ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES TRABALHOS DA COMISSÃO

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2 TRABALHOS DA COMISSÃO A Comissão Permanente de Economia reuniu no dia 4 de junho de 2015, na Delegação da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na cidade de Ponta Delgada, e por videoconferência com a sede da Assembleia, na cidade da Horta, a fim de proceder à audição do Engenheiro Fernando Manuel de Saldanha Matos do Nascimento, indigitado pelo Governo Regional dos Açores para o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Portos dos Açores, S.A.. O Curriculum Vitae do Engenheiro Fernando Manuel de Saldanha Matos do Nascimento fica anexo ao presente relatório, do qual faz parte integrante. 1º. CAPÍTULO ENQUADRAMENTO JURÍDICO A presente audição é efetuada nos termos e para os efeitos previstos nos números 2 e 4 do artigo 12.º e artigo 12.º-A do Estatuto do Gestor Público Regional, o qual foi republicado em Anexo ao Decreto Legislativo Regional n.º 19/2014/A, de 30 de outubro. A comissão especializada permanente respetiva deve proceder à audição no prazo de vinte dias, a contar da data do despacho do Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. (cf. previsto no n.º 3 do artigo 12.º-A) A comissão referida no número anterior, ao abrigo das correspondentes normas regimentais, elabora um relatório, do qual deve constar a audição do gestor público indigitado, bem como a posição dos partidos que integrem a comissão sobre a referida audição. (cf. n.º 4 do artigo 12.º- A) COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 2

3 Por fim, refira-se que O relatório é obrigatoriamente enviado, no prazo de cinco dias, pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores ao Presidente do Governo Regional dos Açores, para os devidos efeitos. (cf. n.º 5 do artigo 12.º-A) COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 3

4 2º. CAPÍTULO AUDIÇÃO DO GESTOR INDI GITADO O Engenheiro Fernando Nascimento apresentou cumprimentos ao Presidente da Comissão de Economia da ALRA e aos restantes Deputados presentes. Deu a conhecer que a Comissão já tinha em seu poder a sua nota académica e curricular e dados sobre o seu percurso profissional, onde consta a licenciatura em Engenharia Civil pela Universidade do Porto, em 1983, ano em que é admitido como Técnico Superior de 2ª Classe na Secretaria Regional do Equipamento Social, tendo passado a Técnico Superior de 1ª Classe do mesmo organismo em De 1993 a 1997 é Técnico Responsável pelo Alvará da empresa Construções Norberto Goulart, Lda., sedeada na cidade da Horta. Em 1997 é convidado para Delegado da Secretaria Regional da Habitação e Equipamentos. No ano seguinte assume o cargo de Vice-Presidente da Junta Autónoma do Porto da Horta, ano em que assume a responsabilidade de coordenar o Centro de Promoção e Reconstrução, que abrange as ilhas do Faial, Pico e S. Jorge, em consequência do sismo de 9 de julho de Em 2003 é nomeado Presidente da Assembleia Geral e representante da Região Autónoma dos Açores na Assembleia Geral da Sociedade de Promoção e Reabilitação de Habitação e Infraestruturas. Em 2005 assume a presidência do Conselho de Administração da mesma. Em 2009 é nomeado Presidente do Conselho de Administração da empresa Administração dos Portos do Triângulo e Grupo Ocidental, S.A., transitando em 2011, na qualidade de Presidente do Conselho de Administração, para a empresa Portos dos Açores, S.A., que resulta da fusão daquela empresa com as congéneres que geriam os portos da Graciosa e Terceira e também S. Miguel e Santa Maria. Foi ainda Vereador na Câmara Municipal da Horta em 1997 e 1998 e Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Portos de Recreio entre 2009 e 2014 e Vice-Presidente da mesma instituição a partir de É ainda Vogal da Direção da Associação Portos de Portugal, cargo que assumiu em O gestor indigitado explicou que a Portos dos Açores, S.A., fundada em 1 de Setembro de 2011, tinha resultado da fusão das 3 empresas existentes até aí: Administração dos Portos da Terceira e COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 4

5 Graciosa, Administração dos Portos do Triângulo e do Grupo Ocidental e Administração dos Portos das Ilhas de S. Miguel e Santa Maria. Atualmente a Portos dos Açores, S.A. gere 14 portos e 7 marinas e conta com 262 colaboradores distribuídos por 3 Direções Gerais, cujos titulares assumem os cargos de administradores com pelouros transversais. Referiu-se à redução da carga nos portos dos Açores em 4,3%, enquanto a componente passageiros tinha registado um aumento na ordem dos 2% relativamente a Informou a Comissão que o movimento de iates nas marinas e portos da Região em 2014 tinham mantido o número de registos de entradas em relação a Em relação aos navios de cruzeiro para 2015 verifica-se um aumento em cerca de 50 % que irão representar cerca de 110 mil turistas no ano de Segundo o Engenheiro Fernando Nascimento foram investidos, entre 2013 e 2015, cerca de 48 milhões de euros em diversas infraestruturas, estando previstos para os próximos tempos investimentos na ordem dos 76 milhões de euros, sendo os mais relevantes o novo terminal de Passageiros de São Roque do Pico, o prolongamento do Cais Comercial do Porto das Velas, Ilha de São Jorge, Execução do Projeto da Rampa Ro-Ro e Trabalhos Complementares no Porto das Pipas, Angra do Heroísmo e o prolongamento em 40 metros e alargamento da plataforma do Cais Comercial do Porto da Casa, Ilha do Corvo. Por fim, referiu que a fusão das 3 empresas tinha trazido ganhos financeiros e de eficiência importantes e a uniformização de procedimentos, daí as contas serem equilibradas e os pagamentos a fornecedores estarem a ser efetuados entre 60 a 90 dias. Aberto o período de debate, o Deputado Lizuarte Machado afirmou que, depois da caracterização da empresa e da sua gestão, tinha ficado bem patente a competência, seriedade e rigor que o Engenheiro Fernando Nascimento colocava no exercício das suas funções e a capacidade para gerir esta empresa de vital importância para o desenvolvimento dos Açores. Pediu ao Engenheiro Fernando Nascimento que especificasse melhor em que fase se encontrava o processo de construção do terminal de passageiros de S. Roque do Pico. Referindo-se ao Relatório de Investigação do Gabinete de Prevenção e de Investigação de Acidentes Marítimos, o Deputado perguntou se, depois das recomendações para correções na operacionalidade dos portos, já tinham sido envidados esforços para implementar as necessárias medidas de segurança. COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 5

6 Em resposta, o Presidente Indigitado referiu que, por estar previsto a sua localização numa área de operações com mercadoria, iriam ser feitos novos testes para evitar que o novo Terminal interferisse na operação dos navios porta contentores. Sobre o Relatório, entretanto já tornado público, o Engenheiro Fernando Nascimento informou os presentes que muitas das anomalias detetadas já tinham sido implementadas as respetivas reposições. Sobre os cabeços de amarração o Gestor afirmou que existia uma inspeção periódica sem registo e que o Instituto da Soldadura e da Qualidade quando analisou especificamente o cabeço que esteve na origem do acidente, que acabou por ser fatal para um passageiro, concluiu que foram vários os fatores que, conjugados, estiveram na origem daquele problema. O Deputado Jorge Macedo, remetendo-se ao Relatório de Investigação do Gabinete de Prevenção e de Investigação de Acidentes Marítimos, referiu que nas suas conclusões existiam três pontos fundamentais: - Ausência continuada de manutenção; - Localização da fratura parcial anterior existente no cabeço que comprometia em muito a sua capacidade de resistência; - Posicionamento incorreto dos cabeços para utilização pelos novos navios Ro-Ro. O Parlamentar, continuando a referir-se ao Relatório mencionado, afirmou que que o estado geral do cabeço de amarração em causa era muito deficiente, apresentando diversas zonas com perda de material por corrosão e acumulação de ferrugem que chegavam a atingir os 10 mm de espessura. O Deputado perguntou se o Presidente Indigitado conhecia estes dados e quando teve esse conhecimento. Perguntou ainda quando tinha sido convidado para assumir o cargo e se existia algum plano de manutenção dos cabeços de amarração e de outras estruturas portuárias e quem era o seu responsável. O Deputado Lizuarte Machado, numa interpelação à mesa da Comissão, lembrou que o Relatório não estava em discussão neste momento e que este servia para apurar as causas para evitar futuros acidentes, lembrando, de seguida, que existirá um momento próprio para este Relatório ser devidamente analisado e pediu aos Deputados da Comissão de Economia que se centrassem na ordem de trabalhos. O Deputado Jorge Macedo justificou esta abordagem dizendo que só o tinha feito por ter acontecido uma situação gravíssima no anterior mandato do Engenheiro Fernando Nascimento e COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 6

7 que esse facto poderá condicionar a anuência do PSD à sua recondução para a Presidente da empresa pública Portos dos Açores, S.A.. O Deputado Lizuarte referiu que não estavam em causa as perguntas do Deputado Jorge Macedo, mas antes a leitura do Relatório. Perante esta situação e depois de um apelo do Presidente da Comissão para que se ouvisse o Engenheiro Fernando Nascimento para aferir se este está ou não em condições de assumir o cargo para o qual tinha sido indigitado pelo Governo dos Açores, o Deputado Jorge Macedo reformulou as suas questões. O Engenheiro Fernando Nascimento, em resposta, informou a Comissão que o convite formulado pelo Governo dos Açores foi feito, de facto, antes do Relatório ter sido conhecido. Sobre a questão da manutenção dos cabeços de amarração, o Gestor referiu que existia um conjunto de relatórios, ainda desconhecidos e nunca referidos, que eram contraditórios e que, por isso, retirar ilações apenas deste documento, agora vindo a público, era abusivo. Lembrou ainda que houve incidentes com cabeços de amarração novos que não precisavam nem foram sujeitos a qualquer manutenção, o que faz acreditar que as causas poderão ser diversas. Relembrou que existia uma inspeção visual dos cabeços e das defensas, tal como acontece nos portos do Continente Português, pois para este tipo de estruturas não existia outro tipo de testes. O Deputado Jorge Macedo considerou ser estranho um qualquer técnico da Portos dos Açores, responsável pela inspeção, não detetar uma oxidação com 10 mm de espessura num cabeço de amarração e, por isso mesmo, em adiantado estado de degradação. O Deputado reafirmou que era necessário definir e avaliar as responsabilidades que conduziram àquele acidente. Perguntou, por fim, se existia um plano de manutenção e que manutenção tinha sido feita especificamente naquele cabeço de amarração. Lembrou que qualquer plano de inspeção, mesmo que visual, tinha de originar um registo de inspeção e um relatório, tendo questionado se existiam registos da inspeção com a indicação de quem fez, quando fez e onde fez. Referiu que uma qualquer inspeção que não origine um registo de inspeção e respetivo relatório, pura e simplesmente não existe! O Engenheiro Fernando Nascimento reafirmou que a manutenção era conduzida por inspeções visuais e que quando eram detetadas anomalias procedia-se de imediato à sua reparação. Lembrou ainda que existiam outros relatórios que não indicavam problemas naquele cabeço especificamente. COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 7

8 O Deputado Paulo Estevão começou por dizer que a manutenção dos equipamentos era uma questão importante, tendo-se verificado que, neste caso, não existiam procedimentos regulares de manutenção dos cabeços de amarração. Perguntou como era efetuado o serviços de manutenção dos cabeços e de outras estruturas portuárias, quantas pessoas estavam envolvidas, quem era o seu responsável e como era remetida a informação ao Presidente do Conselho de Administração. O Engenheiro Fernando Nascimento referiu que o responsável pela manutenção era o Engenheiro António Homem que, por sua vez, tinha dois colaboradores, os Engenheiros Américo Correia, em S. Miguel e Santa Maria e Nuno Lima, no Faial, Pico, S. Jorge, Flores e Corvo. Disse ainda que os Chefes de Exploração percorriam as estruturas e comunicam ao Chefe de Manutenção que, por sua vez, verifica a anomalia e parte-se de imediato para a sua reparação e/ou manutenção. O Gestor repetiu que não existiam registos e que neste momento estavam a ser introduzidas alterações no sentido da manutenção ser sistemática e se preparavam para a criação de outros instrumentos como relatórios e fichas de manutenção. O Engenheiro Fernando Nascimento confirmou que não existia informação sistematizada mas que funcionava uma rotina de manutenção em cada um dos portos. A Deputada Graça Silveira começou por afirmar que esta audição servia apenas para os presentes se manifestarem se existiam ou não condições para a recondução no cargo do Engenheiro Fernando Nascimento, não sendo conveniente discutir as notícias até porque existiam coisas mais importantes do que a manutenção. O CDS-PP, segundo a Deputada, achava que este tipo de audição era uma manobra de diversão por não ter qualquer caráter vinculativo. O Deputado Jorge Macedo afirmou que continuava sem perceber como o Engenheiro Fernando Nascimento se sentia confortável em ser reconduzido se houve neglicência, desleixo e incúria na manutenção de equipamentos fundamentais. Perguntou se o Engenheiro Fernando Nascimento conhecia as conclusões do Relatório. O Deputado Lizuarte Machado referiu que o Engenheiro Fernando Nascimento sentia que tinha condições para ser reconduzido no cargo por ser uma pessoa responsável e íntegra, reafirmando que o Relatório que tem sido referido não acrescentava qualquer elemento de prova, sendo mesmo contraditório em si mesmo e que por isso tinha de merecer uma análise séria e em que as pessoas COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 8

9 que o fizeram teriam de o justificar, afirmando, de seguida, que o Deputado Jorge Macedo não estava em condições de discutir o referido Relatório. O Engenheiro Fernando Nascimento afirmou que se pensasse que não teria condições para ser reconduzido no cargo não teria aceite o convite que lhe foi dirigido. O Deputado Jorge Macedo afirmou que o PSD lamentava profundamente que, quer o Governo quer a Portos dos Açores, se desresponsabilizem técnica e politicamente de uma situação muito grave que aconteceu no porto de S. Roque, reafirmando que o Engenheiro Fernando Nascimento não tinha condições para ser reconduzido no cargo de Presidente da Portos dos Açores. Independentemente das coisas boas que tenha feito naquela empresa, o Deputado achou que o Engenheiro Fernando Nascimento falhou em coisas básicas, como era o caso do plano de manutenção. O Deputado Lizuarte Machado lamentou a forma como o PSD fazia a avaliação de caráter de pessoas sem qualquer justificação e sem saber fundamentar o que estava em causa, considerando esta atitude irresponsável. O Deputado Jorge Macedo absteve-se de comentar esta última intervenção, segundo ele, por respeito para com um colega. COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 9

10 3º. CAPÍTULO POSIÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS Posição do PS O Partido Socialista considera que a Portos dos Açores é uma empresa pública estratégica que deve continuar o bom trabalho que tem desenvolvimento em toda a Região e reconhece a competência, rigor e integridade que o Engenheiro Fernando Nascimento tem colocado na gestão daquela empresa e no desempenho dos diversos cargos públicos que ocupou ao longo da sua carreira profissional. A sua competência profissional, o rigor com que tem gerido esta e as outras empresas públicas por onde passou, a seriedade que sempre colocou nos seus atos de gestão confirmam que a sua nomeação para um novo mandato à frente dos destinos da empresa pública Portos dos Açores S.A. é uma decisão acertada. Posição do PSD O acidente ocorrido no Porto de S. Roque do Pico com o Navio Gilberto Mariano, que vitimou um passageiro, foi muito grave mas igualmente grave é a desresponsabilização do Presidente do Governo, Vasco Cordeiro e do Secretário Regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga. O relatório do Gabinete de Prevenção e de Investigação de Acidentes Marítimos (GPIAM), sobre o acidente do ferry Gilberto Mariano em S. Roque do Pico, é claro nas suas conclusões. Conclui que a empresa pública Portos dos Açores S.A. nunca executou a manutenção dos equipamentos de amarração (cabeços) implantados nos seus portos; que o cabeço que rompeu e atingiu o passageiro já tinha uma fratura parcial e que o posicionamento dos cabeços é incorreto para utilização pelos novos ferries. Ou seja, o Relatório da GPIAM identifica um conjunto de causas que originaram o acidente. Não pode, por isso, o Presidente do Governo Regional dizer que a "responsabilidade política em relação aquele acidente mortal, é "fazer tudo" para que a situação não se volte a repetir. Responsabilidade política é, em primeira instância, responsabilizar quem tinha a obrigação de atuar preventivamente junto dos equipamentos portuários para que o acidente não ocorresse. COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 10

11 Responsabilidade política é responsabilizar a Empresa Portos dos Açores S. A., pela inexistência de um Plano de Manutenção dos equipamentos de operação (amarração) no Porto de S. Roque do Pico. Responsabilidade política é afastar da administração da Empresa Portos dos Açores, quem tinha a obrigação de geri-la, salvaguardando em primeiro lugar a segurança de pessoas e bens que utilizam as infraestruturas da sua responsabilidade. Responsabilidade política é, não reconduzir no cargo o Presidente do Conselho de Administração da Portos dos Açores à data do grave acidente, cuja atuação negligente está diretamente relacionada com o estado de degradação de um equipamento de amarração (cabeço), motivada pela respetiva falta de manutenção, cuja rotura vitimou um passageiro. Por tudo isso, o PSD/Açores entende que o Eng.º Fernando Nascimento não tem quaisquer condições profissionais (enquanto Presidente do CA da Portos dos Açores S.A.) e de gestão, para ser reconduzido como Presidente do Conselho de Administração da Empresa Portos dos Açores, S. A.. Posição do CDS-PP O CDS-PP em coerência com a posição que sempre assumiu, considera que estas audições não tendo qualquer carácter vinculativo, são uma manobra de diversão que o PS arranjou para validar as nomeações do seu governo. Reafirmamos que se estas audições servem para alguma coisa é exatamente para responsabilizar o governo e o partido socialista pelas suas nomeações. Atendendo aos acontecimentos recentes envolvendo a Portos Açores, nomeadamente as conclusões do relatório de investigação sobre o incidente que ocorreu em São Roque do Pico, que aponta para negligência da Portos Açores, designadamente na manutenção de infraestruturas, e mesmo assim, o governo e a maioria que o suporta, reafirmam a sua confiança no atual Presidente do Conselho de Administração da Portos, propondo a sua recondução ao cargo que exerce, terão que assumir a responsabilidade dessa nomeação e as respetivas consequências. Posição do PPM O Eng.º Fernando Nascimento é detentor de um currículo que consideramos não desconforme para o desempenho das funções para as quais foi indigitado pelo Governo Regional. Durante a audição demonstrou possuir um adequado conhecimento da empresa em causa e dos desafios que, a curto e médio prazo, a mesma enfrenta. COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 11

12 A Representação Parlamentar do PPM questionou, no decorrer da audição, o Eng.º Fernando Nascimento a respeito das questões da segurança e da manutenção das infraestruturas portuárias, nomeadamente ao nível da recolha de informação referente a estas áreas, da sistematização da mesma e da natureza e eficácia dos mecanismos de comunicação à administração para efeitos de planeamento e decisão. Considerámos as respostas do Eng.º Fernando Nascimento absolutamente honestas. Ainda assim, a Representação Parlamentar do PPM considera que o funcionamento do departamento de manutenção da empresa em causa aparenta de acordo com a informação de que dispomos atualmente e a que recolhemos na audição algumas fragilidades organizativas, não se colocando em causa o esforço, o profissionalismo e a boa-fé de todos os que nele trabalham e de quem tem o dever de realizar a necessária coordenação e supervisão. Ressalve-se, no entanto, que não nos sentimos habilitados para realizar qualquer tipo de avaliação definitiva a este respeito. A verdade é que as questões relacionadas com a manutenção das infraestruturas portuárias da responsabilidade da Empresa Portos dos Açores S.A. estão, infelizmente, na ordem do dia. O PPM não faz - nunca fez e nunca fará - julgamentos na praça pública. Julgamentos políticos que se alimentam da consternação e do sofrimento das pessoas, não só das que foram diretamente afetadas pelo infortúnio, mas também das que são diretamente acusadas e desqualificadas, sem direito à presunção de inocência e ao exercício do contraditório. O PPM aguardará o desenvolvimento e as conclusões de todas as entidades que estão a investigar e a analisar o sucedido no âmbito do incidente já referenciado. Mesmo assim, na medida em que a indigitação governamental do Eng.º Fernando Nascimento para o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Empresa Portos dos Açores S.A. constitui um ato eminentemente político, considera o PPM mais sensata e adequada, nas atuais circunstâncias, a nomeação de outra personalidade para o exercício deste cargo. Esta tomada de posição não significa, contudo, a imputação de qualquer responsabilidade prévia, não comprovada e porventura injusta ao Eng.º Fernando Nascimento. Trata-se, apenas, de decidir em defesa do interesse público, algo que, nas atuais circunstâncias, significa tomar uma decisão que afaste qualquer perceção pública de impunidade, favorecimento político ou de menor sensibilidade face a um acidente de grande impacto emocional na opinião pública, num contexto em que importa sublimar precisamente o contrário: transparência, sensibilidade perante a perceção popular e total predisposição para a assunção de responsabilidades no quadro de procedimentos políticos, administrativos e judiciais que garantam o exercício do COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 12

13 contraditório por parte daqueles que agora são julgados e até, do ponto de vista moral, sumariamente executados na praça pública. Enfim, a empresa, os seus trabalhadores, os seus órgãos de gestão e os seus utentes necessitam que seja restaurado um ambiente de tranquilidade e de confiança. O exercício de cargos públicos pressupõe que os que o exercem devem ser capazes de colocar, com altruísmo, o interesse público acima de qualquer interesse particular. Neste caso, a não nomeação do Eng.º Fernando Nascimento não significa a assunção de qualquer responsabilidade pessoal. Significa, apenas, o exercício de uma ética de responsabilidade que está ao alcance e ao nível do seu percurso pessoal e profissional. Assim, a nossa posição é que não estão reunidas as condições políticas adequadas e necessárias para a nomeação, com vantagem para o interesse público, do Eng.º Fernando Nascimento para o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Empresa Portos dos Açores S.A.. O Relator José Ávila O presente relatório foi aprovado, por unanimidade. O Presidente Francisco Vale César COMISSÃO PERMAMENTE DE ECONOMIA 13

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