TÉCNICA MODERNA DE LANÇAMENTO DE AÇOES

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1 TÉCNICA MDERNA DE LANÇAMENT DE AÇES RAYMND MAURICE DEMLEIN "Um ds meis de evitar que Estad se trne senhr abslut da prduçã industrial básica é a atraçã d capital privad, dand-se cndições às grandes, médias e pequenas pupanças para que participem, scietàriamente, ds grandes, médis e pequens empreendiments, e assim se expandam." - LUIZ J. CABRAL DE MENEZES A relaçã que se evidencia ns países livres, entre desenvlviment ecnômic e as dimensões d mercad de capitais seria de per si suficiente para aquilatar a imprtância de estimular cresciment d mercad nacinal de capitais, hje ainda nitidamente retardad em relaçã a prgress industrial e cmercial d País n últim decêni. É cert nã pder existir mercad de capitais sem ter sid frmada uma sólida base industrial; mas, efeit de açã recíprca entre êsse mercad e desenvlviment ecnômic sugere que êste últim pderá asfixiar-se se nã huver u uma estruturaçã paralela d mercad espntâne u uma participaçã gvernamental acmpanhada de suas habituais e cnhecidas cnseqüências. Assim, n mment em que Brasil, tend já frmad uma estrutura industrial bastante desenvlvida, sfre uma crise decrrente de uma taxa de investiments insuficiente RAYMND MAURICE DEMLEIN - Diretr de Basts & Demlein Ltda. (Câmbi e Títuls).

2 74 'I'Jl';CNICAMDERNA DE LANÇAMENT R.A.E./14 para assegurar a cntinuidade de seu cresciment ecnômic, só se apresentariam três hipóteses para cmpletar nível anual ds investiments necessáris: recurss d Gvêrn, recurss d exterir u recurss d grande públic brasileir. E, sem pr iss eliminar ttalmente as duas primeiras hipóteses, nã resta dúvida de que é a terceira a mais salutar para a ecnmia brasileira e a mais cnstrutiva sb aspect scial. Para iss, entretant, é indispensável pderem as instituições já existentes, ligadas a mercad de capitais, adaptarse às necessidades e circunstâncias próprias d nss mei, abandnand umas excessiv frmalism das bôlsas eurpéias, utras s métds e cnceits americans, certamente valiss, mas inadaptáveis in ttum a Brasil, sem a devida cnsideraçã de fatôres particulares a nss mercad, entre utrs md de pensar, sentir e agir d investidr brasileir. MERCAD E REGULAMENTS Muit se tem falad e escrit sôbre demcratizaçã de capitais e muitas tentativas estã send feitas para regulamentar u criar cndições favráveis a essa demcratizaçã nas emprêsas "fechadas". Parece, tdavia, excessiva a tenáência de regulamentar alg ainda incipiente. E chega a causar estranheza a precupaçã em regulamentar rigidamente mercad de ações nesses seus primeirs passs, quand só agra se cgita de regulamentar a incrpraçã de cndmínis imbiliáris, setr nde se inverteram ecnmias ppulares em vlume muitas vêzes superir. É prtun lembrar que a mair bôlsa d mund - New Yrk Stck Exchange, cuja rigem remnta a an de fi rganizada cm entidade privada, realizada pr nrmas de natureza cntratual, vind a ser regulamentada pr leis federais smente em Mas, sem desmerecer diversas das medidas recentemente tmadas (cm, pr exempl, a criaçã d cnceit de "s-

3 R.A.E./14 Tl!JCNICA MDERNA DE LANÇAMENT 75 ciedade anônima aberta" e as vantagens fiscais a ela atribuídas), nã deixa de causar precupaçã a tendência bservada em certs círculs n sentid de regulamentar, excessiva e tericamente, nss ainda inexperiente mercad de capitais. Para quem nã só cnhece as práticas e s regulaments americans e eurpeus, mas pssui também a vivência diária das circunstâncias e peculiaridades d mercad brasileir, sã evidentes s perigs em querer implantar aqui legislações vigíveis apenas em mercads superdesenvlvids. Pr iss advgams uma legislaçã a psteriri, à medida em que se desenvlva mercad de capitais, e nã essa que se faz a priri e que traz risc de fixar cndições irreais. Aliás, a regulamentaçã das letras de câmbi _ institut puramente brasileir - só vei a ser feita muit depis de seu apareciment n mercad. Na realidade - insistims e tems prvad pràticamente _ já existem regulamentações e cndições gerais prpícias à demcratizaçã d capital das emprêsas fechadas. E s dis fatôres básics necessáris a qualquer mercad de capitais - segurança plítica e relativa estabilidade ecnômica - nã sã infelizmente suscetíveis de sluçã pr um simples decret. A tendência d retôrn à verdade cntábil das emprêsas através das reavaliações e depreciações em bases mais reais, assim cm a instituiçã ds funds de indenizaçã trabalhista, fram primeir grande pass para desenvlviment d mercad de capitais, assim cm fi, também, a diminuiçã d impact da lei de lucrs extrardináris, à qual certamente se pde atribuir, em parte, a relativa estagnaçã d mercad de ações ns últims ans. Pis, cm atrair investidres para participarem de sciedades frtemente neradas a ganharem anualmente mais de 30% de seus capitais e reservas numa inflaçã mu.it superir a essa taxa?

4 76 TJnCNICA MDERNA DE LANÇAMENT R.A.E./14 PRTEÇÃ A INVESTIDR prblema atual nã parece ser de prcurar regulamentar, minucisamente, a atividade daqueles que já estã perand u pretendem perar dentr de bases sadias n mercad brasileir de ações: que se trna indispensável é uma legislaçã básica tendente a cibir s abuss verificads nas emissões das ações feitas sem respnsabilidade, que têm cntribuíd, sbremd, para alijar d mercad- -de-valôres numerss investidres cnfiantes, mas inexperientes, ludibriads pr prmessas sem substância alguma. Nas circunstâncias atuais d mercad brasileir seriam desejáveis apenas duas regulamentações de natureza genérica, abaix indicadas, a fim de evitar lançaments de ações perniciss tant para investidr cm para própri mercad real de ações, iss até que desenvlviment e amadureciment d mercad brasileir viessem, paulatinamente, a exigir medidas especiais n tcante a emissões a públic: Pribiçã pr temp determinad, cm sanções severas, de qualquer lançament públic (assim cnsiderad aquêle que reunisse mais de 100 subscritres) de ações de cmpanhias que nã tenham pel mens 5 ans de atividade cm lucrs anuais nã inferires a 20% d capital e reservas, excet em cass especialíssims cntemplads pelas autridades mnetárias em razã de excecinal interêsse para a ecnmia d País. Severas penalidades para qualquer sciedade que fereça ações a públic e seja respnsável, direta u indiretamente, pela apresentaçã, em flhets infrmativs, de dads falss sôbre seu passad e sôbre pssibilidades futuras nã cndizentes cm a realidade. N demais desenvlviment d mercad brasileir de ações só depende d critéri, d trabalh e da persistência ds elements a êle ligads. Mas é curis que na épca atual apenas uma sciedade financeira se dedique n Brasil, cm sucess, a lançament públic de ações, dentr de bases criterisas e após estuds minuciss, cnsiderand-se que mercad latente para clcaçã de nvas ações

5 R.A.E./14 Tll}CNICA MDERNA DE LANÇAMENT 77 - aliás, reclamadas pelas cndições de bôlsa e pr tds aquêles que trabalham nesse setr - ainda seja muit grande. CNTAT CM INVESTIDR Nã se pde esperar, prém, que êsses cmpradres latentes se dirijam espntâneamente às bôlsas ficiais de valôres para absrverem nvs lançaments prventura ali ferecids. mviment de ações em bôlsa cncentra-se hje n Ri de Janeir e, em menr escala, em Sã Paul. As demais bôlsas brasileiras nã apresentam mviment capaz de trná-las, de imediat, elements pnderáveis n fment à demcratizaçã de capital, salv, eventualmente, para um u utr títul de prestígi lcal. Aliás, a funçã histórica das bôlsas, u de qualquer mercad especializad, cnsiste apenas em reunir, em mment e lcal cnvencinad, cmpradres e vendedres, u seus intermediáris, interessads em determinad bjet. súbit apareciment n mercad de um u mais vendedres de um artig nôv nã cria, evidentemente, um númer crrespndente de cmpradres sem que se prceda a alguma espécie de prmçã de vendas u, pel mens, a um esclareciment prévi da piniã pública sôbre s mérits d nôv artig. Em qualquer parte d mund, mesm em mercads mais evluíds, lançament de nvas ações a públic ainda é feit ind-se à prcura d cliente, quer através de cmpanhias financeiras especializadas, cm sucede ns Estads Unids, quer pela própria rêde bancária, cm pr exempl na Eurpa, nde s bancs têm assumid grande parte d papel exercid ns Estads Unids pelas cmpanhias de investiments. As cndições gegráficas brasileiras, aliadas às deficiências d sistema de cmunicações, trnaram prblema ainda mais cmplex para s distribuidres de valôres, cm cnseqüente e inevitável aument ns custs de distribuiçã.

6 78 Tl!}CNICA MDERNA DE LANÇAMENT R.A.E./14 Uma limitaçã d esfôrç de clcaçã ns mercads tradicinalmente mais ativs - Ri de Janeir e Sã Paul - certamente reslveria ba parte ds prblemas materiais. Infelizmente, êsses mercads sã também s mais slicitads pr muits utrs investiments - em particular pel das letras de câmbi - e sã também de espírit muit mais especulativ d que seria desejável para a difusã de nvs títuls. E, finalmente, nã parece indicad prjetar-se deesnvlviment d mercad de ações cntand-se apenas cm a capacidade de pupança de dis centrs ppulacinais que representam, embra grandes, pequena prçã d ptencial ttal. Parece, assim, indispensável a frmaçã de uma rêde nacinal de agentes interessads nesse mercad, cm estreitas interligações e animads pel mesm princípi de trabalh. Cntud, a incerteza pr parte ds distribuidres de ter cnstantemente nvas ações de qualidade suficiente para serem ferecidas a públic trna extremamente perigsa a mntagem de uma rganizaçã de vendas se nã fôr alicerçada em negócis de mair cntinuidade. s estuds necessáris, assim cm a mntagem de uma peraçã de lançament de ações, pdem levar váris meses e é indispensável que durante êsse temp s intermediáris pssam cntar cm utras fntes de renda. É também precis cnsiderar a necessidade d intermediári, de pder ferecer a seus clientes s mais variads tips de investiments n mercad mbiliári, desde letras de câmbi até funds de investiments, para assim atender às necessidades próprias e variáveis de cada cliente, de acôrd cm suas cndições financeiras e seus prjets futurs. A mair dificuldade d lançadr de ações, prém, reside na esclha da sciedade cujas ações devam ser ferecidas as investidres. A mairia d públic investidr ainda se deixa levar muit mais pel nme da sciedade e pela idéia de slidez a êle

7 R.A.E./14 ~CNICA MDERNA DE LANÇAMENT 79 ligada d que pelas cndições de lucratividade da emprêsa. Bem sabem s lançadres, entretant, que, embra nme seja fatr imprtante n sucess de um lançament, nã é de per si suficiente para prduzir uma inversã capaz de garantir n futur a permanência da cnfiança d cliente em relaçã à sciedade financeira e, em cnseqüência, em relaçã a mercad de ações em geral. CRITÉRIS DE SELEÇÃ PARA LANÇAMENT DE AçõES utrs devem ser s fatôres determinantes da esclha e d prepar de um lançament de ações, e dêles deve lançadr assegurar-se a máxim a fim de nã ver desmrnar-se, em puc temp, tôda a cnfiança que sube inspirar as seus distribuidres e clientes, à custa de muit temp e trabalh. Êsses fatôres de esclha englbam-se, genêricamente, em três: 1.0) idneidade mral ds dirigentes da emprêsa (demnstrada pr clara definiçã ds bjetivs a alcançar, bem cm das medidas para tant necessárias); 2.0) segurança-negciabilidade das ações; 3.0) valrizaçã-rentabilidade das ações. A. Idneidade Mral A idneidade mral ds dirigentes da emprêsa nã é, infelizmente, suscetível de expressã numérica e só a prática pde ferecer critéris, aliás subjetivs, de avaliaçã. fat é que, em geral, sã suficientes pucas hras para sentir a mentalidade reinante na emprêsa, particularmente para saber se existe a intençã verdadeira de admitir nvs sócis, embra pequens e anônims, u se a idéia d lançament de ações fi encarada apenas cm um expediente simplista para bter recurss nã exigíveis a curt praz e cujs titulares serã, certamente, relegads a mais cmplet abandn.

8 80 T1!lGNICA MDERNA DE LANÇAMENT R.A.E./14 empresári sincer é aquêle que deseja efetuar nã apenas um, mas váris lançaments de ações, assegurand-se, pel tratament hnest e pel cntat permanente cm seus acinistas, uma fnte quase inesgtável de recurss. Clar que iss nã se faz em pucs meses e cm apenas um lançament. Nã se frma mercad algum - e muit mens de ações - cm uma única ferta. E engan de algumas emprêsas, embra bem intencinadas, fi nã terem cmpreendid êsse aspect d mercad e nã terem assegurad a cntinuidade d mviment iniciad para a verdadeira demcratizaçã de seus capitais. Se é verdade que investidr deve cnsiderar a aplicaçã em ações cm investiment a lng praz (2 a 3 ans n mínim), assim também deve cnsiderar a emprêsa, e nã lavar-se as mãs assim que terminad primeir lançament,.a qual sucede, em geral, um segund mal sucedid. Aliás, a expressã "lançament de ações", embra habitual, traduz de certa frma um puc d espírit presente em certs "lançaments", nde bjet lançad e lançadr nã têm nenhum cntat psterir. Parece-ns, assim, muit mais própri usar s têrms "emissã de ações", justificads pela idéia d acmpanhament psterir ligada a verb. Êsse aspect, entre utrs expsts a seguir, é que trna desejável a participaçã de uma rganizaçã especializada em emissões de ações, pis as diversas fases da intrduçã de uma açã nva n mercad sã pr demais cmplexas e demradas para serem empreendidas, sem assistência especializada, pr emprêsa fra d ram. Muits empresáris, ainda hje, preferem efetuar lançament u emissã de suas ações diretamente, quase sempre através de seus própris vendedres, luvand-se ns laçs cmerciais e amistss que mantenham cm seus própris clientes, u ainda cm seus funcináris, cm resultads, pr via de regra, surpreendentemente desanimadres. Muits empresáris chegam a cnsiderar desprestígi que suas ações sejam ferecidas pr rganizações es-

9 R.A.E./14 TÉCNICA MDERN.A DE LANÇAMENT 81 tranhas, sentiment êsse ainda plenamente justificad pela existência de emprêsas que se intitulam lançadras de ações, cm vendedres de "alta pressã" cuja açã nefasta vem slapand s frágeis alicerces d mercad de ações. Tdavia, nã há mtiv pel qual s empresáris deixem de cercar-se de tôdas as precauções na esclha de uma sciedade emitente de ações. Na realidade, qualquer relutância d empresári em entregar a especialistas a clcaçã de ações tem rigem na imperfeita cmpreensã d mecanism cmplex e ds prblemas técnics e materiais que cndicinam a cnsecuçã d verdadeir bjetiv final: ter nas bôlsas ficiais de valôres um mercad autêntic e firme para as ações da emprêsa, garantind-se dessa frma a subscriçã de futurs auments de capital e cnseqüente desenvlviment da emprêsa. Mercad firme pressupõe prcura e ferta igualmente firmes e equilibradas. Na fase inicial a ferta será alimentada muit mais pela própria emprêsa d que pels acinistas, pr demais recentes para serem vendedres de vult (naturalmente, desde que satisfeits cm a inversã realizada). Quant à prcura, esta deverá ser fmentada pela própria emprêsa, sb a rientaçã da rganizaçã financeira, pr mei de nticiáris e cmunicads que prprcinem ampla divulgaçã d andament ds negócis, sem deixar de aprveitar, cntinuamente, cncurs ds distribuidres iniciais. de ações. A emprêsa, agind dessa frma, estará dand primeir grande pass na frmaçã d cnceit de segurança-negciabilidade, segund fatr na esclha de ações para lançaments. B. Segurança-Ne~abi1idade Êsses dis fatôres, de rdinári mencinads separadamente, fram aqui muit a pl"pósitreunids numa única expressã para melhr sallientar a íntima relaçã entre êles existentes. Na realidade, investidr, cuja primeira precupaçã é nã perder seu capital, sente-se segur a

10 82 ~CA MDERNA DE LANÇAMENT R.A.E./14 partir d mment em que adquire a certeza de pder desfazer-se de suas ações a qualquer mment e ràpidamente, cisa que aliás só fará se premid pr circunstâncias estranhas. É, pis, de imprtância capital assegurar a negciabilidade d títul, negciabilidade essa que só em raríssimas circunstâncias flrescerá espntâneamente. Nessa fase a sciedade financeira lançadra d títul n mercad agirá de certa frma, cm fazem s specialists da Bôlsa de Nva Irque, adquirind e vendend títul pr cnta própria, quand êste fôr eventualmente ferecid u slicitad em bôlsa, assegurand assim a desejada estabilidade d mercad. Negciabilidade exprime-se, utrssim, em têrms de rapidez e preç. Nã basta, cm pensam alguns empresáris a efetuarem lançaments de ações, adquirir as ações cm rapidez variável e pr preç aprximad a valr nminal. A negciabilidade das ações se traduz na pssibilidade real de elas serem vendidas em 24 hras, a vista, pr preç vizinh àquele que figura diàriamente ns bletins das bôlsas, publicads pela imprensa. acima expst sugere uma única cnclusã: vist ser pràticamente nula, na fase inicial, a prcura espntânea d títul em bôlsas, a sciedade lançadra deverá, em qualquer circunstância, adquirir imediatamente - e pel preç d dia - as ações que frem ferecidas em bôlsa, cntand cm sua rêde de distribuidres para escar as psições assim assumidas. Essa peraçã de sustentaçã de mercad quase sempre fi realizada, n passad, pr emprêsas lançadras, durante a clcaçã pública d primeir aument de capital, cm fim de criar a imagem de um títul fàcilmente negciáve1.mas é precis recnhecer nã ser verdadeira a imagem que se prcura criar se a sustentaçã nã fôr mantida pr lng temp após lançament. Prque, cm já fi dit e cm largamente ficu prvad ns últims dez ans, s nvs lançaments, pr melhres que

11 R.A.E./14 ~CNICA MDERNA DE LANÇAMENT 83 sejam, nã sã assimilads espntâneamente pel mercad, só raramente encntrand negciabilidades em bôlsa, e pr preçs muit inferires as seus valôres justs. Essa característica d mercad brasileir é, prvàvelmente, um ds mtivs pels quais nã têm sid mais freqüentes as emissões de nvas ações. E tud indica que essa situaçã perdurará pr lng temp, pr ter raízes em múltipls fatôres, entre s quais bastaria citar a estrutura de nssas bôlsas, bem cm as cmissões vigentes, inteiramente desajustadas às cndições d atual mercad de capitais. Destarte, a pssibilidade de criar um mercad de bôlsa para a nva açã - requisit indispensável para manter um grup de acinistas satisfeits e absrver futurs auments de capital sem que se repitam as dificuldades e s ônus da emissã inicial - deverá ser um ds aspects principais a ser cnsiderad pela sciedade financeira na seleçã e n prepar de um lançament de ações. Essa pssibilidade depende essencialmente ds fatôres que examinarems a seguir, sem que td esfôrç feit para a divulgaçã d títul terá sid inútil. c. Valrizaçã-Rentabilidade A exempl d tópic anterir, as expressões valrizaçã e rentabilidade fram reunidas numa só pr serem indissciáveis, a primeira send frut da segunda. A frmaçã d cnceit de segurança-negciabilidade tem pr bjet satisfazer investidr n tcante à sua segurança, dand-lhe pssibilidade de negciaçã imediata d títul. Nã mens imprtante será, naturalmente, assegurar a satisfaçã d investidr enquant fôr pssuidr d títul. Essa satisfaçã está ligada a dis fatôres: a valrizaçã d títul n mercad e as distribuições, em dinheir u ações, efetuadas pela sciedade.

12 84 TlliCNICA MDERNA DE LANÇAMENT R.A.E./14 primeir element - a valrizaçã - depende evidentemente, em grande parte, d cmprtament geral d mercad: se investidr adquiriu a nva açã nas vésperas de uma queda generalizada ds preçs ds títuls habitualmente negciadas em bôlsa, é puc prvável ficar satisfeit cm sua aquisiçã, embra, ainda nesse cas, uma plítica sadia de sustentaçã d títul pssa diminuir s prejuízs, certamente maires ns títuls de natureza especulativa. Em cndições gerais de estabilidade u ascensã ds preçs, prém, a valrizaçã d nôv títul será funçã exclusiva da lucratividade da emprêsa, razã pela qual fram unidas as expressões valrizaçã e rentabilidade. Lucratividade da emprêsa nã é, a cntrári de um md de ver infelizmente ainda generalizad, quant a emprêsa distribui anualmente em dinheir. Lucratividade, vista pel investidr, é quant valem hje Cr$ 100 mil aplicads há um an atrás: em têrms de emprêsa, sb prisma mercad de capitais, é sald anual da cnta de lucrs e perdas, deduzidas, além das prvisões e depreciações cstumeiras, as participações da diretria e das partes beneficiárias, se as huver. Êsse cnceit de lucr líquid a acinista (e, em decrrência, d lucr pr açã") é a pedra fundamental de tôda a emissã de ações. Nenhuma emissã de ações efetuada fra das cndições mercadlógicas gerais de rentabilidade - ist é, sem um lucr pr açã cmpetitiv - pderá sustentar-se em 001- sa, pr mais publicidade e alarde que se façam em tôrn d títul. mercad de dinheir é um mercad autêntic a qual se aplica, mais que a qualquer utr, velh preceit: "pde-se enganar a pucs pr muit temp; pdese enganar a muits pr puc temp; mas, nã se pde enganar a muits pr muit temp". E' verdade serem pucs, ainda, s investidres particulares familiarizads cm cnceit d lucr pr açã e 1) Lucr pr açã é lucr líquid ds acinistas dividid pel númer de ações autrizadas.

13 R.A.E./14 'NiGNICA MDERNA DE LANÇAMENT 85 a sua imprtância: mas a sciedade financeira nã pde ignrar - ainda que seus clientes ignrem - só terem êstes pssibilidades de lucr cndizentes cm as cndições gerais d mercad quand a emissã seja feita em bases de lucr pr açã satisfatórias e cmpetitivas cm s demais títuls n mercad. A experiência ds últims 10 ans revela que tds ')S lançaments efetuads em cndições de rentabilidade incmpatíveis cm s níveis gerais d mercad fram prejudiciais para públic, para as emprêsas respnsáveis e, sbretud, para mercad de capitais, d qual mais uma vez se afastaram, desgstss, centenas de investidres. prblema de determinaçã d preç de venda das nvas ações em funçã da lucratividade da emprêsa é, em muits cass, grande empecilh para a abertura, a públic, de uma sciedade anônima. Td empresári tem pr sua própria emprêsa um aprêç muit natural, mas nem sempre cmpartilhad pel públic em geral. E muit empresári imbuíd da slidez patrimnial e d cresciment de sua sciedade fica desagradàvelmente surprês a ser infrmad de só pder ser vendida sua açã pr preç que cnsidera muit aquém d seu just valr. Nesse cas, aliás freqüente, nã há sluçã, a nã ser que empresári cmpreenda realmente s dads que lhe sã apresentads e cncrde cm êles. valr de uma açã nã é fixad pela diretria, mas sim pel públic, através das bôlsas. Assim, à sciedade lançadra só cmpete prever, cm sua experiência, nível aprximad em que a nva açã virá a ser aceita pel públic, em funçã de seu prestígi, de seu históric e de sua rentabilidade presente e previsível a curt praz. exempl abaix é bastante elucidativ: trata-se de duas emissões ferecidas pr sciedades de rams similares, ambas cm amplas infrmações e dirigidas pr grups de excelente cnceit. estud das infrmações frnecidas sugere, de imediat, a seguinte cmparaçã:

14 86 Tll'lCNICA MDERNA DE LANÇAMENT R.A.E';l4 Sciedade A Sciedade B Lucr líquid as acinistas (em milhares de cruzeirs) Cr$ Em Capital após lançament Preç de venda de açã Cr$ milhões Cr$ milhões Cr$ 1250,00 Cr$ 1 200,00 Lucr pr açã Cr$ 25,70 Cr$ 143,00 Mesm sem cnsiderar utrs fatôres cm, pr exempl, tip da açã u nível médi de preçs de ações de sciedades similares n mercad, é evidente ter a Sciedade B muit maires prbabilidades de ver suas ações aceitas pel mercad. Nunca será demais insistir, prtant, sôbre s princípis que devem presidir emissões de ações, particularmente quant à imprtância da rentabilidade. Desta depende a valrizaçã d títul e a sua aceitaçã, a mais curt u a mais lng praz, pel mercad autêntic de bôlsa. Dessa negciabilidade depende sentiment de segurança d investidr, sem qual êste nunca faz aplicações. CNCLUSÕES desenvlviment d mercad de ações brasileir só se fará a partir d mment em que númer de investidres satisfeits cm nvas emissões passar a superar númer de descntentes inevitáveis. Muit embra tenha até hje crrid invers, nem pr iss se cnclui que tôda a emissã nva seja prejudicial as seus subscritres. Nã há mtiv para assim ser, desde que as scieda-

15 R.A.E./14 ncnica MDERNA DE LANÇAMENT 87 des financeiras respnsáveis u as próprias emprêsas tenham presentes alguns princípis elementares: 1.0) Um lançament de ações nã é uma peraçã única, mas sim um cnjunt de perações que se pdem estender pr váris ans, visand a um bjetiv final: a criaçã de um mercad blsista autêntic. 2.0) Embra existam cmpradres latentes de nvas emissões, êles precisam ser prcurads individualmente, send ilusória, pr enquant, a tese da absrçã de nvas emissões através de sua simples ferta em bôlsa, sem que se prvque a prcura crrespndente. 3.0) Td sucess presente e futur de uma emissã está cndicinad a grau de rentabilidade em que fôr ferecida e à capacidade da sciedade em manter essa rentabilidade, pis dela depende, em última análise, a futura negciabilidade verdadeira d títul. 4.0) Qualquer emissã efetuada fra das regras básicas de veracidade e idneidade u em cndições de rentabilidade incmpatíveis cm s níveis gerais de mercad é, a lng praz, destrutiva para tds s que dela participem e para própri mercad de capitais. As cnsiderações expstas n presente artig refletem a realidade d mercad brasileir de capitais nas circunstâncias hdiernas. Embra nã sejam ideais as cndições existentes, já permitem um trabalh cnstrutiv para qual devem cperar tds s que se dedicam a desenvlviment d mercad de capitais brasileir, sem distinções reginais u de grups. Às autridade públicas respnsáveis pr êsse setr só cmpete, pr enquant, sanear e eliminar algumas das dificuldades, sbretud fiscais, que ainda entravam cresciment d mercad de títuls. Legislações mais específicas e regulaments mais rígids deverã ser frut da prática e das peculiaridades próprias d mercad brasileir, e nã simples transplantaçã de regulaments de cmprvada eficiência em utrs países, mas inaplicáveis, até mair amadureciment, a incipiente e frágil mercad nacinal.

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