FACULDADE ASSIS GURGACZ-FAG RAFAEL JOSE FERREIRA

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1 FACULDADE ASSIS GURGACZ-FAG RAFAEL JOSE FERREIRA LEVANTAMENTO DE MAMÍFEROS DE MÉDIO PORTE EM FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICIPIO DE SANTA TEREZA DO OESTE - PR CASCAVEL

2 RAFAEL JOSE FERREIRA LEVANTAMENTO DE MAMÍFEROS DE MÉDIO PORTE EM FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICIPIO DE SANTA TEREZA DO OESTE - PR Trabalho apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, da FAG, como requisito parcial da nota. Orientador: Carlos Eduardo Alessio CASCAVEL

3 SUMÁRIO 1. RESUMO INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÕES CONCLUSÃO REFERÊNCIA

4 LEVANTAMENTO DE MAMÍFEROS DE MÉDIO PORTE EM FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICIPIO DE SANTA TEREZA DO OESTE - PR Rafael Jose FERREIRA 1 Carlos Eduardo ALESSIO 2 RESUMO: O bioma de mata atlântica tem uma rica biodiversidade de espécies, porem a mesma, sofre fatores adversos a preservação de mamíferos. A fauna Brasileira de mamíferos possui 658 espécies devido a diversos fatores a abundância desses indivíduos foi afetada. O presente estudo foi realizado em um fragmento florestal no município de Santa Tereza do Oeste - PR, objetivando inventariar e avaliar a abundância e diversidade de mamíferos terrestres de médio porte. Para tanto, foram realizadas três visitas semanais a um fragmento de 30 ha, durante os meses de fevereiro, março e abril de 2010, para o levantamento de pegadas (rastros) e outras evidências de mamíferos. Um total de 03 espécies foram registradas na área de estudo, sendo que uma foi registrada na borda do fragmento e duas no interior da mata. São elas, Procyon cancrivorus (Mão Pelada), Dasyprocta azarae (Cutia), Nasua nasua (Quati). O presente trabalho apontou que, apesar de pequena (30 ha), e as ações antrópicas observadas, a área de estudo desempenha importante papel para a conservação da mastofauna da região lindeira ao Parque Nacional do Iguaçu, necessitando de novos inventários com um maior de tempo para melhor constatação das espécies. Palavras - chaves: Antropização, bioma, pegadas. 1 Acadêmico de Ciências Biológicas Bacharelado da Faculdade Assis Gurgacz. rafael_pls@hotmail.com 2 Professor da Faculdade Assis Gurgacz. alessiobio@hotmail.com 4

5 1-INTRODUÇÃO Apesar do Bioma de Mata Atlântica ter uma rica biodiversidade de espécies, é a segunda floresta tropical mais ameaçada do planeta, foi a primeira a ser colonizada, de modo que nela se encontra hoje 70% da população brasileira (BRASILIA, 2000). A fauna de mamíferos brasileiros segundo LOPES et al., (2009), possui 658 espécies infelizmente, devido à ações antrópicas a abundância destes grupos estão sendo afetadas (FONSECA et al., 1994). Na mata Atlântica estão registradas 250 espécies de mamíferos, das quais 82 são exclusivas deste bioma e 75 estão ameaçadas (SABINO; PRADO, 2000). Os mamíferos em geral são bastante afetados pela perturbação de seus habitats sendo considerados bons indicadores de alteração (SILVA; PASSAMAI, 2007). A substituição de grandes áreas de vegetação natural por ecossistemas diferentes, como pastagens e campos agrícolas, leva à criação de fragmentos isolados, imersos em uma matriz antrópica (FORMAN; GODRON 1986; FRANKLIN, 1993). Tais ações como o desmatamento, urbanizações, atividades agropecuárias e caça, auxiliam na diminuição e na extinção de espécies de mamíferos, assim como, favorecem espécies generalistas a se beneficiar das bordas de fragmentos. Outro fator presente é o chamado efeito de borda, segundo DIDHAN; LAWTON (1999), as bordas são as áreas mais expostas às perturbações externas, com maior presença de indivíduos e maior produtividade primaria. A criação de fragmentos acarreta na formação de uma borda florestal, definida como uma região de contato entre a área ocupada (matriz antrópica) e o fragmento de vegetação natural (WILLIAMS - LINERA et al., 1997; PRIMACK; RODRIGUES, 2001), promovendo alteração nos parâmetros físicos, químicos e biológicos do sistema, como disponibilidade energética e fluxo de organismos entre tais ambientes (WIENS et al., 1993). De maneira geral, estas modificações nas áreas mais externas dos fragmentos florestais, geradas pelo contato com a matriz, são chamadas efeitos de borda (MURCIA, 1995; PRIMACK; RODRIGUES, 2001). Segundo SABINO; PRADO (2000), todos estes animais deixam rastros de suas atividades como pegadas, excrementos, alimentos mordidos e alterações na vegetação, que ajudam a detectar sua presença e os lugares por 5

6 onde passam. Os métodos diretos e indiretos ajudam a detectar inúmeras espécies de mamíferos, muitas são difíceis de observar devido a seus hábitos (GUZMÁN-LENIS; CAMARGO - SANABRIA, 2004). Devido a esses diversos fatores antrópicos, levantamentos faunísticos em fragmentos florestais são essenciais para avaliar o efeito da fragmentação da floresta sobre a diversidade de mamíferos e o grau de perturbação de remanescentes de florestas naturais (D ANDREA et al., 1999), por isso, a importância e urgência de pesquisas e inventários sobre mamíferos, ainda mais em se tratando do bioma de mata atlântica e as dificuldades inerentes a esse tipo de estudo (VOSS; EMMONS, 1996). 2- Material e Métodos O presente estudo foi realizado em uma propriedade rural que dista a 12 km do município de Santa Tereza do Oeste PR, tal propriedade apresenta um fragmento com 30 hectares o qual esta conectada a outro de aproximadamente 100 há, por um corredor de vegetação nativa, (conforme figura 1). A vegetação é caracterizada como floresta estacional semi-decidual. Para este estudo foi escolhido um dos fragmentos do sistema (30 há). Como a maioria dos animais silvestres, apresentam hábitos noturnos e discretos, o que dificultam a sua visualização, foi utilizado técnicas de registro diretos (visualização do animal) e registro indiretos (fezes, vocalização, pegadas e tocas) dentre outros vestígios, conforme técnica realizada por BECKER & DALPONTE (1991). Neste trabalho, parcelas de areia foram utilizadas como metodologia principal para o registro de pegadas. As parcelas mediam aproximadamente 0,70cm x 0,70cm, sendo espalhadas em dois transectos já definidos pelos animais, os chamados carreiros, de aproximadamente 60m de comprimento cada, contendo uma parcela a cada 5 metros, totalizando 24 parcelas distribuídas.para este método, cada registro de pegada foi tratado com uma amostra independente, sendo registrado o local, bem como dia e o mês. Para uma melhor impressão das pegadas, as parcelas foram umedecidas no período da manhã. Como método de atração dos animais foi utilizado isca como, frutas, milho e sal grosso, colocados no centro, sendo que as isca foram alternadas em cada parcela, a fim de manter a mesma qualidade em todas as amostragens conforme método usado por SCOSS et al., (2004). 6

7 As vistorias das parcelas ocorreram durante 37 dias, sendo eles, sextafeira, sábado e domingo, compreendidos entre os meses de fevereiro, março e abril, no início das manhãs e nos finais de tardes. A manutenção das mesma ocorreram, sempre no período da manha dos dias de observações. Pegadas ocorrentes das bordas da mata, banhados e outros, também foram utilizadas para o levantamento faunístico local, assim como coleta de fezes e pelos. Na tentativa de identificação direta foram realizadas observações casuais dos animais, através de caminhadas noturnas e diurnas pelo fragmento, tais caminhadas foram compreendidas nos mesmo dias em que foram vistoriadas as parcelas de areia. 3- Resultados e Discussões Com base em capturas de pegadas e observações diretas dos animais, foram registradas três espécies de mamíferos de médio porte, sendo eles, Nasua nasua (Quati), Procyon cancrivorus (Mão-pelada), Dasyprocta azarae (Cutia), (Quadro 1). A técnica utilizando caixas de areia, principal metodologia deste trabalho, não demonstrou resultados positivos em inventário de curto período de tempo. O baixo índice de registros nas caixas podem ter sido influenciado devido à interferência de outras espécies de animais, tais como aves. Tal fato pode ser justificado pela presença de fezes, pelo formato das perfurações nos alimentos e por marcas deixadas nas areias. Foi dedicado ao trabalho caminhadas por toda a borda do fragmento e seu interior. Na região de borda foi observada, fotografada reazliando molde com gesso de pegadas da espécie Procyon cancrivorus (Mão-Pelada), (Figura 4,5). O mesmo processo de identificação foi realizado com a espécie Dasyprocta azarae (Cutia), (Figura 2,3) porem foi observada em um banhado no interior da mata. A visualização da espécie Nasua nasua (Quati), (Figura 6,7) ocorreu através de diversas caminhadas pelo fragmento, sendo observado em copas de arvores, que segundo CAMPOS et al., (2006) é o principal local onde vivem. A identificação foi realizada através do Manual de Fauna Paranaense e com o auxilio do Sr Apolonio Nelson de Sousa Rodrigues, chefe da área de conservação e manejo do Parque Nacional do Iguaçu. 7

8 Quadro 1 Demonstra Ordem, Família, nome cientifico e nome comum dos mamíferos de ocorrência confirmados no presente estudo. Ordem Família Nome cientifico Nome comum Carnívora Procyonidae Nasua nasua Quati Carnívora Procyonidae Procyon cancrivorus Mão-Pelada Rodentia Dasyproctidae Dasyprocta azarae Cutia Quadro 2 Demonstra as espécies, e seus consecutivos meios de registro assim como espécie, tipo de registro, substrato e vegetação encontrada. Espécie Tipo de registro Substrato Interior / Borda Nasua nasua visualização - Fragmento/Arvores Procyon cancrivorus Dasyprocta azarae pegada Barro Borda do fragmento Pegada/visualização Barro Interior do fragmento/banhado Figura 1. Imagem do fragmento de estudo demonstrando seus respectivos meios de antropização, assim como, estradas, campos agrícolas, áreas de pastagens e residências. 8

9 Figura 2. Espécies Dasyprocta azarae,registrada no interior do do fragmento. Figura 4. Espécie Procyon cancrivorus registrada na borda do fragmento. Figura 3. Pegada de Dasyprocta azarae registrada em um banhado no interior do fragmento. Figura 5. Espécie Procyon cancrivorus registrada na borda do fragmento. 9

10 Figura 6. Espécie Nasua nasua registrada no interior do fragmento copas de arvores. Figura 7.Espécie Nasua nasua registrada no interior do fragmento em em copas de arvores. Segundo BIERREGAARD JR et al., (1992) efeitos físicos e biológicos não são amplamente conhecidos em relação a fragmentação de florestas, porem alterações qualitativas basicamente são: a distribuição de diversas espécimes não é considerada homogenia, todavia, espécies podem estar ausentes em certos fragmentos simplesmente porque não acham o caminho antes das florestas serem isoladas; espécies que necessitam de grandes habitats podem não sobreviver em pequenos fragmentos, fatores estes que podem estar relacionados a ausência de espécies em fragmentos. Dois processos existentes relacionados à fragmentação e conseqüentemente a redução da biodiversidade ocorrem em tempos distintos. O primeiro se da em curto prazo, o qual esta relacionada à própria redução da área, com o efeito dos fragmentos terem menos espécies que a área continua. O segundo se da em longo prazo, que é a insularização. Após uma floresta, antes de grande porte, ter sido convertida a um fragmento, extinções futuras são esperadas, pois há uma relação estreita entre a área ocupada por uma comunidade e sua riqueza e espécie. (FERNANDEZ, 1997). Estudos realizados por SILVA & PASSAMAI (2007), demonstram o alto índice de fragmentação e ação antrópica pode estar relacionado à diminuição de espécies nativas e o empobrecimento do ambiente, neste sentido é de extrema importância a conscientização de proprietários rurais sobre a necessidade de manter estes ambientes com maior nível possível de preservação. 10

11 VERRASTRO et al., (2001) também obteve resultados similares a este, onde foi realizado um inventario de uma área à qual dispunha de uma grande ação antrópica, localizado do parque natural Morro do Osso, resultando em 5 espécies de mamíferos. 4 Conclusão Apesar do elevado índice de antropização da área de estudo, é de suma necessidade relatar a importância da preservação de fragmentos florestais como este, pois, mesmo apresentando tamanho reduzido e fatores adversos a seu desenvolvimento, ainda abriga espécies de animais silvestres como Quati, Mão-pelada e Cutia. Porém, essa avaliação não pode ser considerada definitiva, necessitando maiores estudos e com maior período de tempo. 5- Referencias: BECKER, M. & DALPONTE, C. J. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: Um guia de campo.. Revista Brasileira de Zoologia, Vol. 19, nº 2, p Brasília, BIERREGAARD, R. O. JR.; LOVEJOY, T. E.; KAPOS, V.; SANTOS, A. A. & HUTCHINGS, R. W. The biological dynamics of tropical forest fragments. A prospective comparison of fragments and continuous forest. Bioscience, 42: , BRASILIA, Ministério do meio ambiente. MMA/SBF. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília, DF; < > Acessado em Maio de CAMPOS, T. J.; SANTOS, E. F.; SETZ, E. Z. F. Padrão de atividades e o enriquecimento ambiental nos Quatis Nasua nasua em cativeiro. XVI Congresso interno de iniciação cientifica Unicamp. São Paulo-SP, < > Acessado em Abril de DIDHAN, R.K. & LAWTON, J.H. Edge structure determines the magnitude of changes in microclimate and vegetation structure in tropical forest fragments. Biotropica Vol31 : 17-30, D ANDREA, P.S.; GENTILE, R. CERQUEIRA, R.; Rastros de mamíferos silvestres brasileiro. Um guia de campo. Revista Brasileira de Zoologia, Vol. 19, nº 2, p Brasília,

12 FERNANDEZ, F. A. S.Efeitos da fragmentação de ecossistemas: A situação das Unidades de Conservação. Anais. Curitiba: IAP - UNILIVRE - Rede Nacional Pro Unidade de Conservação. Vol I, p , FONSECA, G. A. B.; RYLANDS, A. B.; COSTA, C. M. R.; MACHADO, R. B. & LEITE, Y. Livro vermelho de mamíferos ameaçados de extinção. Fundação biodiversistas, Belo Horizonte - MG FORMAN, R.T.T. & GODRON, M. Landscape Ecology. New York, Wiley & Sons, < > Acessado em maio de FRANKLIN, J.F. Preserving biodiversity: species, ecosystems, or landscapes? Ecological Applications Vol.3: < > Acessado em Abril de GUZMÁN-LENIS A. & CAMARGO-SANABRIA, A. Importância delos rastros para lá caracterizacíon Del uso de hábitat de mamíferos medianos y grande em El bosque los mangos. Acta Biológica Colombiano. Puerto Lopez, Meta, Colômbia. Vol 1, pag 9, LOPES, M. A. P.; ORSI, M. L.; MARIOTO, A.C.; Levantamento da fauna de mamíferos em dois fragmentos da zona sul do município de Londrina, estado do Paraná. Congresso de Ecologia do Brasil. São lourenço-mg, MURCIA, C. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Trends in Ecology and Evolution: < > Acessado em abril de PRIMACK, R.B. & RODRIGUES, E. Levantamento preliminar de avefauna do parque ecológico do basalto do município de Araraquera SP. Biologia da Conservação. Londrina, Midiograf < > Acessado em Abril de SABINO, J. & PRADO, P. I. K. L. Perfil do conhecimento da diversidade de vertebrados do Brasil. Relatório técnico da estratégia nacional da biodiversidade (COBIO/MMA) < > Acessado em maio de SILVA, L.D.; PASSAMAI, M. Levantamento de mamíferos de médio e grande porte em, remanescentes florestais na serra do carrapato em Lacras/MG. Congresso de Ecologia do Brasil. Caxambu- MG, < > Acessado em Junho de SCOSS, L. M.; JUNIOR, P.M.; SILVA, E,. MARTINS, S.V. Uso d areia para monitoramento de impacto de estradas sobre a riqueza de espécies de 12

13 mamíferos. Revista Árvore, Viçosa Minas Gerais, V.28. Nº 1 p , VERRASTRO, L., SANTOS, R. & CUNHA, A. Mamíferos. In:MIRAPALHETE, S. R. (Org.). Flora e fauna do Parque Natural do Morro do Osso, Porto Alegre/RS. Porto Alegre: SMAM. P.110, < > Acessado em junho de VOSS, R. S.; EMMONS, L. H. Mammalian diversity in neotropical lowland rainforest: a preliminary assessment. Bulletin of American Museum of natural history, 230: WIENS, J. A.; STENSETH, N. C.; VAN HORNE, B. & IMS, R. A. Edge effects on vegetation and population structure in Cerradão fragments of Southwest Goiás, Brazil. Ecological mechanisms and landscape ecology. Oikos 66: < > Acessado em Abril de WILLIAMS-LINERA, G.; DOMÍNGUEZ-GASTELÚ, V. & GARCIA-ZURITA, M.E. Microenvironment and floristics of different edges in a fragmented tropical rainforest. Conservation Biology 12: