IX Legislatura Número: 23 I Sessão Legislativa (2007/2008) Terça-feira, 06 de Novembro de 2007 REUNIÃO PLENÁRIA DE 06 DE NOVEMBRO

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1 Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa IX Legislatura Número: 23 I Sessão Legislativa (2007/2008) Terça-feira, 06 de Novembro de 2007 REUNIÃO PLENÁRIA DE 06 DE NOVEMBRO Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes Maria do Carmo Homem Costa de Almeida Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 35 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- A declaração política semanal coube ao Partido da Nova Democracia, pela voz do Sr. Deputado Baltasar Aguiar. - Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região intervieram os Srs. Deputados Paulo Martins (BE) e Gregório Pestana (PSD), tendo este interveniente respondido a pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado Victor Freitas (PSD). PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a votação final global, da proposta de decreto legislativo regional, que Fundo Nacional de Integração Desportiva, que foi aprovada por maioria. Foi presente uma declaração de voto escrita, em nome do Grupo Parlamentar do PS. - Seguidamente, procedeu-se à votação da proposta de decreto legislativo regional, que Adapta à administração da Região Autónoma da Madeira o regime de justificação das faltas por doença e respectivos meios de prova dos funcionários e agentes da administração central, regional e local, previsto no Decreto-Lei nº 100/99, de 31 de Março, alterado pelo Decreto-Lei nº 181/2007, de 9 de Maio, apresentada com processo de urgência, aprovado por unanimidade, tendo a mesma sido aprovada em votação pela maioria dos deputados presentes. - Por fim, a Câmara passou à apreciação na generalidade e em conjunto, do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Bloco de Esquerda, que Cria a Comunidade Terapêutica da Região Autónoma da Madeira e do projecto de resolução, do Centro Democrático Social/Partido Popular, intitulado Criação de Comunidade Terapêutica. Participaram na discussão, a diverso título, os Srs. Deputados Paulo Martins (BE), Edgar Silva (PCP), João Alberto (CDS/PP), Sara André (PSD), Baltasar Aguiar (PND), João Isidoro (MPT) e Bernardo Martins (PS), ficando a continuação da discussão e votação dos diplomas agendada para o dia seguinte. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 55 minutos.

2 Pág. 2 O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Bom dia, Sras. e Srs. Deputados. Estavam presentes os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD) Agostinho Ramos Gouveia Ana Mafalda Figueira da Costa Élvio Manuel Vasconcelos Encarnação Gabriel Paulo Drumond Esmeraldo Ivo Sousa Nunes Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos Jaime Filipe Gil Ramos Jaime Pereira de Lima Lucas José António Coito Pita José Gualberto Mendonça Fernandes José Jardim Mendonça Prada José Lino Tranquada Gomes José Luís Medeiros Gaspar José Miguel Jardim Olival Mendonça José Paulo Baptista Fontes José Savino dos Santos Correia Manuel Gregório Pestana Maria do Carmo Homem da Costa de Almeida Maria Rafaela Rodrigues Fernandes Miguel José Luís de Sousa Nivalda Silva Gonçalves Pedro Emanuel Abreu Coelho Rubina Alexandra Pereira de Gouveia Rui Miguel Moura Coelho Rui Moisés Fernandes Ascensão Rui Ramos Gouveia Sara Aline Medeiros André Sidónio Baptista Fernandes Sónia Maria de Faria Pereira Vânia Andreia de Castro Jesus Vasco Luís Lemos Vieira Vicente Estêvão Pestana PARTIDO SOCIALISTA (PS) Carlos João Pereira Jaime Manuel Simão Leandro João André Camacho Escórcio João Carlos Justino Mendes de Gouveia Lino Bernardo Calaça Martins Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça Victor Sérgio Spínola de Freitas PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP) Edgar Freitas Gomes Silva Leonel Martinho Gomes Nunes CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP) João Alberto Santos de Freitas José Manuel de Sousa Rodrigues BLOCO DE ESQUERDA (BE) Paulo Martinho Martins MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT) João Isidoro Gonçalves PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND) Baltasar de Carvalho Machado Gonçalves de Aguiar Dispomos de quórum, declaro aberta a sessão. Eram 9 horas e 35 minutos. E dou a palavra ao Sr. Deputado Baltasar Aguiar para a declaração política semanal.

3 O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, a situação do turismo na Madeira tem vindo a preocupar crescentemente os responsáveis do sector turístico, os operadores turísticos e todos aqueles que, directa ou indirectamente, vivem do turismo. A Madeira tem-se confrontado nos últimos anos com um problema de decréscimo, que tem vindo a ser crescente, da ocupação turística, com um problema de diminuição da facturação das unidades hoteleiras, com um problema de diminuição das receitas de todos os sectores que dependem indirectamente do turismo. Esta é a única nossa actividade económica de grande dimensão e importância e se ela entrar em crise, como poderá acontecer, não podemos excluir essa possibilidade, toda a Madeira estará em causa e toda a nossa vida económica será colocada também em perigo. Os problemas do turismo têm sido estudados detalhadamente nos últimos anos e entre todas as causas apontadas para a actual situação turística, não deixa de ter importância o problema do desordenamento urbanístico, da destruição da paisagem madeirense e do excesso de construção no Funchal, que é o maior concelho turístico da Madeira. A Madeira foi ultimamente classificada, pela National Geographic, na sexagésima nona posição... O SR. LEONEL NUNES (PCP):- 69. Um bom número! O ORADOR:-...entre muitas outras terras e destinos turísticos no que respeita à qualidade ambiental do destino. Isto deve preocupar todos os madeirenses e deve ser um motivo de reflexão séria por parte de todos os madeirenses: por parte dos políticos da oposição, por parte do poder, por parte dos agentes económicos. A Sra. Secretária foi convidada a vir ao Parlamento para prestar uma audição parlamentar sobre esta matéria e sobre o problema do turismo na Madeira. Nós achamos que seria um momento muito importante para que a Sra. Secretária começasse a indicar soluções e nos começasse também a envolver nessas soluções para o turismo. Designadamente, soluções para a questão da diminuição da procura, soluções para a questão do aumento muito grave da oferta e soluções para a degradação ambiental do destino. Eu julgo que todos nós estamos convocados... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:-...para, juntamente também com a Sra. Secretária, procurarmos encontrar soluções para o grave problema que o sector turístico da Madeira atravessa. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Martins, para uma intervenção. O SR. PAULO MARTINS (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Nunca a Região Autónoma da Madeira foi atravessada por tamanhas incertezas. A menos de um mês da apresentação do Orçamento nesta Casa, a menos de um mês do encerramento da elaboração do mesmo, temos uma situação nunca antes verificada. O Governo Regional tem consciência de quais são as despesas que terá que efectuar para a gestão corrente; o Governo Regional tem consciência de que terá que recorrer ao empréstimo de mais 50 milhões de euros; o Governo Regional não sabe quais serão as suas receitas a mais, não sabe o que irá obter com a alienação de património, não sabe de que meios financeiros disporá, para poder dar cumprimento às promessas contidas no Programa do Governo e nomeadamente em termos de investimentos do Plano. Estamos perante uma situação inédita. Não há certezas da parte deste Governo sobre o desenvolvimento para este ano económico. Não sabemos se obras de grandes envergadura, há muito prometidas, como seja o hospital, passará da fase do projecto; não sabemos se, para além das grandes vias rápidas, nomeadamente no concelho de Câmara de Lobos e no Norte da ilha, haverão outras obras; não sabemos se as necessidades sociais serão acudidas como devem e merecem da parte de um governo que se reclama de social. O que sabemos é, neste momento, a menos de um mês da discussão ou da apresentação deste Orçamento para o próximo ano económico, é que não há certeza nenhuma. Eis a que ponto chegamos, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados! Ao fim de tantos anos de governação, ao fim de tantos anos de implementação deste modelo de desenvolvimento económico, a região está numa grande incerteza... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:-...a região está numa encruzilhada. Razão daí aqueles que reclamam uma clarificação das políticas que têm vindo a ser postas em prática nesta terra. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Tem a palavra o Sr. Deputado Sr. Deputado Gregório Pestana para uma intervenção. O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Excelentíssimo Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Honrando os compromissos assumidos com o povo da Madeira e do Porto Santo o Governo Regional com a sua acção e tal como se comprometeu vai continuar a trabalhar em defesa do progresso e estabilidade, preparando-se para nos próximos 4 anos executar mais um conjunto de obras, importantes para o futuro da Região. Ao contrário do Governo Socialista da República que tem fugido à responsabilidade de assumir compromissos com os portugueses, traindo as promessas eleitorais e revelando atitudes e comportamentos políticos irresponsáveis. NÓS VAMOS CUMPRIR Pág. 3

4 Os madeirenses e portosantenses não vivem de promessas mas sim de certezas. E Porque temos uma governação credível, ao contrário de outros continuaremos a dar resposta às necessidades e anseios dos cidadãos, reforçando as nossas políticas de acção e cumprindo o que prometemos. Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados A estratégia de asfixia financeira do Governo Socialista da República, para com esta Região, visando travar o desenvolvimento económico e social da Madeira e Porto Santo não nos impedirá de continuar as politicas fundamentais e estruturantes para o futuro. As recentes reuniões mantidas entre o Governo Regional e as onze autarquias da região revelam o compromisso de um novo ciclo de trabalho, prosseguindo uma estratégia global de desenvolvimento que passa pela dinâmica do investimento público, concelho a concelho. E apesar das injustiças orçamentais cometidas pelo Governo Socialista da Republica prejudicando sistematicamente a Região, podemos concluir que destas reuniões de trabalho foram apresentadas as obras que serão lançadas algumas delas já até final deste ano e outras a iniciar em 2008, obras prioritárias e importantes para o desenvolvimento local. Não nos podemos esquecer que o investimento público representa um incentivo ao investimento privado, e hoje constata-se de forma clara e inequívoca, que os concelhos da Região, vivem uma nova realidade económica, social e cultural, desencadeada pela acção politica do Governo Regional, em parceria com as Câmaras Municipais. Cabe aqui uma referência aos presidentes das Câmaras e Freguesias que com muitas responsabilidades e grandes dificuldades asseguram o crescimento social e económico dos seus concelhos, e que mais uma vez viram neste Orçamento de Estado não ser cumprida a Lei das Finanças Locais, num total desrespeito pelo poder local. Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados A visão estratégica adoptada para os Concelhos da Região, com o lançamento de estruturas essenciais e de indiscutível importância viabilizaram e estimularam o investimento público, que hoje é uma realidade. Ao Contrário do que alguns dizem, cada vez mais vivemos numa região, caracterizada pela existência de politicas concertadas que visam continuar o rumo do progresso, realidade essa que se pode confirmar a título de exemplo pelas obras e investimentos que serão executados e de grande importância para a actividade económico-social, dos concelhos da Região. Exemplos do que acabei de referir são as obras integradas no Programa de Governo até 2011, respeitantes à Ilha do Porto Santo, cuja realização foi recentemente assumida mas já aludidas reuniões entre o Executivo do Governo Regional e a Câmara Municipal do Porto Santo, obras que constituem inequivocamente mais valias para a evolução, crescimento e avanço do Porto Santo e da Região, como sejam: - A Ampliação do Molhe Principal e ampliação da Marina do Porto Santo; - A Gare Marítima Inter Ilhas; - O reforço e apetrechamento do Centro de Saúde, bem como das valências de especialidades; - As medidas de protecção à Praia. - Construção e reabilitação das acessibilidades, com a conservação das vias existentes e construção de novos troços dando ligação aos novos pólos de desenvolvimento. - Construção e reabilitação de várias vias;; - Investimento na promoção de Habitação, entre outras. Alem destas obras que acabei de enumerar, que dizem respeito à minha terra, também poderia enumerar outras obras também já anunciadas de vital importância para os outros dez municípios da ilha da Madeira. Sei que V. Exas. senhores deputados da oposição, não gostam de ouvir estas coisas, sei que não gostam que o governo anuncie, programe e inaugure obras, aquelas que V. Exas. senhores deputados apelidam de mais cimento e mais betão, mas esta é a nossa maneira de estar, a nossa maneira de fazer politica, sempre em prol do bem estar das nossas populações. Seguramente os madeirenses e portosantenses estarão satisfeitos pelos investimentos programados e pelo esforço desenvolvido na Região em especial nesta matéria de dotação da Região de infraestruturas fundamentais à consolidação de um projecto e planeamento estratégico que visa atingir os patamares de desenvolvimento económico e social que ambicionamos para a Região. Deste modo, continuamos a conferir uma clara prioridade a estes investimentos os quais permitirão manter o enorme esforço financeiro de construção de equipamentos colectivos e de infra estruturação e qualificação do território, aspectos estruturais de sustentação e consolidação do nosso desenvolvimento económico. O PSD é um partido de trabalho, a população sabe disso e demonstra-o nos sucessivos actos eleitorais, dando-nos largas vitórias, porque há obra feita e ainda por fazer, mas os madeirenses e portosantenses confiam em nós, pois sabem que continuaremos sempre a trabalhar para tornar cada vez melhor a nossa Região. Nós Sociais-democratas congratulamo-nos com a estratégia de continuidade do Governo Regional, materializando os compromissos eleitorais, dando respostas aos verdadeiros anseios do Povo da Madeira e do Porto Santo. O povo reconhece o nosso trabalho, sabe que o Partido Social-Democrata, através da sua acção governativa soube dar respostas eficazes ás suas necessidades, com a implementação de politicas estruturantes nas várias áreas de intervenção, proporcionando-lhes mais e melhores condições de vida. Podemos constatar com satisfação que estamos a honrar os nossos compromissos, prometemos aos madeirenses e portosantenses trabalho e é isso que continuaremos a fazer Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados A oposição vive em constante alarido que os impede de distinguir o essencial do acessório. Assim tem sido e tudo indica assim continuará a ser. O Governo Regional faz, e bem, a sua parte, ao contrário da política que esta oposição continua a fazer que não é mais do mesmo mas é o mesmo do mesmo Pág. 4

5 Os ataques sucessivos da oposição aos governos do PSD mais não são do que ataques à nossa autonomia a quem hoje todos devemos o que somos e o que queremos ser. Como em qualquer caminho a viagem faz-se caminhando. E apesar das constantes perseguições, feitas à Região Autónoma da Madeira, os sucessivos governos socialdemocratas têm sabido privilegiar a sua acção governativa consolidando o desenvolvimento da Região e assim continuará Há grandes e renovados desafios que é preciso ganhar nos próximos 4 anos E os madeirenses e portosantenses sabem que podem, confiar no PSD, pois nós continuaremos a garantir as condições de estabilidade, de credibilidade, de seriedade, que hoje se respira na Madeira e Porto Santo e que queremos a todo o custo preservar. Transcrito do original. Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Para um pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado Victor Freitas tem a palavra. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Sr. Deputado que interveio falou de traição à Madeira e colocou essa traição a toda a oposição regional. Julgo que tem acompanhado aquilo que é o trabalho parlamentar e o facto de ainda recentemente ter vindo cá um documento, chamado Estatuto do Representante da República para a Madeira, à 1ª Comissão Especializada e, pasmese, esse Estatuto, teve os votos favoráveis do PSD, a abstenção do CDS e o voto contra do Partido Socialista, em relação ao conteúdo desse estatuto. A Revisão Constitucional tinha tirado competências ao então Ministro da República que passou ao Representante. Agora, esta proposta que veio à Assembleia e que o PSD aprovou, dá competências que haviam sido tiradas na Revisão Constitucional O PSD dá aqui uma cambalhota de 180 graus! Mas acima disto há outra questão que tem a ver com o facto dessa revisão de 2004 ter dado mais poderes à Madeira e o que se passa é que o seu partido, o PSD, continua a não querer alterar o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira no sentido de salvaguardar os interesses dos madeirenses e as competências da Madeira. Mais uma vez pergunto: quem são aqui os traidores? E o PSD é hoje um partido que está contra a autonomia, tanto em relação ao Estatuto do Representante, como em relação ao Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira. E falar em traição à Madeira por parte do Sr. Deputado, não lhe fica bem! É preciso ter moral para o fazer. E por falar em moral... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:-...e, concluindo, julguei também que esta semana viria a FLAMA a terreiro criticar o PSD e as atitudes anti-autonomistas do PSD/Madeira e essa organização esteve calada, cega, surda e muda! E, portanto, essa organização quando vier a terreiro... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Faz favor de concluir, Sr. Deputado. O ORADOR:-...é necessário que se diga que está ao serviço não dos interesses da autonomia, mas ao serviço... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Gregório Pestana para responder, tem a palavra. O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. A posição do Partido Social-Democrata da Madeira em relação ao Ministro da República é conhecida por todos nós. Portanto, não venham cá com a história de nós termos apoiado o parecer em comissão sobre o reforço de poderes do Ministro da República ou do Representante da República, porque a nossa posição é esta pura e simples: a extinção pura e simplesmente do cargo de Ministro da República ou de Representante da República. Ponto final! Nós sempre tivemos esta postura e continuamos a ter. E enquanto não se extinguir o Representante ou Ministro da República, esta será a nossa posição. O Sr. Deputado fala em traidores. Mas V. Exa. já viu, já reparou no vosso grupo parlamentar quem são os traidores da Madeira?! Na minha intervenção eu falei nos investimentos do Governo Regional para esta região e V. Exas., ao contrário de defenderem esta região autónoma, não, têm-nos prejudicado sistematicamente... Protestos da oposição. Vozes do PSD:- Muito bem! O ORADOR:- estas eleições que houve no dia 6 de Maio são uma causa dessa razão. V. Exas. é que são os traidores da Madeira, quando foram para a Assembleia da República cortar as verbas e apoiando o Primeiro-Ministro. Esses, é que são os verdadeiros traidores da Madeira! Vozes do PSD:- Muito bem! Pág. 5

6 O ORADOR:- Nós, apesar desses cortes, continuamos a trabalhar em prol da Madeira e do Porto Santo. Sr. Deputado, não é V. Exa. com certeza que me vai dar lições de moral! Principalmente V. Exa., mas também os outros vossos camaradas do vosso partido. A mim ninguém me dá lições de moral... Vozes da oposição:- Oooohhhh! O ORADOR:- Eu sou maior e vacinado! Portanto, Sr. Deputado, o vosso partido não está em condições de dar lições de moral a quem quer que seja, muito menos a mim! O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sras. e Srs. Deputados, terminamos o período de antes da ordem do dia, vamos passar à nossa ordem de trabalhos. ORDEM DO DIA E temos como ponto 1, a leitura do parecer da 6ª Comissão Especializada e votação final global da proposta de lei à Assembleia da República intitulada Fundo Nacional de Integração Desportiva. Peço o favor à Sra. Secretária da Mesa de proceder à leitura do parecer da 6ª Comissão Especializada. Foi lido e consta do seguinte: Projecto de proposta de lei à assembleia da República Fundo Nacional de Integração Desportiva PARECER A 6ª comissão Especializada Permanente, Educação, Desporto e Cultura, reuniu no dia 23 de Outubro de 2007, pelas 14 horas e 30 minutos, para analisar na especialidade e emitir o parecer relativo ao projecto de proposta da Lei à Assembleia da República em epígrafe. Colocado à votação o diploma, foi o mesmo aprovado por maioria com os votos a favor do PSD e do CDS/PP e o voto contra do PS. Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 23 de Outubro de 2007 O Relator, Ass.: Carmo Almeida.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Vou colocar à votação o diploma. Submetido à votação, foi aprovado com 28 votos a favor sendo 23 do PSD, 2 do PCP, 1 do CDS/PP, 1 do BE e 1 do MPT, 1 abstenção do PND e 5 votos contra do PS. Sr. Deputado, queria interpelar a Mesa? Tem a palavra. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- É só para informar o Plenário que o Partido Socialista vai entregar por escrito uma declaração de voto, nos termos regimentais, à Mesa. Declaração de voto (artigo 95º, nº 1, do Regimento da ALRAM) Fundo Nacional de Integração Desportiva O Grupo Parlamentar do PS votou contra no debate na generalidade e outra posição não poderia ter neste momento. Nós insistimos que a expressão continuidade territorial constitui, no plano dos princípios, um inquestionável dever do estado no que concerne ao seu cumprimento. Daí que, para nós, seja absolutamente pacífico que devamos competir em igualdade com todas as regiões do país. O problema, porém, não é esse. O problema reside, fundamentalmente, em dois pontos: desde logo no modelo que o governo regional teimosamente mantém, contrário, no plano dos princípios, ao modelo desportivo europeu, via que não só se tem mostrado catastrófica no que concerne ao regime de financiamento do associativismo, mas também inconsequente no plano da generalização das práticas físicas e desportivas entendidas como bem cultural. Esta proposta de criação de um fundo por parte do PSD constitui a demonstração clara da incapacidade do sistema desportivo regional responder, com novos financiamentos, às exigências de um associativismo crónico e extremamente dependente do erário público. Aliás, os atrasos nas transferências acordadas estão a conduzir à rotura e falência do movimento associativo. É portanto nosso entendimento que se outra for a política de crescimento e desenvolvimento jamais faltará meios financeiros do orçamento regional para suportar o crescimento sustentado das práticas físicas e desportivas locais e salvaguardar, por extensão, a participação da Região nos contextos nacional e internacional, subordinada à qualidade e nunca à quantidade, como direito de todos nós assistirmos a nos revermos na afirmação dos talentos nascidos e treinados na Região. Pel O Grupo Parlamentar do PS, Funchal, 06 de Novembro de 2007 Ass.: André Escórcio.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Passamos ao ponto 2 da nossa ordem de trabalhos, com a apreciação e votação da proposta de decreto legislativo regional que Adapta à Administração Autónoma da Madeira o regime de justificação de faltas por doença e Pág. 6

7 respectivos meios de prova dos funcionários e agentes da administração central, regional e local, previsto no Decreto-Lei nº 100/99, de 31 de Março, alterado pelo Decreto-Lei nº 181/2007, de 09 de Maio, apresentada com processo de urgência. Consta do seguinte: Sua Excelência O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Solicitamos a apresentação em Plenário e nos termos do artigo 235º a 237º do Regimento da Assembleia Legislativa da Madeira, o Governo requer processo de urgência para a proposta de Decreto Legislativo Regional que Adapta à administração autónoma da madeira o regime de justificação de faltas por doença e respectivos meios de prova dos funcionários e agentes da administração central, regional e local, previsto no decreto-lei nº 100/99, de 31 de Março, alterado pelo decreto-lei nº 181/2007, de 09 de Maio. Apresento a Vossa Excelência os meus cumprimentos O Vice-Presidente do Governo Regional No exercício da Presidência Funchal, 17 de Outubro de 2007 Ass.: João Carlos Cunha e Silva.- Vamos discutir a urgência e depois deliberá-la com o voto. Pergunto ao Sr. Deputado do PND se deseja intervir na deliberação da urgência? Não. O MPT, deseja intervir? Não. Bloco de Esquerda, deseja intervir? Não. O CDS/PP, deseja intervir? Não. PCP, deseja intervir na deliberação da urgência? Não. PS, deseja intervir? Não. PSD, deseja intervir? Também não. Portanto, não havendo nenhum Sr. Deputado inscrito para intervir, vou colocar à votação o processo de urgência. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. Está à discussão. Alguns dos Srs. Deputados deseja intervir? Não havendo inscrições, vou colocar à votação a proposta de decreto legislativo regional. Submetida à votação, foi aprovada com 27 votos a favor sendo 23 do PSD, 1 do CDS/PP, 1 do BE, 1 do MPT e 1 do PND e 7 abstenções sendo 5 do PS e 2 do PCP. Passamos ao ponto 3. Em relação a este ponto há um diploma, assinalado na ordem de trabalhos como ponto 20, que versa precisamente sobre a mesma matéria. Srs. Deputados, admitem discutir estes dois pontos em conjunto e votá-los em separado: o ponto 3, o projecto de decreto legislativo regional que Cria a Comunidade terapêutica da Região Autónoma da Madeira, da autoria do Bloco de Esquerda, e o ponto 20 um projecto de resolução intitulado Criação de Comunidade Terapêutica, da autoria do Centro Democrático Social/Partido Popular? O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Um, é decreto legislativo! O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Um é decreto Legislativo e o outro um projecto de resolução. Tem tempos diferentes. Os autores o que é que dizem? Sr. Deputado do Bloco de Esquerda, autor do projecto de decreto legislativo, o que é que diz? O SR. PAULO MARTINS (BE):- Sr. Presidente, a forma é diferente, nós propomos um decreto, o CDS propõe uma resolução. Nós propomos uma medida legislativa, o CDS propõe uma recomendação. Agora, a temática é a mesma. Portanto, creio que nada há a opor à discussão em simultâneo, com os tempos em conformidade. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Estão, portanto, em discussão, em conjunto. Sr. Deputado Paulo Martins, um dos autores, tem a palavra para uma intervenção. O SR. PAULO MARTINS (BE):-. Disponho de 8 mais 3 minutos? Penso que não vai ser necessário... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Exactamente! O ORADOR:- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, consideramos de extraordinária importância a criação na Região Autónoma da Madeira de uma comunidade terapêutica. Continua a crescer o fenómeno da toxicodependência na Região Autónoma da Madeira. Apesar dos números oficiais não serem fidedignos nem actualizados, a própria Sra. Secretária, que esteve no anterior Governo com a responsabilidade desta área, estimava que o número de toxicodependentes nesta região já atingisse os 5 mil. No entanto, estes números não resultavam de um inquérito exaustivo, resultavam apenas do conhecimento de casos Pág. 7

8 concretos. Porque neste fenómeno do consumo de drogas existe uma realidade visível e existe outra realidade por vezes maior, invisível a olho nu, que urgia levantar e que até hoje não foi feito. É um problema que todas as bancadas, e penso eu que todos os Sras. e Srs. Deputados, reconhecerão que traz uma enorme preocupação às famílias, aos madeirenses e portosantenses. É um fenómeno que alastra e é um fenómeno que consome e destrói vidas, nomeadamente nas camadas mais jovens da população. Julgamos que é um fenómeno que tem que ser combatido em todas as suas vertentes: na vertente da prevenção, mas também na vertente do tratamento. Julgamos que o consumo de drogas ilícitas é um dos aspectos da toxicodependência, mas também existe na região o consumo de drogas legais e o problema do alcoolismo é um problema a ter em conta dado que se estima em números oficiais que existem mais de 20 mil pessoas atingidas também por este problema de dependência do álcool. São problemas sociais graves, são problemas que desestabilizam famílias, são problemas que desestabilizam a vida em comunidade, são problemas que se alastram pelos bairros sociais, são problemas que contagiam o meio ambiente, a vida em sociedade. E é cada vez mais frequente, lamentavelmente, encontrar em todos os bairros sociais zonas de injecção, zonas onde se encontram seringas, zonas que se sabe que são zonas escolhidas para o consumo de drogas por meios injectáveis. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para fazer face a esta situação que cresce para benefício de alguns (os grandes traficantes e aqueles que com eles colaboram), não basta ficarmos apenas pelo trabalho que tem sido feito. Tem havido trabalho de prevenção, é importante, e provavelmente tem que ser reforçado, não apenas nas escolas mas também com grandes campanhas regionais de esclarecimento sobre os malefícios da droga. E desse ponto de vista há que incentivar ainda mais o trabalho de prevenção que tem sido feito. Mas é necessário um maior impulso a duas outras vertentes que são indispensáveis: que é o tratamento e a reinserção social dos toxicodependentes. E sobre a questão do tratamento temos que reconhecer que a região tem escassez de meios. Neste momento apenas existe o Centro de Santiago, com alguma capacidade de tratamento de toxicodependentes, e neste momento as camas disponíveis são apenas quatro. Foi feito um compromisso, uma promessa da parte da anterior Secretária da tutela que, até 2008, era lançado o projecto para o novo centro de tratamento, de acolhimento dos toxicodependentes. Não sabemos - e ainda ontem tivemos ocasião de questionar -, se 2008 será o ano de arranque deste projecto, se será o ano de arranque desta questão de extrema necessidade por razões de dificuldades financeiras da região. Agora, o que sabemos é que urge dar respostas às carências de tratamento, que o número de camas não é suficiente, que a região tem que assumir essa tarefa e que não basta mandar para o Continente, para comunidades terapêuticas existentes no Continente, as pessoas toxicodependentes que têm meios para tal, é necessário uma política mais rigorosa, mais concretizada na região quanto a este problema. Por isso mesmo é que apresentamos este diploma, porque achamos que uma das vertentes fundamentais da política social do Governo não é apenas a prevenção da toxicodependência, é o tratamento da toxicodependência e, nessa questão, urge avançar dado que já estamos atrasados perante a dimensão do fenómeno. Julgamos que nos dias de hoje a toxicodependência é um fenómeno que não conhece fronteiras. O tráfico de droga é um problema grave, é um dos maiores negócios à escala mundial a par do tráfico de armamento e lamentavelmente também o tráfico de pessoas aproxima-se deste negócio. No entanto, há que combater com os meios que temos, não apenas meios policiais, como muito bem um outro partido da oposição tem levantado, mas também com abrir janelas de oportunidades para o tratamento dos toxicodependentes e para a sua posterior reinserção social. Daí o termos traduzido em decreto legislativo regional esta nossa preocupação, da criação de uma comunidade terapêutica na dependência da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, integrada no Serviço Regional de Saúde, como uma valência de extrema importância e actualidade nos dias de hoje. É necessário que o Estado e que a região assuma este problema, sem prejuízo de todas as iniciativas privadas que possam aparecer nesta área. Todas são poucas para combater este flagelo, mas o Estado não pode, em nome da existência de comunidades privadas, fugir ao seu papel de se assumir enquanto um dos motores do tratamento e da reinserção social dos toxicodependentes. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pensamos que esta proposta mereceria o apoio da Assembleia Legislativa. O assunto, certamente dir-me-ão as Sras. e os Srs. Deputados da maioria, não estará no esquecimento do Governo Regional da Madeira. É óbvio que não, porque senão seria um governo completamente desligado da terra e nós não ousamos afirmar tal questão! Pensámos até que alguma coisa tem sido feita em matéria de prevenção, que não o negamos. Agora, olhemos a realidade: já se passaram tantos anos em que este problema tem vindo a crescer e não têm havido os estudos necessários para actualizar os dados, falham. Os números que existem são números de há 3 ou há 4 anos atrás, que já davam conta da existência conhecida de cerca de 5 mil toxicodependentes. Falta o universo desconhecido, não se têm actualizado os dados. E também não podem negar ao Bloco de Esquerda que tem razão, quando diz: que o Centro de Santiago não dá para as encomendas e que o número de camas é um número escassíssimo para as necessidades que estão colocadas à região. E também não podem negar que resultam em encargos acrescidos para as famílias, aquelas que têm posses, mandarem os seus membros de agregados familiares que caiem na dependência de drogas, para recuperarem, para serem tratados no Continente ou noutras partes. Julgamos que há que encarar esta realidade. É uma questão de extrema necessidade, é uma questão de importância regional e é uma questão que gostaríamos imenso de ver acolhida. É óbvio que já sabemos que perante estes problemas, como já aconteceu, a atitude do PSD é de chumbo. Ficalhes mal, porque não custaria nada reconhecer estas necessidades, reconhecer todo o trabalho que tem sido feito e que fica sempre aquém do desejado nesta matéria, reconhecer que a matéria de tratamento é aquela que tem sido mais descorada na Região Autónoma da Madeira e que urge concentrar esforços nessa área. É pena que isto volte a acontecer, mas pelo menos façam uma coisa: que chumbem a iniciativa mas incluam no Orçamento verbas para construírem, o mais urgentemente possível, o novo Centro para acolhimento, tratamento, reinserção social posterior dos toxicodependentes. Está prometido, desde antes das últimas eleições autárquicas! Haja Pág. 8

9 consagração de verbas, haja um arranque imediato da obra e haja um início da construção! O Centro de Santiago já não dá, já esgotou o seu papel, já não tem capacidade. Haja portanto ousadia e não hajam constrangimentos financeiros que limitem a satisfação desta necessidade. As obras públicas são importantes, mas isto é uma obra que é de interesse público e sobretudo de interesse social e de interesse de saúde pública. Por isso mesmo defendemos, com estes argumentos, a nossa iniciativa e é óbvio que a recomendação feita pelo CDS/PP, que apesar de não ter força de lei valer o que vale, também merece o nosso acolhimento e vai no mesmo sentido. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Paulo Martins, há duas questões que são claramente diferenciadas: uma, que é a que diz respeito à necessidade de um novo centro em Santiago, um novo centro de saúde para o acompanhamento terapêutico na área das toxicodependências e é uma questão importante e há muito prometida pelo Governo; uma outra são as limitações existentes naquele centro, que desenvolve o valioso trabalho mas exíguo nas suas capacidades de intervenção; mas outra bem diferente é a que diz respeito ao objecto desta iniciativa de decreto legislativo regional, que visa criar uma comunidade terapêutica na Região Autónoma da Madeira. E sendo questões diferentes e reportando-se este projecto à criação de uma comunidade terapêutica na Região Autónoma da Madeira, eu gostaria de perguntar ao Sr. Deputado, em relação à questão que é o objecto central desta iniciativa, se sabe V. Exa. de alguma avaliação quanto ao envio de cidadãos desta região, particularmente jovens, para comunidades terapêuticas do Continente, que é o que tem acontecido nos últimos anos, desde 2002, portanto 2002, 22 jovens, em 2003, 18 em 2004, 11? Até hoje nos últimos 5 anos são mais de 70 os jovens da Região Autónoma da Madeira, que são quase todos eles jovens esses cidadãos, que foram encaminhados para comunidades terapêuticas no Continente para um tratamento específico no âmbito das comunidades terapêuticas que existem no Continente, que têm determinado tipo de exigências e de metodologias de intervenção técnica, mas que não existem na Região Autónoma da Madeira? E a questão que gostaria de colocar ao Sr. Deputado é: se tem conhecimento de alguma avaliação quanto ao impacto, quanto aos objectivos alcançados ou não, desta estratégica da Região Autónoma da Madeira de mandar para o exterior os jovens que carecem deste tipo de encaminhamento... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça): Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:-...e de tratamento? Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Paulo Martins para responder, tem a palavra. O SR. PAULO MARTINS (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar Silva, efectivamente são problemas separados: a criação da comunidade terapêutica e as outras questões aqui colocadas, nomeadamente o novo Centro de Santiago. Têm algo a ver, dado que respondem em diferentes valências ao problema da toxicodependência, que é uma questão de saúde pública e foi por isso, de qualquer maneira, que foram introduzidas na minha intervenção. Quanto à questão da comunidade terapêutica, é urgente a sua criação na região por variadíssimas razões, nomeadamente que permite uma melhor avaliação e acompanhamento e permite concretamente uma não desinserção das pessoas sujeitas ao tratamento do seu meio familiar. Isto é, permite que as famílias mantenham-se em constante ligação com as pessoas que estão submetidas aos tratamentos que lhes são exigidos para recuperarem desse problema. O enviar para o Continente cria logo à partida um problema sério, que é o desligamento das famílias, espaçando muito, tornado essas pessoas, digamos, isoladas, isolando-as do meio familiar. Desconheço no concreto (desconheço porque não tenho estudos, espero que o Sr. Deputado tenha), desconheço os resultados que foram obtidos com o encaminhamento desses jovens para as comunidades terapêuticas do Continente. Espero que tenha resultados, porque conviria fazer uma apreciação exacta. Não sei, espero que tenha dado bom resultado, porque oxalá que o problema tenha sido superado, mas, o ter havido encaminhamento para comunidades terapêuticas no Continente, é apenas uma necessidade de recurso e não responde ao problema que está colocado à região, que é a criação da sua própria comunidade terapêutica. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado João Alberto para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JOÃO ALBERTO (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projecto de resolução do CDS, relativamente à criação da comunidade terapêutica, tem presente, digamos, o plano regional da luta contra a droga É sabido que as estratégicas de combate a este flagelo droga, devem assentar essencialmente na repressão do tráfico, naquilo que é a parte da investigação judicial, na prevenção junto das camadas mais jovens e no tratamento de recuperação e reinserção social dos toxicodependentes. Ora, portanto, só com políticas articuladas nestas vertentes, é que o Governo, as sociedades e as instituições e famílias deverão estar, digamos, envolvidas. Pág. 9

10 Na Madeira os problemas relacionados com as drogas têm vindo a crescer e muito. Portanto, cada vez mais os sinais de consumo são uma evidência e têm a ver com as novas drogas químicas que vão circulando entre a juventude desta região. Ora, no sentido de implementar, ou levar mais à prática este plano regional, das vinte e nove metas, três delas, como são enumeradas aqui no projecto de resolução do Grupo Parlamentar do CDS, três delas merecem a nossa atenção, nomeadamente as metas números onze, doze e treze, respectivamente: Meta 11 - Potenciar a capacidade regional de tratamento das pessoas toxicodependentes; Meta 12 - Promover e ajustar respostas, no que ao seu tratamento das pessoas consumidoras de novas drogas e com distintos padrões de consumo; E, por último, meta 13 - Assegurar uma intervenção global dirigidas às famílias das pessoas que sofrem este flagelo da droga. Ora, as unidades de tratamento existentes com base neste plano regional necessitam de ser complementadas com uma unidade especializada que preste cuidados aos toxicodependentes que precisem de internamento prolongado com o apoio psicoterapêutico e socioterapêutico. O internamento de toxicodependentes em comunidades terapêuticas, nomeadamente no Continente Português ou mesmo no estrangeiro, como tem acontecido não tem dado os resultados necessários ou os resultados previsíveis e desejáveis. Nesse sentido, os especialistas indicam que um projecto de recuperação de uma pessoa dependente de drogas, pressupõe, também, uma intervenção no âmbito da família e deve ser realizada no seu meio social. Portanto, neste sentido o CDS submete este projecto de resolução, da criação de uma comunidade terapêutica, à Assembleia Legislativa, recomendando ao Governo Regional a criação desta mesma comunidade nesta região. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP): - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Alberto, a questão que coloco em relação à pertinência da criação na Região Autónoma da Madeira de uma comunidade terapêutica acaba por desembocar numa outra questão que decorre de intervenção anterior, também do Sr. Deputado Paulo Martins, que é esta: a região, do ponto de vista dos meios a disponibilizar e do ponto de vista técnico, precisa de um novo Centro de Santiago, um centro que seja uma unidade de cuidados especializados devidamente redimensionada, devidamente apetrechada para ter resposta aos cuidados especializados nesta área da toxicodependência ou, para além disso, precisa também a região da chamada comunidade terapêutica, que é uma valência diferenciada do que é esta unidade de cuidados especializados como o centro de tratamento de toxicodependentes em Santiago, aqui no Funchal e, portanto, se para além disso precisa ou não de forma complementar e supletiva da chamada comunidade terapêutica? E essa é uma questão de fundo que está aqui em discussão, que sendo uma componente técnica é também uma questão política. O grande problema, de facto (não é que nós disponhamos de estudos que certamente o Governo é que dispõe), é que, dos contactos e das reuniões que tivemos com pessoas que trabalham nesta área, nomeadamente nas reuniões que tivemos com pessoas ligadas à componente técnica no Centro de Saúde de Santiago, a grande questão que ali se coloca é, para além da insuficiência dos espaços e das condições de trabalho, a questão que depois se coloca são os cerca de setenta jovens enviados para o Continente. A comunidade terapêutica tem por objectivo não só garantir a desabituação mas a comunidade terapêutica tem também necessariamente de garantir formas de acompanhamento para que essa libertação, que aconteceu das dependências, não tenha regressões e algumas até irreversíveis. O problema que se coloca de facto é que a comunidade terapêutica no Continente, fora da região, podendo garantir formas de desabituação... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Excedeu o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:-...depois o acompanhamento é muito precário depois no retorno à Região. E de facto à situações de regressão, algumas delas irreparáveis. A questão que coloco também ao Sr. Deputado é se: em relação a esta questão do acompanhamento, se esta não é de facto uma questão decisiva e fundamental para legitimar... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Peço que conclua, Sr. Deputado. O ORADOR:-...a construção de uma comunidade terapêutica na região? Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado João Alberto, faz favor, para responder. O SR. JOÃO ALBERTO (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar Silva, comungamos também nesta situação de que de facto deve ser reformulada a comunidade referida e já existente, naquilo que é, digamos, o tratamento dos toxicodependentes. Somos também favoráveis nesse sentido Relativamente ao complemento ou complementarmente que deve presidir à criação desta comunidade, em relação à já existente julgamos que deve ser também uma realidade, porque a reinserção destas pessoas, que são tratadas e depois são jogadas novamente à sociedade, não têm uma acompanhamento, muitas das vezes resulta em voltar novamente às drogas e, portanto, começar de novo com todo o calvário que é para as pessoas dependentes, para as suas famílias e para a própria comunidade que tem que, digamos, envolver-se e desempenhar um papel importante na sua recuperação e com os gastos que tudo isso implica. Pág. 10

11 Portanto, o acompanhamento é talvez a parte mais importante de quem teve um tratamento e está a recuperar, digamos, para que essa pessoa depois possa ser inserida no meio social e desenvolver a sua vida em família e em comunidade. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sra. Deputada Sara André para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. A SRA. SARA ANDRÉ (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado, eu gostaria de fazer-lhe as seguintes perguntas: Afirma no seu projecto de resolução que estes internamentos de toxicodependentes em comunidades terapêuticas no estrangeiro e no Continente não têm obtido os resultados desejáveis. Eu gostaria de saber onde é que foi buscar esses dados? Gostaria também de saber quais são os especialistas que afirmam que os toxicodependentes internados nas comunidades terapêuticas devem ter uma intervenção no âmbito da família e deve ser realizada no seu meio social? Isto porque, se analisarmos os espaços da comunidade terapêutica (só vou dar um pequeno exemplo), nos dois primeiros meses os residentes não podem receber visitas, não podem receber telefonemas, podem escrever cartas e as saídas só podem ser acompanhadas de monitores; na segunda fase, são mais dois meses, podem receber correspondência e telefonemas e as visitas de familiares são em dias programados. E gostava também de saber como é que pode afirmar que os toxicodependentes, que foram internados em comunidades terapêuticas, ao regressarem à região não têm acompanhamento? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado João Alberto para responder, tem a palavra. O SR. JOÃO ALBERTO (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sra. Deputada, isto é um projecto de resolução, portanto é uma recomendação ao Governo, para ter em atenção. É óbvio que os estudos e os especialistas, com toda a sinceridade não os tenho aqui, não fui eu que coordenei, não coordenei esta situação, mas eu penso que não será difícil os encontrar... Portanto, neste particular não a posso esclarecer. Mas não é que não existam, eles existem e não são poucos. Relativamente à sua terceira questão, que diz respeito de como é que se pode demonstrar que as pessoas que regressam destas comunidades de tratamento não tenham uma reinserção no mesmo social, é isso?... A SRA. SARA ANDRÉ (PSD):- Não têm acompanhamento? O ORADOR:-.Não têm acompanhamento? A falta de acompanhamento é a evidência dessas mesmas pessoas no regresso à droga... A SRA. SARA ANDRÉ (PSD):- Não, não! O ORADOR:- Esse acompanhamento tem que ser verificado pelas pessoas com especialidade e no âmbito deste plano regional e no acompanhamento das próprias famílias nesse apoio que este plano regional deve comportar. Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Sr. Deputado João Alberto, a experiência que nós temos é que estes tratamentos demoram um ano e a Sra. Deputada referiu a impossibilidade de visitas familiares, durante os dois primeiros meses. A questão é esta: como é que se pode admitir que madeirenses, que fazem parte das nossas famílias, que todos nós conhecemos muitas vezes, sejam obrigados a estar muitas vezes um ano, um ano e meio fora da Madeira, a fazer um tratamento duríssimo do ponto de vista psicológico e físico, longe da sua terra, longe dos seus familiares? O problema é este! Durante dois meses de facto não podem receber visitas, não devem receber visitas, mas o que eu pergunto é o seguinte: devem-se sujeitar estes doentes durante um ano e meio ao isolamento das famílias, a viverem em condições dificílimas, muito longe da sua terra? É isto que eu pergunto e é isto que está em causa! O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado João Alberto para responder, tem a palavra.. O SR. JOÃO ALBERTO (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Baltasar Aguiar, eu penso que o tratamento duro a que estas pessoas são sujeitas fora da região, é óbvio que se tivéssemos condições desses tratamentos serem feitos cá na região, esta mesma dureza não era tão agreste... Eu não percebo a intervenção da Sra. Deputada Sara André relativamente aos meus esclarecimentos... Protestos da Sra. Sara André. Se quer colocar outros esclarecimentos, tudo bem... nem percebo o seu sorriso muito escaldante... Este tratamento duro a que estão sujeitas as pessoas que são apanhadas pela droga fora da região, é óbvio que resulta da falta de condições que essas pessoas não têm aqui na região. Portanto, se houvesse a possibilidade de os Pág. 11