A VELHICE NA SEGURIDADE SOCIAL

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1 KAREN JULIANA GORNATES COUTINHO A VELHICE NA SEGURIDADE SOCIAL UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS GOIÂNIA, JULHO DE 2003.

2 A VELHICE NA SEGURIDADE SOCIAL

3 KAREN JULIANA GORNATES COUTINHO A VELHICE NA SEGURIDADE SOCIAL Artigo apresentado como exigência final de conclusão do curso de Especialização em Direito Previdenciário, da Universidade Católica de Goiás, sob a orientação da Professora Eliane Romeiro Costa. GOIÂNIA, JULHO DE 2003.

4 A Velhice na Seguridade Social Karen Juliana Gornates Coutinho* Palavras-chave: Proteção Social, Seguro Social, Seguridade Social, Previdência Social, Assistência Social, envelhecimento, velhice. A Seguridade Social é um conceito bastante amplo que envolve todo um conjunto de políticas públicas que visam assegurar a proteção social do indivíduo. Os povos antigos já tinham presente esta medida, em que as sociedades, mesmo que organizadas em castas, preocupavam-se com a proteção de seus membros. No entanto, apenas depois da Revolução Industrial, principalmente na Alemanha e na Inglaterra, os governos tomaram consciência da necessidade de instituir políticas de seguridade social, no sentido de promover a devida proteção aos seus cidadãos visando o fortalecimento do Estado e a segurança social. Em nossos dias, a proteção social alcança desenvolvimento além do previsível em décadas passadas. As providências adotadas no passado não configuravam um sistema protetor, nem materializava um direito assegurado ao cidadão protegido. As origens do ordenamento jurídico da proteção social podem ser encontradas naquelas velhas formulações de liberar-se da insegurança e do medo, pela certeza de poder afastar os efeitos danosos do acidente, da doença, da invalidez, da velhice e da morte. Duas tendências marcaram a ação do homem na busca da segurança: de procurar prever os riscos a que estava submetido ou garantir-se por um mecanismo de proteção, quando o dano decorrente do risco já está apresentado em sua vida, como é o caso da velhice. No Brasil, o aumento da expectativa de vida da população associado à redução da taxa de fecundidade tem levado o aumento acentuado da população idosa. Dados do IBGE apontam o crescimento da população idosa dos 7,8% atuais para 13% em 2020, com a tendência de continuar crescendo 1. Neste contexto, abordaremos a velhice na Seguridade Social, historiando a evolução desta política pública de prestação à velhice, nos modelos de Bismarck e Beveridge e no nosso país, analisando a velhice na seguridade social e assinalando a saúde, previdência e a assistência social como instrumentos de proteção à velhice. * Assistente Social da Universidade Católica de Goiás. Artigo apresentado para conclusão da Especialização em Direito Previdenciário, da UCG, junho, Carlos VOGT, Envelhecimento não é causa da crise da previdência, p. 1. 4

5 1- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL Ao estudarmos o Direito à Seguridade Social surgiu a necessidade de ir as suas origens, analisar o seu desenvolvimento dinâmico no decorrer do tempo para compreender os novos conceitos e instituições que foram surgindo com o passar dos séculos, principalmente, na Alemanha, Inglaterra e no Brasil Direito Estrangeiro A preocupação do homem em relação ao infortúnio é de 1344, quando ocorre a celebração do primeiro contrato de seguro marítimo. Em 1601, a Inglaterra editou a Poor Relief Act (Lei de amparo aos pobres), sendo a primeira lei pública, instituindo a contribuição obrigatória para fins sociais, prestando socorro à miséria, ao abandono, à pobreza, à indigência, que antes era feita pela Igreja Católica com caráter caritativo. Na Alemanha, Otto von Bismark introduziu uma série seguros sociais, para amenizar as tensões da classe trabalhadora. Em 1883, instituiu o seguro-doença, cuja fonte de custeio era dos empregados, empregadores e Estado; em 1884, decretou o seguro contra acidentes do trabalho, cujo o custo era do Estado e em 1889 criou-se o seguro de invalidez e velhice, custeados pelos empregados, empregadores e Estado. Por meio dessas leis tornaram-se obrigatórias a filiação às sociedades seguradoras ou entidades de socorros mútuos pelos trabalhadores que recebessem até marcos anuais. Nos Estados Unidos, Franklin Roosevelt instituiu o New Deal, com a doutrina do Welfare State (Estado do bem-estar social), determinando as bases do Seguro Social do cidadão e, tentando resolver a crise econômica que vinha desde O Plano Beveridge, na Inglaterra (1941), veio propor um programa de prosperidade política e social. As características desse sistema: universal, unificado, simples, uniforme e centralizado. Este sistema garantia a todos os indivíduos cobertura com certas contingências sociais. Inspirado no Relatório Beveridge, o governo inglês apresentou em 1944 um plano de previdência social que deu ensejo à reforma do sistema inglês de proteção social, implantado em A Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), inscreve a proteção previdenciária entre outros direitos fundamentais da pessoa humana, estabelecendo-se um direito inspirador e orientador do trabalho legislativo de todos os países participantes. A política social que configura-se e passa a ser cumprida, malgrado contemple os riscos a que o cidadão se acha submetido na sociedade volta-se como fim primordial para a eliminação da necessidade como fator de restrição da liberdade do homem, ao qual se procura assegurar, 5

6 com as medidas indicadas e aprovadas, uma existência digna Nas Constituições Federativas do Brasil No Brasil, a marcha evolutiva que levou o amparo do homem, desde a assistência prestada por caridade a seus semelhantes até o estágio em que configura-se como um direito subjetivo teve como reflexo três formas de atuação: beneficência, assistência pública e previdência. Na Constituição de 1824, a única disposição à seguridade social é a do art. 179, inciso 31, A Constituição também garante os socorros públicos. A fundação da Santa Casa da Misericórdia, no século XVI e as Irmandades de Ordens Terceiras, no século XVII, configura estas mutualidades, prevalecendo a beneficência. A Constituição de 1891, foi a primeira a usar a expressão aposentadoria, determinando em seu artigo 75, que a aposentadoria só poderá ser dada aos funcionários em caso de invalidez no serviço da Nação. Algumas medidas legislativas começaram a ser tomadas para proporcionar aos empregados públicos certas formas de proteção, entre elas, o Decreto 221, de 26/02/1890 que traz a Aposentadoria aos Trabalhadores da Central do Brasil; o Decreto 405 que estende a aposentadoria aos funcionários ferroviários do país; o Decreto 942-A que instituiu o Montepio obrigatório dos Empregados do Ministério da Fazenda e a lei 4682, de 24/01/1923, a chamada Lei Eloy Chaves, que determinou a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões CAPS, para os empregados de cada empresa ferroviária. Regulamentada, a CAPS tornou-se um seguro social institucionalizado. Contudo, desenvolvem-se mediante lutas dos trabalhadores, medidas governamentais em resposta às demandas populares, tendo em vista, minimizar as desigualdades e injustiças, oriundas da expansão do capitalismo. 3 A Lei Fundamental de 1934 estabeleceu a contribuição tripartite: trabalhador, empregador e o Poder Público em igualdade de condições. A Constituição mantinha a competência do Poder Legislativo para instituir normas sobre a aposentadoria; fixava a proteção social ao trabalhador, entre outras. A Carta Magna de 1937 é simplificada em relação à previdência. Só é citada em duas alíneas do art Emprega muito a expressão seguro social, em vez de previdência social, omite o custeio e a contribuição da União. 2- José dos Reis Feijó COIMBRA, Direito Previdenciário Brasileiro, p Maria Lúcia Lopes SILVA. Previdência Social: um direito conquistado, P

7 Com a Constituição de 1946, passa a ser usado o termo Previdência Social, que antes era chamada de Seguro Social. Estabelece os direitos da gestante; assistência sanitária hospitalar e médica; previdência mediante contribuição da União, empregador e empregado, em favor da maternidade e contra os riscos da doença, velhice, invalidez e morte. A lei nº 3807, de 1960, Lei Orgânica da Previdência Social uniformizou os benefícios previdenciários, rumo à universalidade da Previdência Social no país, proporcionando igual importância aos benefícios e serviços. Na Carta Política de 1937 não se deu solução de continuidade ao amparo social, já que as conquistas anteriores confirmaram-se no art Na Constituição de 1946 igual cuidado se dispensou à proteção do cidadão atingido pelos riscos sociais, o mesmo sucedendo nos subseqüentes textos constitucionais de 1967 e A Constituição de 1967, não inovou em matéria previdenciária em relação à Constituição de A Emenda Constitucional de 1969 também não apresenta muitas alterações substanciais em relação à Constituição de 1946 e 1967, a matéria previdenciária era tratada juntamente com a do Direito do Trabalho no art. 165: Previdência Social nos casos de doença, velhice, invalidez e morte, seguro-desemprego, seguro contra acidente de trabalho e proteção de maternidade, mediante contribuição da União, do empregador e empregado. Em 1988, foi promulgada a Constituição Federal, chamada de Constituição Cidadã, com grandes avanços e inovações em relação aos textos anteriores, trazendo todo um capítulo para tratar da Seguridade Social (Arts. 194 a 204). A Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde passam a fazer parte tripé da Seguridade Social. É a primeira vez que ela aparece no texto constitucional e com um detalhamento excessivo. Sem a definir, a Constituição estabelece em seu art. 194 que a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. A Constituição, em seu texto permanente, dedicava à previdência social dois artigos (201 e 202) e outros dois (203 e 204) à assistência social. No título das disposições constitucionais transitórias, alguns dispositivos tratam de matéria atinente à área de interesse da previdência social. O artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias previa a revisão da Constituição cinco anos após a sua promulgação. Não obstante os múltiplos problemas existentes, notadamente na área de financiamento dos serviços e benefícios da seguridade social, o Relatório Jobim de reforma da previdência, então produzido, sequer foi submetido ao plenário. É freqüente na literatura jurídica especializada a preocupação em conceituar 7

8 seguridade, segurança, previdência e assistência sociais. As composições conceituais habitam o cotidiano do discurso jurídico, mas, neste caso, o problema conceitual adquire, justificadamente, um particular realce: atender a propósitos ora acentuadamente normativos, ora predominantemente analíticos. Na Constituição Federal de 1988, enorme passo programático foi dado, enfatizando-se a cidadania da pessoa de idade avançada, formatando-se alguns princípios fundamentais para uso dos juristas. A partir da norma constitucional e impulsionado pela inegável tradição na legislação sobre a aposentadoria por idade, recrudesceu o interesse pelos aspectos jurídicos dos direitos sociais e individuais do idoso. Em 1993, foi homologada a Lei Orgânica da Assistência Social LOAS, que em seu capítulo IV, propõe a criação de benefícios de prestação continuada ao idoso e portador de deficiência que não possuem meios de prover sua própria manutenção ou tê-la provida por sua família, no valor de um salário mínimo mensal, cujos rendimentos familiares não ultrapassem ¼ de salário mínimo per capta. Em 1995, o Governo encaminhou ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional, claramente inspirada no Relatório Jobim, propondo alterar diversos dispositivos nos campos da saúde, da previdência social dos servidores públicos civis e militares, objetivando um movimento de inflexão da política que vinha sendo adotada nessas áreas. Após uma tramitação difícil e profundamente debatida, a Emenda Constitucional nº20 foi, afinal, promulgada em dezembro de Esta Emenda estabeleceu a especialização de fontes, ou seja, definiu qual fonte de financiamento custeia determinado programa da seguridade social. A Emenda Constitucional nº 20/98 trouxe enorme alteração nos seus requisitos de aquisição do direito. Antes, a lei previa várias formas para essa aquisição: por incapacidade comprovada; por implemento de certa idade; pela prestação laborativa por determinado tempo e a especial que era destinada ao trabalhador que exercia atividade penosa, insalubre ou perigosa durante o período estabelecido pela lei. A reforma da Constituição eliminou a concessão por tempo de serviço, isoladamente, dependendo da idade mínima. A Emenda Constitucional passa a entender que a aposentadoria deve ser concedida a quem deixou de ter aptidão para atividade laborativa, comprovada em perícia médica. A idade fisiológica nem sempre coincide com a idade cronológica, o que torna difícil condicionar o benefício apenas ao decurso do tempo, porém, também não é fácil fugir a esse critério simples e seguro. 8

9 A Emenda Constitucional e toda a legislação recentemente aprovada, ainda que tenham representado um grande avanço, representam apenas o começo de um processo de mudanças pautado pelo estabelecimento da necessidade de correlação entre contribuição e benefícios, associada ao aumento da transparência das contas. É necessário sinalizar a indispensável adequação do sistema previdenciário ao novo perfil demográfico brasileiro: o envelhecimento da população. 2- CONCEITO DE VELHICE NA SEGURIDADE SOCIAL De 08 a 12 de abril de 2002, em Madri, aconteceu a II Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, organizada pelas Nações Unidas. O envelhecimento está se tornando um problema mundial e o objetivo desta assembléia foi de garantir que todos os indivíduos possam envelhecer com seguridade, dignidade e que estes continuem participando da vida em sociedade, exercendo seus direitos. O avanço da longevidade e da declinação das taxas de natalidade tem exercido profundo impacto em nossas sociedades, tanto no mundo industrializado como no que está em via de desenvolvimento. O envelhecimento demográfico causa considerável preocupação em muitos círculos, sendo que é mais fácil centrar a atenção na carga em que o envelhecimento impõe à sociedade do que tentar compreender a natureza complexa e interrelacionada com as questões que entram em jogo, especialmente o número crescente de pessoas de idade que estão inativas e não contribuem com os impostos nem cotas para a seguridade social 4. Segundo, Wladimir Novaes Martinez, 5 os estudiosos encontram obstáculos ao definir o idoso, pois pode ser visto sobre o critério cronológico, psicobiológico e econômico-social, ou ainda, os três combinados. No ponto de vista cronológico, a pessoa tem tantos ou mais anos de vida. Sob o segundo ponto de vista, a noção é personalizada, são as condições psicológicas e fisiológicas do indivíduo e, não importa a sua faixa etária, mas as aptidões físicas do organismo e da mente. E por último, o patamar sócio-econômico da pessoa, quem precisa de mais proteção o hipossuficiente ou o auto-suficiente. Para compreendermos melhor esse fenômeno, vamos conceituar o que vem a ser a velhice. Velhice é o período da vida, no curso do qual as funções diminuem progressivamente, antes de parar. Manifesta-se por uma substituição progressiva dos 4- Revista Internacional de Seguridade Social (2002, v.55, p.13) 5- Direitos dos Idosos, p.21. 9

10 elementos nobres dos órgãos, por um tecido conjuntivo. A velhice começa entre 60 e 65 anos. Esse é o período que vem sendo usado também no conceito jurídico de velhice, porque se queremos definir para efeitos práticos e legais, o que é um velho, trata-se de determinar um limite etário a partir do qual se consideraria a pessoa como anciã, podendo usufruir de benefícios especiais, tais como no caso da previdência, a aposentadoria. Então, esse limite é fixado em 60, 65 anos, embora, muitas pessoas possam envelhecer antes desse período e outras bastante depois. A velhice, ao lado da infância, sempre despertou os sentimentos de solidariedade e proteção dos homens, visto haver uma associação do estado de velhice à situação de fraqueza, quase invalidez. Assim, a noção de incapacidade ocasionada pela velhice é inerente ao conceito comum que temos desse fenômeno fisiológico. Este é o papel da Previdência Social, dar cobertura àquelas contingências que afetam a possibilidade de ganho das pessoas. Suas prestações visam substituir uma parte do salário que deixa de ser percebido pelo segurado incapaz de ganhar. Essa impossibilidade de trabalhar ou de ganhar pode ser ocasionada por riscos - acontecimentos incertus an e incertus quando ou por contingências que a vida em sociedade ocasiona. A velhice é um acontecimento incerto, porque não se sabe se uma pessoa viverá até ficar velha 6. É possível que morra antes de atingir uma idade avançada. É pois um acontecimento incertus an. Embora a velhice não seja um acontecimento incertus quando, pois a medicina conhece aproximadamente a idade em que aqueles fenômenos acima mencionados ocorrem, há uma incerteza quanto ao momento em que dado trabalhador será rejeitado pelo mercado de trabalho e, portanto, estará impossibilitado de ganhar a subsistência. Por outro lado, a sociedade capitalista, dominada pela exigência de produtividade e eficiência, exclui os trabalhadores, geralmente a partir de 40 anos, aumentando o peso do envelhecimento, fazendo com que a velhice seja uma contingência a ser coberta pela Previdência Social. Em nossa sociedade percebemos nitidamente a divisão em classes sociais com desigual distribuição de renda, baseada na exploração da força de trabalho, na acumulação do capital, o cidadão aposentado é considerado peso morto, mesmo tendo contribuído com a formação da riqueza no país. Ao tratar-se da aposentadoria e do aposentado, o aposentado é aquela pessoa que depois de algum tempo de serviço adquire o direito de uma remuneração, sem contrapartida 6- Marly Antonieta CARDONE. Enciclopédia Saraiva de Direito, vol. 7, p

11 do trabalho. A aposentadoria é, portanto, um direito adquirido 7. É nesse sentido que milhões de aposentados, que deram os melhores anos de sua vida, em prol da nação com trabalho, produtividade, agora não são mais vistos como sujeitos úteis da história e sim, objetos descartáveis esquecidos, tornam-se indigentes à margem da sociedade, mendigando direitos sociais, mesmo estando estes garantidos em lei. Sabe-se que o volume de recursos destinados à Previdência Social para o pagamento dos aposentados deveria garantir uma vida digna ao contribuinte, entretanto, pela incidência dos desvios de verbas e as falcatruas ocorridas no contexto da Previdência Social, os direitos são violados. No Brasil, país considerado periférico, as conquistas e a proteção social sempre esbarram em obstáculos infindáveis, como no caso da aposentadoria. O indivíduo chega a ela, contudo ela não consegue suprir os proventos suficientes para seu próprio sustento. Nesse caso, o aposentado irá depender de favores familiares ou de um asilo, ou em última instância, vai para a rua para a morte prematura. Para o aposentado, a constatação da incapacidade para a produção, bem como sua exclusão do ciclo de rentabilidade equivale a uma condenação, ou seja, a morte social pelo fato de ter percebido que ele foi apenas um instrumento de trabalho sem ter tido tempo e condições de usufruir daquilo que fazia e gostava 8. E com a perda desse papel profissional, que durante muito tempo, foi valorizado pelo trabalhador e sua família, pode significar para esse indivíduo um choque, ou até mesmo um grande vazio, principalmente para aqueles aposentados que fizeram do trabalho a maior fonte de referência de suas vidas. As relações sociais do ser humano têm duas fontes básicas, o mundo familiar e o mundo do trabalho. Na perspectiva da aposentadoria, acontece aos indivíduos uma volta à família, com intuito de encontrar nesta um novo equilíbrio. Como se sabe, muitas vezes, isso não acontece, ficando então o aposentado excluído, como quem já não tem mais direito algum, concorrendo para uma morte social. A velhice, por ser uma etapa particular do ciclo de vida, sujeita a limites e possibilidades, exige por parte dos governantes, políticas sociais específicas, com o objetivo de manter o idoso, integrá-lo ao meio social e assegurar-lhe uma velhice saudável, com qualidade de vida. Na verdade, o que se presencia no cotidiano é uma grande incompreensão para com os 7-Edith M. MOTTA, Reflexos da aposentadoria sobre a questão social do idoso, p Maria Tereza Gonçalves GARCIA, Auto-imagem na aposentadoria: mito e realidade, p

12 idosos: por um lado, os míseros proventos previdenciários por outro, a péssima qualidade dos serviços prestados pelo Estado, determinando, uma situação ainda mais precária aos idosos mais pobres que, aliás, representam a maioria desse segmento. E assim, cabe à sociedade redefinir o significado do envelhecimento e da velhice, cabendo ao idoso a tarefa de lutar para conquistar seu espaço com dignidade, pois a velhice deve ser entendida como uma circunstância ampla com múltiplas dimensões, sendo um momento do processo biológico e não deixando de ser um fato social e cultural. 3- A LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AO IDOSO A política pública de atenção ao idoso se relaciona com o desenvolvimento sócioeconômico e cultural, bem como a ação reivindicatória dos movimentos sociais. Um marco importante dessa trajetória foi a Constituição Federal de 1988, que introduziu em suas disposições o conceito de Seguridade Social, fazendo com que a rede de proteção alterasse o seu enfoque estritamente assistencialista, passando a ter uma conotação ampliada de cidadania. O texto da Carta Magna em vigência ressalta o discurso das políticas públicas, no que concerne à Seguridade Social, uma determinação legal bastante oposta à realidade apresentada, considerando o tripé, formado por três políticas sociais, conforme a referida constituição: Saúde (Artigos 196 a 200); Previdência Social (Artigos 201 e 202) e Assistência Social (Artigos 203 e 204). Estas três políticas sociais fornecem o reconhecimento de direito de cidadania e priorizam como público alvo os segmentos mais importantes da sociedade, as crianças e os adolescentes, idosos e deficientes, que não se auto-sustentam Saúde A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua proteção e recuperação (CF/88, art. 196), sendo de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle (art.197). O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. O direito à saúde é um direito fundamental do ser humano 9. A ação do Estado deve ser preventiva e curativa, de 9- Sérgio Pinto MARTINS, Direito da Seguridade Social, p

13 recuperar a pessoa. O sistema de saúde será financiado pela seguridade social, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, além de outras fontes ( Único, art. 198). As instituições privadas poderão participar, de forma complementar, de sistema único de saúde, de acordo com as diretrizes deste, mediante, contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos ( 1º, do art.199). O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde SUS. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar (art. 200). A exemplo da Constituição Federal, temos a Lei Orgânica do Distrito Federal, que prevê que cabe à Câmara Legislativa, com sanção do Governador, legislar sobre a proteção aos idosos. No artigo 207, inciso XVI, que o Sistema Único de Saúde do Distrito Federal deve garantir o atendimento médico-geriátrico ao idoso na rede de serviços públicos. Na área da saúde, o idoso é contemplado pela Lei nº 2.282, de 07/01/1999, que institui o Programa de Assistência Médico-Geriátrica a idosos nos Centros Comunitários de Idosos do Distrito Federal; e também pela Lei nº 2.009, de 24/06/1998, que cria o cartão facilitador de saúde para atendimento aos idosos na rede do SUS do Distrito Federal; além disso, a Lei nº 1.548, de 15/07/1997, estabelece prioridade no atendimento de pessoas idosas nos centros de saúde do Distrito Federal, independente de prévia marcação de consulta Previdência Social Os problemas relacionados a previdência social no Brasil têm uma persistência histórica. Nos últimos anos, o governo brasileiro tem apontado para um novo elemento que aprofunda a atual situação deficitária do sistema: o envelhecimento da população, um dos motivos levantados para a reforma previdenciária na década de 90. Para o governo, caso a questão não seja contornada, o déficit do sistema previdenciário será aumentado. Atualmente o déficit é de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) para previdência social (INSS) e de 4 a 5% para os regimes especiais do setor público. No entanto, alguns pesquisadores não concordam com a ênfase que o governo tem dado a questão do envelhecimento. A questão do envelhecimento vem ganhando representatividade visto o prolongamento da expectativa de vida da população e conseqüente crescimento do número de idosos em todo mundo. O limite cronológico proposto pela ONU, em 1982, para início da chamada terceira 13

14 idade, tomou por base a média de idade da aposentadoria estabelecida na maioria dos países. Tal limite proposto induz à associação corrente entre velhice e aposentadoria, que embora na prática nem sempre se confundam. Enquanto associadas remetem a uma representação coletiva em que o velho é percebido não como produtor de bens e serviços e, portanto, marginalizado nos contextos sociais pautados pelo valor produtivo. Historicamente, foi a classe operária que na Europa e nos Estados Unidos, ao se defrontar com a redução de sua capacidade produtiva com a impossibilidade de aumento de renda e patrimônio, lutou pelos direitos de aposentadoria e benefícios à velhice. O exame da Lei Eloy Chaves, que sucede às diversas lutas operárias, demonstra que essa lei vem não apenas estabelecer o marco da criação da Previdência no Brasil, mas igualmente constitui o marco que identificou a velhice como questão social. O benefício previdenciário típico do idoso e o mais importante para muitos especialistas, segundo Celso Barroso, é a aposentadoria por idade 10. Trata-se de direito subjetivo do segurado obrigatório ou facultativo, isto é, que atende às exigências legais. Em 1934, a Constituição previa instituições de previdência em favor da velhice, mudando esta redação a Constituição de 1937 passa a especificar a instituição de seguros de velhice. Na Constituição de 1946 fica determinada a previdência em favor da velhice. A Lei nº 3.807/60 em seu art. 30 prescrevia a aposentadoria por velhice, que seria concedida ao segurado, que, após 60 contribuições mensais e 65 ou mais anos de idade, quando do sexo masculino, e 60 anos de idade, quando do sexo feminino. A Carta Magna de 1967 passa a usar a expressão previdência social nos casos de velhice, sendo isto estabelecida pela Emenda Constitucional nº 1, de No sistema anterior falava-se em aposentadoria por velhice. A expressão aposentadoria por idade surge com a Lei nº e é observada no inciso I do art. 201, CF/88. Esta expressão é a mais coerente e atenua a conotação negativa anterior, pois o fato da pessoa ter 60 ou 65 anos não quer dizer que seja velha, além de que a aparência nem sempre condiz com a realidade e devido ao aumento da expectativa de vida das pessoas, que hoje tem atingido mais do que 60 anos. Esta é a justificativa de ter mudado a expressão, pois ao requerer a idade especificada na lei, esta poderá requerer a sua aposentadoria por idade, conforme os arts. 48 a 51, da Lei nº O inciso I do art. 201 da Constituição Federal de 1988, menciona que os planos da previdência social cobririam eventos decorrentes da velhice. Com a atual redação deste inciso 10- Celso Barroso LEITE, Dicionário Enciclopédico de Previdência Social, p

15 prescreve que a Previdência Social cobrirá eventos decorrentes da idade avançada (Emenda Constitucional nº20/98). No inciso II do 7º deste mesmo artigo, a Lei Maior determina aposentadoria aos 65 anos, para o homem, e aos 60, para a mulher, reduzido em 5 anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exercem suas atividades em regime de economia familiar e também o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal e no caso de professor, 30 anos de contribuição, se homem, e 25 anos de contribuição, se mulher; desde que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercido das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. De acordo com Sérgio Martins Pinto, os requisitos contidos no 7º são cumulativos e não alternativos, sendo necessário cumular a idade com o tempo de contribuição. Atualmente, o INSS entende que os requisitos não são cumulativos, mas são duas situações distintas: uma é a aposentadoria por tempo de contribuição e a outra é a questão da idade. Há necessidade de se cumprir o período de carência. A carência exigida para o recebimento deste benefício é de 126 contribuições mensais, em 2002, para os segurados inscritos até 24/07/91; em 2003 serão 132 contribuições; em 2004, 138 contribuições, obedecendo a tabela progressiva de carência. Sendo 180 contribuições mensais para o segurado inscrito a partir de , com a nova redação dada ao art. 25 da Lei nº 8.213/91, pela Lei 9.876/99. Os segurados especiais que não comercializem a sua produção ou não possam contribuir, poderão comprovar, até 24/07/2006, apenas que efetivamente exercem a atividade rural, mesmo que de forma descontínua, em número de meses idêntico à carência exigida. A partir de 25/07/2006, somente mediante contribuição terão direito à aposentadoria por idade. Na aposentadoria por idade, o implemento da idade faz presumir a capacidade laborativa, que se tem por verificada. É esta aposentadoria devida ao empregado, inclusive o doméstico, a partir da data do desligamento do emprego, e a partir da data do requerimento, se não ocorrer desligamento, ou for requerida após os 90 dias. Para os demais segurados, é devida sempre a partir da data do requerimento. Consiste em uma renda mensal de 70% do salário-benefício, mais 1% por grupo de contribuição, até o máximo de 20%. O segurado do sexo masculino, aos 70 anos, e o do sexo feminino aos 65, poderão ter a sua aposentadoria requerida pela empresa, sendo ela então compulsória, garantida a indenização prevista nas leis trabalhistas em caso de rescisão de ajuste laborativo. Para o idoso que não integre o seguro social, ou seja o benefício a que tem direito apenas quem contribui para a Previdência Social, a Constituição assegura a prestação de assistência social à velhice. Tal proteção deve se dar com os recursos orçamentários da 15

16 previdência social e prevê, entre outras iniciativas, a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Sendo que este benefício de prestação continuada, disposto na Lei nº8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência Social LOAS é o objeto da Assistência Social Assistência Social A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição, pois não apresenta natureza de seguro social, sendo realizada com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes. Os usuários da Política de Assistência Social são necessitados de proteção, que estão fora dos mecanismos e sistemas de segurança social, dentro desse segmento temos: as crianças e adolescentes em situação de risco social; moradores de rua; pessoas portadoras de deficiência; desempregados crônicos; famílias vulnerabilizadas pela pobreza e os idosos, objeto de estudo deste artigo. Uma das atribuições da Secretaria de Estado de Assistência Social - SEAS é apoiar técnica e financeiramente estados, municípios e instituições no desenvolvimento de ações de proteção, promoção e inclusão social das pessoas idosas e de suas famílias, criando a Gerência de Projetos de Atenção à Pessoa Idosa, que estabelece parcerias que integrem as diversas políticas sociais, tais como: educação, saúde, trabalho, habitação, justiça, cultura, esportes e turismo. O público-alvo dessas ações são idosos com 60 anos ou mais, com renda mensal familiar per capta de até ½ salário mínimo. O dispositivo constitucional da assistência social pertinente foi regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social, que dispõe sobre a organização da Assistência Social, dando conseqüência ao art. 203, V, da Constituição Federal, que assegura a assistência social à velhice. A assistência social está hoje a cargo do Ministério da Previdência e Assistência Social e está em pé de igualdade com a previdência social, mas não se incumbe dela uma autarquia, como o INSS, e sim uma secretaria integrada na estrutura do Ministério 11. Como diretrizes gerais, essas ações devem contemplar o que estabelece a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a Política Nacional do Idoso (PNI), ou seja: promoção de suas famílias; melhoria da qualidade de vida dessas pessoas; inclusão social e igualdade de oportunidades; responsabilidade das três esferas de governo no financiamento das ações e garantia de informações e de acesso a todos os bens 11- Ibid, p

17 e serviços sociais comunitários disponíveis. A Gerência cuida, ainda, de incluir a população idosa nas ações específicas de cada um dos demais projetos da SEAS, buscando-se acelerar a noção de sociedade inclusiva. Esta Gerência dá aos destinatários do Benefício de Prestação Continuada atenção prioritária, visto que esse benefício assistencial é apenas o primeiro passo do processo de promoção social das pessoas idosas em situação de extrema pobreza. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) garante um salário mínimo mensal aos idosos com mais de 67 anos ou mais e a pessoas portadoras de deficiência incapacitadas para o trabalho para a vida independente, desde que possuam renda familiar mensal per capta, inferior a ¼ do salário mínimo, não estejam vinculados a nenhum regime de previdência social e não recebam benefício de espécie alguma. Para divisão da renda familiar é considerado o número de pessoas que vivem sob o mesmo teto, assim entendido: o cônjuge, o(a) companheiro(a), os pais, os filhos (inclusive o enteado e o menor tutelado) e irmãos não emancipados de qualquer condição, menores de 21 anos ou inválidos. O benefício pode ser pago a mais de um membro da família, desde que comprovadas todas as condições exigidas. Neste caso, o valor do amparo assistencial anteriormente concedido a outro membro do mesmo grupo familiar, passa a integrar a renda para efeito de cálculo por pessoa do novo benefício requerido. O pagamento do benefício cessa no momento em que ocorrer a recuperação da capacidade laborativa ou em caso de morte do beneficiário. O benefício é intransferível, não gerando direito à pensão a herdeiros ou a sucessores. Com o objetivo de garantir a qualidade do Benefício de Prestação Continuada, a Lei nº8.742/93 previu, em seu art. 21, a revisão da concessão a cada dois anos. A idéia é avaliar se persistem as condições que lhe deram origem. O projeto de Revisão é executado em parceria envolvendo a SEAS, o INSS, a DATAPREV e as Secretarias Estaduais e Municipais de Assistência Social ou órgãos congêneres. Utiliza, para tanto, recursos do Fundo Nacional de Assistência Social e tem as diretrizes, os procedimentos e o fluxo dos trabalhos estabelecidos previamente e formalizados por meio de convênios entre a SEAS e os órgãos parceiros. O sistema de gerenciamento dessa ação está estruturado de forma descentralizada, com competências nos três níveis de governo e coordenação nacional. 17

18 Conclusão Este tema aqui focalizado é ainda mais complexo quando associamos a velhice aos direitos à seguridade social. Concluo este artigo enfatizando que a velhice é uma construção cultural, cujo conceito está relacionado com época vivida (em 1900 a expectativa de vida era de 33 anos e um homem de 50 anos já era considerado velho) e por esse motivo, os valores éticos da sociedade têm que acompanhar a evolução dos tempos. Não podemos continuar a ignorar que somos um país formado por quase 15% de cidadãos com mais de 60 anos. É necessário conscientizar que o nosso país está envelhecendo e por isso, garantir os direitos dos que estão envelhecendo agora é um dever que não podemos passar para as gerações futuras, pois é questão de preservação da identidade da pessoa, manutenção de direitos que não devem ser expropriados de ninguém. Wladimir Martinez aponta que o fato de as pessoas estarem vivendo mais é o dado demográfico e sociológico mais importante do final do século XX. Este é o problema que o Brasil não estava preparado para as conseqüências do aumento da expectativa de vida, o que provoca a um aumento geométrico nos gastos necessários para que fossem amparadas pela previdência social, que foi planejada e implementada para um país essencialmente jovem. Com uma aposentadoria insuficiente, benefícios assistenciais e assistência médica nem sempre condizentes com a realidade, os idosos brasileiros, em sua grande maioria, estão tornando-se dependente dos favores de seus familiares e da sociedade civil. Esta situação é lamentável, mas não é por falta de legislação. A legislação é farta, mas mal elaborada ou simplesmente descumprida. A Emenda Constitucional e toda a legislação recentemente aprovada, ainda que tenham representado um grande avanço, representam apenas o começo de um processo de mudanças pautado pelo estabelecimento da necessidade de correlação entre contribuição e benefícios, associada ao aumento da transparência das contas. Estamos claramente sinalizando a indispensável adequação do sistema previdenciário ao novo perfil demográfico da população brasileira; enfrentando a sonegação e a fraude, com determinação e firmeza, por meio de medidas legais, administrativas e gerenciais; combatendo os privilégios e avançando em direção ao objetivo de que todos sejam iguais perante a Previdência. Dessa forma, reiteramos que o Brasil precisa definir uma conduta ética, desenvolvendo mecanismo de assistência ao idoso, iniciando com uma ampla política de conscientização da população, em relação aos direitos da Terceira Idade à uma velhice digna. A construção da cidadania do idoso é fundamental para o desenvolvimento de um país mais justo. 18

19 Cabe ao Direito brasileiro reconhecer que o idoso não é um cidadão de segunda classe, mas uma pessoa mais bem dotada cronologicamente. A sociedade e a família, conseqüentemente precisam entender o envelhecimento de seus integrantes como uma evolução e não como um peso. E finalmente, quando os idosos tiverem sua cidadania reconhecida e garantida, será possível dividir entre a Família, o Estado e a Sociedade, a responsabilidade e o prazer de cuidar daqueles que estão envelhecendo. Concluímos este artigo, parafraseando Olavo Bilac:...Envelheçamos rindo; envelheçamos como as árvores fortes envelhecem: na glória da alegria e da bondade, agasalhando os pássaros nos ramos, dando sombra e consolo aos que padecem. 19

20 BIBLIOGRAFIA: CARDONE, Marly Antonieta. Enciclopédia Saraiva de Direito, vol. 7. São Paulo: Saraiva, COIMBRA, J. R. Feijó. Direito Previdenciário Brasileiro. 11 ed., Rio de Janeiro: Trabalhistas, GARCIA, Maria Tereza Gonçalves. Auto-imagem na aposentadoria: mito e realidade. In: Revista da Terceira Idade. São Paulo: SESC, LEITE, Celso Barroso. Dicionário Enciclopédico de Previdência Social. 1 ed. São Paulo: LTR, LEITE, Celso Barroso. O século da aposentadoria. São Paulo: LTR, MARTINEZ, Wladimir Novaes. Direitos dos Idosos. São Paulo: LTR, MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 13 ed. São Paulo: Atlas, MORAES, Alexandre. Direito Constitucional.11 ed. São Paulo: Atlas, MOTTA, Edith M. Reflexos da aposentadoria sobre a questão social do idoso. Caderno da Terceira Idade. São Paulo: SESC, O desafio da envelhecimento para a Seguridade Social. Revista Internacional de Seguridade Social. V.55, nº1, ene mar, NUNES, Luís Antônio Rizzato. Manual da Monografia Jurídica. São Paulo: Saraiva, SILVA, Maria Lúcia Lopes. Previdência Social: um direito conquistado. 2 ed., Brasília: Gráfica Agunus Ltda, VOGT, Carlos. Disponível em: em 09/06/03. LEGISLAÇÃO: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, BRASIL. Lei nº Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS,