ANÁLISE SOBRE AS ADEQUAÇÕES E PREPARO DA ESCOLA REGULAR PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTES

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1 ANÁLISE SOBRE AS ADEQUAÇÕES E PREPARO DA ESCOLA REGULAR PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTES CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA PARA A EFICÁCIA DA PROPOSTA INCLUSIVA Graziella Serafin* RESUMO A partir de uma pesquisa de campo, este artigo buscou identificar a realidade da inclusão de alunos deficientes na rede regular de ensino. Primeiro avaliaram-se o estudante no ambiente escolar e sua interação com os outros educandos e professores. Investigou-se a eficácia das práticas pedagógicas para suprir as necessidades do estudante diferente, relacionando-as com o que se almeja de uma inclusão eficiente. Ocupou-se também em estudar como o Projeto Político Pedagógico aborda a inclusão e quais suas contribuições para o processo. Com base nos dados coletados foram diagnosticadas as necessidades de melhoria e buscaram-se, no olhar da psicopedagogia, sugestões pertinentes que atendam a essas mudanças. Palavras-chave: inclusão escolar, pessoas com deficiência, aluno com deficiência na escola regular, contribuições psicopedagógias para a inclusão escolar de deficientes. *Professora da APAE Santa Felicidade. Graduada em Letras Português e Espanhol (2005) pela UNIANDRADE, especialista em Educação Especial com Ênfase em Inclusão (2010) pela PUC-PR e Psicopedagoga (2014) pela UTP. Graziellascassa@hotmail.com

2 1 INTRODUÇÃO A escola regular passou a aceitar a criança com deficiência em seu quadro discente sem cuidar apropriadamente da qualificação dos professores que irão receber esses alunos. Muitos educadores não possuem o preparo necessário para atender o aluno diferente. Dessa maneira, a entrada de crianças com deficiência não contou com as condições precisas para que o processo de inclusão pudesse ocorrer de forma eficaz. A educação inclusiva deve proporcionar ao aluno com deficiência participação nas atividades cotidianas da classe regular, expondo-lhe aos mesmos conteúdos que os demais estudantes. Falar em inclusão escolar é falar do educando que se sente contido na escola ao fazer parte daquilo que a instituição oferece, contribuindo com seu potencial para os projetos e as programações da escola. A ação psicopedagógica na inclusão escolar é de extrema relevância ao considerar todos os aspectos que dificultam o processo e buscar alternativas que viabilizem a eficácia do ensino de alunos deficientes. A escola será assessorada quanto a medidas para a formação de professores e comunidade escolar sobre as características das deficiências dos estudantes; quanto a adaptações de currículos e material de apoio; e quanto à necessidade de professores especializados, além de outras modificações pertinentes. Para a realização dessa experiência escolhemos a Escola Estadual Bom Pastor, situada no bairro Vista Alegre. Nela estudam três (03) jovens deficientes, sendo dois surdos e um portador de Transtorno Global do Desenvolvimento. O trabalho foi iniciado observando as adaptações feitas na instituição para receber estes alunos e como eles interagem no ambiente escolar. Analisamos também como os demais estudantes se comportam com a presença de pessoas com deficiência, investigando se os adolescentes deficientes fazem parte dos jogos e brincadeiras ou ficam isolados. Como sabemos, para que a escola seja efetivamente inclusiva é necessário que os professores estejam preparados para receber esse alunado. Por isso foi indispensável investigarmos a aptidão desses docentes em propor práticas de ensino que atinjam o aluno deficiente, além de verificar as adaptações no currículo e material didático pertinentes às peculiaridades de cada um dos educandos incluídos.

3 O último estágio para concluirmos nossas considerações acerca da eficácia da inclusão de alunos deficientes na rede regular de ensino foi analisar como o Projeto Político Pedagógico aborda o tema. Se nele há diagnosticado a demanda de estudantes deficientes e como ele sugere que os profissionais atendam às necessidades desses educandos. Este projeto tem a intenção de explorar a realidade da inclusão de alunos com deficiência na rede regular de ensino. O propósito é diagnosticar os problemas, e, através dos estudos da psicopedagogia, ofertar sugestões que contribuam para a inclusão qualificada desse alunado. Com base na relação entre os dados da pesquisa e o que os teóricos entendem por inclusão escolar, propusemos algumas intervenções que contribuem para a eficácia do trabalho. 2 COMPREENDENDO A INCLUSÃO ESCOLAR A educação especial é um processo em andamento em todo o país. O movimento defende que todas as crianças, independentemente de suas condições, sejam acolhidas nas escolas regulares. Porém, mais importante que o acesso às escolas comuns, é permitir a esse aluno com deficiência o sucesso e a permanência nesse sistema educacional. A Declaração de Salamanca (1994) afirma que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras [grifo nosso]. Esse documento afirma ainda que o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Para Maria Teresa Eglér Mantoan (2006), fazer valer o direito à educação não se limita a cumprir o que está na lei e aplicá-la, sumariamente, às situações discriminadoras. A inclusão escolar não acaba ao matricular o aluno com deficiência na rede regular de ensino, e nem mesmo com sua presença na escola. Incluir é garantir atenção às peculiaridades de aprendizagem e desenvolvimento desse aluno, fornecendo-lhe um ambiente acolhedor e adaptado às suas necessidades. O objetivo é que esse educando permaneça na escola e obtenha sucesso acadêmico, desenvolvendo ao máximo suas potencialidades. Vale ressaltar que todos, inclusive

4 o aluno com deficiência, têm algo a contribuir. Segundo Glat (2007), a educação inclusiva é entendida como aquela que proporciona ao aluno com deficiência participar das atividades cotidianas da classe regular, aprendendo as mesmas coisas que os demais. Mesmo que essa aprendizagem seja de maneira diferente, o que também deve acontecer sem defasar o sistema idade-série. Mantoan (2006) aborda a questão da igualdade x diferença, aplicável quando há adaptações necessárias para que o estudante com deficiência consiga fazer parte da escola comum. Ela afirma que a inclusão propõe a desigualdade de tratamento como forma de restituir uma igualdade que foi rompida por formas segregadoras de ensino especial e regular. Ao tratar igualmente o aluno diferente, sem oportunizar as devidas adaptações e adequações pertinentes às suas necessidades, corremos o risco de excluí-lo. Para que haja igualdade nas escolas não se pode conceber que todos os alunos sejam iguais em tudo. É preciso considerar suas desigualdades físicas, intelectuais, linguísticas, emocionais, orgânicas, entre outras. Segundo ela, a igualdade de oportunidades é perversa quando garante o acesso à escola comum de pessoas com alguma deficiência de nascimento, mas não lhes assegura a permanência e os prosseguimentos da escolaridade em todos os níveis de ensino. É preciso reconhecer a igualdade de aprender como ponto de partida e as diferenças como ponto de chegada. É sabido que a educação inclusiva é um grande desafio. É preciso redefinir novas alternativas e práticas pedagógicas para a inclusão desse alunado. 2.1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES Para tornar-se inclusiva, a escola precisa formar seus professores e sua equipe de gestão. A formação continuada dos profissionais de educação deve ser um compromisso. Rosângela Gavioli Prieto (2006) afirma que os professores devem estar aptos a elaborar e a implantar novas propostas e práticas de ensino para responder às características de seus alunos, incluindo aquelas evidenciadas pelos alunos com necessidades especiais 1. O professor deve ser capaz de analisar o 1 Com necessidades especiais agora é um termo obsoleto, substituído por com deficiência, em virtude da Portaria nº 2.344, de 3 de novembro de 2010.

5 domínio de conhecimento de seu aluno especial e de suas diferentes necessidades. A partir desse exame, ele poderá criar ou adaptar materiais, além de prever formas de avaliar esse educando. Prieto afirma ainda que os conhecimentos sobre o ensino de alunos com necessidades especiais não pode ser domínio apenas de alguns especialistas e sim apropriado pelo maior número possível de profissionais de educação, sugerindo a formação continuada. Para Glat (2007), é necessária a oferta de uma formação que possibilite aos professores analisar, acompanhar e contribuir para o aprimoramento dos processos regulares de escolarização, no sentido de que possam dar conta das mais diversas diferenças existentes entre seus alunos. 2.2 CURRÍCULO O currículo escolar para o aluno especial deve ser construído à parte, considerando as flexibilizações e adaptações necessárias. O currículo deve ter objetivos de curto prazo, um tempo diferenciado para que o aluno possa alcançar os objetivos propostos; além de modificar, eliminar ou introduzir conteúdos e atividades quando necessário. Mantoan (2006) observa que não é possível elaborar um currículo sem que o professor conheça seus alunos. Essas decisões curriculares devem envolver toda a equipe profissional, incluindo diretores, orientadores, psicólogos, entre outros. 2.3 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Entende-se por Projeto Político Pedagógico (PPP) o documento que assume papel fundamental na organização e encaminhamento do trabalho pedagógico. Ou seja, ele indica o itinerário a ser percorrido pela equipe diretiva, pelos professores, funcionários, alunos e pelas famílias. Mantoan (2006) sugere que essa seja a primeira orientação para que se caminhe em direção a uma inclusão de qualidade, estimulando as escolas para que elaborem com autonomia e de forma participativa o seu Projeto Político Pedagógico, diagnosticando a demanda, ou seja, diagnosticando quantos são os alunos, onde estão e porque alguns estão fora da escola.

6 2.4 AVALIAÇÃO A avaliação pode ser um obstáculo à inclusão se realizada da maneira tradicional, através de notas, provas etc. Segundo Mantoan (2006), é urgente suprimir o caráter classificatório da avaliação escolar, sugerindo ser contínua e qualitativa. Além desses pontos, é necessário realizar as adaptações físicas no espaço escolar para que os alunos com dificuldades motoras e visuais possam ter livre acesso ao ambiente. Orienta-se também a realização trabalhos que oportunizem a aceitação desse educando por parte das outras crianças. Para garantir os ideais legais da educação inclusiva é necessário conhecer as condições reais da educação pública e obrigatória, identificando e dimensionando os pontos de mudança. O movimento de inclusão só terá sucesso se houver investimento em transformações profundas no sistema educacional e profissional. 3 ANÁLISE SOBRE OS DADOS 3.1 OS ALUNOS DE INCLUSÃO E O ESPAÇO ESCOLAR Para a realização da observação do trabalho foi escolhido o Colégio Bom Pastor. A escola está situada no bairro Vista Alegre, na região de Curitiba. A população do bairro pertence à classes média e média baixa, e os alunos que frequentam a escola são moradores de região próximas. Ela tem um porte considerado médio, e seu prédio tem dois (02) andares. No térreo ficam um pátio aberto e um pequeno espaço coberto; a quadra de esportes, que é grande e está bom estado; e a cantina. No primeiro andar ficam salas de aula, e no segundo andar, além de mais salas, estão a biblioteca e as salas da direção, coordenação e professores. Na sala dos professores há cinco (05) computadores com acesso à internet. Cada andar possui um banheiro grande para as meninas, e outro para os meninos. Não há rampas para acesso de cadeirantes ao andar superior.

7 A salas de aula são grandes e ventiladas, e toda a mobília está conservada e em bom estado. A biblioteca é ampla, com bastante material e mesas de estudo. Anexada a ela está uma sala com dez (10) computadores com acesso à internet, para serem usados pelos alunos sob orientação do professor. Os banheiros dos alunos são grandes, porém não há espaço reservado para cadeirantes. Neles faltam papel higiênico/toalha e sabonetes. Os docentes utilizam banheiros pequenos e com todos os artigos de higiene básicos que ficam próximos à sala de professores. A escola atende em três horários: pela manhã estudam os alunos do ensino médio; à tarde estudam os alunos do ensino fundamental II; e à noite a escola oferece o EJA Educação de Jovens e Adultos. Só há alunos de inclusão no período da tarde. Estudam três (03) alunos de inclusão no Colégio Bom Pastor. Dois surdos, um garoto, uma garota e um jovem portador de TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento). Os surdos são Jonas Vieira dos Santos e Carolina Góes, que estão matriculados no 7º e 9º ano respectivamente. O aluno com transtorno se chama Ilson Hayashi dos Santos e está matriculado no 6º ano. Em sala todos os três sentam-se nas primeiras fileiras do canto. Percebe-se que Carolina é mais tímida do que os garotos. Jonas e Ilson, apesar da deficiência, participam das aulas. Jonas e Carolina conseguem fazer leitura labial e se comunicam através de LIBRAS, porém a escola atualmente não dispõe de um profissional com tal habilidade. Por isso, os alunos precisam usar mímica para se expressar. Jonas é um garoto agitado e eventualmente briga com os colegas da escola por não conseguir ser compreendido. O aluno é bastante competitivo e participa dos jogos nas aulas de educação física e no intervalo. É um rapaz popular, que se expressa e busca ser reconhecido no espaço escolar. Pode-se dizer que Jonas é aceito pelo grupo de alunos, fazendo parte de todos os jogos e brincadeiras sugeridos. Já Carolina não consegue formar vínculos de amizade na escola. Em sala é sempre retraída e pouco busca se expressar. Não participa das aulas de educação física, permanecendo sempre sentada nos bancos da quadra. No intervalo, lancha

8 sozinha e está sempre isolada e acanhada. Não se pode dizer se Carolina é tímida devido à dificuldade de comunicação ou se é uma característica de sua personalidade. Ilson consegue se expressar bem e compreende as solicitações dos professores. O aluno se incomoda com a agitação da turma e eventualmente se descontrola, grita, agride os colegas e sai da sala correndo pela escola. É necessário que a pedagoga e o inspetor da escola intervenham para conter e acalmar o estudante. Ele não participa das aulas de educação física sequer permanece na quadra no momento da aula. O rapaz normalmente vai para o pátio da escola durante o período de aula e brinca de correr com outros alunos que estão fora de sala. O educando gosta de brincar de pegar e sempre é convidado a participar de jogos e brincadeiras durante o intervalo. Ele é aceito e respeitado pelos colegas. 3.2 O CORPO DOCENTE Para realizar esta pesquisa foi necessário permanecer no mínimo uma semana na sala de cada aluno durante o período de aulas. Além da observação, foram empreendidas conversações com os professores que atendem alunos com deficiência. Os professores relataram que não houve nenhum preparo, nem instrução, por parte da instituição, para lidar com alunos deficientes. A instituição sequer informou a existência de deficientes em sala e, no caso de Ilson, durante algum tempo foi negado que o estudante o fosse. Segundo os professores, sem tal informação, o trabalho pedagógico na turma do garoto foi atrasado, pois sempre que o aluno surtava, a aula era interrompida. Os docentes informam que desconhecem a natureza da deficiência de Ilson, e não sabem como trabalhar com o aluno em sala. Em relação a Jonas e Carolina, foi relatado muita dificuldade em compreender suas opiniões, de forma que não obtinham retorno desses alunos quanto à compreensão do conteúdo passado. Observou-se que os professores não sugerem que os alunos deficientes troquem seus lugares na fileira do canto para a fileira do meio, o que facilitaria a eles

9 ouvir o educador, realizar leitura labial, no caso dos alunos surdos, e enxergar o quadro negro. Não foi percebido atenção diferenciada dos professores com o estudante deficiente. As salas de aulas são lotadas e possuem alunos bastante agitados, o que desfavorece ao professor tempo disponível para atender as peculiaridades dos alunos de inclusão. Os docentes afirmam não convidar os alunos com deficiência para participarem das atividades propostas por não saberem como aproveitar a contribuição desses educandos. Relatam que avaliam os alunos com base no que produzem, sem ter um objetivo claro para eles. A professora de educação física aprova os alunos com deficiência mesmo que não participem das aulas, e informa que não solicita que assistam as suas aulas. Ela diz sentir-se angustiada com tal atitude, mas que não sabe como aproveitar as habilidades deles. As avaliações e material didáticos não sofreram adaptações pertinentes à dificuldade dos educandos, nem há um currículo construído à parte que considere a deficiência de cada aluno. Alguns professores tentaram aplicar uma avaliação à parte para os alunos deficientes e formam advertidos, sendo acusados de facilitar para que o aluno atinja o objetivo ou de fazer a avaliação pelo aluno O último passo para concluir a observação foi analisar como o Projeto Político Pedagógico aborda a inclusão escolar de alunos deficientes. O documento é do ano corrente, 2014, e nele consta apenas a inclusão de surdos. A pedagoga da escola, a senhora Célia Crispim, informou que o PPP foi atualizado no final de 2013 e terminado em março de 2014, e que neste período não havia conhecimento sobre a deficiência de Ilson, pois o rapaz iniciou seus estudos na escola este ano. O documento sugere que seja solicitado ao estado o envio de dois professores de apoio fluentes em LIBRAS, e que eles deverão acompanhar Jonas e Carolina em sala de aula, auxiliado sua comunicação com os professores e colegas. O PPP ainda afirma que os professores de apoio poderão auxiliar os alunos surdos na realização de trabalhos e avaliações, bem como trabalhar, junto aos professores regentes de cada disciplina, as adaptações ao conteúdo e material didático. A Pedagoga afirma já haver solicitado ao estado o envio de tais profissionais, além de outro professor qualificado para auxiliar Ilson em suas atividades escolares. Em última análise, é possível concluir que a inclusão escolar ainda está distante do ideal. A escola, apesar de haver matriculado, não se preparou para a

10 chegada do aluno diferente. Podemos dizer que o despreparo começa ao não oferecer formação aos professores e funcionários da escola para o trabalho diferenciado com esses alunos. Observou-se que os professores não foram devidamente instruídos na inclusão efetiva de alunos com deficiência. Muitos buscaram conhecimento sobre as deficiências de cada aluno através de leituras, mas não conseguem criar estratégias de ensino para atingir a compreensão desses educandos. Os alunos deficientes sentam-se na fileira do canto e lá permanecem, sem compreender o assunto da aula, e menos ainda expressar suas opiniões, seus desejos e suas angústias. Um grande ponto positivo talvez inesperado é a recepção dos outros estudantes às diferenças entre seus colegas especiais. Os adolescentes respeitam os alunos deficientes e tentam ajuda-los a superar suas dificuldades. Socialmente é possível dizer que os educandos estão, de fato, incluídos na escola. 4. A PSICOPEDAGOGIA FRENTE À INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS DEFICIENTES Entendemos que é papel da psicopedagogia atender as demandas da nãoaprendizagem, das dificuldades de aprendizagem, da exclusão e do fracasso escolar, fundamentando-se no conhecimento de várias ciências e áreas do conhecimento. A atuação psicopedagógica será concebida nesta escola ofertando alternativas metodológicas e procedimentos didáticos que viabilizem a inclusão de alunos deficientes. Para que as sugestões fossem realmente apropriadas, foi indispensável analisar como a inclusão do deficiente acontecia na escola. Sem tal investigação, as ofertas para otimizar o processo seriam inviáveis. Como afirma Bossa (2007), o diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável onde a intervenção da psicopedagogia inicia [...] em uma atitude investigadora até a intervenção. É importante ressaltar que todas as contribuições foram elaboradas analisando a singularidade de cada aluno no contexto escolar. Bossa ainda indica que: Cabe ao psicopedagogo assessorar a escola no sentido de alertá-la para o papel que lhe compete, seja redimensionando o processo de aquisição e incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja

11 reestruturando a atuação da própria instituição junto a alunos e seja encaminhando alunos à outros professores. (BOSSA, 2007) Com apoio do que nos ensina a autora, buscamos orientar a escola sobre como realizar a inclusão de alunos deficientes de maneira eficaz. Após analisada a realidade da inclusão de alunos deficientes na rede regular, e com o apoio da psicopedagogia, foram levantadas algumas necessidades de melhoria para a eficiência do processo: - Formação continuada para os professores: como salientado por Prieto (2006), é compromisso do sistema de ensino possibilitar a formação de professores da rede regular para a inclusão eficaz de alunos com deficiência. Foram sugeridas palestras, leituras complementares e cursos que possibilitem ao professor e os demais profissionais da escola conhecer as características das deficiências desses educandos. O objetivo é que depois de compreende-los, os professores estejam aptos a criar novas propostas de ensino que atendam às necessidades dos alunos deficientes. - Intérprete de LIBRAS: O estado do Paraná fornece professores intérpretes em LIBRAS para auxiliar a comunicação entre o aluno surdo e seus professores. A escola solicitará à secretaria de educação dois (2) professores especialistas para acompanhar Jonas e Carolina no período de aulas. - Professor de apoio: Como observado no tópico anterior, o estado do Paraná fornece professores especialistas para apoio aos alunos de inclusão. A escola também irá solicitar um professor de apoio para acompanhar Ilson em sala de aula, auxiliando o aluno em suas tarefas e materiais de ensino. - Currículo: deve ser construído à parte, considerando as adaptações necessárias. Como foi enfatizado por Mantoan (2006), os objetivos devem ser a curto prazo, e devem ter tempo diferenciado para que os alunos atinjam esses objetivos. O documento deverá ser estruturado pelo professor regente, professor especialista e pedagogo da escola.

12 - Avaliação: Como foi dito por Mantoan (2006), as avaliações também devem ser adaptadas à realidade do aluno incluído. Sugerimos que os professores tenham objetivos pedagógicos bem delimitados para cada estudante deficiente, e que avaliem esses alunos com base nesses critérios. Sugerimos também que os educandos possam contar com o auxílio do professor especialista para a compreensão e organização das atividades avaliativas propostas. - Adaptações de materiais: Propusemos aos docentes a adaptação de textos de estudo e avaliações considerando as necessidades de cada um dos alunos. Para essas mudanças, o professor regente e o professor especialista também deverão trabalhar juntos. - Conselho de classe: os professores especialistas estarão presentes no conselho de classe sobre a turma do educando. Todo o corpo docente deverá avaliar o crescimento dos alunos com deficiência e discutir práticas de ensino que atendam suas necessidades, trocando informações e experiências. - Projeto Político Pedagógico: o PPP prevê apenas dois alunos surdos. Sugerimos inserir no documento que a escola também atende um aluno TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento). O texto deverá indicar a solicitação de três professores especialistas; as sugestões oferecidas por esta pesquisa de campo para otimizar a inclusão de alunos deficientes; e os caminhos que a comunidade escolar deverá seguir para que o trabalho de inclusão seja eficaz. - Mudança de turma: Como a turma de Ilson é considerada pela equipe escolar a mais agitada da escola, propusemos que o estudante seja remanejado para uma sala mais tranquila. - Mudança de carteira: Aconselhamos que os três alunos de inclusão sentem-se nas primeiras carteiras da frente no centro da sala. Os alunos surdos poderão realizar a

13 leitura labial. Ilson poderá enxergar melhor as tarefas no quadro negro, além de não ficar tão exposto aos barulhos e à desorganização dos colegas. Em todos os casos, o professor poderá ter maior contato com os alunos deficientes, auxiliando-os nas atividades propostas e garantindo o aprendizado dos educandos. Essa medida também auxiliará o regente a obter retorno por parte dos estudantes quanto ao conteúdo da aula.

14 ANÁLIZE SOBRE LAS ADEQUACIÓNES Y PREPARO DE LA ESCUELA BÁSICA PARA LA INCLUSIÓN DEL ALUMNOS CON DISCAPACIDAD CONRIBUICIÓNES DE LA PSICOPEDAGOGIA PARA LA EFICACIA DE LA PROPOSTA INCLUSIVA RESUMEN A partir de una investigación, este artículo buscó identificar la realidad de la inclusión de personas con discapacidad en la escuela básica. Se empezó analizando el estudiante en el ambiente de la escuela y como interacciona con los otros estudiantes. Se investigó la eficacia de las prácticas pedagógicas para suplir las necesidades del estudiante, relacionándolas con lo que se anhela de una inclusión eficiente. Nos ocupamos también en leer como el Proyecto Político Pedagógico aborda la inclusión, y cuales sus contribuciones para el proceso. Con fundamento en las informaciones colectadas, fue hecho un diagnóstico de las necesidades de mejora y buscamos en el punto de vista psicopedagógico sugerencias relevantes que nos ayuden a hacer este cambio. Palabras clave: inclusión escolar, personas con discapacidad, alumnos discapacitados en la escuela básica, contribuciones psicopedagógicas para la inclusión de discapacitados.

15 REFERÊNCIAS BARBOSA, Laura M.S.O papel da psicopedagogia na inclusão de pessoas com dificuldade de aprendizagem. Disponível em: < Acesso em 19 de junho de BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, CONADE. Portaria nº 2.344, de 3 de novembro de Altera dispositivos da Resolução nº 35, de 6 de julho de Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 nov (nº 212, Seção 1, pág. 4). Disponível em: < Acesso em 10 de mar GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: Cultura e Cotidiano Escolar. 1ª edição. Rio de Janeiro: 7letras, MANTOAN, Maria Teresa Eglér e PRIETO, Rosangela Gavioli. Inclusão escolar: Pontos e contrapontos. 5ª edição. São Paulo: Summus, MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Textos sobre inclusão. Disponível em: < Acesso em 10 de mar MASSINI, Elcie A.F.Salzano. Uma experiência de inclusão. Providências, viabilização e resultados. Educar em revista. Curitiba, n. 23, p 29-43, janeiro a junho de PASQUINI, Adriana Salvaterra, SOUZA, Marcia M. Previato. Fundamentos teóricos do projeto político pedagógico. In: Gestão escolar e organização do trabalho pedagógico na educação básica. Maringá: 2012, p UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, Disponível em: < Acesso em 10 de mar UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ. Normas técnicas: elaboração e apresentação de trabalho acadêmico-científico. 3. ed. Curitiba: UTP, 2012.

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