Escaravelho da palmeira (Rhynchophorus ferrugineus Olivier). Aspectos gerais relacionados com o seu combate.

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1 Escaravelh da palmeira (Rhynchphrus ferrugineus Olivier). Aspects gerais relacinads cm seu cmbate. Celestin Sares Direcçã Reginal de Agricultura e Pescas d Algarve ANTECEDENTES A praga Rhynchphrus ferrugineus (Olivier) vulgarmente designada n Algarve pr Escaravelhdapalmeira é um cleópter da família ds curculinídes, cm rigem trpical (Ásia e Oceânia). A sua expansã iniciuse nas décadas de itenta e nventa, pel Médi Oriente (Arábia Saudita e Irã) e Nrte de África (Egipt), depis pela Eurpa: primeiramente em Espanha (1995) e mais recentemente nutrs países da Orla Mediterrânica (Chipre, França, Grécia, Itália, Prtugal, etc.). A sua disseminaçã está assciada à imprtaçã de palmeiras. Em Prtugal esta praga fi assinalada pela primeira vez na Regiã d Algarve, em finais de Agst de 2007, a infestar uma planta de P. canariensis, lcalizada em Vale Parra, freguesia da Guia, cncelh de Albufeira. Psterirmente, a praga fi assinalada nutras znas d País (Lisba e Vale d Tej, Centr e Regiã Autónma da Madeira). É uma espécie prejudicial que afecta s vegetais da família das palmeiras, em particular a palmeira das Canárias (Phenix canariensis) e mens frequentemente, a tamareira (P. dactylifera) e Washingtnia sp. Face à sua ncividade, a UE cnsideru esta praga de luta brigatória, tend aprvad a decisã 2007/365/CE, que estabeleceu medidas de emergência cntra a intrduçã e prpagaçã de R. ferrugineus na cmunidade (cm alterações pr Decisã da Cmissã, de 17 de Agst de 2010, actualizand as espécies sensíveis, bem cm as medidas que devem ser tmadas quand se detecta este inimig) (Anex I).

2 MORFOLOGIA E BIOECOLOGIA O cicl de vida é cmpst pels estads de v, larva, pupa e adult, cm mrflgia distinta, pdend cexistir tds em simultâne. O v é difícil de bservar, caracterizase pr apresentar frma val, de cr esbranquiçada a amarelada, brilhante, maci e mede 1 a 3 mm de cmpriment. A fêmea põe em média 300 a 400 vs, depsitas isladamente ns tecids mais brands, em geral nas feridas das plantas sensíveis, utilizand mesm rstr para perfurar s lcais para efectuar a pstura. A larva é esbranquiçada, tmand uma clraçã amarel escura (cre) à medida que vai crescend. A cabeça é castanha escura, cm mandíbulas frtes, crp segmentad, nã pssuind patas (ápda). N final d desenvlviment mede cerca de 50 mm (Fig. 1). A pupa tem clraçã variável que vai escurecend cm a pupaçã (entre branc e castanh clar) (Fig. 2). Encntrase prtegida pr um casul val cnstituíd pr fibras entrelaçadas (Fig. 3), cuj cmpriment pde variar entre 40 a 60 mm. O adult apresenta uma clraçã vermelhacastanhada, cm um rst lng (típic ds curculinídes), élitrs estriads lngitudinalmente a pret, pdend apresentar um númer variável de manchas pretas n tórax. O seu cmpriment pde variar entre 16 a 42 mm (Fig.4). Apresenta dimrfism sexual, mach tem tufs de sedas n rstr e últim esternit em frma semicircular (nas fêmeas é pntiagud). É capaz de se deslcar em vs de grandes distâncias (3 a 5 km), apresentand na zna afectada um cmprtament bastante sedentári. Tem actividade diurna. Fig. 1 Larva de Rhynchphrus ferrugineus. Fig. 3 Casul de Rhynchphrus ferrugineus. Fig. 2 Pupa de Rhynchphrus ferrugineus Fig. 2 Adult de Rhynchphrus ferrugineus

3 As larvas ecldem dis a cinc dias após as psturas. Alimentamse n interir das palmeiras durante um a três meses, frmand galerias e cavidades ns tecids da planta. A fase de pupa dura duas a três semanas. Após a emergência, s adults acasalam, pdend permanecer na planta u var para clnizar utra palmeira. A duraçã d cicl de vida é de cerca de três a cinc meses, dependend essencialmente da temperatura. Pde ter até 4 gerações anuais. Numa mesma palmeira pdem cexistir nas diferentes fases cerca de mil indivídus. As fêmeas saem das palmeiras já fecundadas, prntas a clnizar nvs hspedeirs. Os adults têm uma capacidade de v que pde ir de três a cinc 5 Km. Na deslcaçã seguem rast ds atractivs alimentares, libertads pelas palmeiras, que sã transprtads pel vent. SINTOMAS Os aspects sintmatlógics sã devids à actividade alimentar das larvas ns tecids d hspedeir. Estes só pderã ser visíveis, após três meses, até mais de um an, desde iníci da infestaçã. Cnsiderand as características deste insect (desenvlviment n interir da planta) e as d própri hspedeir (prte de grandes dimensões, frma de cnduçã, etc ), numa fase inicial nã é fácil detectar sintmas e s mesms dependem d lcal pr nde se deu a infestaçã inicial (cra, u diferentes partes d espique): Infestaçã cm rigem na cra: pderã bservarse nas flhas mais jvens, parte ds flíls cmids, frmand aberturas características (em frma de V u truncadas quand a afectaçã se dá na extremidades ds mesms Fig. 5 e 6). Numa fase mais avançada, s flíls centrais apresentam um aspect decaíd, desprendendse cm facilidade. Numa fase final, a parte central da planta destacase e pde mesm cair cm a acçã d vent (Fig. 7 e 8); Infestaçã cm rigem na base d espique: nesta situaçã a planta nã manifesta sintmas visíveis, pdend cair quand suprte vegetal d espique deixar de ter capacidade para a suprtar. Existem utrs aspects assciads à acçã desta praga que pderã cntribuir para detectar a sua presença: Ruíd prduzid pela actividade alimentar das larvas, em especial quand as ppulações n interir da planta sã muit elevadas; Presença de dr característic, resultad da putrefacçã ds tecids interns da planta; Presença de exsudaçã viscsa junt as rifícis de saída das larvas e rests de fibras assciads à fase de pupaçã. Fig. 5 Sintmas da actividade alimentar das larvas de Rhynchphrus ferrugineus (em frma de V). Fig. 6 Sintmas da actividade alimentar das larvas de Rhynchphrus ferrugineus (na extremidade das flhas truncadas).

4 Fig. 7 Aspect de sintmas iniciais cm decaiment das flhas pela acçã d Rhynchphrus ferrugineus. Fig. 8 Aspect em prmenr da parte central da cra da palmeira afectada pel Rhynchphrus ferrugineus. ESTRATÉGIA DE LUTA A estratégia a implementar cntra este inimig, deverá basearse na integraçã ds diferentes meis de cmbate dispníveis, tend sempre presente que a mesma só pderá ter sucess se iníci das medidas fr tmad antes d ápice vegetativ ter sid afectad. Assim, a nível prátic recmendase seguinte: Medidas indirectas: Evitar td tip de feridas, uma vez que as lesões prpiciam s ataques. Neste sentid nã é recmendável realizar pdas ns meses de mair actividade da praga, limitandas a períd mais fri d an (Dezembr a Fevereir); É recmendável aplicar uma pasta cicatrizante cm acçã fungicida e insecticida ns crtes que se efectuem; Evitar a realizaçã de nvas plantações nas znas afectadas, cm as espécies susceptíveis à praga, em especial P. canariensis e P. dactylifera. Medidas directas: Plantas sem sintmas em znas afectadas realizaçã de trataments preventivs, cm pulverizações alternadas, cm peridicidade, a variar desde 45 a 30 dias, em funçã da pressã da praga, utilizand nemátds entmpatgénes e insecticidas cm us autrizad em palmeiras (Quadr 1). Plantas cm sintmas evidentes realizaçã de cirurgia que permita a retirada ds tecids afectads. Aplicaçã de calda insecticida na zna de intervençã. Nestas situações pderá ptarse pela realizaçã de injecções a trnc, utilizand um ds prduts autrizads u seguir a recmendaçã acima referida. A utilizaçã de armadilhas cm atractivs para a captura de adults, é uma prática que pderá ser adptada cm vantagens acrescidas, quer a nível da mnitrizaçã quer a nível da captura em massa, destacandse as seguintes vantagens: Atracçã ds adults para centr ds fcs, evitand assim a sua dispersã; Mnitrizar as ppulações, permitind determinar melhr mment de aplicaçã ds trataments fitssanitáris; Detectar a sua presença em znas nde ainda nã tenha sid assinalad; Realizar a captura massiva cm medida de cmbate.

5 Quadr 1 Prduts recmendads para cmbate de Rhynchphrus ferrugineus. Tip de Substância Prdut Cncentraçã / Observações aplicaçã activa cmercial dse Pulverizaçã à Aplicar entre 10 a 20 litrs abamectina Vertimec ml / hl cra de calda pr planta Pulverizaçã à Aplicar entre 10 a 20 imidaclpride Cnfidr 75 ml / hl cra litrs de calda pr planta Endtratament Vertimec ml / abamectina pr injecçã EC planta Endtratament 4 10 ml / imidaclpride Cnfidr pr injecçã planta Pulverizaçã à cra Steinernema carpcapsae + quitsan Birent R 100 ml / hl Nã aplicar em Julh Agst ARRANQUE E DESTRUIÇÃO DE PLANTAS AFECTADAS N cas ds exemplares em que nã seja previsível a sua recuperaçã, recmendase arranque e destruiçã de tds s rests vegetais. Para esta acçã existe a pssibilidade de recurs a diferentes vias: trituraçã, queima (de acrd cm a lei vigente) u entrega em empresa respnsável pel tratament de resídus verdes (n cas d Algarve ALGAR Valrizaçã e Tratament de Resídus Sólids, S.A.). DISTRIBUIÇÃO DA PRAGA NO ALGARVE Na actualidade a praga encntrase disseminada pr tds s cncelhs d Algarve, embra cm diferentes níveis de afectaçã send as znas mais próximas d litral as que se encntram mais infestadas. Anex I Lista de espécies de Palmae susceptíveis a Rhynchphrus ferrugineus. Nme da espécie Nme da espécie Areca catechu Hwea frsteriana Arecastrum rmanzffianum (Cham) Becc Jubea chilensis Arenga pinnata Livistna australis Brassus flabellifer Livistna decipiens Brahea armata Metrxyln sagu Butia capitata Oredxa regia Calamus merillii Phenix canariensis Caryta maxima Phenix dactylifera Caryta cumingii Phenix thephrasti Chamaerps humillis Phenix sylvestris Ccs nucifera Sabal umbraculifera Crypha gebanga Trachycarpus frtunei Crypha elata Washingtnia spp. Elaeis guineensis