Oaumento do número de idosos foi um PERCEPÇÃO SOBRE ALTERAÇÕES ATIVID DIÁRIA INTRODUÇÃO

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1 PERCEPÇÃO DE IDOSOS SOBRE ALTERAÇÕES DAS ATIVID TIVIDADES DA VID IDA DIÁRIA APÓS ACIDENTES POR QUEDA P THE HE ELDERL LDERLY PERCEPTIONSP ABOUT CHANGES IN DAIL AILY LIFE AFTER FALL INJURIES Suzele Cristina Coelho Fabrício * Rosalina A. Partezani Rodrigues ** RESUMO: O presente estudo tem como objetivo descrever mudanças nas atividades da vida diária referidas pelos idosos após a ocorrência de quedas. A amostra constou de idosos, de ambos os sexos, com idade superior a 59 anos, que haviam sido atendidos em duas unidades de um hospital público do interior paulista, em Foram consultados prontuários e realizadas visitas domiciliares para aplicação de um questionário sobre a história da queda dos idosos e conseqüentes alterações na vida diária. Foi realizada análise descritiva dos dados. Os resultados demonstraram que, segundo a percepção dos idosos e familiares/cuidadores, a queda trouxe um aumento de dificuldade e de dependência para realização das atividades, sendo deitar/levantar-se da cama, caminhar em superfície plana, tomar banho, caminhar fora de casa as mais prejudicadas. Conclui-se que limitações advindas de quedas podem restringir as atividades diárias do idoso, tornando-o mais dependente e inseguro. Palavras-chave: Acidente por queda; idoso; capacidade funcional; atividade da vida diária ABSTRACT: This study aims at describing changes in daily life activities mentioned by the elderly after fall injuries. The sample comprised 47 elderly persons of both sexes, aged 60 or more, who were attended at two wards of a public hospital in the State of São Paulo, Brazil, in the year of The author searched clinical records and accomplished home visits in order to apply a questionnaire on the fall history and on changes in daily life after the fall. Data was submitted to descriptive analysis. The results showed that, according to the perceptions of the elderly and their family and care givers, the fall increased their difficulty to perform daily activities. The most mentioned affected activities were to get up of bed, to walk on a plane surface, to take a shower and to walk outside the house. We concluded that the limitations caused by falls can restrain the elderly daily activities, and in consequence they become more dependent and insecure. Keywords: Accidental fall; elderly; functional capacity; daily life activity. INTRODUÇÃO Oaumento do número de idosos foi um fator marcante no século XX. Atualmente, a população brasileira com idade igual ou superior a 60 anos é da ordem de 15 milhões de habitantes 1. Por conseguinte, esse fator pode trazer um aumento do número de pessoas incapacitadas, dependentes de cuidado de longa duração 2. Esse aumento significativo remete a uma análise reflexiva sobre as condições que o país possui para enfrentar essas mudanças e garantir a todos um envelhecimento saudável, ou seja, um processo de envelhecimento com máximo de preservação da capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida 3, garantindo a capacidade de manter habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma, o que implica um exercício da autodeterminação, mantendo o poder decisório e o controle da vida. Considerando o envelhecimento, a queda pode representar um problema que compromete a capacidade funcional do cliente, tornando-o dependente de assistência, limitando sua autonomia. Diante deste problema, o estudo teve como objetivo descrever mudanças referidas pelos idosos após a ocorrência da queda, mais especificamente relacionadas à capacidade funcional: alterações das atividades da vida diária (AVDs) e das atividades instrumentais da vida diária (AIVDs). R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4): p.531

2 Idosos e acidentes por queda MARCO REFERENCIAL Cada pessoa, cada geração, experimenta a velhice de forma diferente, e sua satisfação com a vida vai depender de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais, o que faz com que cada indivíduo atinja as distintas etapas do envelhecimento com maior ou menor êxito 4. Vários são os fatores que podem contribuir para o declínio da capacidade funcional do idoso 5, entre eles a queda. Esta, considerada como uma síndrome geriátrica por ser um evento multifatorial e heterogêneo 6,7, pode ser incapacitante para os idosos, interferindo de maneira drástica no modo como cada indivíduo envelhece. Pessoas de todas as idades apresentam risco de sofrer queda, porém, para os idosos, seu significado é muito relevante, pois, pode leválos não somente a incapacidades, mas também injúria e morte. Seu custo social é imenso e torna-se maior quando o idoso tem diminuição da autonomia e da independência. As incapacidades físicas, psicológicas e sociais ocorridas em decorrência de uma queda podem representar uma barreira para a independência. A avaliação da capacidade funcional em gerontologia é um importante indicativo da qualidade de vida do idoso e do nível de dependência que o mesmo apresenta, sendo um parâmetro para o enfermeiro avaliar a severidade de uma queda e de suas seqüelas 8. Normalmente o estado funcional é medido em duas áreas: as atividades da vida diária (AVDs) e atividades instrumentais da vida diária (AIVDs) 9. A primeira se refere a atividades relacionadas ao cuidado pessoal, tais como capacidade de vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se, movimentar-se, tomar banho, ter continência, de arrumar-se, de comunicação e de mobilidade. As AIVDs englobam atividades funcionais mais complexas, referem-se a habilidades para realizar compras, cozinhar e preparar alimentos, telefonar, usar medicamentos, usar transporte, realizar a limpeza da casa, controlar finanças. O número e os tipos de deficiências apresentadas irão indicar a quantidade de assistência necessária. O teste com essas atividades permite medir o desempenho ou medir a capacidade que o idoso possui para realizá-las. Para tanto, podem ser utilizados os índices propostos por Katz 10 e Lawton 11. Logo, em face do envelhecimento populacional, é importante reforçar que a queda pode e deve ser prevenida, porém, uma vez que a mesma acontece, é necessário avaliar de que maneira ela pode ou não representar um problema, se a capacidade funcional do idoso pode ser afetada após uma queda, o que a mesma pode gerar de dependência, para assim avaliar o tipo de assistência que deverá ser prestada. METODOLOGIA Este estudo foi realizado com pessoas com 60 anos ou mais de idade, de ambos os sexos, com residência fixa na cidade de Ribeirão Preto SP e que foram atendidos em duas unidades de internação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da Universidade de São Paulo (USP), HC - Unidade de Emergência e HC - Campus, no ano de 2000, por causas externas de traumatismo acidental - quedas - CID 10 (W 00 - W19). Trata-se de um estudo transversal descritivo. Foi solicitado ao Departamento de Dados Médicos do Hospital das Clínicas (HC) um levantamento dos dados referentes aos idosos (60 anos ou mais de idade) que haviam sido atendidos nos referidos hospitais, tendo como diagnóstico queda. Após identificada a população, foram excluídos do estudo os idosos que não residiam em Ribeirão Preto, respeitando um dos critérios de inclusão, e os que eram comuns às listas das duas unidades, pois alguns eram atendidos na Unidade de Emergência e depois eram transferidos para o Hospital das Clínicas para uma internação mais prolongada. Após essa confirmação, foi verificada uma população de 251 idosos residentes em Ribeirão Preto, atendidos nas duas unidades, no ano 2000, com diagnóstico de queda, e dela foi selecionada uma amostra sistematizada, com fração cinco e início casual um composta por 50 idosos. Os prontuários dos idosos componentes da amostra foram consultados para obtenção de informações como nome, idade, história da queda e ocorrência de internação. Os idosos foram visitados em seu domicilio, onde foram aplicadas entrevistas estruturadas com instrumento composto por perguntas fechadas, abertas e mistas com o objetivo de se obter informações adicionais àquelas contidas nos prontuários, sendo essas referentes a: identificação dos sujeitos, história da queda e mudanças, referidas pelos idosos, após a queda, entre elas as restrições na capacidade funcional evidenciadas nas AVDs p.532 R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):531-7.

3 e AIVDs. No presente estudo, para avaliar as atividades da vida diária, foi adaptado o protocolo proposto por Yuaso e Sguizzatto 12, elaborado a partir de uma variação das escalas de Katz 10 e Lawton 11. As entrevistas foram realizadas com os idosos em presença de um familiar (ou cuidador), que confirmaram os dados obtidos ou ainda esclareceram fatos relatados. Quando o idoso tinha alguma disfunção cognitiva que o impedia de responder ao questionário, este era substituído por um familiar/cuidador. Para avaliar sua capacidade funcional, o idoso respondeu a perguntas referentes à maneira como realizava as AVDs e AIVDs em dois momentos: antes e após a queda. Nesses momentos, o idoso respondeu se realizou as atividades sem dificuldades, com dificuldades sem ajuda, com dificuldades com ajuda parcial, com ajuda total. Quando o idoso não realizava a tarefa foi-lhe perguntado o motivo: por ter quem fizesse, por não conseguir fazer ou simplesmente não realizar a tarefa (ex. por questão de gênero). Em caso de óbito, os questionários foram respondidos pelo cuidador/familiar que tivesse informação sobre a queda em questão. Quando havia mudança de endereço e não eram obtidas informações sobre o atual endereço do idoso, este era substituído por outro idoso do mesmo sexo e mesma idade de acordo com a listagem geral dos pacientes. Durante o agendamento das entrevistas, 18 idosos haviam mudado de endereço e foram substituídos. No total, foram entrevistados 47 idosos, pois três deles haviam falecido logo após a queda, o que impossibilitou avaliar quais foram as dificuldades apresentadas com relação a sua capacidade funcional. O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP, sendo aprovado pelo mesmo. RESUL ESULTADOS Entre os 50 idosos selecionados para o estudo, a maioria das quedas ocorreu com aqueles do sexo feminino (66%), com idade média de 76 anos, no próprio lar do idoso (66%). As causas foram principalmente relacionadas ao ambiente físico (54%), com sérias conseqüências para os idosos, sendo as fraturas as mais freqüentes (64%). Além de conseqüências físicas ainda foram relatadas por eles conseqüências psicológicas (medo de voltar a cair, 44%) e sociais (hospitalização 32%, isolamento 22%). Segundo o relato dos idosos e familiares/ cuidadores, a queda trouxe um aumento de dificuldade e de dependência para realização das AVDs e AIVDs. As atividades mais prejudicadas após a queda foram deitar/levantar-se da cama, caminhar em superfície plana, tomar banho, caminhar fora de casa, cuidar de finanças, cortar unhas dos pés, realizar compras, usar transporte coletivo e subir escadas. Na realização das atividades deitar/levantarse da cama, caminhar em superfície plana e tomar banho pode ser observado que, após a queda, houve perda parcial da independência do idoso, evidenciando capacidade funcional prejudicada. Após a queda, os idosos passaram a precisar de algum tipo de ajuda para a realização de atividades, ou seja, três atividades que antes não traziam tantas dificuldades para sua realização passaram a representar um problema para eles. A atividade caminhar fora de casa, realizada sem dificuldade por metade dos idosos entrevistados antes da queda, passou a representar um problema após a mesma porque muitos passaram a ter necessidade de ajuda total para realizá-la e, outros não mais conseguiram praticá-la ou deixaram de fazê-la, conforme mostra a Figura 1. A atividade cuidar das próprias finanças foi menos afetada pela queda, de acordo com a Figura 2. Alguns idosos já possuíam alguém que a realizasse. Constitui uma AIVD que requer do idoso certo grau de compreensão, raciocínio e até escolaridade. Neste momento é preciso lembrar o baixo nível de escolaridade dos idosos do estudo (36% apenas sabiam ler e escrever e 22% eram analfabetos), o que pode ser uma explicação para o fato de metade deles já terem dificuldades para cuidar das próprias finanças mesmo antes da queda. O aumento de dependência após a queda pode indicar o quanto a mesma afeta a vida do idoso. Em muitos casos essa tarefa passou a ser realizada por familiares. Cortar as unhas dos pés era uma atividade pouco realizada pelo idoso mesmo antes da queda, com grande nível de dificuldade. Porém, não pode ser deixado de ressaltar que 36% dos idosos já não conseguiam realizar essa tarefa antes da queda, porém, após a mesma o índice passou a ser de 49%, demonstrando que os idosos passaram a ter maior dependência para tal atividade. Realizar compras foi uma das atividades mais afetadas, pois um número muito grande de idosos passou a não mais conseguir realizá-la (6% antes R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4): p.533

4 Idosos e acidentes por queda FIGURA 1: Níveis de dificuldade apresentados pelos idosos ao caminhar fora de casa, antes e após a queda. Ribeirão Preto, FIGURA 2: Níveis de dificuldade apresentados pelos idosos ao cuidar das próprias finanças, antes e após a queda. Ribeirão Preto, da queda para 32% após a queda). O uso de transporte coletivo pelos idosos é assunto que gera discussões por sua má adaptação às condições dos indivíduos mais velhos. Já era uma atividade que proporcionava grande esforço aos idosos mesmo antes da queda e após a mesma passou a ser maior, além disso, não há transporte adequado para pessoas que apresentam dificuldades. Subir escadas foi uma das atividades mais afetadas após a queda; embora tivessem ajuda para realizá-la, muitos idosos ainda conseguiam. As três últimas atividades podem reforçar a idéia de que após a ocorrência da queda, os idosos apresentaram maior dependência devido a problemas de locomoção. As alterações nas demais atividades investigadas, entre elas limpar a casa e preparar refeições, destacam-se como atividades pouco realizadas pelos idosos, considerando que haviam outras pessoas que cuidavam dessas atividades para os mesmos, como mostra a Tabela 1. Após a ocorrência da queda, os idosos passaram a contar com maior colaboração de familiares para desenvolver atividades diárias e instrumentais. Ob- p.534 R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):531-7.

5 servou-se a necessidade de alguns idosos mudarem de domicílio para ficarem mais próximos da família devido à dependência surgida após a queda. Administrar medicação é outra atividade assumida pela família e ou cuidador, uma vez que muitos idosos referiram que não lembravam do horário das medicações. Escovar os dentes, ir ao banheiro em tempo, pentear cabelos, comer constituem AVDs que apresentam menor dificuldade para sua realização. DISCUSSÃO TABELA 1: Descrição de outras AVDs e AIVDs, realizadas pelos idosos antes e após a queda, segundo níveis de dificuldade. Ribeirão Preto, A * antes da queda D * depois da queda Com relação à caracterização dos idosos, os dados estão de acordo com resultados de outro estudo 13, realizado com idosos demenciados que tiveram queda, em que a maior porcentagem ocorreu em clientes do sexo feminino, com idade média de 74,8 anos. A avaliação das atividades aqui representadas permitiu constatar a existência de sérias dificuldades para o idoso em realizá-las após um acidente de queda. Estudo 6 relata que pessoas de 75 a 84 anos que necessitam de ajuda para a realização de AVDs têm 14 vezes maior probabilidade de cair do que as independentes. Myers, Young, Langlois 14 referem que idosos com dependências para atividades da vida diária podem ser mais propensos a cair devido aos mesmos possuírem mais problemas de mobilidade, dificuldades em andar, manter equilíbrio, deficiências neuromusculares e musculoesqueléticas. Rubeinstein e Josephson 15, analisando 16 estudos de idosos na população em geral e de idosos institucionalizados, apontaram um aumento do risco para quedas em idosos com comprometimento em atividades da vida diária, entre outros. Portanto, é preciso estar atento a idosos que já possuem dificuldades de realização de AVDs e AIVDs antes de cair, pois são mais propensos à ocorrência de acidentes. O fato de deixar de realizá-las ou até mesmo de precisar de ajuda para tanto, como já citado, pode levar o idoso à maior susceptibilidade à queda. Todas as dificuldades apresentadas tiveram alguma relação com as conseqüências que a queda trouxe para o idoso, sejam elas físicas, psicológicas ou sociais. O impacto causado na realização das atividades cotidianas acarretou para o cliente maior dependência de outras pessoas, principalmente para realização das AIVDs. As atividades que o idoso realizava, sem ajuda ou sem dificuldades, modificaram-se após a queda. A incapacidade para realização das atividades advindas de imobilidades provocadas pela queda podem trazer, a longo prazo, não apenas conseqüências para os idosos, mas também a seus familiares, que precisam mobilizar-se para o tratamento e a recuperação do idoso. Especialistas 16 referem que 40% dos idosos que caem continuam a sentir dor ou restringem suas AVDs por vários meses. Quando o idoso cai, há uma tendência à diminuição de suas atividades diárias, seja por medo de expor-se ao risco de quedas recorrentes ou por atitudes protetoras da sociedade e familiares/cuidadores. As pessoas po- R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4): p.535

6 Idosos e acidentes por queda dem passar a ver o idoso que cai como um fraco, muitas vezes afastando-o de suas atividades. Mesmo causando conseqüências leves, as quedas trazem restrições para a vida do idoso. Especialistas 17, estudando idosos que caíram, mas não tiveram traumas físicos, apontaram que 5% dos idosos passaram a sair menos de casa após a queda, que 4% deixaram de praticar atividades de lazer, 11% não visitavam mais os amigos e 7% nem mesmo visitavam os filhos. Fabrício, Rodrigues e Costa Junior 18 referiram que a queda trouxe para o idoso conseqüências físicas, psicológicas e sociais. Entre elas, a fratura foi a mais freqüente conseqüência relatada (64%), acompanhada por medo de voltar a cair (44%), hospitalização (32%) e ajuda para atividades (32%). Todas podendo estar envolvidas com diminuição da capacidade do idoso para realizar atividades da vida diária. Uma vez ocorridas restrições das atividades após uma queda, o idoso torna-se mais propício à baixa autoconfiança em realizá-las, seja por medo de novos episódios de queda ou outros fatores físicos, psicológicos ou sociais, podendo ocorrer ainda um comprometimento progressivo da capacidade funcional desse idoso ao longo do tempo, o que pode torná-lo mais propenso a quedas recorrentes. CONCLUSÃO Segundo a percepção dos idosos, a queda teve grande impacto na vida dos mesmos no que se refere às atividades da vida diária, ou seja, acarretou maior dependência para a realização de tarefas como: deitar/levantar-se, caminhar em superfície plana, cortar unhas dos pés, tomar banho, caminhar fora de casa, cuidar das finanças, fazer compras, usar veículo de transporte coletivo e subir escadas. Portanto, é evidente que limitações advindas das quedas restringem as AVDs e AIVDs dos idosos, tornando-os mais dependentes e inseguros, com medo de quedas recorrentes. A prevenção de quedas ainda é o fator mais importante do trabalho de enfermeiros que assistem idosos, familiares e comunidade. Porém, uma vez que a mesma ocorre, é preciso analisar as dificuldades acarretadas com o evento e sua relação com a capacidade funcional, elaborar um plano de assistência ao mesmo que privilegie promoção de autonomia e independência e prevenção de maiores incapacidades. REFERÊNCIAS 1. Camarano AA. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica. In: Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; p Kalache A, Veras RP, Ramos LR. Envelhecimento da população mundial: um desafio novo. Rev Saúde Pública. 1987; 21: Gordilho A, Nascimento, JS, Ramos LR, Freire MPA, Espindola N, Maia R et al. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na atenção integral ao idoso. Rio de Janeiro: UnaTI; Rodrigues NC, Rauth J. Os desafios do envelhecimento no Brasil. In: Freitas EV, Py L, Néri AL, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; p StucK AE, Walthert JM, Nikolaus T, Büla CJ, Hohmann C, Buk JC. Risk factors for functional status decline in community-living elderly people: a systematic literature review. Soc Sci Med. 1999; 48: Carvalhaes N, Rossi E, Paschoal S, Perracini N, Perracini M, Rodrigues RA P. Quedas. In: Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia; 1998; São Paulo; Brasil. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; p Studenski, S. Quedas. In: Calkins E, Forda D, Katz PR. Geriatria prática. Rio de Janeiro: Revinter; p Diogo MJD. Avaliação funcional de idosos com amputação de membros inferiores atendidos em um hospital universitário. Rev Latino-am Enfermagem. 2003; 11: Levy SM. Avaliação multidimensional do paciente idoso. In: Gallo JJ, Busby-Whitehead J, RabinsPV, SillimanRA, Murphy JBR. Assistência ao idoso: aspectos clínicos do envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; p Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of illness in the aged. The index of ADL: a standardized measure of biological and psychosocial function. JAMA. 1963; 185: Lawton MP, Brody EM. Assesment of older people:self maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist. 1969; 9: Yuaso DR, Sguizzatto GT. Fisioterapia em pacientes idosos. In: Papaleo Neto M. Gerontologia. São Paulo: Atheneu; p Gratão ACM, Talmelli LFS, Silva AR, Fabrício SCC, Kusumota L, Rodrigues RAP et al. Avaliação prospectiva do idoso demenciado que teve queda. R Enferm UERJ. 2003; 11: Myers AH, Young Y, Langlois JA. Prevention of falls in the elderly. Bone. 1996; 18: Rubeinstein LZ, Josephson KR. The epidemiology of falls and syncope. Clinical Geriatric Medicine. 2002; 18: Tinetti ME, Inousye SK, Gill TM, Doucette JT. Shared risk factors for falls, incontinence, and functional dependence. Unifying the aproach to geriatric syndromes. JAMA. 1995; 273: Vellas B, Cayla F, Bocquet H, Pemile F, Albarede JL. p.536 R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):531-7.

7 Prospective study of restriction of activity in old people after falls. Age and Ageing. 1987; 16: Fabrício SCC, Rodrigues RAP, Costa Junior ML. Falls among older adults seen at a São Paulo State public hospital: causes and consequences. Rev Saúde Pública. 2004; 38: PERCEPCIÓN DE ANCIANOS SOBRE CAMBIOS EN LAS ACTIVIDADES DE LA VIDA DIARIA DESPUÉS DE ACCIDENTES POR CAÍDA RESUMEN: Este estudio tiene como objetivo describir cambios en las actividades de la vida diaria referidas por ancianos después de la ocurrencia de caídas. La muestra fue formada por 47 ancianos, de ambos los sexos, con edad superior a 59 años, que fueron atendidos en dos unidades de un hospital público del Estado de São Paulo, Brasil, en Fueron consultados prontuarios y realizadas visitas domiciliarias para aplicación de un cuestionario sobre la historia de la caída de los ancianos y consecuentes alteraciones en la vida diaria. Fue cumplido análisis descriptivo de los datos. Los resultados demostraron que, según la percepción de los ancianos y familiares/cuidadores, la caída resultó en un aumento de dificultad y de dependencia para realización de las actividades, siendo acostarse/levantarse de la cama, caminar en superficie plana, bañarse, caminar fuera de casa las más perjudicadas. Se concluye que limitaciones advenidas de caídas pueden restringir las actividades cotidianas del anciano, tornándolo más dependiente e inseguro. Palabras Clave: Accidente por caída; anciano; capacidad funcional; actividade de la vida diaria Recebido em: Aprovado em: Notas * Enfermeira. Doutoranda do Programa de Interunidades da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. suzelecris@ig.com.br ** Professora Titular do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Avenida dos Bandeirantes, Cep Campus Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto-SP. E.mail: rosalina@eerp.usp.br R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4): p.537