados) Resultados Líquidos , , , , , , ,51 ( ,47 ) Verifica-se que o volume de negócios decresceu substancialmente dos anos de 2010 para 2012, tendo a sociedade apresentado resultados líquidos negativos no último ano de exercício (2013), o que evidencia o débil estado financeiro que a sociedade atravessa, provindo essencialmente de insuficientes meios de tesouraria que determinaram a incapacidade para cumprir com as obrigações estabelecidas junto dos seus credores

17 Sendo de destacar que as contas respeitantes ao último ano de exercício de 2013, não foram aprovadas em sede de Assembleia Geral de Acionistas, uma vez que existem fortes indícios de atos de gestão, economicamente e financeiramente, incompreensíveis efetuados pelo anterior Conselho de Administração com consequências muito gravosas para o património da sociedade, tendo sido dado conhecimento às instâncias competentes no sentido de clarificar de forma inequívoca estas matérias/atos. De igual modo, E conforme já referido aquando da sua apresentação ao processo especial de revitalização, nomeadamente, no seu plano de recuperação, foram apontados como factores principais para o actual estado económico em que se encontra a insolvente, os seguintes: - a actual crise económica e financeira que tem afectado negativamente a actividade da insolvente desde o ano de 2009; - as avaliações independentes anuais (2010, 2011 e 2012, efetuadas por uma única entidade) para introduzir o justo valor nos ativos, e, - realização de alguns negócios que mais tarde vieram a ser anulados; - a difícil conjuntura económica do país, que se fez e continua a fazer-se sentir nos últimos anos e que se tem vindo a acentuar gradualmente sobretudo no sector da construção civil e imobiliário; - a diminuição do consumo, tendencialmente da despesa em bens duradouros, o desincentivo ao investimento provocado pela forte incerteza sobre a evolução da situação económica; - o atraso na concretização do investimento conseguido, o acentuado esmagamento dos preços dos imóveis. Finalmente, nas dívidas a terceiros, verificou-se a seguinte evolução:

18 Anos Dividas a terceiros , , , ,90 Assim, é notório um acréscimo substancial do passivo da empresa, em comparação com o volume de negócios e os resultados líquidos obtidos nos anos assinalados, o que, evidentemente, manifesta o grau de dificuldade e incapacidade de suster o sufoco financeiro que a sociedade vinha sentindo. Ou seja, Contribuiu em grande medida para a situação de insolvência que a sociedade atravessa, todo um conjunto de factores/actos que urge apurar e que tiveram a sua origem a partir do ano de 2009, a que acresce a crise hoje sentida no ramo da construção civil e imobiliário, o que determinou e criou efeitos nefastos neste tipo de empresas, que, com o colapso sentido e vivido pelo nosso sistema macro económico nacional nestes últimos tempos, acarretou e catapultou o incumprimento das obrigações estabelecidas na maior parte do sector empresarial. Assim, num sector afetado por uma crise cada vez mais profunda, não resta outra alternativa que não a confirmação do seu estado de insolvência, e o consequente encerramento definitivo do estabelecimento. * Foram relacionadas, reclamadas e provisoriamente reconhecidas, dívidas no montante de ,06, tendo já terminado o prazo para apresentação de

19 reclamações de créditos; os créditos encontram-se distribuídos essencialmente por fornecedores, instituições bancárias, trabalhadora, credores particulares (incumprimento de contratos promessa de compra e venda) e credores públicos. As dívidas à AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA são no montante de ,62, respeitantes a IVA, IRS E CUSTAS, sendo que a dívida ao Instituto de Segurança Social, I.P. é no valor de 2.268,65, referente a quotizações e contribuições. Como se compreende e resulta do acima exposto, a sociedade não possui, na nossa opinião, qualquer possibilidade de manutenção ou viabilidade, atenta a ausência de actividade, a inexistência de fundo de maneio, bem como a inexistência de trabalhadores ao seu serviço. Na verdade, a insolvente apresenta em 2013 um resultado líquido negativo de ( ,47 ), dívidas a terceiros no montante de ,90, para um capital social de ,00, pelo que está, inclusive, sob a alçada do disposto no artigo 35º do C.S.C., sendo de concluir que se encontra incondicional e irreversivelmente em estado de insolvência. Ponto dois Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: A análise do presente item encontra-se prejudicada face à falta de documentos contabilísticos e fiscais. Apenas podemos referir que a última prestação de contas registada se refere ao ano de exercício de 2012, conforme se apura da certidão comercial da insolvente. As contas de 2013, como já referido, não foram aprovadas e não foram certificadas pelo ROC, que emitiu escusa de opinião sobre as mesmas, nos seguintes itens:

20 a) reservas quanto ao critério de valorização das propriedades de investimento pelo método do justo valor; b) reservas quanto à valorização das mercadorias pelo critério do custo de aquisição acrescido dos gastos suportados, por ser inadequado à situação concreta; c) reservas quanto à possibilidade da empresa vir a receber os fundos de investimento comunitários concedidos, por não cumprimento dos objectivos definidos, com possibilidade de ter de devolver os incentivos já recebidos ou uma sua parte; d) reservas quanto à situação de alguns terrenos ocupados mas não negociados pela empresa e seus reflexos nos projetos em curso; e) Pelo que O ROC entendeu não estar em condições de expressar a sua opinião sobre as demonstrações financeiras e efetivamente não a expressou; f) Dada a importância do documento em causa, junta-se cópia do mesmo ao presente relatório, conforme doc. 1. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto e com a percepção recolhida, e tendo em atenção as análises efectuadas, não nos parece que a empresa tenha viabilidade económica ou financeira. Como já vimos acima, a empresa está de facto encerrada e sem actividade. Todos os negócios estão pendentes, existem mas não têm possibilidade de prosseguir, pelo menos até que seja tomada uma decisão quanto à situação da empresa, neste ou noutro processo

21 A empresa não tem trabalhadores ao seu serviço, não tem fundo de maneio nem possibilidade de o vir a obter, pelo que existe da parte de todos os envolvidos, a certeza de que a empresa não reúne quaisquer condições de viabilidade. Assim, tendo em atenção todas as condicionantes supra referidas, e também a situação concreta da insolvente, são nulas as possibilidades ou mesmo perspectivas de manutenção em actividade da empresa devedora, no todo ou em parte, pelo que se nos afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência. A única solução que nos parece adequada será a manutenção do seu encerramento, tornando-o definitivo. Em conclusão: - Desconhecem-se ainda todos os motivos que determinaram a situação de insolvência, sendo que, em parte terão sido motivos de mercado, mas numa outra parte poderão ter sido provocados/agravados por atos de administração, sendo que corre um processo crime para apuramento de responsabilidades, local mais adequado à sua investigação; - A actividade laboral da insolvente cessou em Março de 2015, tendo sido procedido o seu despedimento por parte da signatária, e entregues todos os documentos necessários para a trabalhadora requerer o devido Subsídio de Desemprego; - Não foram detetadas, até ao momento, alterações substanciais dos elementos patrimoniais da empresa, conforme anexo 1 ao presente relatório; - Dos elementos disponíveis e analisados é eventualmente passível indicar uma situação de insolvência dolosa, sendo que tal situação será novamente reanalisada aquando da elaboração do parecer a que se refere o artigo 188º do CIRE. - O legal representante da insolvente mostrou-se colaborante com a signatária e com o processo

22 D Soluções Propostas: Face ao exposto, propõe-se: Manutenção do encerramento do estabelecimento, já que esta é uma situação pré existente; Liquidação do activo apreendido pelo valor de avaliação que vier a ser obtido, e com respeito pelos itens legais na matéria, nomeadamente suspensão da liquidação até que seja proferido acordão sobre os recursos pendentes; Eventual notificação do serviço de finanças, a efetuar pelo Tribunal, para o encerramento oficioso, nos termos do disposto no artigo 65º, n.º 3 do CIRE, que, em nossa opinião, deve ser efetuada apenas com a descida dos recursos e caso se mantenha a declaração de insolvência; Existem diversos contratos em que os promitentes vendedores ou outros notificaram a signatária para optar pelo seu cumprimento ou recusar o mesmo; ora tal decisão deverá ser tomada apenas e só após a descida dos recursos, parecendo-nos que, no caso concreto, o prazo razoável a fixar ao AI deve tomar em consideração a existência dos recursos, pelo que uma decisão ponderada terá de refletir a decisão final, podendo ser desaquada qualquer tomada de posição neste exato momento, nomeadamente optando pelo não cumprimento de contratos que possam revelar-se essenciais ao prosseguimento dos projetos, caso os recursos obtenham provimento;

23 Note-se que se trata de contratos sobre imóveis, que não irão desaparecer, nem sofrerão desvalorização considerável, tendo em conta o tempo previsível para ser proferida decisão sobre os recursos interpostos; Identificação dos contratos em relação aos quais a signatária foi notificada para dar cumprimento ou optar pelo não cumprimento: a) Manuel Pinto Leal contrato de compra e venda em que a PFR é promitente compradora; b) IKEA Industry Portugal acordo para execução de obra ou acerto de contas; c) Garcia & Garcia, S.A. contrato de empreitada; d) Diversas situações, constantes da lista de créditos que vai ser junta aos autos. Por Balbino & Faustino, Limitada, sociedade instalada no Polo 1, foi requerida autorização para, a expensas suas, alterar o projeto de alimentação de energia elétrica ao loteamento da Cidade Empresarial, sito em Seroa, de forma a possibilitar o fornecimento de energia às suas instalações fabris, o que nos parece adequado, nos termos requeridos; Quanto a outras instalações ou serviços em funcionamento, teremos de apurar a sua concreta situação, sendo certo que não encerraremos qualquer serviço que esteja operacional, nomeadamente os agrupamentos escolares, até que seja tomada uma decisão definitiva em relação ao futuro do processo, sendo que em quaquer caso, sempre ficará em funcionamento o que se revelar possível e necessário;

24 Pelos credores Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco, foi requerido à signatária que fosse intentada acção, por parte da massa insolvente contra o Municipio de Paços de Ferreira, por forma a serem ressarcidos os credores da insolvente pelos créditos reclamados, nos termos do disposto no artigo 40º da Lei 50/2012 (RJAEL); todavia, entende a signatária, sem prejuizo de deliberação em contrário pela assembleia de credores, que tal ação só se justificará caso os recursos em curso não obtenham provimento, pelo que também nesta parte se deve aguardar pela descida dos mesmos. E Anexos juntos: Um Inventário; Dois Lista provisória de créditos; Três Certificação legal de contas do periodo de P.D. A Administradora da Insolvência,