O Uso da VNI no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca. Uma revisão bibliográfica.

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "O Uso da VNI no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca. Uma revisão bibliográfica."

Transcrição

1 O Uso da VNI no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca. Uma revisão bibliográfica. SOUZA, Viviane * ; DUARTE, Marcelo Silva ** * Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Pneumo-funcional FRASCE; ** Fisioterapeuta, Mestre em fisioterapia UNIMEP SP, Professor FRASCE Resumo As cirurgias cardíacas apresentam altos índices de complicações pulmonares no pós-operatório que podem evoluir para um aumento da morbidade e mortalidade e custos como resultado do prolongamento do tempo de permanência no hospital ou na UTI, ainda há uma significativa incidência de insuficiência respiratória após a extubação pós-operatória (P.O) primária nestes pacientes. Este estudo visa verificar a eficácia, assim como sua efetividade na reversão da disfunção pulmonar do tratamento com ventilação não invasiva (VNI) no P.O de cirurgia cardiovascular. A revisão dos artigos publicados na literatura foi sistematicamente pesquisada em várias bases de dados, dentre elas, MEDLINE, LILACS, BIREME, SCIELO, PROBE e Portal Periódicos/CAPES, nos últimos 10 anos. Os estudos comprovaram os benefícios deste método em pacientes pós-operados. A VNI foi segura e eficaz na reversão da disfunção pulmonar e na prevenção de complicações pulmonares pois visa diminuir o trabalho muscular e melhora a troca gasosa por meio de recrutamento de alvéolos hipoventilados, mantendo as barreiras de defesa natural, diminuindo a necessidade de sedação, evitando a entubação orotraqueal e suas complicações. Palavras-chave: ventilação não invasiva, cirurgia cardíaca, pós-operatório. Abstract Cardiac surgery have high rates of pulmonary complications after surgery that can evolve to increased morbidity and mortality and costs as a result of prolonged length of stay in hospital or ICU, there is still a significant incidence of respiratory failure after extubation Postoperative (PO) primary in these patients. This study aims to determine the efficacy as well as its effectiveness in reversing pulmonary dysfunction treatment with noninvasive ventilation (NIV) in the postoperative cardiovascular surgery. A review of articles published in the literature was systematically searched in several databases, den tween them, MEDLINE, LILACS, BIREME, SCIELO, and PROBE Portal Periodicals/CAPES the past 10 years. Studies have shown the benefits of this method in patients after surgery. The NIV was safe and effective in reversing pulmonary dysfunction and prevention of pulmonary complications because it aims to reduce the working muscles and improves gas exchange by recruiting alveoli hypoventilated, maintaining the natural lines of defense, reducing the need for sedation, avoiding endotracheal intubation and its complications. Keywords: noninvasive ventilation, cardiac surgery, postoperative I Introdução As complicações pulmonares são freqüentes no pós-operatório (P.O) de cirurgias, principalmente cirurgia cardíaca, sendo esta a maior causa de morbidade, estas complicações muitas vezes são conseqüências de doenças associadas ou fatores pré-operatório dentre eles: idade avançada, sexo, obesidade, tabagismo, sedentarismo.

2 2 Por ser um método invasivo e estar localizado no tórax superior, devido a alterações tais como quadro álgico, drenos, pouca cooperação em exercícios ativos, os pacientes hipoventilam diminuindo a área de troca gasosa, aumentando a relação ventilação/perfusão levando a aumento de áreas de shunt, podendo causar uma insuficiência respiratória aguda aumentando o risco de reintubação, morbidade e mortalidade. A VNI visa diminuir o trabalho muscular e melhora a troca gasosa por meio de recrutamento de alvéolos hipoventilados, mantendo as barreiras de defesa natural, diminuindo a necessidade de sedação, evitando a entubação orotraqueal e suas complicações. O objetivo deste estudo foi avaliar os benefícios do uso da ventilação não invasiva (VNI) no pós-operatório de cirurgia cardíaca. A revisão dos artigos publicados na literatura até 2010 foi sistematicamente pesquisada em várias bases de dados, dentre elas, MEDLINE, LILACS, BIREME, SCIELO, PROBE e Portal Periódicos/CAPES. II Desenvolvimento Coimbra et al (2007), verificaram as respostas da aplicação da VNI em insuficiência respiratória aguda (IRpA) hipoxêmica após cirurgia cardiovascular, 70 pacientes foram randomizados em 3 modalidades: pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) e ventilação com dois níveis pressóricos (PEEP + PS e BiPAP).Dentre as modalidades, evoluíram como sucesso 57,9% dos pacientes no grupo ventilador, 57,9% no bi-nível e 47,3% no CPAP. Apresentaram melhora da oxigenação, da FR e da FC durante a aplicação desta técnica. Em pacientes mais idosos não foi suficiente para reverter o quadro de IRpA. Modalidades com dois níveis pressóricos apresentaram resultados superiores Santos; Alcântara (2009) analisaram a incidência de complicações pulmonares no pósoperatório de cirurgia cardíaca e avaliaram o uso da VNI como prevenção, analisaram prontuários médicos: evoluções, ausculta pulmonar, hemograma, tempo de circulação extracorpórea e tipo de pontes, após estudou-se a intervenção em 23 pacientes pós-operados avaliando o VC e Vmin antes e depois. A atelectasia e o derrame pleural foram as maiores complicações pulmonares encontradas, verificou-se também que houve aumento dos volumes pulmonares, a intervenção foi eficaz melhorando de maneira significativa os volumes e incrementando a capacidade residual funcional prevenindo distúrbios que cursam com a diminuição desses dados. Costa et al (2005), Analisaram variáveis cardiorrespiratórias durante o desmame com as técnicas tubo T e pressão de suporte (PS) e comparou-as em grupos de cardiopatas e não cardiopatas avaliando 20 pacientes quanto à: oxigenação, eliminação de CO2, volumes e capacidades pulmonares, pressão arterial (PA) e alterações eletrocardiográficas dividindo-os em 2 grupos distintos. Os valores de oxigenação e eliminação de CO2 foram significativamente mais elevados, não havendo diferença quanto à PA. Comparando-se cardiopatas versus não cardiopatas, foram verificadas, menor ocorrência de taquicardia, havendo, portanto melhora na medida dos parâmetros respiratórios e de oxigenação com o uso de O2, não houve diferença significativa nos parâmetros cardiovasculares. Lopes et al (2008), objetivaram através de um estudo demonstrar os benefícios da utilização da VNI no processo de utilização da ventilação mecânica, no P.O de cirurgia cardíaca. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, um utilizou VNI com dois níveis pressóricos após extubação por 30 minutos e o outro que fez uso apenas de catéter nasal de O2, não houve diferença significativa na análise das variáveis dos grupos exceto para PaO2 aonde o grupo da ventilação demonstrou melhora não havendo diferença nos valores de PaCo2, este grupo garantiu uma melhora na oxigenação dos pacientes de pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca comparativamente. Morsch et al (2009), avaliaram o perfil ventilatório de 108 pacientes submetidos à cirurgia eletiva de revascularização do miocárdio, de seus volumes e capacidades bem como a

3 presença de distúrbios ventilatórios e a força muscular respiratória (FMR), realizadas no período de pré-operatório e no sexto dia de P.O. Observaram uma redução significativa do volume expiratório forçado no primeiro segundo, da capacidade vital forçada e da FMR quando comparados os valores pré-operatórios. A incidência de complicações pulmonares na amostra foi maior no 6º dia de pós-operatório (78%), para (40%) de pré-operatório, os pacientes submetidos a esta cirurgia apresentam redução significativa de seus volumes e capacidades pulmonares, assim como de força muscular no período de pós-operatório. Mendes; Borghi-Silva (2006), avaliaram as alterações da função pulmonar (FP), FMR e a eficácia de dois protocolos em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com CEC. 22 pacientes foram divididos em dois grupos, realizando exercícios respiratórios + RPPI + intervenção fisioterapêutica (IF) e o outro realizaram somente IF. A FP foi avaliada no pré e 5 P.O e a FMR no pré 1 e 5 dia de P.O. Foram encontrados valores menores no 5 dia de P.O no grupo B para volumes e capacidades pulmonares. No entanto para o grupo A apenas a VEF1 permaneceu reduzido após a intervenção, não houve diferenças significativas para nenhuma das variáveis analisadas, os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com CEC sofrem prejuízos na FP e FMR, e não houve superioridade de terapia em relação ao outra. Trevisan et al (2009), avaliaram a eficácia da aplicação do CPAP associada à FRC em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com CEC. Foram colhidas amostras de 5 pacientes quanto ao VC, CV, Vmin, FR e atelectasia, no pré-operatório, 1º dia de P.O e alta do CTI. Houve aumento gradativo dos índices ventilatórios atingindo no momento da alta valores superiores aos do pré-operatório. A CV decresceu no 1 dia de P.O, apresentou recuperação, porém não retornou aos valores iniciais. Somente um paciente apresentou atelectasia, não houve diferença significativa, porém considera-se que tiveram significados clínicos. O tamanho da amostra não permitiu concluir a eficácia do uso do CPAP, no entanto percebe-se uma tendência de recuperação mais rápida da função pulmonar entre o pré-operatório e os períodos de pós-operatório. Romanini et al (2007) analisaram os efeitos da aplicação da pressão positiva intermitente (RPPI) e do incentivador respiratório (IR) em pacientes submetidos a revascularização, 40 pacientes foram divididos em 2 grupos: um submetido a RPPI e o outro a IR, foram avaliados pré-operatório, 1, 2º e 3 dia de P.O sendo aplicados os recursos no P.O. Foram analisados SpO2, FR, Vmin, VC, PImax e PEmax. No grupo submetido à aplicação de RPPI identificou-se aumento da SpO2 no P.O quando comparado ao grupo IR. Não foram encontradas diferenças significativas para os volumes pulmonares. No grupo submetido a IR a PEmax no P.O apresentaram aumento significativo. A RPPI mostrou-se mais eficiente em comparação ao IR com o objetivo de reverter mais precocemente a hipoxemia, porém para melhorar a força dos músculos respiratórios o IR foi mais efetivo. Muller et al (2006), compararam os efeitos da aplicação da pressão positiva intermitente (RPPI) e CPAP no P.O de revascularização, 40 pacientes foram divididos em 2 grupos cada um submetido a uma terapia. Os pacientes foram avaliados nos momentos pré-operatório, 3, 24 e 48 horas em relação as diversas variáveis do estudo. A dispnéia e a participação da musculatura acessória, nas avaliações do P.O, foram encontradas com freqüência maior nos pacientes submetidos a CPAP enquanto que no grupo submetido ao RPPI apresentaram radiografia de tórax normal com maior freqüência dos que os submetidos a CPAP, ambos os recursos foram capazes de manter a oxigenação, porém quando se busca reexpansão pulmonar, com menor carga de trabalho imposta, o RPPI foi mais efetivo pela forma mais rápida de ação. Odena et al (2009), realizaram um estudo com 331 pacientes submetidos a cirurgia cardíaca internados na UTI pediátrica que necessitaram de VNI após a extubação a indicação foi eletiva em 70% dos episódios o tempo médio de utilização foi de 64hs, 9 pacientes necessitaram de reintubação nenhum deles em fase precoce (primeiras 12 hs) o que representa uma eficiência de 66%, a sobrevivência foi de 100%, a VNI é efetiva e segura após a cirurgia 3

4 cardíaca, a falha da VNI é fortemente associada com seqüelas pulmonares pré-operatórias secundárias a doença cardíaca. Sasseron et al (2009), avaliaram a relação da dor e suas repercussões sobre a função respiratória (volumes pulmonares, força muscular respiratória e pico de fluxo expiratório) foi avaliada nos períodos pré-operatório e pós-operatório (1, 3 e 5 dia), para avaliação da dor foi utilizada escala visual analógica de dor. Em todas as variáveis analisadas houve piora dos valores em relação aos obtidos no pré-operatório e não foi observado retorno aos valores préoperatórios até o 5 dia de pós-operatório em todas as variáveis observadas, com exceção da freqüência respiratória. Houve correlação negativa entre a dor e a pressão inspiratória máxima no 1 dia de pós-operatório, a dor pós-operatória diminuiu a função respiratória dos pacientes avaliados prejudicando a realização de inspirações profundas, principalmente no 1 dia de pósoperatório. Ferreira et al (2010), testaram se o uso da espirometria de incentivo (EI) associada a pressão positiva expiratória na via aérea (EPAP), após cirurgia de revascularização, melhora a dispnéia, a sensação de esforço percebido e a qualidade de vida 18 meses após a cirurgia. 16 pacientes foram divididos em dois grupos: grupo controle 8 e grupo EI + EPAP 8 pacientes (para este grupo foi realizado no período P. O imediato e durante mais 4 semanas no domicílio). 18 meses após foram avaliados a FMR, CF, do grupo controle comparado ao segundo grupo. Na avaliação da qualidade de vida o escore foi maior para o grupo EI + EPAP, estes apresentaram menos dispnéia e menor sensação de esforço após TC6 e também melhor qualidade de vida após 18 meses de revascularização. Yoshiyuki; Hiroshi (2003), verificaram os efeitos da pressão positiva bifásica nas vias aéreas após a cirurgia sob CEC, 31 pacientes cuja PaO2/FiO2 diminuiu para menos que 180 após a extubação foram submetidos a VNI em dois níveis de pressão, (18 8 cmh2o), foi aplicado durante 15 minutos a cada 3/4hs durante o dia. Foi interrompido o BIPAP quando o paciente alcançava uma SpO2 acima de 95% com oxigênio suplementar nasal a 3l/min. A administração da terapia aumentou a PaO2/FiO2 em pacientes com baixa oxigenação e permitiu aos pacientes manter uma oxigenação semelhante aos níveis em pacientes normais. A terapia de VNI após a extubação foi eficaz para melhorar a oxigenação do pulmão em pacientes adultos submetidos à cirurgia mais invasiva com CEC prolongada. Pasquina et al (2004), compararam a administração de CPAP com pressão de suporte não invasiva (NIPSV) para tratar atelectasia após cirurgia cardíaca, 150 pacientes internados foram aleatoriamente alocados para receber CPAP ou NIPSV 4 vezes ao dia durante 30 minutos com uma PEEP de 5 cmh2o em ambos os grupos, os pacientes que desenvolveram uma imagem radiológica atelectásica foram incluídos no estudo distribuídos aleatoriamente nos dois grupos. Na alta do CTI foi observada uma melhora radiológica de 60% da atelectasia dos pacientes com NIPSV e no outro grupo 40%. Não houve diferença significativa na oxigenação pulmonar, a NIPSV foi superior ao CPAP em relação à melhoria de atelectasias com base em escore radiológico, mas não confere nenhum benefício clínico adicional. Celebi et al (2008), avaliaram os efeitos pulmonares da VNI com ou sem manobra de recrutamento (RM) após cirurgia cardíaca, 100 pacientes divididos em 4 grupos após a operação: 1 RM com inflação sustentada durante a ventilação mecânica (VM) no P.O, 2 RM combinada com VNI aplicada para períodos de 30 minutos a cada 6 horas após extubação traqueal, 3 VNI após extubação traqueal, 4 grupo controle. O grupo RM obteve maiores níveis de PaO2 durante a VM e após e extubação traqueal comparativamente, o grupo controle teve pior oxigenação e maior escore de atelectasia quando comparado aos outros grupos, a função pulmonar do VNI foi melhor no 2º dia do que os outros grupos, a VNI combinado com RM é recomendado após cirurgia cardíaca para evitar atelectasia e hipoxemia pós- operatória. Eren et al (2002), relatam os resultados obtidos sobre a ventilação não invasiva aplicada a pacientes que sofreram de insuficiência respiratória após extubação de P.O de cirurgia cardíaca. 15 pacientes foram submetidos a terapia, apesar de apoio com ventilação 5 pacientes 4

5 5 necessitaram de reintubação por infecção respiratória (hipercapnia, hipóxia e instabilidade hemodinâmica), entrando foi-se evitado a reintubação em 10 pacientes com ventilação em média de 5-8hs, um paciente morreu em decorrência da síndrome do desconforto respiratório agudo decorrente de uma pneumonia aspirativa durante a primeira semana de P.O, uso da VNI além de ser menos invasivo pode evitar reintubação podendo salvar uma vida. Renault et al (2008), revisaram estudos sobre diferentes técnicas de fisioterapia respiratória utilizadas no P.O de cirurgias cardíacas e suas efetividades, foram incluídos: 3 de espirometria de incentivo, 6 de exercícios de inspiração profunda, 4 de exercícios de respiração profunda associados a pressão expiratória positiva, 2 de EPAP acrescida de resistência inspiratória, 3 de RPPI, 3 de CPAP e 2 de BIPAP. As variáveis analisadas incluíram oxigenação pulmonar, função pulmonar avaliada pela espirometria, radiografia de tórax incluindo sinais de atelectasia, permanência hospitalar, infecção pulmonar, força da musculatura respiratória, durante os primeiros dias de P.O. A VNI principalmente a RPPI e o BILEVEL têm se mostrado recursos efetivos na reversão da disfunção pulmonar e na prevenção de complicações. Sena et al (2010), Avaliaram as alterações hemodinâmicas causadas pela EPAP em pacientes pós-cirurgia cardíaca monitorados por cateter de Swan-Ganz. Foram avaliados 28 pacientes no 1º ou 2 dia de pós-operatório em repouso e após o uso de 10cmH2O de EPAP de forma randomizada, estudaram as variáveis: saturação de O2 (SpO2), FC, FR, pressões arteriais médias sistêmica e pulmonar (PAM/PAMP), pressão venosa central (PVC), de oclusão da artéria pulmonar, débitos e índices cardíacos, resistência vasculares sistêmicas e pulmonar. Evidenciaram nesse estudo que a EPAP foi bem tolerada clinicamente fazendo com que a SpO2 se mantesse estável. Boeken et al (2010), analisaram se o CPAP nasal poderia melhorar a oxigenação pulmonar e evitar a necessidade de reintubação após a cirurgia cardíaca. Foram selecionados pacientes que foram extubados em um período de 12 horas e tiveram deterioração da transferência de oxigênio pulmonar sem hipercapnia, os pacientes foram divididos em 3 grupos: grupo A (havendo necessidade - reintubação imediata), B (CPAP com máscara nasal) e C (pacientes tinha ventilação mecânica não invasiva). Foi observada uma maior mortalidade no grupo A que no B e C, a permanência na UTI e sua morbidades foram significantemente prolongada no grupo A, a reintubação após a cirurgia cardíaca deve ser evitada uma vez que a VNI é segura e eficaz para melhorar a PaO2 na maioria dos pacientes com IRpA sem hipercapnia. Bertol et al (2008), compararam os efeitos da fisioterapia respiratória convencional (FRC) com a associação da FRC e EPAP na função pulmonar e nos achados radiológicos no pós-operatório de cirurgia de revascularização, 54 pacientes foram divididos em 2 grupos: grupo 1 recebeu apenas a 1ª terapia proposta e o grupo 2 a segunda, avaliados por meio de espirometria, manovacuometria e radiografia de tórax no pré operatório, 2 e 6 dia de P.O, para os valores espirométricos e de manovacuometria não houve diferença significativa entre os grupos, a terapia não demonstrou superioridade no P.O imediato de revascularização no que diz respeito a função pulmonar e aos achados radiológicos comparada à outra. Zarbock et al (2009), determinaram a eficácia da profilaxia de pressão positiva contínua nasal em comparação com o tratamento padrão, 500 pacientes agendados para cirurgia cardíaca seletiva, após a extubação os pacientes foram alocados para tratamento padrão (controle) incluindo 10 minutos da terapia nasal intermintente a 10 cmh2o a cada 4 horas ou CPAP nasal profilática, em uma pressão de vias aéreas de 14cm H2O pelo menos 6 horas. As complicações pulmonares incluindo hipoxemia, pneumonia e reintubação foram reduzidos nos pacientes do grupo estudo em relação ao grupo controle, a administração a longo prazo do CPAP nasal após cirurgia cardíaca melhorou a oxigenação arterial, reduziu a incidência de complicações pulmonares, incluindo taxa de reintubação e pneumonia e reduziu a taxa de readmissão em CTI.

6 De Santo et al (2009), avaliaram a segurança da aplicação de VNI para falha de extubação após cirurgia cardíaca, seu impacto na função pulmonar e os resultados operacionais. Durante um período de 6 meses avaliaram 43 pacientes que necessitaram de ventilação por insuficiência respiratória aguda após o desmame inicial do respirador. O tempo médio foi de +ou - 28hs sendo que já se observava uma melhora significativa nas primeiras 6hs para todas as causas, a VNI impediu a intubação de cerca de 74,4% dos pacientes, e segura 97,7%, em candidatos adequados a terapia exerce efeitos favoráveis na função pulmonar prevenindo a reintubação. Olper et al (2010), avaliaram o uso da ventilação não invasiva após cirurgia cardíaca fora da unidade de cuidados intensivos. O estudo incluiu 85 pacientes que receberam a terapia para tratamento de IRpA, 83 pacientes tiveram alta do hospital em boas condições e sem necessidade do tratamento, e 2 evoluíram para óbito. Dos 85, quatro tiveram falhas imediatas, enquanto 8 apresentaram uma falha tardia, apenas um paciente apresentou hipotensão devido à administração de VNI sendo esta então interrompida imediatamente sem conseqüências. As principais falhas cometidas foram o mau posicionamento da máscara com vazamento excessivo, preparação errada do circuito e desconexão do tubo de oxigênio, a VNI no P.O é viável, segura e eficaz no tratamento da IRpA pós-operatória quando aplicado na enfermaria de cirurgia cardíaca. Nava et al (2005), compararam a utilização de VNI com uma terapia médica padrão, terapia de oxigênio, para avaliarem qual terapia é a mais indicada para evitar uma reintubação em pacientes de alto risco. 97 pacientes foram avaliados após o sucesso do desmame foram randomizados em dois grupos: para receber a terapia mais de 8 horas por dia nas primeiras 48 horas após a extubação ou terapia padrão. O grupo VNI apresentou menor taxa de reintubação, conseqüentemente um menor risco de mortalidade medida pela redução da necessidade de reintubação, sendo, portanto mais eficaz do que a terapia médica padrão na prevenção de insuficiência respiratória pós extubação em uma população considerada em risco de desenvolver esta complicação. Kilic et al (2008), avaliaram os efeitos da extubação precoce e desmame com ventilação com dois níveis de pressão após cirurgia cardíaca. 60 pacientes foram distribuídos em dois grupos: pressão contínua ou BIPAP (grupo I e grupo II respectivamente), foram analisados os gases sanguíneos 1,2,4,6,8,12 horas depois. Os níveis de PaCO2 foi significativamente maior no grupo I que no grupo II, dentro de cada grupo a PaCO2 foi significativamente maior do que em pacientes basais, o tempo de extubação foi maior no grupo I que no grupo II. A extubação precoce e o desmame da ventilação BIPAP após cirurgia cardíaca mostrou-se segura e eficaz. Zhang et al (2007), avaliaram os efeitos da ventilação com dois níveis de pressão positiva com máscara nasal em pacientes pediátricos após cirurgia cardíaca. 25 pacientes em P. O de cirurgia cardíaca com 30 episódios IRpA necessitaram de sustentação da via aérea ou oxigenação após extubação e foram tratados com VNI para evitar reintubação. Os 25 episódios se beneficiaram do BIPAP e evitaram a reintubação uma hora após a terapia os pacientes tiveram uma melhora aguda da oxigenação, do ph e da saturação. Todos os pacientes sobreviveram. O BIPAP com máscara nasal pode ser segura e efetivamente utilizados em crianças após a cirurgia cardíaca para melhorar a oxigenação, ventilação, diminuir o trabalho da respiração pode ser útil pra evitar a reintubação. Marrara et al (2006), analisaram os efeitos fisiológicos da fisioterapia respiratória associada aos efeitos do BIPAP no pós-operatório de cirurgia cardíaca. 27 pacientes foram divididos em dois grupos: grupo I fisioterapia respiratória convencional (FRC) associada a BIPAP (12 pacientes), grupo II FRC (15 pacientes). No grupo I observou-se melhora significativa comparativamente na força muscular respiratória, PImáx e uma redução da freqüência respiratória no pós operatório. Em ambos os grupos capacidade vital e a oxigenação aumentaram, porém apenas no grupo I os valores se aproximaram dos valores achados no pré- 6

7 7 operatório. A FRC associada ao BIPAP foi mais eficiente do que a FRC isolada no aumento da força muscular respiratória, capacidade vital e oxigenação. Kilger et al (2010), avaliaram a viabilidade e os resultados da administração de ventilação não invasiva em pacientes que cursaram com IRpA após cirurgia cardíaca, em 743 pacientes foram realizados terapia intermitente, a mortalidade não diferiu entre pacientes com IRpA tratados com VNI e pacientes sem IRpA, o uso da VNI é viável e seguro após a cirurgia cardíaca e, portanto deve ser considerada primeira linha em suporte ventilatório em pacientes nessas condições. Ferrer et al (2006), avaliaram a eficácia da ventilação não invasiva na prevenção de IRA após extubação em pacientes com risco aumentado. 162 pacientes foram divididos em 2 grupos: 79 receberam VNI por 24 horas e 83 oxigenioterapia (grupo controle), o grupo estudo apresentou menor frequência de IRA após a extubação, menor mortalidade, no entanto a sobrevivência não mudou significativamente entre os grupos, o uso precoce da terapia pode evitar uma falha após a extubação diminuindo a mortalidade em pacientes com risco aumentado. III Conclusão O uso da VNI no PO de cirurgia cardíaca tem se mostrado um recurso efetivo na reversão da disfunção pulmonar e na prevenção de complicações além de reduzir as taxa de reintubação conseqüentemente reduzindo a morbidade e a mortalidade de pacientes com risco aumentado de desenvolvimento de insuficiência respiratória aguda devido a alterações pulmonares causadas principalmente pelo quadro álgico, presença de drenos e pouca cooperação nos primeiros dias. IV Referências Bibliográficas ALCÂNTARA, Erikson Custódio; SANTOS, Viviane Naves. Estudo das complicações pulmonares e do suporte ventilatório não invasivo no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Rev Med Minas Gerais 2009; 19(1): BERTOL, Daniela; FERREIRA, Cristina Carvalho Telles; CORONEL, Christian Correa. Fisioterapia convencional versus terapia EPAP no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Revista da AMRIGS. 2008, 52 (4): , out.-dez. CELEBI, Serdar; KÖNER, Özge; MENDA, Ferdi; OMAY, Oguz; GÜNAI, Ilahn; SUZER, Kaya; CAKAR, Nahit. Pulmonary Effects of Noninvasive Ventilation Combined with the Recruitment Maneuver After Cardiac Surgery. International Anesthesia Research Society, Vol. 107, No. 2, August COIMBRA, Vera Regina de Moraes; LARA, Rodrigo de Almeida; FLORES, Érico Gonçalves; NOZAWA, Emília; AULER JR, José Octávio Costa; FELTRIM, Maria Ignezzanetti. Aplicação da Ventilação Não-Invasiva em Insuficiência Respiratória Aguda após Cirurgia Cardiovascular. Arquivo Brasileiro de Cardiologia 2007; 89(5) : DA COSTA, Alexandre Doval; RIEDER, Marcelo de Mello; VIEIRA, Silva Regina Rios. Desmame da ventilação mecânica utilizando pressão de suporte ou tubo T. Comparação entre pacientes cardiopatas e não cardiopatas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Volume 85, Nº 1, Julho 2005.

8 8 DE SANTO, ls; BANCONE, c; SANTARPINO, g; ROMANO, g; DELLA CORTE, a; VICCHIO, m; DE PIETRO, a; GALDIERI, n; COTRUFO, m. Noninvasive positive-pressure ventilation for extubation failure after cardiac surgery: Pilot safety evaluation. J Thorac Cardiovasc Surg Feb;137(2): EREN, Neyyir Tuncay; ERYILMAZ, Sadik; AKAR, Ruchan; DURDU, Serkan; ÇORAPÇOğLU, Tümer; KALIN, Hkki. Noninvasive positive pressure ventilation after cardiac surgery. Journal of Ankara medical school, vol 24 nº3/ FERREIRA, Glória Menz; HAEFFNER, Mauren Porto; BARRETO, Sérgio ldanha Menna, DALL AGO, Pedro. Espirometria de incentivo compressão positiva inspiratória é benéfica após revascularização do miocárdio. Arq Bras Cardiol 2010; 94(2) : FERRER, Miquel; VALENCIA, Maurício; NICOLAS, Josep Maria; BERNADICH, Oscar; BADIA, Joan Ramon; TORRES, Antoni. Early Noninvasive Ventilation Averts Extubation Failure in Patients at Risk. Am J Respir Crit Care Med Vol 173. pp KILGER, Erich; MÖHNLE, Patrick; NASSAU, Kirsten; BEIRAS-FERNANDEZ, Andres; LAMM, Peter; FREY, Lorenz; BRIEGEL, Josef; ZWISSLER, Bernhard; WEIS, Florian. Noninvasive mechanical ventilation in patients with acute respiratory failure after cardiac surgery. Heart Surg Forum Apr: 13(2):E91-5. KILIC, a; YAPIC, n; BICER, y; CORUH, t; AYKAC, z. Early extubation and weaning with bilevel positive airway pressure ventilation after cardiac surgery (Weaning with BiPAP ventilation after cardiac surgery). SAJAA 2008; 14(5): LOPES, Célia Regina; BRANDÃO, Carlos Manuel de lmeida; NOZAWA, Emília; AULER JR, José Octávio Costa. Benefícios da ventilação não-invasiva após extubação no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc, 2008; 23(3): MARRARA, Kamilla Tays; FRANCO, Aline Marques; DI LORENZO, Valéria Amorim Pires; NEGRINI, Fernanda; LUZZI, Sérgio. Efeitos fisiológicos da fisioterapia respiratória associada a aplicação de BIPAP no P.O de cirurgia cardíaca. Fisioter. Bras, (1):12-17, jan.-fev. MENDES, R. G; BORGHI-SILVA, A. A eficácia da intervenção fisioterapêutica associada ou não a respiração por pressão positiva intermitente (RPPI) após cirurgia cardíaca com circulação extra-corpórea. Fisioterapia em Movimento, v.19, n.4, p , out./dez., MORSCH, Katiane Tremarim; LEGUIAMO, Camila Pereira; CAMARGO, Marcelo Dias; CORONEL, Christin Correa; MATTOS, Waldo; ORTIZ, LEILA D.N.; DE LIMA, GUSTAVO GLOTZ. Perfil ventilatório dos pacientes submetidos cirurgia de revascularização do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc, 2009; 24(2): MULLER, ANDRÉIA PIRES; ORLANDOSKI, MÁRCIA; MACEDO, RAFAEL; COSTANTINI, CONSTANTINO; GUARITA SOUZA, LUIZ CÉSAR. Estudo comparativo entre pressão positiva intermitente (reanimador de müller) e contínua no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Arquivos Brasileiro de Cardiologia, Volume 86, Nº 3, Março NAVA, STEFANO; GREGORETTI, CESARE; FANFULLA, FRANCESCO; SQUADRONE, ENZO; GRASSI, MARIO; CARLUCCI, ANNALISA; BELTRAME, FABIO; NAVALESI, PAOLO. Noninvasive

9 9 ventilation to prevent respiratory failure after extubation in high-risk patients*. Crit Care Med 2005 Vol. 33, No ODENA M, PONS; MARIMBALDO I, PIQUERAS; MATUTE S, SEGURA; ARGALLO M, BALANGUER; RICO A, PALOMEUQUE. Non-invasive ventilation after cardiac surgery. A prospective study. An Pediatr (Barc) Jul;71(1):13-9. OLPER, L.; CABRINI, L.; LANDONI, G.; ROSSODIVITA, A.; NOBILE, L.; MONTI, G.; ALFIERI, O.; ZANGRILLO, A. Non-invasive ventilation after cardiac surgery outside the Intensive Care Unit. Minerva medica copyright Vol 76. PASQUINA, PATRICK; MERLANI, PAOLO; GRANIER, JEAN MAX; RICOU, BARA. Continuous positive airway pressure versus noninvasive pressure support ventilation to treat atelectasis after cardiac surgery. Anesth Analg 2004;99: RENAULT, JÚLIA ALENCAR; COSTA-VAL, RICARDO; ROSSETTI, MÁRCIA BRAZ. Fisioterapia respiratória na disfunção pulmonar pós-cirurgia cardíaca. Rev Bras Cir Cardiovasc 2008; 23(4): ROMANINI, WALMIR; MULLER, ANDRÉIA PIRES; DE CARVALHO, KATHERINE ATHAYDE TEIXEIRA; OLANDOSKI, MÁRCIA; FARIA NETO, JOSÉ ROCHA; MENDES, FELIPE LUIZ; SARDETTO, EVANDRO ANTÔNIO; DA COSTA, FRANCISCO DINIZAFONSO; GUARITA SOUZA, LUIZ CÉSAR. Os efeitos da pressão positiva intermitente e do incentivador respiratório no pós-operatório de revascularização miocárdica. Arqui Bras Cardiol 2007; 89(2) : SASSERON, ANA BEATRIZ; DE FIGUEIREDO, LUCIANA CASTILHO; TROVA, KEROLIN; CARDOSO, ANDRÉIALUCIANA; LIMA, NÚBIAMARIA FREIREVIEIRA; OLMOS, SARIT COLASANTO; PETRUCCI, ORLANDO. A dor interfere na função respiratória após cirurgias cardíacas?. Rev Bras Cir Cardiovasc 2009; 24(4): SENA, ANA CLÁUDIA BORGES DOS SANTOS; RIBEIRO, SÉRGIO PINTO; CONDESSA, ROBLEDO LEAL; VIEIRA, SÍLVIA REGINA RIOS. Pressão expiratória positiva na via aérea por máscara facial na hemodinâmica de pós-operatórios cardíacos. Rev Bras Cir Cardiovasc, 2008; 23(4): TREVISAN, MARIA ELAINE; CALLEGARO, ALINE MARIAN; GIRELLI, FERNANDA; TATSCH DA SILVA, SABRINA; SOARES, JANICE. Aplicação da pressão positiva contínua nas vias aéreas associada à fisioterapia respiratória convencional no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Fisioterapia Brasil 2009; 10(2): U, BOEKEN; P, SCHURR ; M, KURT; P, FEINDT; A, LICHTENBERG. Early reintubation after cardiac operations: impact of nasal continuous positive airway pressure (ncpap) and noninvasive positive pressure ventilation (NPPV). Thorac Cardiovasc Surg Oct;58(7): YOSHIYUKI, TAKAMI; HIROSHI, INA. Beneficial effects of bilevel positive airway pressure after surgery under cardiopulmonary bypass. Interact CardioVasc Thorac Surg 2003;2: ZARBOCK, ALEXANDER; MUELLER, ECKHARD; SABINE, NETZER; GABRIEL, ANDREA; PEDRO, FEINDT; KINDGEN-MILLES, DETLEF. Prophylactic nasal continuous positive airway

10 10 pressure following cardiac surgery protects from postoperative pulmonary complications. American College of Chest Physicians, 2009;135(5): ZHANG, CAI-YUN; TAN, LIN-HUA; SHI, SHAN-SHAN; H, XIAO-JUN; HU, LEI; ZHU, LI-XING; FAN, JIA-JIE. Noninvasive ventilation via bilevel positive airway pressure support in pediatric patients after cardiac surgery. World J Pediatr 2006, 4: