D. Actividades Desenvolvidas

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1 D. 1. Assegurar Adequados Níveis de Solidez Financeira e Elevados Padrões de Conduta por Parte dos Operadores Supervisão Financeira Uma Supervisão Baseada no Risco Na sequência da implementação do processo de supervisão orientado para o perfil de risco de cada uma das empresas de seguros supervisionadas, o exercício de 2008 afigurou-se como um ano de maior consolidação e uniformização dos critérios subjacentes à avaliação e ao estabelecimento de indicadores e metodologias de aferição das responsabilidades e da solvência. O processo de avaliação do risco das empresas de seguros assentou: - Na apreciação dos elementos financeiros e estatísticos remetidos pelas cinquenta empresas de seguros sob a supervisão do ISP, relativamente ao encerramento do exercício de 2007, ponderando igualmente a informação consolidada reportada ao ISP respeitante a sete grupos de seguros; - No acompanhamento aprofundado do nível de provisionamento, nomeadamente da provisão para sinistros, no caso dos ramos Não Vida, com maior enfoque nos seguros mais relevantes (seguro automóvel e modalidade acidentes de trabalho), tendo-se para o efeito, para além da análise da evolução dos indicadores e da sua comparação com benchmarks de mercado, recorrido à aplicação de metodologias estatísticas; - No estudo da adequação e suficiência dos prémios do ramo Vida, o qual ficou enriquecido pela implementação de uma ferramenta, internamente desenvolvida, que permitiu complementar as análises efectuadas relativamente ao desempenho dos diversos produtos explorados pelas empresas de seguros; - Na especial atenção atribuída à apreciação das políticas de investimento prosseguidas pelas empresas de seguros, avaliando, nomeadamente, a exposição dos activos representativos das provisões técnicas aos diferentes tipos de risco e às diferentes categorias de activos financeiros, em particular no relativo a produtos estruturados; - Na apreciação crítica do trabalho reflectido nos relatórios anuais do actuário responsável reportados ao ISP, a qual pretende contribuir para a manutenção de um relacionamento estreito com estes profissionais no sentido de assegurar uma cada vez maior compreensão do trabalho desenvolvido e a melhoria contínua dos relatórios elaborados; - No acompanhamento do trabalho efectuado pelos Revisores Oficiais de Contas no âmbito da verificação realizada aos elementos de índole financeira e estatística, atenta a necessidade de cada entidade ter disponível informação relevante, fiável e completa que possibilite uma adequada gestão e monitorização da respectiva actividade; 25

2 - Na avaliação do estágio de cumprimento dos requisitos regulamentarmente definidos para a gestão de riscos e controlo interno, tendo por base os documentos de formalização das principais políticas, estratégias e processos apresentados ao ISP, bem como a revisão efectuada neste contexto pelos Revisores Oficiais de Contas. Neste processo deu-se particular importância à identificação, avaliação, mitigação, monitorização e controlo dos riscos a que a empresa está exposta, designadamente os mencionados no normativo do ISP, bem como às actividades específicas de controlo implementadas ao nível do sistema de controlo interno. À semelhança do ano transacto, com base em todo o trabalho realizado e através da atribuição de uma notação de risco a cada empresa, efectuou-se o mapeamento das empresas de seguros numa matriz de risco que, reflectindo a consolidação do processo de avaliação, serve de suporte à definição das prioridades de supervisão. Figura 12 Avaliação do Risco das Empresas de Seguros Relativamente aos fundos de pensões, o tratamento automático dos elementos recolhidos pelo ISP, a par de algumas análises mais pormenorizadas, contribuiu significativamente não só para avaliar o grau de cumprimento das disposições legais e regulamentares aplicáveis aos fundos de pensões em geral, como também para efectuar o acompanhamento estreito daqueles cuja situação requeria maior atenção. A crescente melhoria de qualidade da informação permitiu continuar a aumentar a eficiência do processo de supervisão financeira dos fundos de pensões, tornando mais profundas e abrangentes as análises efectuadas, em especial à composição dos activos que integram o património dos fundos e às responsabilidades por estes financiadas, contribuindo para o aperfeiçoamento do sistema de supervisão baseado nos riscos a que os fundos de pensões se encontram expostos. De modo a poderem detectar-se eventuais divergências que permitam revelar situações não perceptíveis pela análise individualizada dos diferentes tipos de informação enviada, foi mantido o procedimento de efectuar uma análise conjugada desses elementos, designadamente contratuais, contabilísticos, financeiros, estatísticos e actuariais. 26

3 Sendo os actuários responsáveis uma das importantes estruturas de governação do sector dos fundos de pensões, essencial para a elevação da confiança depositada no sector, foram intensificados os contactos com estes profissionais, no sentido de lhes ser transmitida a importância que reveste a identificação e mitigação dos riscos, pelos seus possíveis impactos na carteira dos fundos de pensões e pelas consequentes implicações ao nível da sua solidez financeira e solvência. No que se refere à área dos investimentos, para além do controlo da valorimetria atribuída pelas entidades gestoras e da verificação das regras de diversificação e dispersão prudenciais, foi reforçada a vigilância dos princípios gerais de uma gestão financeira prudente, bem como a monitorização periódica do cumprimento das políticas de investimento dos fundos de pensões. Foi também fortalecido, sob o princípio da materialidade, o enfoque na abordagem substantiva orientada para a qualidade dos activos financeiros que integram as carteiras dos fundos e os riscos que lhes são intrínsecos. A abordagem teve como objectivo último assegurar que esses activos não colocam em causa a protecção dos interesses dos participantes e beneficiários nem a credibilidade e estabilidade do mercado nacional de fundos de pensões. Neste contexto, continuou a ser desenvolvida uma análise detalhada à utilização de produtos derivados e de valores mobiliários financeiramente mais inovadores. No âmbito da supervisão baseada nos riscos referente à área de investimentos dos fundos de pensões, finalizou-se o processo de avaliação automática do risco financeiro das carteiras desses fundos, resultante da ponderação dos montantes em risco obtidos para cada uma das várias áreas de risco individuais e passou-se a calcular também o montante em risco para as diferentes classes de activos financeiros. Como corolário da mensuração do risco das carteiras dos fundos, consolidou-se a análise da evolução dos níveis de risco das várias áreas identificadas e do risco global a que os fundos se encontram expostos. Esta abordagem, para além de permitir efectuar comparações intra e inter-anuais para cada fundo de pensões, tem possibilitado aferir da tendência do mercado quanto ao perfil de risco e em particular conhecer a perspectiva das entidades gestoras no modo como gerem os riscos financeiros. A área das responsabilidades dos fundos de pensões fechados e das adesões colectivas a fundos abertos que financiam planos de benefício definido ou misto continuou a ser objecto de especial atenção por parte do ISP, com o intuito de garantir a observação das regras vigentes relativas ao cálculo das respectivas responsabilidades. Nesse sentido, deu-se continuidade à selecção de alguns fundos fechados e adesões colectivas para a determinação das responsabilidades que lhes estão associadas, de modo a avaliar o cumprimento efectivo do mínimo de solvência exigível aos fundos de pensões. Para além disso, e mediante a informação recolhida, analisou-se o nível de financiamento dos fundos e das adesões que financiam planos de benefício definido ou misto. O ISP intensificou a sua atenção relativamente aos fundos e adesões que financiam planos de contribuição definida, não só quanto à verificação do cumprimento desses planos, como também em termos da análise da adequação dos montantes em risco às estratégias de aplicações financeiras estabelecidas nas políticas de investimento. Acompanhamento Circunstanciado das Garantias Financeiras A crise e instabilidade sentida nos mercados financeiros e a sua repercussão nas carteiras de activos das empresas de seguros e dos fundos de pensões foi objecto de monitorização acrescida, nomeadamente quanto às garantias financeiras e, nos seguros do ramo vida, complementada pela evolução dos resgates registados. 27

4 Neste contexto, e no sentido de assegurar uma maior compreensão da volatilidade observada nas carteiras de títulos e identificar as suas possíveis consequências, foi efectuado um acompanhamento mais estreito e frequente, quer da cobertura das provisões técnicas quer dos requisitos de solvência. Assim, a apreciação trimestral da situação da representação das provisões técnicas, prevista no normativo, foi complementada por uma evolução semanal do valor das carteiras de activos representativos. No âmbito do acompanhamento efectuado à solvência das empresas de seguros, foram solicitados reportes extraordinários das contas e da solvência a todas as entidades supervisionadas, tendo sido efectuada uma avaliação mensal dos elementos constitutivos face aos requisitos legais nas situações que mereceram uma monitorização mais circunstanciada. Na sequência do acompanhamento realizado e dos contactos nesse contexto mantidos em permanência com as empresas de seguros, foram sendo tomadas as medidas que se entenderam necessárias, registando-se neste âmbito o reforço dos fundos próprios de algumas empresas de seguros. Adicionalmente à análise da solvência individual, foi apreciada a solvência corrigida das empresas de seguros e das sociedades gestoras de participações sociais que, encontrando-se inseridas num grupo de seguros, estão sujeitas à supervisão complementar. Neste contexto, à semelhança dos exercícios anteriores, refira-se a cooperação que foi mantida com as autoridades congéneres responsáveis pela supervisão de empresas de seguros pertencentes a um mesmo grupo internacional, no âmbito dos comités de coordenação constituídos para o efeito. Tendo em conta a especial situação dos mercados financeiros e por forma a aferir quer da situação particular de cada empresa, quer das estratégias de negócio assumidas neste contexto, foram ainda realizadas reuniões com os Conselhos de Administração e gestores de topo da generalidade dos operadores. Aplicação do Novo Regime Contabilístico Considerando que o exercício de 2008 constituiu o primeiro ano de aplicação do novo regime contabilístico adoptado em convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS/IFRS), e no sentido de, por um lado, percepcionar a actividade seguradora neste novo ambiente contabilístico e, por outro, assegurar, ao longo do exercício, a aplicação consistente deste novo quadro normativo, foram sendo solicitadas informações relativamente à aplicação das novas regras contabilísticas, tendo, designadamente, sido requerido um reporte extraordinário das contas intercalares. Esta recolha permitiu desde logo iniciar um estudo transversal de alguns aspectos de aplicação das IAS/IFRS considerados mais relevantes nos resultados das empresas de seguros. Supervisão On-Site Em complemento ao processo de supervisão off-site, e tendo por base os resultados da avaliação dos riscos, foram planeadas as inspecções a realizar. 28

5 Figura 13 Processo de Supervisão On-Site Estas acções de inspecção incidiram na organização e apreciação dos sistemas de gestão de risco e de controlo interno, na percepção da natureza do negócio e respectiva exploração técnica, incluindo o estudo da adequação da política de provisionamento, nomeadamente para o seguro automóvel, modalidade acidentes de trabalho e seguros do ramo vida, bem como na apreciação da natureza das operações intragrupo. Em cumprimento dos procedimentos de supervisão on-site estabelecidos, as empresas de seguros inspeccionadas levaram a cabo, no âmbito do exercício do direito do contraditório, uma prévia apreciação da versão draft dos respectivos relatórios de inspecção, tendo-lhes sido posteriormente comunicadas as conclusões e as recomendações finais, para que fossem tomadas as medidas necessárias à mitigação e/ou regularização das situações identificadas. Nos termos do follow-up das recomendações efectuadas, continuaram a seguir-se as estratégias e medidas propostas, através de um acompanhamento off-site e/ou on-site, consoante as situações. Dando seguimento à deliberação tomada ao nível do respectivo comité de coordenação europeu de realização de uma inspecção transversal a todas as empresas de seguros de um grupo de seguros, realizou-se uma acção de supervisão on-site da entidade sob a supervisão do ISP pertencente ao grupo, seguindo-se, para o efeito, as orientações discutidas e aprovadas nesse comité. Supervisão das Entidades Gestoras Tratando-se de uma estrutura de governação indispensável no sector dos fundos de pensões, as entidades gestoras continuaram a ser objecto de um acompanhamento regular por parte do ISP, principalmente no que respeita à adopção, concretização e actualização dos respectivos procedimentos internos e à efectivação das recomendações formuladas pelo ISP aquando da realização de inspecções on-site. Procurou-se aprofundar a comunicação com os responsáveis das entidades gestoras, de modo a que possam ser conhecidos e avaliados os procedimentos internos, quer em matéria de definição, implementação e monitorização das políticas de investimento, quer em termos do controlo interno relativamente aos diferentes tipos de risco a que os fundos de pensões estão expostos. 29

6 Ainda sob a perspectiva da supervisão preventiva e orientada para os riscos, o ISP tem focado também a sua atenção, inclusive durante as acções de inspecção, nos mecanismos utilizados pelos operadores para assegurar a adequação do património dos fundos de pensões às respectivas responsabilidades, permitindo consolidar, também por essa via, a defesa dos interesses dos participantes e beneficiários dos respectivos fundos. Neste domínio, e perante a evolução dos produtos e mercados financeiros, cumpre salientar a intensificação dos contactos entre o ISP e as entidades gestoras, com o objectivo de garantir a manutenção dos padrões de uma gestão diligente e profissional, compatível com os objectivos e especificidades dos fundos de pensões. Com base na apreciação prévia dos elementos recebidos, foram desenvolvidas inspecções on-site, que tiveram como principais objectivos a análise da organização e funcionamento das empresas em causa, bem como os seus sistemas de controlo interno e de gestão e monitorização dos riscos, tendo sido tomadas as medidas e efectuadas as recomendações entendidas como adequadas em função das deficiências identificadas. Por outro lado, e pese embora o facto de no mercado nacional de fundos de pensões os riscos de investimento e biométricos serem quase sempre suportados pelos contribuintes e, por isso, a margem de solvência das entidades que gerem esses fundos assuma um papel residual, constatou-se pela análise dos relatórios e contas e restante informação recebida que esta margem se encontrava devidamente constituída em todas as entidades. Reporte de informação para efeitos de supervisão Com as Normas Regulamentares n.º s 11/2008-R e 18/2008-R visou-se actualizar e consolidar em normativos únicos as disposições relativas ao processo de prestação de informação ao ISP pelas entidades supervisionadas. Como elemento inovador, foi efectuada a distinção entre o reporte regular, que inclui os elementos financeiros e estatísticos e os relatórios para efeitos de supervisão a enviar pelas empresas de seguros e sociedades gestoras de fundos de pensões de forma sistemática, e o pontual, que inclui elementos adicionais para a monitorização das garantias financeiras. Reflectindo as boas práticas que os operadores têm vindo a incorporar nos seus sistemas de gestão e de controlo interno, os prazos de reporte regular foram encurtados de modo a possibilitar um acompanhamento mais tempestivo da sua situação financeira e de solvência. Estas alterações encontram-se em linha com princípios de better regulation, na medida em que não impõem um ónus adicional significativo às empresas de seguros e sociedades gestoras de fundos de pensões, uma vez que os novos elementos a enviar já são obrigatoriamente elaborados nos termos da legislação em vigor. A actualização da frequência e prazos de reporte regular e pontual de alguns elementos foi efectuada sem prejuízo do ISP poder solicitar aos operadores, sempre que considere adequado, informação adicional necessária ao exercício das funções de supervisão que lhe estão atribuídas. Princípios a utilizar nas projecções para efeitos de solvência Com a aprovação da Norma Regulamentar n.º 12/2008-R, o ISP procurou estabelecer um conjunto de princípios a utilizar na elaboração e análise das projecções para efeitos de solvência previstas na 30

7 legislação em vigor, reflectindo a experiência decorrente da aplicação prática do regime estabelecido para as garantias financeiras das empresas de seguros. Deste modo, procurou assegurar-se que todos os operadores adoptam princípios sãos e prudentes nas projecções efectuadas e, por razões de transparência e consistência do processo de supervisão, definiram-se os factores mais relevantes que o ISP irá ter em consideração na análise das referidas projecções. Assim, as empresas de seguros deverão ter em conta na preparação dos respectivos planos cenários prospectivos ajustados à evolução esperada das diferentes variáveis que condicionam a sua situação financeira, bem como os potenciais efeitos das opções estratégicas assumidas. Por seu lado, o ISP irá considerar nas análises a efectuar, entre outros factores, a situação financeira global da empresa, a qualidade dos respectivos fundos próprios, o prazo previsto nos planos anteriormente referidos, assim como os diferentes riscos a que esta se encontre sujeita. Supervisão da Conduta de Mercado Acompanhamento da Actividade De acordo com um dos principais objectivos definidos pelo ISP para 2008, e tendo em atenção a importância das políticas e procedimentos relacionados com a conduta na gestão de risco e os reflexos negativos de eventuais falhas ao nível da reputação e da própria solvência dos operadores, bem como da confiança dos consumidores no sector segurador, prosseguiu-se o reforço do processo de supervisão da conduta de mercado, em geral 3, privilegiando-se a sua definição e formalização, mas também as fases de tratamento da informação, de comunicação e de acompanhamento. Nesta sede, é de sublinhar o trabalho de análise e sistematização da informação reportada pelo mercado, quer no âmbito de inquéritos temáticos efectuados pelo ISP, quer dos processos relativos a reclamações apresentadas por consumidores e ainda a análise da informação recolhida nas entidades supervisionadas, nomeadamente no decurso de acções inspectivas. Independentemente do normal acompanhamento de outras matérias, as acções de acompanhamento off-site, em 2008, incidiram de forma especialmente estruturada e transversal nos seguintes aspectos: - Informação reportada pelas empresas de seguros sobre os procedimentos adoptados, relativamente à prevenção e combate ao branqueamento de capitais; - Estatutos e Regulamentos dos Provedores dos participantes e beneficiários dos fundos de pensões e informações disponibilizadas nos sites das entidades gestoras sobre o Provedor; - Publicação da política de direitos de voto dos fundos de pensões e relatórios sobre o exercício desses direitos; - Publicação das carteiras de investimentos de fundos de pensões. Em 2008, foram ainda lançados alguns inquéritos temáticos, tendo como objectivo específico a análise das seguintes situações: 3 As matérias relacionadas com a regularização de sinistros no âmbito do seguro automóvel surgem individualizadas em ponto autónomo. 31

8 - Prazos, contratuais e efectivamente observados, para liquidação dos valores de resgate e das importâncias seguras nos seguros de capitalização e nas operações de capitalização; - Tipo de formação proporcionada pelas empresas de seguros e pelas sociedades gestoras de fundos de pensões aos seus colaboradores, no âmbito da prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo. Continuou também a assegurar-se a verificação da conformidade da publicidade a produtos do mercado segurador e de fundos de pensões, a qual conduziu em alguns casos à determinação da suspensão de campanhas publicitárias na sequência de irregularidades detectadas quer ao nível da informação disponibilizada, quer da própria concepção do material publicitário. A monitorização da aplicação da legislação sobre riscos agravados (Lei n.º 46/2006, de 28 de Agosto) manteve-se como uma das prioridades do ISP, no âmbito da supervisão da conduta de mercado, sendo assegurada pela análise dos elementos apresentados pelas empresas de seguros e/ou pelos seus resseguradores, na sequência de exposições remetidas, principalmente, pelo Instituto Nacional para a Reabilitação (INR). Em 2008, foram ainda levadas a cabo diversas análises com vista ao acompanhamento da aplicação de legislação recente com relevância nesta área, como o regime das práticas comerciais desleais (Decreto- Lei n.º 57/2008, de 26 de Março), ou o novo regime jurídico do contrato de seguro (Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril). Complementarmente a estas actividades, foram ainda identificados e comunicados aos operadores determinados procedimentos considerados mais adequados em sede de conduta de mercado (quer a nível individual, quer a nível transversal), sendo posteriormente efectuado o acompanhamento sistemático da respectiva implementação. Regime de Regularização de Sinistros no Âmbito do Seguro Automóvel A supervisão do regime de regularização de sinistros automóvel, definido pelo Decreto-Lei n.º 291/2007, de 21 de Agosto, foi efectuada através da análise do reporte das empresas de seguros e da realização de acções de inspecção junto dos operadores. Foi ainda divulgada uma carta-circular às empresas de seguros autorizadas a comercializar o seguro automóvel, na qual se transmitiu um conjunto de entendimentos do ISP, face às insuficiências ou desconformidades detectadas nas acções de supervisão on-site, nomeadamente no que se refere aos seguintes aspectos: - Conceitos de completude e exactidão das informações prestadas na participação do sinistro; - Requisitos a observar no encerramento de sinistros e consequente obrigação de reporte; - Definição de critérios uniformes para o cálculo dos prazos médios de regularização e respectiva disponibilização; - Obrigações de informação quando a empresa de seguros assume a posição de credora no âmbito da Convenção IDS. 32

9 Foram ainda desenvolvidas várias análises, com base nos resultados dos relatórios produzidos automaticamente, com vista ao aperfeiçoamento do processo de supervisão e do sistema de reporte, tendo em conta as especificidades da regularização de sinistros dos quais resultem danos corporais. Reforço da Supervisão da Conduta de Mercado na Área da Mediação de Seguros De acordo com outro dos principais objectivos definidos oportunamente no Plano Estratégico , procedeu-se a um reforço da supervisão on-site e off-site na óptica da mediação de seguros. Para este efeito, foram desenvolvidos e aperfeiçoados os instrumentos de definição de critérios de análise em função dos tipos de mediadores e do respectivo risco, permitindo uma avaliação mais efectiva e o estabelecimento de prioridades em acções de inspecção on-site, tendo ainda sido desenvolvido um manual de supervisão comportamental dos mediadores, o qual tem em conta as especificidades e a relevância de cada entidade no sector da mediação. Para além do acompanhamento continuado, sobressaem neste âmbito as seguintes acções: - Verificação do cumprimento dos deveres de informação na publicidade e na documentação comercial utilizada por parte dos mediadores que utilizam a Internet para divulgação da sua actividade; - Verificação do cumprimento dos deveres de prestação de contas dos mediadores, junto das empresas de seguros, e da existência de conta-clientes. Foi ainda divulgada uma carta-circular sublinhando junto dos corretores de seguros os deveres de informação, em especial, antes da celebração de qualquer contrato de seguro, para além dos deveres relacionados com a informação constante dos sítios da Internet que aqueles utilizam e dos elementos que devem constar em toda a publicidade e documentação comercial. Ao nível das acções de supervisão on-site, foram levadas a cabo acções de inspecção, principalmente a agentes pessoas colectivas (no âmbito de campanhas de comercialização do seguro automóvel em grandes superfícies), corretores e mediadores ligados de maior dimensão, as quais foram definidas com base no impacto nos consumidores do modelo de negócio predominantemente adoptado. O processo de supervisão foi ainda apoiado na análise das reclamações apresentadas ao ISP, da qual resultou, nos casos mais graves, devidamente comprovados, a apresentação de denúncia de crime e a proposta de cancelamento de registo ou de aplicação das contra-ordenações previstas no Decreto-Lei n.º 144/2006, de 31 de Julho. Alterações ao Regime de Acesso e de Exercício da Actividade Seguradora e Resseguradora: Directiva do Resseguro, Conduta de Mercado e Sistema de Governo Foi aprovado em Conselho de Ministros, no dia 28 de Agosto, o Decreto-Lei que procede à décima primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 94-B/98, de 17 de Abril, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2005/68/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Novembro de 2005, relativa ao resseguro (Directiva do Resseguro), e reforçando a tutela dos direitos dos tomadores de seguros, segurados, beneficiários ou terceiros lesados na relação com as empresas de seguros. As principais alterações efectuadas ao regime jurídico vigente nos domínios do resseguro, da conduta de mercado e do sistema de governo foram as que a seguir se assinalam: 33

10 I. Resseguro Contrariamente ao que sucedia em alguns Estados Membros da União Europeia, a legislação portuguesa vigente regulava já a actividade de resseguro exercida por empresas especializadas, pelo que a transposição da Directiva do Resseguro não representou uma modificação substancial do regime. Não obstante, porque a metodologia adoptada residia numa extensão às empresas de resseguros do regime aplicável às empresas de seguro directo, procedeu-se a uma autonomização dos conceitos, consagrando-se, consequentemente, algumas especificidades de regime. No campo das similitudes de regime, verifica-se que às empresas de resseguros com sede em Portugal e às sucursais de empresas de resseguros com sede fora da União Europeia é aplicável, com as devidas adaptações, o regime previsto para as empresas de seguro directo em matéria de autorização, estabelecimento, controlo dos detentores de participações qualificadas, requisitos de qualificação profissional e idoneidade (fit and proper) dos órgãos de administração e fiscalização, garantias prudenciais, fiscalização das garantias financeiras, insuficiências das mesmas, poderes de supervisão, sigilo profissional e troca de informações entre autoridades competentes, supervisão complementar de empresas que fazem parte de um grupo segurador e regime sancionatório. No que respeita às especificidades do regime aplicável às empresas de resseguros, por confronto com o regime comum às empresas de seguro directo, destacam-se, essencialmente, as relativas ao objecto e âmbito da respectiva autorização, às formalidades necessárias à livre prestação de serviços, à definição dos activos destinados a cobrir provisões técnicas e à margem de solvência exigida. Admite-se que a actividade de resseguro possa ser exercida por empresas de seguros ou de resseguros sediadas fora da União Europeia, que, embora não estabelecidas em Portugal, estejam, no país de origem, autorizadas a exercer a actividade resseguradora. No entanto, as que estejam sediadas em países com os quais não tenha sido concluído acordo pela União Europeia sobre o exercício de supervisão estarão sujeitas à constituição de garantias reais ou outras garantias no que se refere aos créditos sobre estes resseguradores. Refira-se ainda que, em resultado da previsão de um regime específico para as empresas de resseguros, houve necessidade de introduzir alguns ajustamentos às directivas relativas ao seguro directo, que foram igualmente transpostas pelo decreto-lei em apreço. Adicionalmente, sublinhe-se a introdução de uma disposição que determina a proibição de recusa de um contrato de resseguro celebrado por uma empresa de seguros sediada em Portugal com uma empresa de seguros ou de resseguros autorizada na União Europeia, por razões directamente relacionadas com a solidez financeira dessa empresa de seguros ou de resseguros. II. Conduta de Mercado e Sistema de Governo Tirando partido da oportunidade legislativa, foram introduzidos alguns princípios em matéria de conduta de mercado, assim como ajustamentos em matéria de sistema de governo, em linha com os Insurance Core Principles emitidos pela International Association of Insurance Supervisors (IAIS), antecipando, quanto a alguns deles, o regime que resultará pós-directiva Solvência II. De referir que algumas destas intervenções legislativas correspondem ao teor de recomendações que o Fundo Monetário Internacional apresentou no âmbito do Financial Sector Assessment Program (vulgo FSAP) realizado em 2006 com incidência no sector financeiro e respectiva supervisão. Assim sucede com as exigências de qualificação adequada e idoneidade aos directores de topo, de elaboração e monitorização de um código de conduta ética, de instituição de uma função responsável pela gestão das reclamações dos clientes e de definição de uma política de prevenção, detecção e reporte de situações de fraude nos seguros. 34

11 Ainda em matéria de conduta de mercado, e à semelhança do já previsto para os fundos de pensões abertos, introduziu-se a figura do provedor do cliente, ao qual competirá apreciar as reclamações que lhe sejam apresentadas pelos clientes das empresas de seguros, desde que as mesmas não tenham sido resolvidas no âmbito da função responsável pela gestão das reclamações. Novo Regime Jurídico do Contrato de Seguro Foi aprovado, pelo Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril, o Regime Jurídico do Contrato de Seguro (RJCS), que agrega num único instrumento o regime geral do contrato de seguro (embora contenha igualmente relevantes disposições de regime especial de algumas modalidades de contrato de seguro), substituindo o regime anterior constante dos artigos 425.º a 462.º do Código Comercial de 1888, do Decreto-Lei n.º 94-B/98, de 17 Abril (em especial, os artigos 176.º e seguintes) e do Decreto-Lei n.º 176/95, de 26 de Julho. Este regime jurídico caracteriza-se, no confronto com o regime que substitui, essencialmente pela acrescida extensão e maior detalhe dos enunciados reguladores e, bem assim, pela maior protecção conferida à parte fraca da relação de contrato de seguro (tomadores do seguro, segurados, beneficiários e terceiros lesados no seguro de responsabilidade civil). O novo RJCS visa actualizar, consolidar e conferir coerência ao regime aplicável. Com efeito, não só agrega num único instrumento, sob forma consolidada, o regime geral aplicável ao contrato de seguro como o detalha de forma relevante, resultando: - A maior certeza do direito aplicável e maior facilidade da sua consulta e, por conseguinte, a sua acrescida acessibilidade; - A maior eficácia das soluções consagradas, quer porque o regime sediado em lei beneficia da proeminência desta fonte na hierarquia das fontes de direito, e, portanto, das inerentes publicidade e maior estabilidade, quer porque o maior detalhe potencia a adequação das soluções aos casos concretos. Estes dois factores conjugados contribuem, por seu turno: - Para a maior tutela dos direitos das partes, mesmo nos casos em que o RJCS mantém o equilíbrio relativo das soluções vigentes, reproduzindo em sede própria e específica o regime que anteriormente tinha de ser procurado em sede geral e com um esforço interpretativo relevante; - Para o aumento da segurabilidade dos riscos. Uma outra linha de orientação a assinalar no RJCS prende-se com as preocupações de maior equilíbrio contratual, que se reflecte na protecção da parte tida por mais fraca na relação de contrato de seguro (que pode assumir a posição de tomador do seguro/ segurado/ beneficiário/ terceiro lesado). Este princípio repercute-se no elenco significativo de disposições consideradas de imperatividade absoluta ou de imperatividade relativa e em múltiplas inovações introduzidas face ao regime vigente. Uma terceira linha de orientação que norteia o novo RJCS constitui a garantia de condições sãs e adequadas ao desenvolvimento da actividade seguradora, bem como a respectiva inovação, sofisticação e diversificação. Ainda na sequência da aprovação do novo Regime Jurídico do Contrato de Seguro, deu-se início ao processo de adaptação dos clausulados das apólices de seguro aprovadas pelo ISP relativas a 35

12 seguros obrigatórios, com a aprovação das Partes Uniformes das Apólices de Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil Automóvel, de Seguro Obrigatório de Incêndio e de Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil do Caçador, em Novembro e Dezembro de As Apólices Responsabilidade Civil Automóvel, Incêndio e Acidentes de Trabalho para Trabalhadores por Conta de Outrem correspondem aos seguros de maior relevo social. Por outro lado, a Apólice Responsabilidade Civil do Caçador foi a modalidade escolhida (mercê da sua relevância) para padrão das demais Apólices relativas a seguros obrigatórios de responsabilidade civil. Esta fase inicial do processo de adaptação dos clausulados ao RJCS prosseguiu já no início de 2009 com a aprovação da Parte Uniforme da Apólice do Seguro Obrigatório de Acidentes de Trabalho para Trabalhadores por Conta de Outrem, da Parte Uniforme da Apólice de Seguro Obrigatório de Acidentes de Trabalho para Trabalhadores Independentes e da Parte Uniforme Geral das Apólices de Seguros Obrigatórios de Responsabilidade Civil. Nova Lei de Combate ao Branqueamento de Capitais Tendo em vista estabelecer medidas de natureza preventiva e repressiva de combate ao branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e ao financiamento do terrorismo, foi publicada, em 5 de Junho, a Lei n.º 25/2008, que revogou a Lei n.º 11/2004, de 27 de Março. Com este diploma, procede-se à transposição, para a ordem jurídica interna, da Directiva n.º 2005/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Outubro e da Directiva n.º 2006/70/CE da Comissão, de 1 de Agosto, ambas relativas à prevenção da utilização do sistema financeiro e das actividades e profissões especialmente designadas para efeitos de branqueamento de capitais e de financiamento do terrorismo. Sobre a Lei n.º 25/2008, em comparação com o texto legislativo que a precede, refira-se que, se por um lado é assegurada certa continuidade quanto à estrutura, por outro, o novo diploma revela uma maior densificação, justificada, inter alia, pelo facto de terem sido acolhidas as Recomendações do GAFI Grupo de Acção Financeira (na revisão em 2003). Ora, a nova Lei confere competências específicas às autoridades de supervisão do sector financeiro, nomeadamente no contexto da regulamentação, da fiscalização do cumprimento dos deveres legais e regulamentares e do próprio regime sancionatório, no caso das entidades financeiras sujeitas à respectiva supervisão. São de destacar dois aspectos relevantes: em primeiro lugar, a possibilidade da adaptação da natureza e extensão dos procedimentos de verificação da identificação e das medidas de diligência, em função do grau de risco associado ao tipo de cliente, à relação de negócio, ao produto, à transacção e à origem e destino dos fundos, por parte das entidades sujeitas aos deveres previstos na Lei; e, em segundo, a introdução da possibilidade de execução de deveres por terceiros no ordenamento jurídico português, que, grosso modo, corresponde ao recurso a terceiros, por parte de entidades financeiras, a fim de que os primeiros executem alguns deveres de identificação e diligência em relação à clientela, nos termos a regulamentar pelas autoridades de supervisão do sector financeiro. Caberá ao ISP proceder à revisão da regulamentação em vigor sobre este tema, em articulação com o Banco de Portugal (BP) e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), no âmbito do grupo de trabalho constituído, para o efeito, pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF). 36

13 Solvência II Negociação da Directiva O Solvência II vem estabelecer uma nova abordagem prudencial global que, através da congregação de requisitos financeiros, de governação e de prestação de informação, pretende reflectir de forma mais adequada o risco efectivamente incorrido por cada empresa de seguros e com isso contribuir para o reforço do nível de protecção dos segurados e beneficiários. Em simultâneo, espera-se que esta nova abordagem encoraje e incentive as empresas de seguros a melhor identificar, avaliar, gerir e controlar os seus riscos e promova o equilíbrio e a equidade do negócio segurador, proporcionando-lhe uma comparabilidade e transparência acrescidas. Durante o ano 2008 continuaram as discussões da Directiva Solvência II, quer no âmbito do Conselho Europeu, quer do Parlamento Europeu. Os progressos atingidos nas negociações permitiram centrar a discussão apenas em dois grandes temas, designadamente o regime de supervisão dos grupos de seguros, no que se refere ao chamado group support, e a fórmula de cálculo do requisito de capital aplicável ao risco de mercado, mais especificamente no que se refere ao risco accionista. Se o calendário previsto for cumprido, a implementação do Solvência II será efectivada em QIS4 Decorreu entre 1 de Abril e 31 de Julho de 2008 o quarto estudo de impacto quantitativo (QIS4), enquadrado no desenvolvimento do projecto Solvência II. Ciente da importância que este projecto assume, não apenas para a correcta definição do futuro regime mas igualmente para a preparação atempada dos operadores nacionais, o ISP desenvolveu um conjunto de iniciativas de apoio e acompanhamento das empresas nacionais, de entre as quais se destacam: a disponibilização de contactos permanentes para o esclarecimento de dúvidas e apoio em eventuais dificuldades relacionadas com o exercício; a participação em reuniões de carácter técnico em colaboração com a Associação Portuguesa de Seguradores (APS), tendo em vista a troca de experiências entre os participantes nas diferentes vertentes do exercício; e a sensibilização dos órgãos de administração das empresas de seguros para a importância deste projecto, como forma de promover uma alocação de recursos adequada às exigências do mesmo, o que por sua vez permitiu a antecipação de problemas ou dificuldades, contribuindo de forma decisiva para garantir uma transição eficiente e preparada dos operadores. Uma vez mais, o mercado segurador português aderiu de forma maciça a esta iniciativa, tendo tomado parte no exercício 37 empresas de seguros (mais 4 que no exercício QIS 3), aumento que ficou a dever-se essencialmente a uma maior participação das empresas de pequena dimensão (cuja participação constituía um dos principais objectivos estabelecidos pela Comissão Europeia para o exercício). Em termos de quota de mercado, medida pelas provisões técnicas brutas no caso do ramo Vida, e pelos prémios brutos emitidos nos ramos Não Vida, registaram-se valores muito próximos de 100% no ramo Vida e no ramo Acidentes e Doença. No caso dos restantes ramos Não Vida a quota de mercado foi de cerca de 86%. 37

14 Figura 14 Participação das Empresas Nacionais no QIS4 (Quota de mercado) A nível nacional, os resultados apontaram para um impacto pouco relevante no valor do Activo, sendo as diferenças mais visíveis no que respeita ao Passivo, essencialmente constituído pelas Provisões Técnicas, que registaram uma tendência generalizada de redução, movimento que se traduziu num incremento do valor do Capital Próprio. Já o requisito de capital (Solvency Capital Requirement SCR), calculado com base em metodologias que o tornam sensível aos riscos a que as empresas de seguros se encontram expostas, registou em média incrementos significativos. Figura 15 Comparação dos Requisitos de Capital (QIS4 vs. Solvência I) O efeito combinado de todas estas alterações resultou numa redução dos níveis médios de cobertura dos requisitos de capital (excepto no caso das empresas que operam exclusivamente no ramo Vida), embora mantendo-se em patamares confortáveis. 38 A nível europeu, as conclusões foram, de um modo geral, coincidentes com as obtidas para o mercado português, não parecendo existir à data de 31 de Dezembro de 2007 necessidade de capital adicional para a indústria seguradora europeia.

15 O exercício QIS4 contribuiu de forma decisiva para a produção de informação de suporte à decisão final quanto a aspectos-chave da Directiva de Nível 1, assim como para o apoio à redacção das medidas de implementação de Nível 2, que deverá ser concluído até Outubro de Adicionalmente, e à semelhança dos anteriores, este exercício constituiu uma importante ferramenta na avaliação, por parte dos operadores do mercado e da autoridade de supervisão, da dimensão relativa dos riscos a que o mercado se encontra exposto e do reflexo dessas exposições em termos dos requisitos de capital, em ambiente Solvência II. Figura 16 Decomposição do Basic Solvency Capital Requirement (BSCR) em Percentagem do BSCR Total Cálculo das Provisões Técnicas com Base em Princípios Económicos Tendo por base o reconhecimento da importância da preparação gradual e tempestiva das empresas de seguros e da autoridade de supervisão para os requisitos que o Solvência II implicará em matéria de cálculo das provisões técnicas, foi introduzido, pela Norma Regulamentar n.º 9/2008-R, de 25 de Setembro, o novo regime de cálculo das provisões técnicas segundo princípios económicos, para efeitos de reporte à autoridade de supervisão. A informação objecto de recolha servirá como instrumento privilegiado para a percepção antecipada das exigências e dificuldades práticas de implementação, quer por parte das empresas de seguros, quer da autoridade de supervisão. Com este requisito, não se pretende introduzir qualquer alteração ao regime de garantias financeiras actualmente em vigor, designadamente no que respeita aos princípios e bases de cálculo das provisões técnicas aplicáveis para efeitos regulamentares e de solvência, mas apenas estabelecer e regular o reporte ao ISP do cálculo das provisões técnicas efectuado segundo bases económicas, em linha com os desenvolvimentos internacionais sobre a matéria, tirando partido da experiência que tem vindo a ser adquirida através da participação nos diversos exercícios de estudo de impacto quantitativo (QIS). O valor das provisões técnicas determinado com base nestes princípios deverá ser reportado pela primeira vez com referência a 31 de Dezembro de

16 A Mediação de Seguros Evolução do Número de Mediadores Registados Terminado o processo de regularização, decorrente da entrada em vigor da nova legislação, o ano 2008 caracterizou-se por um acentuado dinamismo, quer quanto à apresentação de pedidos de registo de novos mediadores, quer no que diz respeito à introdução de alterações relativamente aos mediadores de seguros constantes do registo. Deste modo, foram apresentados ao ISP, em 2008, um total de requerimentos de autorização, relativos ao registo de novos mediadores, mudanças de categoria e outros pedidos de alteração a mediadores já registados, bem como de cancelamento e de suspensão de actividade. No âmbito do processo de registo, o ISP respondeu a inúmeras solicitações de esclarecimento dos mediadores de seguros relativamente ao enquadramento, aos procedimentos e ao preenchimento dos registos, muitas das vezes ainda através de contacto directo por telefone. O controlo dos elementos constantes da base de dados de registo dos mediadores permitiu a detecção de algumas irregularidades e a consequente tomada de medidas para a sua rectificação. Assim, efectuaram-se intimações, que determinaram a suspensão ou o cancelamento de mediadores de seguros. Das irregularidades detectadas destacam-se as seguintes: - Inexistência de contrato com uma empresa de seguros; - Apólices de seguro de responsabilidade civil ou garantias financeiras caducadas ou com período de vigência duvidoso; - Inexistência de empresa de seguros responsável/principal; - Entidades erradamente seleccionadas como empresas que garantem o seguro de responsabilidade civil; - Falta de regularização de Registo, após o levantamento da suspensão do mesmo; - Agentes sem válido; - Falta de registo de exclusividade nos agentes de seguros. Foram ainda introduzidas melhorias na aplicação informática existente, o que permitiu uma maior celeridade no deferimento de pedidos, nomeadamente no que se refere às alterações ao seguro de responsabilidade civil profissional e às garantias financeiras. No que diz respeito à evolução no registo de mediadores de seguros constatou-se um aumento do número de mediadores activos, tal como pode ser observado no quadro a seguir apresentado. Quadro 5 Evolução do Número de Mediadores 40 ACTIVOS Cancelados Novos Suspensos Ac vos em em 2008 em Mediador de Seguros Ligado Agente Corretor Mediador de Resseguros TOTAL Nota: Na análise da evolução por categoria deve ter-se em atenção que existiram mediadores que alteraram a respectiva categoria no decorrer do ano.

17 Verificou-se um aumento significativo de pedidos de suspensão, nomeadamente, pela inexistência de contrato com uma empresa de seguros e por incompatibilidades decorrentes, muitas vezes, de ingresso em sociedades de mediação. Tendo em consideração as categorias, a forma jurídica e a actividade autorizada, observava-se a seguinte distribuição dos mediadores de seguros activos em 31 de Dezembro de Quadro 6 Distribuição dos Mediadores de Seguros Ramo Vida Ramos Não Vida Singular Ambos os Ramos TOTAL Ramo Vida Ramos Não Vida Colec vo Ambos os Ramos TOTAL TOTAL Ligado Ligado Agente Corretor Mediador de Resseguros TOTAL Qualificação de Novos Mediadores De acordo com as disposições da legislação em vigor, os candidatos a mediadores de seguros ou resseguros, pessoas singulares, os membros do órgão de administração responsáveis pela actividade de mediação e as pessoas directamente envolvidas na actividade de mediação de seguros ou de resseguros têm que dispor de qualificação adequada. Assim, foram recebidos novos pedidos de 9 entidades promotoras para aprovação de 55 cursos para a qualificação de mediadores de seguros. No decurso do ano, tendo ainda em conta os pedidos pendentes do ano anterior, foram reconhecidos 82 cursos a 15 4 entidades promotoras e indeferidos 15 cursos a 2 entidades, na sequência do parecer da Comissão Técnica de Apreciação dos Cursos para a Qualificação de Mediadores de Seguros. Continuou a constatar-se que nem todas as entidades promotoras procederam ainda ao início dos cursos cujo reconhecimento requereram, pelo que caducou o reconhecimento de 53 cursos de entidades promotoras que mantêm, no entanto, outros cursos em actividade e de 30 cursos de 4 entidades promotoras que viram todos os seus cursos caducados. Além disso, foi retirado o reconhecimento a uma entidade promotora (9 cursos) que não deu satisfação, no final do período transitório, às exigências da legislação em vigor. Deste modo, no final de 2008 encontravam-se reconhecidos 153 cursos a 34 entidades promotoras, distribuídos da seguinte forma: - Mediadores de Seguros Ligados (Actividade Principal) Mediadores de Seguros Ligados (Actividade Acessória) Agentes e Corretores 65 Foram também reconhecidos, em 2008, aproximadamente 160 novos formadores para os cursos de formação de mediadores de seguros e cancelados cerca de 60. No âmbito das competências de acompanhamento e de supervisão dos cursos de formação de mediadores de seguros foram realizadas 19 acções de inspecção a diversas entidades promotoras e à 4 Alguns pedidos foram apresentados por entidades promotoras que já tinham cursos reconhecidos 41

18 realização de exames, de forma a fiscalizar o cumprimento dos requisitos exigidos para o funcionamento desses cursos, quer nos aspectos didáctico-pedagógicos, quer nos aspectos organizativos e logísticos. Na sequência das recomendações efectuadas para regularização e correcção das situações detectadas, as entidades promotoras procederem à introdução e alteração de procedimentos no âmbito dos cursos que promovem. Outras Actividades de Regulação e Supervisão Autorizações e Registos Apesar de durante 2008 se ter verificado um aumento global dos procedimentos de registo das empresas de seguros, constatou-se uma redução significativa dos processos de alteração de estatutos, uma vez que o número de alterações estatutárias verificadas em 2007 tivera como causa uma circunstância excepcional, a adaptação às novas regras do Código das Sociedades Comerciais, aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março. Mesmo assim, o número de processos de alterações estatutárias de empresas de seguros foi elevado, grande parte dos quais relacionados com aumentos de capital, decorrentes da necessidade de manutenção das garantias financeiras legalmente previstas. No mesmo sentido, ocorreu igualmente um aumento relevante das notificações ao ISP da celebração de empréstimos subordinados. Também se constatou um crescendo no número de processos de análise do fit and proper dos titulares de órgãos de administração e fiscalização de empresas supervisionadas, o que se deve, em parte, ao facto de a base de incidência destes processos ter aumentado após a entrada em vigor do Decreto-lei n.º 145/2006, de 31 de Julho, passando também a ser objecto de verificação pelo ISP as sociedades gestoras de participações nos sector dos seguros. Finalmente, nota-se um importante aumento do número de apólices de seguros obrigatórios apresentadas a registo pelas empresas de seguros. Esse crescimento será, previsivelmente, ainda maior no ano 2009 por efeito da entrada em vigor do regime jurídico do contrato de seguro que obriga à revisão dos clausulados oferecidos pelas empresas de seguros. Quadro 7 Processos de Autorização Empresas de Seguros Autorização para alteração de estatutos Autorização para exploração de novos ramos ou modalidades 3 6 Autorização de novas seguradoras 2 1 Autorização para aquisição de par cipações qualificadas 6 6 No ficação de novos tulares de órgãos sociais (a) No ficação de sucursais de empresas comunitárias em Portugal 6 3 No ficação de LPS comunitárias em Portugal No ficaçãodelpsportuguesasnaue 7 2 No ficação de transferências de carteiras (seguradoras da UE) Emprés mos subordinados e similares 4 15 Registo de contratos de seguros obrigatórios (a) inclui órgãos sociais de empresas de seguros e de sociedades gestoras de participações no sector dos seguros. 42 Durante o ano 2008 continuaram a não existir alterações ao nível das sociedades gestoras de fundos de pensões autorizadas a exercer a actividade de gestão de fundos de pensões, persistindo um movimento reduzido nos processos relacionados com autorizações. O número de certificações de Actuários Responsáveis reduziu-se de forma drástica, verificando-se uma única certificação em 2008.

19 Quadro 8 Processos de Autorização SGFP e Fundos de Pensões Sociedades gestoras de fundos de pensões Autorização para alteração de estatutos 7 3 Autorização para aquisição de par cipações qualificadas 3 0 Cer ficação de actuários responsáveis de fundos de pensões 5 1 No ficação de novos tulares de órgãos sociais Fundos de pensões Pedidos de cons tuição Pedidos de alteração Pedidos de transferência 12 5 Pedidos de ex nção 14 (a) 6 (b) (a) Dos quais 1 para fundos de pensões fechados, 2 em consequência de transferência para adesão colectiva a um fundo de pensões aberto, 4 de quota-parte, num caso com transferência para um fundo de pensões fechado e noutro por nunca terem tido participantes e 4 por nunca terem sido comercializados. (b) Dos quais 2 em consequência de transferência para adesões colectivas a fundos de pensões abertos. No final de 2008 existiam 168 fundos de pensões fechados e 65 fundos de pensões abertos, embora 1 destes não se encontrasse em funcionamento. De acordo com o estabelecido na legislação aplicável, procedeu-se ainda à fiscalização preventiva de contratos de gestão, de depósito e de adesão colectiva. Além disso, realizou-se a apreciação prévia, nos termos da legislação em vigor, de 17 contratos de extinção de adesões colectivas e de 4 contratos de extinção de quotas-partes de adesões colectivas a fundos de pensões abertos, sendo que, daquelas, 3 determinaram transferências para outros fundos de pensões, mantendo-se, portanto, o financiamento das responsabilidades em causa. Contra-ordenações Na área contra-ordenacional, foram apreciados 234 processos/participações relativos às diversas áreas de actuação do ISP. Figura 17 Distribuição dos Processos/Participações por Área 43

20 Desta apreciação resultou a instauração de 177 autos, cuja distribuição pode ser observada na figura seguinte, sendo de referir o aumento relativo do número de autos instaurados em resultado de participações recebidas através do livro de reclamações e as decorrentes do processo de regularização de sinistros no âmbito do seguro automóvel (Decreto-Lei n.º 291/2007, de 21 de Agosto). Figura 18 Autos Instaurados 44