BIOMASSA DE MUDAS DE CALISTEMO, ESCUMILHA E QUARESMEIRA PARA ARBORIZAÇÃO URBANA PRODUZIDAS EM DIFERENTES SUBSTRATOS

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1 BIOMASSA DE MUDAS DE CALISTEMO, ESCUMILHA E QUARESMEIRA PARA ARBORIZAÇÃO URBANA PRODUZIDAS EM DIFERENTES SUBSTRATOS Ferreira, Jéssica Cristina Barbosa¹ (jessicacbf.ifmg@gmail.com); Lafetá, Bruno Oliveira 2 ; Oliveira, Carlos Henrique Rodrigues²; Pereira, Giuslan Carvalho²; Campos, Paulo Modesto²; Penido, Tamires Mousslech Andrade³ 1 Universidade de Brasília Departamento de Engenharia Florestal/Mestrado em Ciências Florestais, UnB, Asa Norte Brasília/DF. 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais/Tecnologia em Silvicultura, Avenida Primeiro de Junho, n 1043 Centro São João Evangelista/MG. 3 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/Departamento de Engenharia Florestal, Rodovia MGT 367 Km 583, n 5000 Alto Jacuba Diamantina/MG. RESUMO Baseado no papel do substrato na formação de mudas objetivou-se nesse estudo avaliar o efeito de diferentes substratos na produção de biomassa de mudas de T. granulosa, L. indica e C. lanceolatus para arborização urbana. O experimento foi conduzido por 13 meses no viveiro do Instituto Federal de Minas Gerais - Câmpus São João Evangelista (IFMG/SJE), em delineamento experimental inteiramente casualizado com três repetições, sendo estudado o efeito de quatro substratos. Cada unidade experimental foi composta por uma muda. Quantificou-se a massa seca da parte aérea (MSPA), a massa seca da raiz (MSR) e a relação entre a massa seca da parte aérea e massa seca da raiz (MSPA/MSR). Com base nos resultados obtidos, pode-se observar que a biomassa das plantas não variou significativamente entre os tratamentos. Em função da praticidade no preparo e da economia, indica-se o substrato 3 para produzir as mudas para a arborização urbana. PALAVRAS CHAVE: crescimento de mudas; qualidade; vegetação urbana. ABSTRACT Based on the role of substrate in formation of seedlings this study aimed to evaluate the effect of different substrates in biomass production of seedlings of T. granulosa, L. indica and C. lanceolatus for urban trees. The experiment was conducted for 13 months in the nursery Instituto Federal de Minas Gerais - Câmpus São João Evangelista (IFMG/SJE), in a completely randomized design with three replications, the effect of four substrates being studied. Each experimental unit consisted of a seedling. Quantification of dry mass of shoots (SDM), the root dry mass (RDM) and the relationship between the dry mass of shoot and root dry mass (SDM/RDM). Based on the results obtained, it can be observed that the plant biomass did not vary significantly between treatments. Due to the convenience in preparation and economy-indicates whether the substrate 3 to produce seedlings for urban trees. KEYWORDS: growth of seedlings; quality; urban vegetation. INTRODUÇÃO Os estudos sobre a produção de mudas são importantes para o desenvolvimento da atividade florestal, inclusive para programas de arborização urbana (MONTEIRO e RAMOS, 1997). Mudas produzidas com qualidade, desde que adequadamente manejadas, originam árvores produtivas e rentáveis; mas para isso é necessário a definição de boas técnicas que favoreçam a formação das mudas em menor espaço de tempo e em condições acessíveis. Nesse sentido destaca-se a seleção do substrato uma vez que exerce uma influência marcante na arquitetura do sistema radicular e garante bom estado nutricional das plantas (CARNEIRO, 2003).

2 Em relação à avaliação da qualidade das mudas produzidas a biomassa seca, segundo Gomes e Paiva (2004, p. 98) deve sempre ser considerada visto que indica a rusticidade de uma muda; quanto maior, mais rustificada será. Entre as espécies indicadas para plantio em vias públicas destacam-se o calistemo, a escumilha e a quaresmeira. Callistemon viminalles, vulgarmente, escova-de-garrafa ou calistemo, desenvolve-se até o porte de uma pequena árvore de 4 a 6 metros de altura e o seu plantio é indicado em ruas estreitas e sob rede elétrica. A Tibouchina granulosa popularmente conhecida como quaresmeira, é uma árvore nativa do Brasil, de porte médio, com até 12 metros de altura. Ideal para plantio isolado ou na arborização de ruas mais estreitas, devido ao porte, de pequeno para médio (LORENZI, 2002). Já Lagerstroemia indica, chamada de escumilha africana, extremosa ou resedá, é uma árvore regular, medindo entre 7 e 9 metros. Sua copa chama bastante atenção por sua floração característica nas cores rosa e lilás. Seu plantio em vias públicas é indicado contra rede (LORENZI et. al., 2003). O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes substratos na produção de biomassa de mudas de T. granulosa, L. indica e C. viminalles para arborização urbana em condições de viveiro. METODOLOGIA O experimento foi instalado em abril de 2012 no viveiro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) - Câmpus São João Evangelista à 22º13 16 de latitude Sul e 54º48 20 de longitude Oeste. Foram selecionadas mudas sadias com 90 dias de idade produzidas via tubetes. Os tratamentos foram assim constituídos: T1 Substrato 1 (79,2 % de terra de subsolo, 10,0 % de moinha de carvão, 10,0 % de substrato comercial, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67 % de NPK 6:30:6); T2 Substrato 2 (73,54 % de terra de subsolo, 7,33 % de moinha de carvão vegetal, 18,33 % de substrato comercial, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67 % de NPK 6:30:6); T3 Substrato 3 (49,87 % de terra de subsolo, 49,33 % de esterco bovino curtido, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67 % de NPK 6:30:6) e T4 Substrato 4 (49,60 % de terra de subsolo, 24,80 % de substrato comercial, 24,80 % de esterco bovino curtido, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67% de NPK 6:30:6). Cada unidade experimental foi composta por uma muda transplantada para vaso com capacidade de 20 litros. Os vasos foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com três repetições para cada tratamento, totalizando 160 mudas (18 mudas de quaresmeira por tratamento: Figura 1 - Mudas de quaresmeira destinadas á arborização urbana produzidas

3 em diferentes substratos; 18 de calistemo: Figura 2 - Mudas de calistemo destinadas á arborização urbana produzidas em diferentes substratos; e 4 de escumilha africana: Figura 3 - Mudas de escumilha destinadas á arborização urbana produzidas em diferentes substratos). Durante o projeto a irrigação se deu por sistema de gotejamento com liberação de 4L.dia. A retirada de plantas daninhas foi realizada manualmente, à medida que elas foram emergindo nos substratos. Figura 1 Mudas de quaresmeira destinadas á arborização urbana produzidas em diferentes substratos. Fonte: Autores. Figura 2 Mudas de calistemo destinadas á arborização urbana produzidas em diferentes substratos. Fonte: Autores.

4 Figura 3 Mudas de calistemo destinadas á arborização urbana produzidas em diferentes substratos. Fonte: Autores. Ao final de 13 meses, para a avaliação da biomassa, inicialmente selecionou-se a planta com diâmetro á altura do coleto igual ao diâmetro médio quadrático de cada tratamento em cada repetição. As plantas selecionadas foram retiradas dos vasos e a parte aérea e o sistema radicular foram separados por cisão na região do coleto, utilizando-se um facão. Em seguida retiraram-se os galhos da planta, e depois as folhas dos galhos. Todas as folhas foram separadas por espécie e armazenadas em um saco plástico grande que foi fechado para evitar a perda de água pelas folhas. Os galhos e troncos foram picados em sessões de aproximadamente 20 cm de comprimento e amarrados com barbante. Galhos, folhas, troncos e raízes foram separados e identificados quanto à espécie, ao tratamento e à repetição. Ainda no viveiro pesou-se a biomassa úmida. Todo o material devidamente separado foi transportado para o Laboratório de Sementes do IFMG/SJE, onde cada parte foi acondicionada em um saco de papel Kraft previamente identificado e pesada em balança com precisão de 0,000 gramas. Posteriormente o material foi seco em estufa com circulação forçada de ar a 70 o C, até peso constante. Realizou-se a pesagem do material seco na mesma balança supracitada. Obteve-se assim, a massa seca da parte aérea (MSPA), a massa seca da raiz (MSR); além da relação entre essas duas variáveis (MSPA/MSR). Os dados foram submetidos à análise de variância e, quando ocorreram diferenças significativas, entre os tratamentos, pelo teste F, as médias foram comparadas por meio do teste de Tukey a 5% de significância. Utilizou-se o software Statistica 7.0 (Statsoft, 2007) para as análises estatísticas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios de biomassa das partes aéreas (MSPA), das raízes (MSR) e da relação (MSPA/MSR) não se diferiram significativamente entre os tratamentos para todas as espécies avaliadas (Tabela 1 Médias por planta da massa seca da parte aérea (MSPA);

5 massa seca de raiz (MSR) e relação massa seca da parte aérea e massa seca de raiz (MSPA/MSR) em mudas de C. viminalles, L. indica e T. granulosa em diferentes composições de substrato destinada à arborização urbana). Entretanto, as maiores médias em termos absolutos para MSPA, MSR e MSPA/MSR foram obtidas no tratamento T3, indicando a eficiência desse substrato na produção de mudas das espécies destinadas à arborização urbana. Tabela 1 Médias por planta da massa seca da parte aérea (MSPA); massa seca de raiz (MSR) e relação massa seca da parte aérea e massa seca de raiz (MSPA/MSR) em mudas de C. viminalles, L. indica e T. granulosa em diferentes composições de substrato destinadas à arborização urbana. CALISTEMO Tratamento MSPA(kg) MSR(kg) MSPA/MSR(kg) T1 3,92a 1,86a 0,6042a T2 3,87a 1,78a 0,5357a T3 4,62a 2,30a 0,7862a T4 4,44a 2,24a 0,4558a CV exp (%) 4,51 6,15 1,31 ESCUMILHA Tratamento MSPA MSR MSPA/MSR T1 3,98a 2,08a 0,7250a T2 3,76a 1,85a 0,6536a T3 4,62a 2,25a 0,8221a T4 4,24a 2,11a 0,5698a CV exp (%) 3,23 5,28 2,62 QUARESMEIRA Tratamento MSPA MSR MSPA/MSR T1 5,93a 3,15a 2,5071a T2 6,45a 3,25a 4,0706a T3 6,89a 3,78a 5,1730a T4 6,57a 3,35a 3,5897a CV exp (%) 6,52 7,12 2,96 T1 - Substrato 1 (79,2 % de terra de subsolo, 10,0 % de moinha de carvão, 10,0 % de substrato comercial, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67 % de NPK 6:30:6); T2 Substrato 2 (73,54 % de terra de subsolo, 7,33 % de moinha de carvão, 18,33 % de substrato comercial, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67 % de NPK 6:30:6); T3 Substrato 3 (49,87 % de terra de subsolo, 49,33 % de esterco curtido de bovino, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67 % de NPK 6:30:6); T4 - Substrato 4 (49,60 % de terra de subsolo, 24,80 % de substrato comercial, 24,80 % de esterco curtido de bovino, 0,13 % de osmocote 19:6:10 e 0,67% de NPK 6:30:6). CV exp (%): coeficiente de variação experimental. Médias seguidas pela mesma letra não se diferenciam pelo teste Tukey (p>0,05) nos parâmetros MSPA, MSR e MSPA/MSR. Segundo Faria; Gaiva; Pereira (2002) as mudas que apresentam maior massa de parte aérea têm mais possibilidade de apresentar área foliar maior, o que facilita o estabelecimento inicial das mudas no campo. Carvalho Filho (2002) obteve os melhores

6 resultados para massa da parte aérea seca de ipê-roxo em substratos que continham esterco curtido de bovino em sua composição. O indicativo de que uma planta mantém proporções adequadas entre o desenvolvimento da raiz e o da parte aérea é ter uma razão MSPA/MSR de aproximadamente 2 (BARBOSA; CARVALHO; MORAIS, 1997; DANIEL et al., 1997). Para as mudas de calistemo essa relação foi de 0,79 no tratamento T3; para as mudas de escumilha 0,82 no tratamento T3 e para a quaresmeira o valor da relação foi de 5,17 no tratamento T3. Esses valores são os maiores em cada substrato para a razão MSPA/MSR. CONCLUSÃO A avaliação de biomassa das mudas de calistemo, escumilha africana e quaresmeira não sofreram interferência dos substratos; entretanto o substrato 3 apresentou os melhores valores reais e práticos, mostrando que é possível produzir tais mudas utilizando substrato economicamente viável e de fácil preparo, uma vez que demandou menor variedade de materiais e utilizou-se apenas substratos considerados de refugo. AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais Campus São João Evangelista (IFMG/SJE). Á Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Z.; CARVALHO, J.G.; MORAIS, A.R. Fósforo e zinco na nutrição e crescimento da aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All.) I. Características de crescimento das plantas. Ciência e Agrotecnologia. Lavras, MG: UFLA, p , CARNEIRO, J.G.A. Variações na metodologia de mudas florestais afetam os parâmetros morfo-fisiológicos que indicam a sua qualidade. Série Técnica FUPEP, v.12, p.1-40, GOMES, J.M.; PAIVA, H.N. Viveiros florestais (propagação sexuada). Viçosa: Editora UFV, (Caderno didático, 72). LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, Exóticas Árvores do Brasil: Madeireiras, Ornamentais e Aromáticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, MONTEIRO, P. P. M.; RAMOS, F. A. Beneficiamento e quebra de dormência de sementes em cinco espécies florestais do cerrado. Revista Árvore, Viçosa, v. 21, n. 2, p , 1997.