TENDÊNCIAS DA ORGANIZAÇÃOECONÔMICA DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS NO BRASIL

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1 TENDÊNCIAS DA ORGANIZAÇÃOECONÔMICA DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS NO BRASIL São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília, Belém, Manaus, Campinas, Goiânia, Florianópolis, Vitória, Natal e Maringá

2 P á g i n a 1 Elaboração LUIZ CESAR DE QUEIROZ RIBEIRO MARCELO GOMES RIBEIRO Equipe de Apoio ALINE SCHINDLER ARTHUR FELIPE MOLINA MOREIRA FILIPE SOUZA CORRÊA JUCIANO MARTINS RODRIGUES TENDÊNCIAS DA ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS NO BRASIL São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília, Belém, Manaus, Campinas, Goiânia, Florianópolis, Vitória, Natal e Maringá

3 P á g i n a 1 OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES IPPUR/FASE Coordenação Geral Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro

4 P á g i n a 2 O Observatório das Metrópoles é um grupo que funciona em rede, reunindo instituições e pesquisadores dos campos universitário, governamental e não-governamental. A equipe constituída no Observatório vem trabalhando há 17 anos, envolvendo 97 principais pesquisadores e 59 instituições de forma sistemática e articulada sobre os desafios metropolitanos colocados ao desenvolvimento nacional, tendo como referência a compreensão das mudanças das relações entre sociedade, economia, Estado e os territórios conformados pelas grandes aglomerações urbanas brasileiras. O Observatório das Metrópoles tem como uma das suas principais características reunir Programas de Pós-graduação em estágios distintos de consolidação, o que tem permitido virtuosa prática de cooperação e intercâmbio através da ampla circulação de práticas e experiências acadêmicas. Por outro lado, o Observatório das Metrópoles procura aliar suas atividades de pesquisa e ensino com a realização de atividades que contribuam para a atuação dos atores governamentais e da sociedade civil no campo das políticas públicas voltadas para esta área. O Observatório das Metrópoles integrou o Programa do Milênio do CNPq e, nos próximos 5 anos, integrará o Programa Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), também do CNPq, com apoio da FAPERJ. O objetivo do programa é desenvolver pesquisa, formar recursos humanos, desenvolver atividades de extensão e transferência de resultados para a sociedade e para os governos envolvidos, tendo como eixo a questão metropolitana. Por envolver grupos de pesquisas distribuídos em todas as 5 Grandes Regiões do país (Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul), as atividades de pesquisa que desenvolvemos permitem aprofundar o conhecimento da diversidade da realidade metropolitana do país e suas relações com as desigualdades regionais. O Observatório das Metrópoles é um programa plurinstitucional e pluridisciplinar que procura aliar pesquisa e ensino com a missão social de realizar e promover atividades que possam influenciar as decisões dos atores que intervêm no campo da política pública, tanto na esfera do governo, como da sociedade civil. O seu Programa de Trabalho para os próximos 5 anos esta organizado nas seguintes linhas: Linha I Metropolização, dinâmicas intermetropolitanas e o território nacional. Linha II Dimensão sócio-espacial da exclusão/integração nas metrópoles: estudos comparativos. Linha III Governança urbana, cidadania e gestão das metrópoles. Linha IV Monitoramento da realidade metropolitana e desenvolvimento institucional. O presente relatório é um dos produtos da atividade Transformações econômicas da estrutura metropolitana: polarização, dispersão e integração, que integra a Linha I do Programa INCT Observatório das Metrópoles.

5 P á g i n a 3 Sumário Introdução... 4 Formação da rede urbana brasileira e seus determinantes econômicos... 6 Aglomerações urbanas brasileiras com funções metropolitanas Estrutura econômica dos GEUBs metropolitanos segundo Produto Interno Bruto Estrutura econômica segundo os dados do CEMPRE e tipologia da organização econômica dos GEUBs metropolitanos Estrutura Econômica dos GEUBs metropolitanos segundo o VTI Considerações finais Referências bibliográficas... 48

6 P á g i n a 4 Introdução A compreensão da estrutura econômica das metrópoles brasileiras coloca-se como um dos principais temas da contemporaneidade, decorrente das transformações econômicas ocorridas no Brasil, nas últimas décadas do século XX, mas também decorrente das mudanças da configuração urbana que caminhou em paralelo. No entanto, este tema se coloca, sobretudo, para que possamos compreender o modo como se processa a segregação urbana, como nos alertava Manuel Castells, na década Neste sentido, diante das mudanças ocorridas ou que ainda estão em curso será plausível dizer que está havendo um descompasso entre o movimento do capital e o movimento da força de trabalho? Como a estrutura econômica no espaço urbano corrobora o processo de segregação intra-metropolitano, tendo em vista a configuração da economia numa escala mais ampla, na escala inter-metropolitana e, mais ainda, na relação com os espaços não-metropolitanos. Este trabalho não tem a pretensão de responder estas questões profundamente, mas procurará analisar as mudanças mais recentes ocorridas na economia brasileira, dando ênfase para os aspectos econômicos que caracterizam suas áreas metropolitanas. Não será possível avançar na análise de outros processos urbanos, tão importante para levantar hipóteses àquelas questões assinaladas, como é o caso da mobilidade urbana. Embora tenha a preocupação de lançar luz sobre os processos geradores da segregação no espaço urbano, a análise não será empreendida na escala intra-urbana ou intra-metropolitana. As metrópoles serão analisadas em conjunto e na relação entre elas e os espaços não-metropolitanos. Devido às dificuldades existentes para análise da estrutura econômica da escala que está sendo trabalhada 1, por falta de indicadores que consiga caracterizar os contextos metropolitanos, se recorrerá, neste trabalho, a três bases diferentes de dados, como forma de tentar conseguir uma maior aproximação possível para a 1 Para a escala metropolitana os dados normalmente são compostos de agregação daqueles existentes para os municípios.

7 P á g i n a 5 compreensão da estrutura econômica das áreas metropolitanas. Neste caso, ao considerar bases de dados diferentes, a análise também será empreendida de forma separada para cada um deles. Utilizar-se-á, neste trabalho, de dados do PIB (Produto Interno Bruto), de dados da massa salarial das atividades econômicas extraídas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) e de dados do valor da transformação industrial extraídas da Pesquisa da Indústria Anual (PIA), todos estes dados têm como fonte o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O artigo está dividido em cinco seções, além desta introdução e da conclusão. Na primeira seção procurar-se-á analisar os aspectos históricos do desenvolvimento econômico e da urbanização brasileira, que tiveram impactos na formação da rede urbana existente hoje no país. A segunda seção objetiva apresentar as aglomerações urbanas com funções metropolitanas existentes na atualidade. Na terceira, apresentar-se-á o peso da estrutura econômica das metrópoles brasileiras no conjunto da economia do país, a partir dos dados do PIB municipal. Na quarta, procurar-se-á apreender a relação existente entre as metrópoles, tendo sempre em vista seu posicionamento na economia nacional, a fim de definir uma tipologia de sua organização econômica, a partir dos dados do CEMPRE. Por fim, procurar-se-á analisar as áreas metropolitanas brasileiras a partir de dados da indústria, pois este se coloca como um dos principais setores de atividade econômica que contribui para caracterizar os contextos urbanos, mas, sobretudo, para entender os processos de segregação espacial.

8 P á g i n a 6 Formação da rede urbana brasileira e seus determinantes econômicos Na formação da rede urbana brasileira há dois eventos significativos que ocorrem no ano de É a primeira vez que se registra nas pesquisas demográficas do país a população urbana maior que a rural. E é o ano em que a concentração econômica brasileira atinge o seu maior pico, apresentando mudanças a partir de então. Como sugere Wilson Cano, a urbanização brasileira sempre serviu de amortecedor para os problemas sociais e os desequilíbrios econômicos existentes no país. Antes de 1970, o processo de urbanização concentrou-se naquelas regiões onde a industrialização havia sido mais intensa. Depois de 1970, a urbanização também atingiu outras partes do território brasileiro, coincidindo com o processo de desconcentração econômica colocado em curso desde essa época. Desse processo resultou a rede urbana existente na atualidade, com fortes implicações econômicas e sociais, tendo em vista as pesquisas que apontam um processo de reversão da concentração econômica nos últimos tempos. Neste sentido, a presente seção objetiva discutir a rede urbana brasileira vista a partir do processo de urbanização e de desenvolvimento econômico, que é, ao mesmo tempo, um processo de integração econômica do território nacional. Assim, procurará abordar as características mais relevantes no período anterior a 1970 e, por sua vez, do período posterior a esta data, para lançar luz sobre os processos contemporâneos da urbanização e desenvolvimento econômico referente à rede urbana. A partir de 1930 o processo de urbanização se acelerou no Brasil, em especial a partir do pós-guerra. Naquele período São Paulo já concentrava 37,5% da produção industrial do país (CANO: 2008) e esta concentração intensificou-se, sobretudo, depois da década de 1950 quando grandes inversões foram realizadas na economia brasileira, o que possibilitou a diversificação da produção industrial do país, fruto de medidas que procuraram avançar no processo de substituição de importações. Até a década de 1960, a indústria crescia vertiginosamente no Sul do país, principalmente em São Paulo, e esse crescimento conduzia a outro processo de expansão econômica e

9 P á g i n a 7 integração do territorial, sobretudo, nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, os Estados do Sul do país e também do Centro-Oeste a partir do desenvolvimento de outros setores econômicos, principalmente, o agropecuário. Neste sentido, configuravam-se, até aquele momento, fortes desequilíbrios econômicos entre as regiões brasileiras. E a região mais afetada foi o Nordeste, além de não ser incorporada pela dinâmica engendrada pelo Sul, advinha de um processo de declínio econômico e tornou-se palco de vários conflitos sociais. Aliado ao problema da seca, que ocorreu no começo e no final da década de 50, no Nordeste, havia também conflitos em torno da questão fundiária decorrentes da luta pela reforma agrária e do aumento do desemprego que se acentuava no campo, levando à migração das populações rurais para os núcleos urbanos (COHN, 1976). Nas cidades, configuravam-se também conflitos sociais, tendo em vista a estagnação da economia e o intenso crescimento populacional. Tudo isso fez com que se constituísse uma questão regional no Brasil. Por este motivo, a situação nordestina passou a ser preocupação do Estado central, a ponto de desenvolver já naquele período uma política agressiva de desenvolvimento regional, com a criação da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). Essa política objetivava não apenas a industrialização dessa região, mas outras medidas referentes a modificações na estrutura agrária e ao desenvolvimento da agricultura, principalmente, para que pudesse reduzir os desequilíbrios econômicos já configurados naquela época entre as regiões brasileiras e contornar os problemas sociais ali existentes (FURTADO, 1960). Embora tenha sido implementada uma política de desenvolvimento para a região Nordeste, a partir das diretrizes que culminaram na criação da SUDENE, que possibilitou a integração dessa região ao processo de acumulação do capital engendrado pelo centro dinâmico do país, os seus resultados não foram suficientes para possibilitar a equiparação dos desequilíbrios regionais do país, nem tampouco para melhorar as condições de vida da população. Assiste-se, já no final da década de 1960, a uma rede urbana no Nordeste brasileiro com alguns aglomerados urbanos populosos, que mais tarde foram institucionalizados como regiões metropolitanas,

10 P á g i n a 8 algumas cidades médias e um vasto complexo de pequenas cidades espalhadas por toda a região. O processo de urbanização também é acentuado na região Centro-Oeste brasileira a partir da década de 1940 (ver tabela 1), decorrente da incorporação desta parte do território através da política nacional de colonização agrícola, o que provocou migração populacional para esta região, fazendo crescer também os núcleos urbanos. Porém, a participação populacional nesse período é ainda muito pequena, apesar de possuir uma das maiores taxas de crescimento populacional e de crescimento urbano. Nesta região se desenvolveu as atividades agrícolas e pecuárias de modo a atender a demanda provocada por São Paulo, tornando-se, já a esta época, mesmo que de modo incipiente, complementar ao dinamismo engendrado pela industrialização. Através do capital mercantil se viabilizava a relação entre o Centro- Oeste e São Paulo, o que explica o crescimento das cidades nessa região. Inclusive as maiores cidades que se constituíram nesse período caracterizavam-se pela participação do setor terciário. Além disso, outro fator que provocou forte migração para a região e que possibilitou o crescimento populacional de algumas cidades, foi a construção de Brasília, a nova capital federal. Em função desses aspectos desenvolvese nessa região uma rede urbana constituída de poucas cidades populosas e um número grande de cidades pequenas. A região Norte, em que seu dinamismo econômico foi mais acentuado no começo do século, em função da exportação de borracha, só voltou a ganhar novo estímulo, sobretudo, depois da ampliação da política de desenvolvimento regional, em 1967, com a ampliação de isenção fiscal para Amazônia e criação da Zona Franca de Manaus. Porém, desde a década de 1930, o governo central procura ocupar essa área do território brasileiro, para tanto realiza a chamada Marcha para Oeste, em que a Batalha da Borracha é a sua mais nítida expressão para esta região. Para tanto, é incentivado a migração, sobretudo, de nordestinos para ocupação do território amazônico. Essa política levou ao aumento da taxa de crescimento populacional e urbano da região Norte, mas não chegou a significar aumento na participação

11 P á g i n a 9 populacional em relação ao país. A rede urbana nesta região é semelhante aquela desenvolvida no Nordeste e também no Centro-Oeste, em termos de estrutura. A região Sul 2, por estar mais próxima do dinamismo engendrado por São Paulo, se beneficiou do processo de desenvolvimento que aquela economia realizara. Junto com Centro-Oeste esta região torna-se complementar a São Paulo, principalmente na produção de bens agrícolas. Nesta região, o Estado que mais sofreu os impactos da industrialização e da modernização agrícola empreendida por São Paulo foi o Paraná, e é o Estado da região que mais próximo está do centro dinâmico do país. Forma-se nessa região uma rede urbana com uma hierarquia mais equilibrada, onde se constitui alguns grandes aglomerados populacionais, seguidos de cidades de porte médio e, por seguinte, de cidades de tamanho populacional mais reduzido. São Paulo sofre um intenso processo de industrialização, acompanhado pelo Rio de Janeiro e parte do Estado de Minas Gerais. Esse processo de industrialização que já havia começado antes de 1930, em decorrência da produção de café, avança depois desta data, diversificando sua pauta produtiva, mas ainda produzindo bens de consumo não-duráveis, sobretudo, decorrente do processo de substituição de importações que é colocado em curso na economia brasileira. A partir de meados da década de 1950, em decorrência da política econômica implementada à época, avança-se no processo de substituição de importações ao atingir segmentos industriais como a produção de bens de consumo duráveis e produção de bens de capital, ainda que este de forma incipiente. Por decorrência desse processo o Estado de São Paulo passa a concentrar grande parte da produção industrial do país até chegar ao pico da concentração, que ocorreu em 1970, ao ter registrado 58% da taxa de produção industrial. O processo de concentração industrial é acompanhado também da concentração do setor agropecuário e do desenvolvimento das atividades terciárias, o que faz com que esse Estado concentre parte significativa da economia do país. 2 Nesta época São Paulo fazia parte da região Sul, mas a título de análise este Estado será considerado a parte.

12 P á g i n a 10 Tabela 1 - Brasil: população residente¹ segundo as unidades da federação² a 2000 UF/Região Rondônia 0,0 0,1 0,1 0,1 0,4 0,8 0,8 Acre 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 Amazonas 1,1 1,0 1,0 1,1 1,2 1,4 1,7 Roraima 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,2 Pará 2,3 2,2 2,2 2,5 2,8 3,4 3,6 Amapá 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,3 Tocantins ,6 0,7 NORTE³ 3,6 3,6 3,7 4,1 4,9 6,8 7,6 Maranhão 3,0 3,1 3,5 3,4 3,3 3,4 3,3 Piauí 2,0 2,0 1,8 1,9 1,8 1,8 1,7 Ceará 5,1 5,2 4,7 5,0 4,4 4,3 4,4 Rio Grande do Norte 1,9 1,9 1,6 1,8 1,6 1,6 1,6 Paraíba 3,5 3,3 2,8 2,7 3,1 2,2 2,0 Pernambuco 6,5 6,5 5,8 5,9 5,1 4,9 4,7 Alagoas 2,3 2,1 1,8 1,8 1,7 1,7 1,7 Sergipe 1,3 1,2 1,1 1,0 1,0 1,0 1,1 Bahia 9,6 9,3 8,4 8,6 7,9 8,1 7,7 NORDESTE 35,2 34,7 31,6 32,2 29,8 28,9 28,1 Minas Gerais 16,4 15,2 14,4 13,2 11,1 10,7 10,5 Espírito Santo 1,8 1,7 1,7 1,8 1,7 1,8 1,8 Rio de Janeiro 8,7 8,8 9,5 10,3 9,4 8,7 8,5 São Paulo 17,4 17,6 18,3 20,4 20,9 21,5 21,8 SUDESTE 44,3 43,3 43,8 45,7 43,1 42,7 42,6 Paraná 3,0 4,1 6,1 8,0 6,4 5,8 5,6 Santa Catarina 2,9 3,0 3,0 3,3 3,0 3,1 3,2 Rio Grande do Sul 8,1 8,0 7,7 0,8 6,5 6,2 6,0 SUL 13,9 15,1 16,8 12,1 15,9 15,1 14,8 Mato Grosso do Sul ,1 1,2 1,2 Mato Grosso 1,0 1,0 1,3 1,8 0,9 1,4 1,5 Goiás 2,0 2,3 2,7 3,4 3,2 2,7 2,9 Distrito Federal - - 0,2 0,6 1,0 1,1 1,2 CENTRO-OESTE³ 3,0 3,3 4,2 5,8 6,3 6,4 6,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: IBGE - Censo Demográfico Notas: ( 1 ) Para o censos de 1940, 1950 e 1960 população presente; para os censos de 1970 a 2000 população residente. ( 2 ) Como houve alteração na divisão territorial brasileira no período de 1940 e 1950, os dados foram adaptados à configuração territorial de 1969, incluída a divisão do Mato Grosso, constituindo o estado do Mato Grosso do Sul. ( 3) Até 1980 inclui TO no Centro-Oeste; a partir de 1991 inclui TO no Norte.

13 P á g i n a 11 Além disso, observa-se que essa região, sobretudo São Paulo, passa a atrair grande parcela da população migrante de outras regiões do país, tanto para a sua área metropolitana, quanto para outras cidades do interior. Esse processo faz com que em São Paulo, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais, a rede urbana que se desenvolve tenha aspecto muito diferente das outras regiões do país. Há a formação de grandes núcleos metropolitanos São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que exerce influência sobre as cidades do seu interior e também nas cidades que estão em outras regiões do país; há também várias cidades de porte médio, que também exercem influência sobre outras cidades menores ou mesmo sobre cidades que estão em outras regiões, principalmente decorrente das atividades agropecuárias. Neste sentido, pode-se dizer que no Brasil se desenvolve até 1970 uma rede urbana que tem como epicentro a Área Metropolitana de São Paulo, seguida pela Área Metropolitana do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, que exercem forte influência sobre as cidades médias que estão ao seu redor, mas também sobre outras grandes aglomerações urbanas que estão em outras regiões do país. Estas, por sua vez, exercem influência sobre as cidades que estão ao seu redor. Essa característica da rede urbana brasileira está muito relacionada com a própria característica da economia do país e, por decorrência, do processo de urbanização que o Brasil sofreu até este período. Como reconhece Wilson Cano, As maiores taxas de crescimento da população urbana deram-se exatamente nas regiões onde se processavam as maiores transformações em termos de desenvolvimento econômico: São Paulo (4,8 anual), Paraná (7,6) e Centro-Oeste (7,0) enquanto as demais regiões, em conjunto, cresceram à taxa de 4,3%. (1988, 80) É preciso observar também, como observa Brandão, a dimensão territorial brasileira, pois este aspecto torna-se importante quando se procura verificar o processo de homogeneização e integração econômicas do território nacional, como este autor tem destacado. Há maior dificuldade da realização desses processos de homogeneização e de integração econômicas quando o território é muito grande, como no caso brasileiro. E mesmo isso tendo tornado preocupação do Estado central, desde a década de 1930, principalmente, havia várias dificuldades de sua efetivação,

14 P á g i n a 12 que variaram ao longo da história. Houve momentos em que faltavam pessoas nas regiões Centro-Oeste e Norte do país, tendo o Estado central que realizar política para que se pudessem ocupar esses espaços. Noutros momentos, mesmo com a presença de pessoas nesses espaços, a infra-estrutura e outros aspectos econômicos apresentava-se como empecilho para que houvesse integração e homogeneização do território nacional. A partir de 1970, o processo de concentração econômica, que havia se acelerado desde os anos 50, sofre reversão e a urbanização do país passa a apresentar novas características. Desta data em diante verifica-se um processo de desconcentração econômica de São Paulo para outros Estados brasileiros, processo esse que se realiza até a última década do século XX, porém a natureza da desconcentração será diferente para cada uma das décadas consideradas: 1970/1980; 1980/1990; 1990/2000. Paripassu à desconcentração econômica ocorre a intensificação da urbanização em outras regiões do país, que passam a apresentar taxas de crescimento populacional superiores, em muitos casos, ao verificado na Área Metropolitana de São Paulo. Essas duas dinâmicas re-configuraram a rede urbana brasileira, apesar de manter sua estrutura anterior em linhas gerais. A desconcentração econômica verificada no período de 1970 a 1980 se deu em função, sobretudo, do crescimento econômico que na periferia do território nacional foi mais acentuado que o verificado no seu centro dinâmico São Paulo. Ao considerar que este foi um período de grande crescimento econômico, verifica-se que houve também crescimento econômico no Estado de São Paulo, o que configura um processo de desconcentração virtuoso, como considera Wilson Cano (2008). Os fatores que explicam esse crescimento econômico maior na periferia brasileira decorrem principalmente da expansão da fronteira agrícola e mineral para o Centro-Oeste e Norte do país, do processo de agroindustrialização que passa a existir nessas regiões e também na região Sul, do investimento público, principalmente, na produção de bens intermediários e bens de produção que ocorre em outras regiões do país e também de incentivos fiscais para o Nordeste e também para o Norte (Zona Franca de Manaus). Isto é, passa-se a desenvolver outras atividades econômicas complementares ao

15 P á g i n a 13 processo de industrialização de São Paulo em outros Estados brasileiros. Vale ressaltar também que essa desconcentração de São Paulo ocorre muito mais na Área Metropolitana de São Paulo que o seu interior, é, portanto, uma desconcentração que ocorre em duas direções: para o interior e para fora do Estado de São Paulo. Através da integração econômica, avança-se o processo de homogeneização econômica do território brasileiro a partir desse período. No período compreendido entre 1980 e 1990 continua o processo de desconcentração econômica. O Estado de São Paulo reduz sua participação nas atividades industriais, mas a mantém nos outros setores, como a agropecuária e o setor terciário. Como a economia brasileira passou por momentos difíceis, decorrente da crise da dívida externa e do processo inflacionário que se tornou muito acelerado, principalmente, na segunda metade da década, seu crescimento econômico foi comprometido, a ponto de esta ter sido uma década considerada perdida pela literatura econômica. Por este motivo, as reduções verificadas na indústria de transformação são analisadas por Wilson Cano como desconcentração industrial estatística. As regiões de fronteira agrícola tiveram aumento significativo na participação no setor agropecuário e viram diversificar o tipo de lavoura, principalmente Paraná, Santa Catarina e a região Norte. No começo desta década, principalmente, que se verifica os efeitos das políticas de desenvolvimento econômico implantadas na década anterior voltadas para setores específicos e localizados da economia, como foi o PIN, PROTERRA, POLOAMAZÔNIA, Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Programa de Desenvolvimento do Cerrado, e tantos outros. Também nesta década, entram em curso os grandes projetos industriais Carajás, Itaipu e Aracruz/Celulose que contribuem para melhor desempenho das outras regiões no que se refere à participação econômica do país. No período posterior a 1990, a desconcentração econômica se acentua no Brasil. São Paulo perde participação significativa no PIB do país, passando de 37,8%, em 1989, para 33,7%, em 2000, e 30,9%, em Também neste período pode-se considerar um processo de desconcentração estatística, embora tenha ocorrido crescimentos significativos de alguns setores da econômica em outras regiões. Na

16 P á g i n a 14 década de 1990, com mudanças na política econômica do país, sua estrutura produtiva sofreu profundas alterações, com impactos, sobretudo, no setor industrial. Como São Paulo tornou-se o Estado mais industrializado do país é neste Estado que os efeitos se fizeram mais intensos. Por outro lado, verifica-se também expansão das atividades agropecuárias e agro-industriais tanto em São Paulo quanto na região Centro-Oeste e nos estados do Sul. É preciso considerar também que com a abertura econômica e financeira da economia brasileira ocorrida no começo da década de 1990, o país fica mais exposto ao processo de reestruturação produtivo já iniciado nos países de economia central. Neste sentido, as empresas localizadas no Brasil, sobretudo, as grandes indústrias tiveram que alterar suas plantas produtivas para que conseguissem serem competitivas e permanecer no comércio internacional. Diante deste contexto, é também em São Paulo que as conseqüências são mais visíveis, uma vez que era (e ainda é) o Estado mais industrializado do país. Assim, observa-se que já ao final do século XX o país conseguiu realizar a integração econômica das regiões brasileiras, mesmo que não tenha como corolário o fim da desigualdade econômica entre as regiões. À medida que a economia do país passava por transformação e re-configurava a geografia econômica, o processo de urbanização também sofria modificações a partir da década de Apesar de a participação dos Estados e, por conseguinte, das regiões terem-se mantido praticamente inalteradas (ver tabela 1), devido ao estoque populacional existente, suas taxas de crescimento sofreram modificações significativas. Enquanto no período de 1970 a 1980 os Estados da região Sudeste tenham crescido a uma taxa anual de 2,6%, as regiões Norte e Centro-Oeste cresceram a taxas de 5% e 4,3%, respectivamente. O Nordeste registrou crescimento a taxa anual de 2,2% e a região Sul de 1,4%. Na década seguinte, 1980 a 1991, as regiões Norte e Sul mantiveram a mesma taxa de crescimento do período anterior, o Centro-Oeste, Nordeste e o Sudeste viram reduzidos para 2%, 1,8% e 1,8%, respectivamente. No período de 1991 a 2000, a exceção das regiões Sul, que manteve a mesma taxa de crescimento, e Centro-Oeste que aumentou para 2,3%, todas as regiões tiveram

17 P á g i n a 15 redução na taxa de crescimento populacional, o que fez com que o país passasse a registrar uma taxa de 1,6% anual, nesse período. Essas mudanças quando analisadas do ponto de vista regional ou estadual escondem os processos de escalas menores, como aqueles que ocorrem no interior dos estados ou nos espaços urbanos. A partir da década de 1970, quando são institucionalizadas nove regiões metropolitanas, verifica-se o crescimento de outros centros urbanos no país, o que levou Milton Santos a falar num processo de desmetropolização. Mas aliado ao surgimento de outras metrópoles no interior do Brasil, há o crescimento também de outras cidades de porte médio, o que fez com que a rede urbana brasileira sofresse mudanças e tornasse mais complexa nas últimas décadas. Em face ao processo de desconcentração econômica, autores como Campolina Diniz (1993) e Campolina Diniz e Marco Aurélio Crocco (1996) já apontavam que seu espraiamento industrial não se deu para todo o território nacional. Numa primeira fase, ocorreu para o interior do Estado de São Paulo e para quase todos os estados brasileiros. Neste caso, o tipo de indústria que se deslocava ou eram aquelas vinculadas a expansão da fronteira agrícola e mineral, que requeriam volumosos recursos naturais, como foi o caso do Centro-oeste do país, ou eram aquelas que procuravam diminuir seus custos produtivos, principalmente os de mão-de-obra, como se verificou nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e nos estados da região Nordeste. Na segunda fase, ocorreu um processo de reconcentração econômica no polígono que estende-se de Belo Horizonte, passando por Uberlândia (Triângulo Mineiro), Londrina/Maringá, Porto Alegre, Florianópolis, São José dos Campos e Belo Horizonte. A característica principal das indústrias que se implantam nesse polígono são as de alta tecnologia. Ou seja, nesse período estaria havendo um processo de desconcentração da Área Metropolitana de São Paulo em favor do interior do Estado de São Paulo ou dos Estados mais próximos. Neste sentido, DINIZ (1993) procura analisar os fatores que conjugados poderiam contribuir para essa dinâmica. Segundo ele, podemos considerar:

18 P á g i n a 16 a) deseconomias de aglomeração na Área Metropolitana de São Paulo e sua criação em outros centros urbanos ou regiões; b) o papel do Estado, seja através de políticas regionais explícitas, seja pela conseqüência de outras decisões de importância; c) disponibilidade diferenciadas de recursos naturais; d) unificações do mercado e mudanças de estrutura produtiva; e) concentração da pesquisa e da renda. (p. 39) Em período mais recente o mesmo autor ao analisar o desempenho econômico das nove regiões metropolitanas tradicionais, tem demonstrado a perda de participação na produção industrial, no período de 1980 a 2005, a exceção de Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte, que apesar de algumas oscilações têm conseguido assegurar ou mesmo ampliar sua participação no conjunto da economia brasileira. (DINIZ, 2007) Assim, por decorrência do processo de reestruturação produtiva, colocado em curso no país desde a década de 1980, mas, sobretudo, a partir dos anos 90, tem ocorrido uma re-espacialização econômica que estaria configurando uma Cidade- Região, que teria como centro irradiador a Região Metropolitana de São Paulo, mais especificamente o município de São Paulo, e integrariam as regiões paulistas de Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e Santos. Neste contexto histórico-econômico, fica a indagação do papel que tem cumprido as metrópoles brasileiras na estrutura econômica do país, haja vista que elas tiveram importância decisiva para o desempenho da economia do país, seja no período de intensa concentração industrial que se fazia principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, seja em momento posterior dado o processo de desconcentração econômica. Uma nova configuração espacial-econômica estaria se estabelecendo, para além dos centros metropolitanos do país? É, na tentativa de levantar hipóteses a essas questões, que objetiva este trabalho.

19 P á g i n a 17 Aglomerações urbanas brasileiras com funções metropolitanas As primeiras regiões metropolitanas do país foram institucionalizadas na década de 1970 pela União. Em 1973 criaram-se as de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. Em 1974, depois da fusão do Estado do Rio de Janeiro e do Estado da Guanabara, foi criada a região metropolitana do Rio de Janeiro, constituindo-se um total de nove metrópoles. (DAVIDOVICH, 2004) Novas regiões metropolitanas só vieram a se constituir com amparo jurídico depois da Constituição Federal de 1988, que atribuía aos Estados e, não mais à União, a competência para sua institucionalização. Desse período em diante, os critérios para criação das regiões metropolitanas foram vários, atendendo, sobretudo, interesses políticos. Mas muitas metrópoles que foram institucionalizadas corresponderam às mudanças ocorridas na rede urbana brasileira, provocada pelo crescimento populacional em vários contextos que culminou no surgimento de diversas aglomerações urbanas. As metrópoles consideradas neste trabalho são as aglomerações urbanas com funções metropolitanas definidas pelo estudo elaborado pelo Observatório das Metrópoles intitulado Identificação dos Espaços Metropolitanos e Construção de Tipologias, que corresponde ao total de 15 metrópoles, que são: Belém, Belo Horizonte, Brasília 3, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Essa definição está baseada no grau de integração existente entre os municípios de várias aglomerações urbanas do país e reconhecidas pelo IBGE (OBSERVATÓRIO, 2005). Em algumas situações, entretanto, serão acrescidas as regiões metropolitanas de Maringá e Natal, por participarem oficialmente da Rede Observatório das Metrópoles. Noutros casos, a análise será empreendida apenas com aquelas 15 regiões metropolitanas mencionadas anteriormente. 3 Refere-se à Região de Desenvolvimento Integrada do Distrito Federal (RIDE).

20 P á g i n a 18 Ao reconhecer o grau de dificuldades na definição de metrópole, decorrente dos diversos aportes teórico-conceituais existentes para defini-la, neste estudo utilizarse-á o termo Grande Espaço Urbano Brasileiro (GEUB), termo este reconhecido pelo IBGE, o qual identifica um total de 37 existentes no país. Os 17 GEUBs utilizados neste estudo correspondem, em número de municípios e sua identificação, as regiões metropolitanas, como definidas segundo seu marco legal. No entando, como mencionado, apenas 15 destes GEUBs possuem função metropolitana, o que nos confere falar, em muitos momentos de GEUBs metropolitanas.

21 P á g i n a 19 Estrutura econômica dos GEUBs metropolitanos segundo Produto Interno Bruto O Produto Interno Bruto é o principal indicador de produção de riqueza de uma economia. Ele expressa a produção de bens e serviços no período de um ano, como se convencionou a adotar em todos os países do mundo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão responsável de calcular o PIB no Brasil. Sua divulgação ocorre para cada trimestre do ano, quando ao final é obtida agregação do período total. Junto com os órgãos de planejamento de cada uma das Unidades da Federação, o IBGE calcula também o PIB regional, que corresponde a parcela de riqueza produzida por cada uma destas unidades federativas, como os Estados e o Distrito Federal. E é com base nos resultados do PIB regional que é feito o cálculo do PIB municipal, através de estimativas que o IBGE utiliza para cada município. Por este motivo, em que pese ser um importante indicador de riqueza, quando visto na escala municipal o PIB é preciso que o considere com cautela. Como o interesse é analisar os Grandes Espaços Urbanos Brasileiros (GEUB) dotados de função metropolitana, utiliza-se a agregação do PIB municipal dos municípios que compõem cada um desses espaços. Neste sentido, os GEUBs metropolitanos, em 2005, concentraram 52,5% do Produto Interno Bruto da economia do país. Quando se acrescenta a estes espaços as GEUBs de Natal e de Maringá, a participação aumenta para 53,2%. A participação que o conjunto destes espaços possui demonstra sua importância no lócus de produção de riqueza, quando é ao mesmo tempo, lugar de concentração populacional. Ao verificar os setores de atividade econômica, observa-se que o setor com maior participação dos GEUBs metropolitanos na economia do país é Serviços (58,6%), seguida da Administração Pública (48%) e Indústria (47%). O setor Agropecuário, ao contrário, tem uma participação muito reduzida, apenas 4%. Os impostos sobre produto dos GEUBs metropolitanos, por sua vez, correspondem a 64,4% do país. Assim, se verifica que os GEUBs metropolitanos ainda constituem-se como lócus da geração de riqueza de importantes setores da economia nacional, como são Serviços,

22 P á g i n a 20 Administração Pública e Indústria, mesmo considerando o processo de desconcentração econômica, como foi analisado na seção anterior. Embora os GEUBs metropolitanos sejam responsáveis pela geração de parte significativa da riqueza produzida no país, há, entretanto, diferenças entre cada um deles, como pode ser visto no gráfico 1, estão incluídas neste caso também os GEUBs de Natal e de Maringá. O GEUB de São Paulo é a maior participação do PIB no conjunto dos GEUBs metropolitanos, responsável sozinho por 36,5%. É seguido pelo Rio de Janeiro, com 15% de participação no PIB do conjunto dos GEUBs metropolitanos, por Brasília, com 7,6%, Belo Horizonte e Porto Alegre, com 6% cada um, e Campinas, com 5,1%. Juntos esses GEUBs correspondem 76,2% do PIB do conjunto dos GEUBs metropolitanos. 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 - Gráfico 1 -Participação do PIBde cada GEUB no conjunto dos GEUBs metropolitanos Vitória Salvador São Paulo Rio de Janeiro Recife Porto Alegre Natal Maringá Manaus Goiânia Fortaleza Florianópolis Curitiba Campinas Brasília Belo Horizonte Belém No setor industrial, a maior participação é apresentada por São Paulo, que corresponde a 37,9% do PIB desse setor no conjunto dos GEUBs metropolitanos (ver tabela 2). É seguida pelo Rio de Janeiro, bem atrás, com 9,4%, Belo Horizonte, com 7,6%, Porto Alegre e Campinas, ambos com 7,3%, Salvador, com 6,3%, Curitiba, com 5,5%, e Manaus, com 4,4%. Todos os outros GEUBs possuem menos de 3% de participação. Mesmo assim, há diferenças entre eles. Acima de 2% de participação no

23 P á g i n a 21 PIB estão Vitoria, Brasília, Recife e Fortaleza. Entre 1 e 2%, Goiânia e Belém. Abaixo de 1% estão Florianópolis, Natal e Maringá. No setor agropecuário, a maior participação é do GEUB Brasília, com 29,4%. Como este GEUB corresponde à Região de Desenvolvimento Integrado do Distrito Federal (RIDE), quer dizer que a grande participação neste setor deve-se mais aos municípios de Goiás e de Minas Gerais que pertencem à RIDE, que a própria capital federal. Mas convém ressaltar mais uma vez que este setor corresponde apenas 4% do PIB do conjunto dos GEUBs metropolitanos, como visto acima. A segunda maior participação é de Curitiba, com 10%, seguida por Belo Horizonte, com 9,5%, Porto Alegre, com 7,9%, Florianópolis, com 7,2%, Campinas, com 5,7%, Maringá, com 5,5%, Recife, com 4,4%, e São Paulo, com 4,2%. Os outros GEUBs possuem participação inferior a 4% do PIB do conjunto dos GEUBs metropolitanos. Tabela 2 - Participação no PIB de cada GEUB no conjunto dos GEUBs metropolitanos GEUB Indústria Agropecuário Serviços Administração pública Impostos sobre Produto Belém 1,0 0,9 1,4 1,3 1,0 1,2 Belo Horizonte 7,6 9,5 5,5 5,0 5,9 6,0 Brasília 2,5 29,4 5,3 29,4 4,9 7,6 Campinas 7,3 5,7 4,4 2,9 5,7 5,1 Curitiba 5,5 10,0 4,5 2,7 4,3 4,5 Florianópolis 0,7 7,2 1,2 0,9 1,0 1,1 Fortaleza 2,2 3,8 2,4 2,5 1,8 2,3 Goiânia 1,2 1,7 1,9 1,6 1,3 1,6 Manaus 4,4 0,6 1,5 1,7 2,6 2,4 Maringá 0,5 5,5 0,6 0,5 0,4 0,6 Natal 0,7 3,2 0,9 1,2 0,8 0,9 Porto Alegre 7,3 7,9 5,8 4,8 5,9 6,0 Recife 2,6 4,4 2,9 3,2 2,9 2,8 Rio de Janeiro 9,4 2,9 16,0 20,1 16,5 15,0 São Paulo 37,9 4,2 40,4 18,2 37,0 36,5 Salvador 6,3 1,1 3,3 2,3 4,1 4,0 Vitória 2,9 2,0 2,2 1,8 3,9 2,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Elaboração prórpria a partir de dados do IBGE. Obtido no site ipeadata ( Total

24 P á g i n a 22 No setor de serviços, aqui excluído a administração pública, a maior participação no PIB do conjunto dos GEUBs metropolitanos é de São Paulo, com 40,4%, o que confirma sua posição de centro econômico do país, haja vista que tem se estabelecido como um grande centro de negócios do país. Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com 16%, seguido de Porto Alegre, com 5,8%, Belo Horizonte, com 5,5%, Brasília, com 5,3%, Curitiba, com 4,5% e Campinas, com 4,4%. Estes GEUBs juntos correspondem a 81,8% do PIB. Os demais GEUBs, por sua vez, possuem participação inferior a 4% neste setor de atividade econômica. No setor de administração pública, o destaque evidente é de Brasília, com 29,4%, por incluir a capital federal do país. Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com 20%, que abriga ainda alguns órgãos federais, por ter sido a capital do país. São Paulo aparece em terceiro lugar, com 18,2%, seguida por Belo Horizonte, com 5% e Porto Alegre, com 4,8%. Juntos esses GEUBS participam com 77,4% do PIB neste setor no conjunto dos GEUBs metropolitanos. Os outros GEUBs possuem participação inferior a 3%, cada um. Analisar a participação de cada GEUB no seu conjunto, como foi feito, não expressa a estrutura que cada um tem, ou seja, a composição do PIB segundo cada setor de atividade econômica. Neste sentido, podemos verificar as semelhanças e dessemelhanças entre os GEUBs, tendo em vista a distribuição do PIB segundo os setores de atividade econômica, conforme gráfico 2. Quando se verifica o setor industrial, observa-se que no conjunto dos GEUBs metropolitanos, este setor corresponde a 22,4% do PIB. Neste caso, aqueles GEUBs com participação acima desse percentual destacam-se no setor industrial. Podemos observar um primeiro grupo formado por Manaus, Salvador e Campinas, que contribuem respectivamente, neste setor, com 41,5%, 35,3% e 32,2%. Esses são os GEUBs com as maiores contribuições do setor industrial. São seguidos por Belo Horizonte (28,7%), Curitiba (27,4%), Porto Alegre (27,2%), Vitória (25,2%) e São Paulo (23,3%), conformando um segundo grupo. Observa-se que a exceção de Manaus, onde possui um parque industrial bem desenvolvido, decorrente do estabelecimento da

25 P á g i n a 23 Zona Franca, e de Salvador, onde há instalações importantes da Petrobrás, todos os demais GEUBs situa-se nas regiões Sul e Sudeste. Outro grupo de GEUBs, que está próximo da contribuição do conjunto dos GEUBs metropolitano, mas abaixo, é formado por Fortaleza (22,2%), Recife (20,5%), Maringá (19,2%), Belém (18%) e Goiânia (17,1%). A este grupo seguem Florianópolis, com 14,9%, e Rio de Janeiro, com 14,1%. Como foi visto, embora este último GEUB tenha a segunda maior participação do PIB no setor industrial do conjunto dos GEUBs metropolitanos, na sua composição o setor industrial não é o mais importante. Este GEUB só não possui menor contribuição que Brasília, pois este contribui neste setor para o seu PIB com 7,4%. Como o setor agropecuário possui pequena participação no conjunto dos GEUBs metropolitanos, apenas 4%, não vamos no deter na contribuição de setor para cada um dos GEUBs, apenas faremos destaque a Maringá, que tem contribuição desse setor com 4,1%, Florianópolis, com 2,8%, Brasília, com 1,6%, e Natal, com 1,5%. Os únicos GEUBs com contribuição acima de 1%. 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 Gráfico 2 -Composição do PIB segundo os setores de atividade econômicas dos GEUBs Impostos sobre Produto Administração Pública Serviços Agropecuário Indústria 0,0 Total Vitória Salvador São Paulo Rio de Janeiro Recife Porto Alegre Natal Maringá Manaus Goiânia Fortaleza Florianópolis Curitiba Campinas Brasília Belo Horizonte Belém

26 P á g i n a 24 Para o conjunto dos GEUBs metropolitanos, a contribuição do setor de serviços corresponde a 47,9% do seu PIB. Neste caso, estão acima dessa contribuição os seguintes GEUBs, um primeiro grupo, cuja contribuição corresponde a mais da metade da composição do PIB, formado por Goiânia (56,3%), Florianópolis (55,1%), Belém (54%), Maringá (53,7%), São Paulo (53,1%), Rio de Janeiro (50,9%) e Fortaleza (50,3%); um segundo grupo, formado por Natal (48,4%), Recife (48%) e Curitiba (47,9%). Mesmo estando abaixo da média do conjunto dos GEUBs metropolitanos, o setor de maior contribuição para os demais GEUBs é serviços, a exceção de Brasília e de Manaus. Assim, temos outros dois grupos, onde o primeiro é formado por Porto Alegre (45,8%), Belo Horizonte (43,7%), Campinas (41,2%), Vitória (40,4%) e Salvador (40%); o outro grupo é formado por Brasília, com 33,7%, e Manaus, com 30,6%. Quando se considera os serviços voltados para administração pública, observase que Brasília ocupa um papel de destaque, pois possui uma contribuição desse setor de 46,1%, muito acima da média do conjunto dos GEUBs metropolitanos que é de 11,8%. Estão acima desta contribuição, apesar de muito inferior à Brasília, os seguintes GEUBs: Natal (16,7%), Rio de Janeiro (15,8%), Recife (13,3%), Fortaleza (13%), Belém (12,8%) e Goiânia (11,8%). Abaixo da média do conjunto dos GEUBs metropolitanos estão Florianópolis (10,6%), Maringá (10,1%), Belo Horizonte (9,8%), Porto Alegre (9,3%), Manaus (8,7%), Vitória (8,1%), Curitiba (7,2%), Salvador (6,8%) e São Paulo (5,9%). Ao considerar a composição de cada um dos GEUBs, de acordo com os setores de atividade econômica, observa-se que há distribuição semelhante entre os GEUBs, o que acaba por conformar grupos seguindo estas características. Há um mais caracterizado pela contribuição do setor industrial é formado por Manaus, Salvador, Vitória, Porto Alegre, Campinas e Belo Horizonte. Há outro grupo formado caracterizado pela contribuição do setor de serviços, que é formado por Goiânia, Florianópolis, Belém, Maringá, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Um terceiro grupo, em que participa somente Brasília, pois caracteriza pela contribuição do setor de administração pública. Um último grupo em que tanto o setor de serviços quanto o industrial possuem contribuição significativa, formado por Curitiba, Natal e Recife.

27 P á g i n a 25 Estrutura econômica segundo os dados do CEMPRE e tipologia da organização econômica dos GEUBs metropolitanos 4 Os dados econômicos utilizados para análise das metrópoles brasileiras são provenientes do Cadastro CEMPRE do IBGE, que agrupa informações de várias pesquisas setoriais segundo as atividades econômicas, distribuídas por número de empresas, pessoal ocupado e massa salarial. Estes dados foram trabalhados segundo os ramos de atividade econômica decorrente do agrupamento realizado pelo Observatório das Metrópoles, a partir de tabulação especial pedida ao IBGE (FERRAZ, 1996). Nesta tabulação especial procurou-se organizar as atividades econômicas, compreendendo aquelas capazes de serem realizadas no espaço urbano, sobretudo no espaço metropolitano, em quatro grandes setores: indústria, serviços, construção civil e comércio. Cada um desses setores foram desagregados em sub-setores ou ramos de atividade, na tentativa de obtenção dos aspectos diferenciadores interno a cada setor e, ao mesmo tempo, pela formação de uma composição que expressasse a natureza de sua atividade e a posição nos encadeamentos dos processos econômicos (produção, distribuição, etc.). A partir da classificação das atividades econômicas realiza-se a análise da condição dos GEUBs metropolitanos no contexto nacional, mas é preciso reconhecer que a produção de indicadores econômicos para a escala metropolitana sempre envolve determinadas dificuldades que torna a análise para esse contexto comprometida em função dos dados organizados nessa dimensão, como já foi mencionado anteriormente. Por este motivo, nesta seção, considerar-se-á a massa salarial, classificada pelos ramos de atividade econômica, como proxy da estrutura econômica dos GEUBs metropolitanos, embora se reconheça os seus limites. Inclusive, 4 Neste caso, não serão considerados os GEUBs Maringá e Natal, porque pretende-se definir uma tipologia, ao final, apenas para os GEUBs com função metropolitana.

28 P á g i n a 26 uma das dificuldades envolvidas refere-se à dimensionalidade dessa variável, pois não é capaz de apreender nem a estrutura, nem a dinâmica da economia informal. Mesmo assim, optou-se pela utilização dessa variável por ser uma das componentes da renda nacional e ser a variável de maior composição, expressando de algum modo as condições econômicas da sociedade. Pode-se observar que a participação econômica do GEUBs metropolitanos no contexto nacional foi reduzida ao longo do período de 1996 a 2004, de acordo com os dados da tabela 3, pois passou de 67,2%, naquele ano, para 62,7%, neste. Essa redução foi conduzida por todos os setores de atividade, principalmente quando se verifica o setor industrial, à exceção é do setor de serviços. Com esses dados gerais poderíamos chegar à conclusão que os GEUBs metropolitanos estão passando por um processo de desconcentração econômica 5, mas é preciso tomar certa cautela para não sermos conduzidos a interpretações afoitas nessa processo. O debate da desconcentração econômica está baseado significativamente no processo de desconcentração das atividades industriais. Quando se verifica os dados do setor industrial, percebe-se também uma redução na participação desse setor na economia do país em pouco mais de 5% no período de 1996 a Porém, embora se verifique que as atividades industriais de bens tradicionais e de bens duráveis tenham decrescido, as atividades difusoras de progresso técnico apresentaram considerável crescimento. Essa constatação é relevante, na medida em que se trabalha com a hipótese de estar ocorrendo nos GEUBs metropolitanos uma mudança no padrão de produção industrial. Se for esse o fato, a redução da massa salarial pode ser um fenômeno que ocorre paripassu ao crescimento do produto neste setor, sendo resultado das mudanças tecnológicas do processo produtivo. Corrobora com esta constatação, o comportamento exercido pelo setor de serviços; pois, embora algumas atividades tenham sofrido redução, aquelas vinculadas à prestação de serviços às empresas registraram aumento. Isso pode sugerir uma 5 Esse debate da desconcentração econômica é muito acentuado, sobretudo, em relação a Área Metropolitana de São Paulo, como pode-se ver na segunda seção deste trabalho, mas neste trabalho tem-se a preocupação de analisar esse processo para o conjunto dos GEUBs metropolitanos.