UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Bruno Barros TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)

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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Bruno Barros TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2012

2 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2012

3 Bruno Barros TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Prof.ª Doutora Maria Aparecida de Alcântara, Orientador Profissional: Paulo Cesar Mesquita do Prado. Curitiba 2012

4 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel dos Santos Pró-Reitor administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel dos Santos Pró-Reitoria Acadêmica Prof.ª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Roberval Eloy Pereira Secretario Geral Prof. João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Dra. Ana Laura Angeli Coordenador do Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª Drª. Ana Laura Angeli Orientador do Estágio Curricular Obrigatório Profª Drª Maria Aparecida de Alcântara Orientador Profissional Paulo Cezar Mesquita do Prado CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS Rua Sidney A. Rangel Santos, 238 Santo Inácio CEP: Curitiba Paraná Telefone:

5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a minha família, por todos esses anos de aprendizado na Universidade, e em seguida, agradeço a todos meus amigos e professores, que sempre me incentivaram a continuar.

6 APRESENTAÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso elaborado pelo acadêmico Bruno Barros do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, consta de um relatório de estágio e um relato de caso realizado na Clínica Veterinária Pronto Vet, durante o período de 02 de agosto a 31 de setembro de 2012, com orientação profissional do médico veterinário Paulo Cesar Mesquita do Prado CRMV-PR 0352 e orientação acadêmica da professora Doutora Maria Aparecida de Alcântara, CRMV-PR 6611.

7 RESUMO Este trabalho de conclusão de curso foi realizado na Clínica Veterinária Pronto Vet, totalizando 360 horas. Neste período foi possível acompanhar e auxiliar na rotina Clínica Veterinária. Ao concluir o estágio, pode-se ter a certeza de que a clínica é muito abrangente e exige conhecimento prévio de diferentes disciplinas e raciocínio rápido para avaliação do paciente. Os exames complementares servem como ferramenta de orientação para o profissional da clínica médica e cirúrgica efetuar diagnósticos mais precisos na cura do seu paciente. Entende-se ainda como responsabilidade e compromisso do médico veterinário despertar nos responsáveis a responsabilidade pela guarda de seus animais de companhia o que certamente trará resultados muito positivos na recuperação dos pacientes. Palavras-chave: clínica de animais de companhia, cães e gatos, urolitíase.

8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 FACHADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET FIGURA 2 SALA DE RADIOLOGIA DA CLINICA VETERINÁRIA FIGURA 3 FARMÁCIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA FIGURA 4 SALA DE ESTERILIZAÇÃO DA CLÍNICA FIGURA 5 CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA FIGURA 6 SALA DE EMERGÊNCIA FIGURA 7 SALA DE INTERNAMENTO FIGURA 8 AMBULATÓRIO DA CLÍNICA FIGURA 9 CONSULTÓRIO DA CLÍNICA FIGURA 10 CANIL EM ALVENARIA... 18

9 LISTA DE ABREVIATURAS Bid CM FMAH ITU MG/KG MM ML PVPI TCC % Duas vezes ao dia Centímetros Fosfato magnesiano hexaidratado Infecção do trato urinário Miligramas por kilo Milímetros de mercúrio Mililitros Polivinilpirrolidona,iodo,iodopocvidona,povidoni Trabalho de conclusão de curso Porcentagem

10 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 NÚMERO DE CONSULTAS ACOMPANHADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO GRÁFICO 2 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO GRÁFICO 3 EXAMES COMPLEMENTARES SOLICITADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO... 21

11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO RELATÓRIO DE ESTÁGIO DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Casuística UROLITÍASE CANINA RESUMO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Características químicas e físicas Infecções do trato urinário Análise de urólitos Cultura de urólitos Urolitíase por estruvita Urolitíase de ácido úrico e urato Urolitíase por cistina Urolitíase por oxalato de cálcio Urolitíase por fosfato de cálcio Urolitíase por sílica EXAMES COMPLEMENTARES ANÁLISE DOS URÓLITOS TRATAMENTO CLÍNICO TRATAMENTO CIRÚRGICO... 49

12 3.7 PÓS CIRÚRGICO PROGNÓSTICO PROFILAXIA RELATO DE CASO IDENTIFICAÇAO DO PACIENTE HISTÓRICO CONDUTA CLÍNICA DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS... 66

13 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso elaborado pelo acadêmico Bruno Barros do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, consta de um relatório de estágio e um relato de caso realizados na Clínica Veterinária Pronto Vet, durante o período de 02 de agosto a 31 de setembro de 2012, com orientação profissional do médico veterinário Paulo Cesar Mesquita do Prado CRMV-PR 0352 e orientação acadêmica da professora Doutora Maria Aparecida de Alcântara, CRMV-PR O estágio teve duração de 360 horas. Neste período foram acompanhadas as atividades na área de clínica médica, clínica cirúrgica, diagnóstico por imagem, anestesias e internamentos. O estágio obrigatório é uma ótima oportunidade de colocar em prática toda a vivência teórica durante o período acadêmico, vivenciar a rotina de trabalho em equipe.

14 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO 2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO A Clínica ProntoVet fica localizada na Av. Presidente Kennedy, 2997 bairro Água Verde, Curitiba-PR esta presta atendimento clínico e cirúrgico na área de pequenos animais. A Clínica (FIGURA 1) conta com serviços de diagnóstico por imagem com ultrassonografia e radiologia (FIGURA 2), possui uma farmácia com medicamentos e equipamentos de procedimentos cirúrgicos e clínicos (FIGURA 3), uma sala para esterilização de materiais (FIGURA 4), um centro cirúrgico (FIGURA 5), uma sala de emergência (FIGURA 6), uma sala de internamento (FIGURA 7), ambulatório (FIGURA 8), um consultório (FIGURA 9) e canil de alvenaria (FIGURA 10). O corpo técnico compreende dois médicos veterinários que fazem os atendimentos clínicos e cirúrgicos, um médico veterinário plantonista, um auxiliar de enfermagem e um responsável pela limpeza e higienização da clínica. O atendimento na Clínica de Pequenos Animais é realizado de segunda a sexta das 9:00 as 24:00h com plantão aos sábados e domingos, das 9:00 as 18:00h.

15 FIGURA 1 - FACHADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, FONTE: arquivo pessoal. FIGURA 2 - SALA DE RADIOLOGIA DA CLINICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal.

16 FIGURA 3 - FARMÁCIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal. FIGURA 4 - SALA DE ESTERILIZAÇÃO, FONTE: arquivo pessoal.

17 FIGURA 5 - CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal. FIGURA 6 - SALA DE EMERGÊNCIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal.

18 FIGURA 7 - SALA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal. FIGURA 8 - AMBULATÓRIO DA CINICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal.

19 FIGURA 9 - CONSULTÓRIO DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal. FIGURA 10 - CANIL EM ALVENARIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012 FONTE: arquivo pessoal.

20 2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As atividades desenvolvidas na Clínica Veterinária ProntoVet, neste período estão relacionadas ao acompanhamento das consultas e reconsultas, cuidados com os pacientes internados, acompanhamento dos procedimentos cirúrgicos e anestésicos, bem como de exames complementares (radiografia, ultrassonografia e exames laboratoriais) Casuística Durante os quase 60 dias de estágio, somaram-se 360 horas de estágio. Neste período foram acompanhadas consultas na área de dermatologia, oftalmologia, gastrointestinal, ortopedia, oncologia entre outros casos, como urologia. O total de consultas acompanhadas na clínica foram de 103 consultas em diversas áreas, segundo mostra o gráfico 1. As que representaram maior número foram aquelas relacionadas ao aparelho gastrointestinal representando 32 casos (31,06%); seguidas das afecções de pele, 25 casos (24,27%); das lesões ortopédicas, 15 casos (14,56%) e das afecções do órgão da visão, 12 (11,65%); oncologia, 7 casos (6,79%) e problemas do sistema urinário, 3 pacientes (2,91%). GRÁFICO 1 - Número de consultas acompanhadas durante o período de estágio

21 Os casos cirúrgicos somaram 118 e são descritos na tabela 2. As ovário sal pingo histerectomia (OSH) foram realizadas em 26 pacientes (22%); orquiectómicas em 20 (17%); cirurgias ortopédicas em 15 (12,7%); remoção de cálculos dentários em 17 (14,4%); cirurgias para redução do prolapso da 3ª pálpebra em 10 (8,4%); cirurgias envolvendo o sistema urinário em 3 (2,5%); laparotomia em 9 (7,6%) e remoção de tumores em 18 pacientes (17,7%). GRÁFICO 2 - Procedimento cirúrgicos acompanhados durante o período de estágio. Diversos exames complementares solicitados como exames para o préoperatório e outros que auxiliaram no diagnóstico de muitos casos clínicos, como mostra gráfico 3. Foram realizados 294 exames complementares sendo 50 (15%) hemogramas, 25 (7,7%) ultra sonografia, 20 (6,2%) raspados de pele, 11 (3,4%) culturas e

22 antibiogramas, 147 (46,8%) exames bioquímicos, 33 (10,2%) radiografias e 8 (2,5%) urinálise. GRÁFICO 3 - Exames complementares solicitados durante o período de estágio ,80% % 15% 50 10,20% 7,70% 6,20% 3,40% 2,50%

23 3 UROLITÍASE CANINA 3.1 RESUMO Urólitos são a formação de cálculos no aparelho urinário (rins, uretra ou bexiga) de um indivíduo. Os urólitos são agregados de material cristalino e matriz, formados quando a urina torna-se supersaturada com substâncias cristalogênicas. Sua composição pode ser decorrente da decomposição de um único tipo mineral ou de distintos minerais que se depositam em camadas ou simplesmente agregam-se à pedra, como ocorreu no relato de caso. Os principais fatores que levam a formação do cálculo renal são os elevados níveis de cálcio, oxalato, ácido úrico sendo que isso ocorre provavelmente em consequência de uma dieta rica nesses elementos. Metabolismo anormal também pode levar a formação de cálculos, bem como a redução de inibidores de urólitos na urina. Outro fator de risco é a baixa ingestão de líquidos, que resulta em urina concentrada, fatores que são explicados na revisão bibliográfica. Nesse trabalho é relatado o caso de um paciente com urolitíase vesical cujo tratamento realizado foi o cirúrgico. Palavras Chave: Urolitíase, cães, infecção do trato urinário inferior.

24 3.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA É definida como a formação de sedimento, consistindo de um ou mais cristalóides pouco solúveis no trato urinário (STEVENSON e RUGERS, 2006). As urolitíases representam segundo Monferdini e Oliveira (2009) um dos principais motivos de queixa em cães e gatos com afecções urinárias. Em gatos, aproximadamente 13% dessas afecções tem como causa os cálculos. Já para cães, essa porcentagem sobe para 18%. A formação de cristais e cálculos tem como causas a diminuição na freqüência urinária associada à supersaturação da urina, podendo estar associada a fatores dietéticos e não dietéticos. A composição da dieta pode interferir tanto no aparecimento, quanto na prevenção de recidivas, afetando a densidade específica, o volume e o ph urinário (CARCIOFI et al., 2007). Entre os fatores não dietéticos estão a raça, idade, infecção do trato urinário e sexo. Em cães de pequeno porte, como Yorkshire, Terrier, Shi Tzu e Lhasa Apso isto ocorre devido a um menor volume urinário excretado e menor número de micções, aumentando assim a concentração de minerais na urina (STEVENSON E RUTGERS, 2006). Dalla Asta (2011) ainda inclui os Shnauzers miniatura e standart, Poodles miniatura, Bichon Frisé. O processo de desenvolvimento de um urólito ocorre inicialmente com a formação de um núcleo cristalino. Após a nucleação, há o crescimento do cristal, que pode ocorrer em níveis menores de saturação quando comparados com o início do processo de formação. Esse crescimento depende da duração e do grau da supersaturação da urina e do tempo de permanência do urólito nas vias excretoras

25 do trato urinário (OSBORNE et al., 2000). A supersaturação ocorre devido ao aumento na quantidade de minerais na urina, aumento na concentração urinária de minerais, um ph urinário que afete a solubilidade mineral, a presença de inibidores e estimuladores da cristalização. As infecções do trato urinário (ITU) com bactérias produtoras de urease podem provocar cálculo de estruvita através do aumento dos íons de amônio disponíveis e da alcalinização da urina. Alguns tipos de cálculo ocorrem secundariamente a problemas metabólicos, por exemplo, as alterações herdadas no metabolismo do urato nos dálmatas e o aumento da excreção renal de cistina em determinadas raças. O aumento da incidência de alguns tipos de cálculos ocorre em raças específicas ou em um sexo especifico, mas qualquer raça pode apresentar qualquer tipo de cálculo. Como a presença de cálculos urinários pode indicar a presença de doença metabólica, a determinação da patogênese dos cálculos é importante (COWAN, 1998). Como fatores predisponentes da formação dos urólitos a infecção do trato urinário (ITU) por bactérias que hidrolisam uréia constitui a causa mais comum de Urolitíase por estruvita em cães. Uma ITU também pode ocorrer secundariamente a uma Urolitíase, que se desenvolveu inicialmente na ausência de infecção. As infecções urinárias podem contribuir na formação de cálculos de estruvita e uratos, sem grande importância nos cálculos de oxalato (PACHECO, 2009) Características químicas e físicas Os urólitos são concentrações policristalinas que tipicamente contém mais que 90 a 95% de cristalóides orgânicos ou inorgânicos, também pode conter uma série de componentes secundários (OSBORNE, 1992).

26 Os urólitos têm várias denominações segundo a composição mineral e localização (nefrólitos, renólitos, ureterólitos, cistólitos, cálculos vesicais, uretrólitos) ou segundo a forma (lisos, facetados, piramidais, laminados, em forma de amoras, em discos denteados ou ramificados. As formas características dos cristais e urólitos são primeiramente influenciadas pela estrutura interna dos cristais e o ambiente que se formam. Cristais de oxalato de cálcio monoidratado tendem a fundir-se produzindo urólitos regularmente arredondados ou mamilados; cristais de oxalato de cálcio diidratado tipicamente surgem como estruturas agudamente especuladas (OSBORNE, 1992). O tipo de mineral mais comum encontrado nos urólitos de cães é o fosfato amoníaco magnesiano. O urato ácido de amônia, ácido úrico, fosfato de cálcio (mono e diidratado) ocorrem muito menos frequentemente (OSBORNE, 1992). Ainda que o mineral de muitos urólitos possa ser misto, ocasionalmente no centro de um determinado mineral geralmente predomina a composição do urólito que pode ser composta por um tipo de cristalóide (ex: sílica), enquanto as camadas mais externas são compostas de cristalóides diferentes (especialmente estruvita). A detecção, tratamento ou prevenção das causas subjacentes a Urolitíase dependem do conhecimento da composição e estrutura de todas as porções do urólitos. A maioria dos urólitos nos cães é encontrada na bexiga ou na uretra, somente 5% ficam localizados nos rins ou nos ureteres (OSBORNE, 1992). Um exame físico completo torna-se essencial para a identificação dos problemas que podem predispor o animal a formação de cálculos ou que podem limitar as opções terapêuticas. A palpação dos cálculos pode ficar mais fácil quando a bexiga se encontra completamente distendida. Os cálculos grandes são frequentemente palpáveis como massas firmes no interior da vesícula urinária. Se

27 encontrarem presentes cálculos múltiplos podem ser palpáveis consistências de coisas que raspam ou arenosas. A palpação da vesícula urinária pode disparar uma resposta dolorosa. O exame retal digital da uretra em todos os cães e palpação percutânea da uretra membranosa extra pélvica nos cães machos podem revelar cálculos adicionais (COWAN, 1998) Infecções do trato urinário A infecção bacteriana do trato urinário engloba ampla variedade de entidades clínicas, cujo denominador comum é a invasão microbiana de qualquer de seus componentes, a infecção pode predominar em um único lugar, como o rim (pielonefrite), ureter (uretrite), vesícula urinária (cistite), uretra (uretrite) ou glândula prostática (prostatite) ou pode se situar em dois ou mais desses locais e restringir a urina (bacteriúria). É mais apropriado utilizar a terminologia infecção do trato urinário inferior ou uretrocistite e não cistite, pois as infecções não ficam confinadas a um órgão apenas assim como, utilizar a terminologia de infecção do trato urinário superior ao invés de pielonefrite visto ser igualmente improvável que as infecções bacterianas fiquem confinadas ao parênquima e pelve renais, sem que sejam afetadas partes dos ureteres (OSBORNE, 1997). A identificação de bactérias na urina não é sinônimo para infecção no trato urinário, visto que estes organismos podem representar contaminantes ou patógenos. A urina pode ter sido contaminada por bactérias depois de ter sido eliminada. Bacteriúria que representa um elevado número de bactérias numa amostra urinária adequadamente coletada e cultivada é indicativo de infecção do trato urinário. Pequenas quantidades de bactérias obtidas de pacientes não tratados

28 geralmente indicam contaminação, portanto as uroculturas quantitativas auxiliam na diferenciação entre patógenos e os contaminantes bacterianos. Piúria é definida como a presença de leucócitos na urina, quando leucócitos estão presentes na urina em quantidades significativas. Geralmente apresentam resposta normal do corpo a um irritante. Piúria e infecção não são termos sinônimos, porque piúria pode ocorrer diante de inflamação sem infecção. É essencial a diferenciação entre inflamação e infecção relacionada à afecção do trato urinário. Muitos processos patológicos, como infeção bacteriana, neoplasias e Urolitíase resultam em lesões inflamatórias no trato urinário caracterizadas pela exsudação de hemácias, leucócitos e proteínas na urina (hematúria, piúria e proteinúria) que sugerem afecção do trato urinário, mas não indicam sua etiologia ou localização no âmbito do trato urinário (OSBORNE, 1997). Segundo Elliot (2003), ainda pode se observar disúria e polaquiúria. Em cães machos, pequenos cristais podem passar pela uretra e se alojar na região caudal do pênis, causando obstrução parcial ou total da uretra, provocando intensa dor no animal. Urocultura, teste de função renal, estudos radiográficos, ultrassonográficos, endoscopia, estudos urodinâmicos, e procedimentos de biopsia frequentemente proporcionam a informação adicional necessária para a localização do processo patológico e estabelecimento de sua etiologia. Os resultados de urocultura positivo indicam que a infecção bacteriana é causada pelo processo patológico, ou complicação secundária de outro processo, como neoplasia, Urolitíase metabólica, ou talvez sequelas pós cirúrgicas. As vias de infecção podem ser ascendente, em decorrência de numerosos estudos experimentais e clínicos em animais e seres humanos. Atualmente existe consenso geral de que as infecções do trato urinário são mais comumente consequências de migração ascendente de bactérias, através

29 do trato genital e uretra até a bexiga, ureteres e um ou ambos os rins. Outra via de infecção é via hematógena, embora a semeadura hematógena dos rins, em decorrência de infecção bacteriana sistêmica, passa causar infecção do trato urinário. Aparentemente este mecanismo não é via importante de infecção de cães e gatos (OSBORNE, 1997) Análise de urólitos A localização dos urólitos removidos do trato urinário deve ser registrada, além do seu tamanho forma e cor, consistência. Todos os urólitos devem ser reservados em um recipiente (preferivelmente esterilizados) para futura análise. Eles devem ser colocados num recipiente contendo formalina tamponada a 10%, caso seja desejado o exame microscópico. Visto que os urólitos contêm mais de um componente mineral, a composição dos núcleos cristalinos pode ser idêntica ou diferente do restante dos urólitos. (OSBORNE,1992) Cultura de urólitos Bactérias abrigadas no interior dos urólitos nem sempre são as mesmas presentes na urina. As bactérias detectadas no interior dos urólitos provavelmente representam as presentes por ocasião da formação dos cálculos e podem servir como fonte de infecção recidivamente do trato urinário. As bactérias podem permanecer viáveis no interior dos urólitos por longos períodos. Num estudo piloto os autores foram capazes de cultivar estafilococus viáveis a partir de urólitos de estruvita removidos de miniatura de Schnauzer, até três meses após a cirurgia. Quando não podem ser removidos todos urólitos do paciente, o conhecimento do

30 tipo de patógenos bacterianos associados a sua suscetibilidade aos antibióticos pode ter significado terapêutico (OSBORNE, 1992). Deve se enviar a urina de animais com cálculos urinários para cultura bacteriana, pois as bactérias produtoras de urease podem causar cálculos de estruvita, e podem ocorrer ITU secundária a inflamação ou a obstrução induzida por cálculos (COWAN, 1998) Urolitíase por estruvita O tipo mais comum de mineral encontrados nos urólitos caninos é o fosfato amoníaco magnesiano hexaidratado (FMAH), ou estruvita, os urólitos estruvita de caninos são frequentemente impuros, contendo quantidades menores de fosfato de cálcio (também denominado apatita de cálcio) e carbonato-apatita, o carbonato apatita pode ser um constituinte secundário nos urólitos que se formam em pacientes com infecção do trato urinário causado por microrganismos (especialmente estafilococus, proteus spp. e ureaplasmas (OSBORNE,1992). Nos cálculos de estruvita associados à infecção, eliminação ou controle da infecção são essências para prevenção da recorrência, o ph deve ser monitorado periodicamente para ajudar a indicar quando o cão precisa ser avaliado quanto a infeção urinaria. Nos cálculos de estruvita estéreis, a manutenção de urina ácida, pobre em magnésio e diluída através do fornecimento de ração terapêutica (COWAN, 1998). A urina precisa ser hipersaturada com fosfato de magnésio e amônia, para que se formem os urolitos de estruvita, a hipersaturação da urina com FMAH pode ser associada a diversos fatores, como as infecções do trato urinário com microrganismos uréases-produtores, urina alcalina, predisposição genética e a dieta.

31 Estruvita induzida por infecção, quando ocorre a infecção do trato urinário com microrganismos urease-produtores (especialmente estafilococus, proteus spp. e ureaplasmas) em cães, formando urina com suficiente quantidade de ureia, pode ocorrer a combinação única de uma elevação concomitante nas concentrações de amônia e carbonato num ambiente alcalino, já na estruvita estéril estudos clínicos indicam que a uréase microbiana não esta envolvida na formação de urólitos de estruvita de alguns cães, diversas observações sugerem que a fatores alimentares ou metabólico podem estar envolvidos na gênese dos urólitos de estruvita estéreis, nesta espécie (OSBORNE,1992). A maior incidência de urólitos de estruvita em cães no Brasil está relacionada intimamente com a dieta, isso porque há no país uma alta porcentagem de cães e gatos consumindo alimentos caseiros. Além disso, as dietas industrializadas brasileiras possuem em sua composição um teor proteico menor, e de cálcio, fósforo e magnésio maiores em relação a outros países. Essa composição de nutrientes presentes na maioria das rações brasileiras possivelmente induz os animais a produzirem urina alcalina, predispondo ao aparecimento dos urólitos de estruvita (PACHECO, 2009). Estudos clínicos e experimentais realizado na universidade de Minnesota revelaram que os urólitos de estruvita podem se formar dentro de duas a oito semanas após a infecção com estafilococus produtores de uréase, urólitos localizado na bexiga comumente transitam ate a uretra, eles comumente se alojam por trás do osso peniano em cães macho, mas frequentemente são expulsos ate o exterior pelas fêmeas (OSBORNE, 1992). O tratamento da Urolitíase de estruvita engloba, o alivio da obstrução ao fluxo da urina, a eliminação do urólitos existentes, a erradicação ou controle da infecção

32 do trato urinário, a prevenção da recidiva dos urólitos. A cirurgia tem sido a abordagem consagrada para o tratamento de todos os tipos de Urolitíase em cães. Embora a cirurgia tenha sido efetivo método, que propicia imediata eliminação dos urólitos, ela está associada à persistência de causas subjacentes com elevado percentual de recidiva de urólitos. O objetivo do tratamento clínico dos urólitos é a interrupção do seu crescimento ou promoção da dissolução dos urólitos pela correção ou controle das anormalidades subjacentes, para que a terapia seja efetiva, ela precisa induzir a subsaturção da urina com cristalóides calculogênicos, pelo aumento do volume urinário, onde os cristalóides estão dissolvidos ou em suspensão e pela redução da quantidade de cristalóides cálculo gênicos na urina (OSBORNE, 1992). As recomendações são a erradicação e o controle das infecções do trato urinário com antibióticos apropriados, fazer uso de dietas calculolíticas, promover a formação de urina ácida, administrar inibidores da urease a pacientes com persistência de infecção do trato urinário causada por microrganismos produtores de urease (CUNHA, 2008). O antibiótico de escolha deve ser preferencialmente bactericida, excretado em altas concentrações através da urina, e ter uma ampla margem de segurança entre as doses terapêuticas e tóxicas. Os antimicrobianos mais utilizados são as ampicilinas, as amoxicilinas e as cefalosporinas. Deve-se, entretanto, proceder aos exames de cultura e antibiograma para um tratamento específico (ANDRADE, 2002). A acidificação da urina até ph de aproximadamente 6 tem sido efetiva na promoção da dissolução de urólitos de estruvita, contudo frequentemente não há necessidade da adição de acidificantes urinários para cães que concomitantemente estejam sob dieta calculolíticas, que já promove a formação de urina ácida. O uso de

33 acidificantes urinários deve ser considerado em pacientes nos quais a dieta calculolíticas não é tolerada, ou está contra-indicada. Pode-se usar como acidificantes, a metionina ou o cloreto de amônio na dose inicial de 100 a 200 mg/kg/dia, misturados na ração (ARNOLD, 1996). O objetivo das dietas calculolíticas consiste na redução da concentração urinária de uréia, fósforo e magnésio. Essa dieta deve ser formulada contendo quantidade reduzida de proteína de alta qualidade e quantidades reduzidas de fósforo e magnésio. Além disso, a dieta deve ser suplementada com cloreto de sódio, para a estimulação da sede e indução de poliúria compensatória. A redução da produção hepática de uréia a partir das proteínas da dieta reduz a concentração deste metabólito na medula renal, contribuindo ainda mais para a diurese (SANCHES, 2010). A meta das dietas calculolíticas e a redução da concentração urinária da ureia, o substrato de uréase, fosforo e magnésio, existe rações terapêuticas formuladas de modo a conter quantidade reduzida de proteína de alta qualidade e reduzidas quantidade de fosforo e magnésio, a dieta é suplementada com cloreto de sódio, para a estimulação da sede e indução da poliúria compensatória. A redução da produção hepática de ureia a partir da proteína da dieta diminui a concentração medular renal da ureia, e contribui ainda mais para diurese (OSBORNE, 1992). Estudos experimentais e clínicos em cães revelaram que a administração de inibidores microbianos da uréase em doses farmacológicas e capaz de inibir o crescimento dos urólitos de estruvita ou a promoção da dissolução dos urolitos de estruvita administrado oralmente em cães na dosagem de 12/mg/lb, (25mg/kg) divididos em duas subdoses diárias, reduzira a atividade da uréase, a cristalúria de estruvita, e o crescimento dos urolitos (OSBORNE,1992).

34 O tamanho dos urólitos deve ser acompanhado periodicamente por radiografia de triagem, os autores recomendam a radiográfica em intervalos mensais, em geral é preferível a radiografia de contraste retrógado, visto que o uso de cateteres durante os estudos radiográficos retrógados podem resultar numa infecção iatrogênica do trato urinário. A dieta de rações terapêutica planejada para a dissolução de urolitos caninos de estruvita tem restrição de proteína e é suplementada com cloreto de sódio, por tanto não deve ser administrado em pacientes com moléstias simultâneas associadas ao equilíbrio positivos dos líquidos (insuficiência cardíaca, síndrome nefrotica, ou hipertensão (OSBORNE, 1992) Urólitos de ácido úrico e urato de amônia O ácido úrico é um dos diversos produtos da biodegradação do metabolismo dos nucleotídeos purínicos, o urato ácido de amônia (também conhecido como urato de amônia e biurato de amônia) e o sal da amônia monobásico do acido úrico. Urolitos de urato ocorrem comumente em cães, compreendendo aproximadamente 2 a 8% de todos os urólitos caninos. Estruvita é o constituinte cristalóide secundário mais frequente encontrado nos urólitos compostos de urato (menos que 30% da composição mineral dos urolitos), especialmente os compostos de urato acido de amônia, outros constituintes minerais secundário menos frequente associados aos urolitos de urato são, apatita de cálcio, oxalato de cálcio monoidratado e oxalato de cálcio diidratado (OSBORNE, 1992). Dálmatas são tradicionalmente reconhecidos como sendo singularmente predispostos a urólitos de urato, devido a defeitos hereditários no metabolismo do ácido úrico, estudos sobre o destino do acido úrico em dálmatas revelaram vias hepáticas e renais exclusivas do metabolismo, destes dois locais de singular

35 metabolismo purínico, transplantes renais e hepáticos halogênicos recíprocos entre dálmatas e não dálmatas indicam que o mecanismo hepático é quantativamente o mais significativo. O fígado do dálmata não oxida completamente o acido úrico disponível, ainda que tenha concentração suficiente de uréase. Além do dálmata varias raças caninas foram descritas como sendo afetadas por urolitíase de uratos, como Buldogues, Yorkshire terries, podem apresentar elevada incidência de uratos. Os fatores predisponentes potenciais para a litogênese por uratos em cães são aumento da excreção renal e da concentração urinária de ácido úrico, aumento da produção renal, ou produção da uréase microbiana de íons amônio, baixo ph urinário, presença de promotores na ausência de inibidores da formação de urolitos de uratos (OSBORNE, 1992). O urato de amônio é o sal monobásico de amônio do ácido úrico, o qual é o formador do urólitos purínico de ocorrência natural mais comumente encontrado em cães. Esse tipo de urólitos tende a se formar em urina ácida, a conversão parcial de ácido úrico emalantoína causa alta concentração de ácido úrico no plasma e na urina. O que irá predispor a formação de cálculos de urato e de amônio (urólitos purínicos) (CUNHA, 2008). Uma elevada incidência de urólitos de urato de amônia foi observado em cães com anomalias valvulares portais, ocorrem tanto em macho como em fêmeas, e geralmente são detectados antes dos três anos de idade. A comunicação direta entre a vasculatura portal e a sistêmica contorna o sangue em torno do fígado, resultando em grave atrofia hepática e numa diminuição da função hepática, a disfunção hepática esta associada a redução na conversão hepática de acido úrico para alantoina,e da amônia para uréia (OSBORNE,1992).

36 A predisposição dos cães com desvios portos sistêmicos para a Urolitíase por urato está provavelmente associada à concomitante hiperuricemia, hiperamonemia, hiperuricemia, e hiperamonúria. As concentrações séricas de ácido úrico em cães com desvios portos sistêmicos, normalmente apresentam-se aumentadas. Mas nem todos os cães com desvios portos sistêmicos apresentam concomitante Urolitíase por urato de amônio (CUNHA, 2008). Os urólitos tem o potencial de sofrer dissolução espontânea permanecerem ativos (crescerem) ou se tornarem inativos (permanecerem inalterados), embora a dissolução espontânea de cálculos não formados por acido úrico tenha sido ocasionalmente observada, uma incidência relativamente elevada de recidivas em seguida remoção cirúrgica, e uma característica única dos cálculos de uratos em cães (OSBORNE,1992). A atual recomendação para a dissolução clinica dos urólitos de urato acido é combinação de dietas calculolíticas, administração de inibidores da xantina oxidase, alcalinização da urina, erradicação ou controle das infecções do trato urinário. Às dietas calculolíticas tem as desvantagens de tender a acidificação da urina, necessitando da adição de medicamentos alcalinizantes ao tratamento de dissolução, o bicarbonato de sódio é utilizado como agente alcalinizador da urina, com as recentes modificações na dieta com restrição proteica planejada para insuficiência renal moderada a grave, esta disponível uma dieta não acidificante, essas alterações deve tornar esta dieta superior a dieta estruvitolitica (OSBORNE, 1992). Alopurinol é um isômero sintético da hipoxantina, este agente rapidamente se liga a xantina oxidase, inibindo sua ação, e, portanto diminui a produção de ácido úrico pela inibição da conversão da hipoxantina ate a xantina, a da xantina ate o

37 acido úrico, o resultado e a redução nas concentrações séricas e urinarias de acido úrico dentro de aproximadamente dois dias, visto que o Alopurinol e seus metabolitos são dependentes dos rins para sua eliminação, a dosagem, comumente é reduzida em pacientes com disfunção renal (OSBORNE, 1992). Dessa forma, seu uso reduz a concentração sérica de ácido úrico, mas eleva a concentração de hipoxantina e xantina. A dose do Alopurinol para a dissolução de urato em cães é de 15mg/Kg BID. Para minimizar os riscos de formação de urolitos de xantina, o Alopurinol só deve ser administrado a animais que estejam consumindo uma dieta com restrição de purina (CUNHA, 2008). Visto que os íons amônia e hidrogênio parecem precipitar uratos na urina canina, a administração de agentes alcalinizantes como o bicarbonato de sódio ou citrato de potássio orais, parece ter validade na prevenção dos metabolitos ácidos, a partir do aumento na produção tubular renal de amônia (OSBORNE, 1992). O aumento do volume urinário com o objetivo de diminuir a concentração urinaria do acido úrico e da amônia, e deve favorecer o fluxo urinário através de via excretória, visto que a dieta calculolíticas planejada para dissolução dos urolitos de uratos prejudica a capacidade concentradora da urina, pela redução na concentração medular renal da ureia, não são necessários agentes diuréticos adicionais, devemos evitar excesso de sódio na alimentação, particularmente se o ph urinário é elevado, visto que a excessiva secreção de sódio pode causar hipercalciuria (OSBORNE, 1992). O tempo médio de dissolução dos urólitos de urato é de 14,2 semanas, variando de 4 a 40 semanas. Se os urólitos aumentarem de tamanho durante o tratamento ou não começarem a diminuir após 8 semanas de terapia, deve-se

38 reavaliar o diagnóstico e considerar métodos de manejo alternativos (CUNHA, 2008). A terapia profilática deve ser considerada para cães sob risco elevado de recidiva de urolitos de urato, como primeira escolha, deve ser consideradas dietas que sejam restritas em purinas, e que promovam a formação de urina alcalina e diluída. Caso persista a cristalúria de uratos ou hiperuricuria, fica indicada a avaliação sérica do ph urinário para que seja assegurada a apropriada alcalinização (OSBORNE,1992) Urolitíase por cistina A análise quantitativas de urólitos caninos de cistina revelou que a maioria são puros, mas uns poucos contêm urato de amônia, embora raras, as infecções secundárias do trato urinário com microrganismos produtores de urease podem resultar em um núcleo de cistina circundado por camadas externas de estruvita (OSBORNE,1992). A cistinúria é erro inato do metabolismo, caracterizado pelo transporte anormal de cistina (um aminoácido não essencial contendo enxofre, composto de duas moléculas de cisteína) e de outros aminoácidos, pelos tubos renais. O nome cistina foi criado porque essa substância foi primeiramente identificada da urina removida da bexiga, normalmente a cistina circulante e livremente filtrada em nível do glomérulo e a maior parte é ativamente reabsorvida nos túbulos proximais, a solubilidade da cistina na urina e dependente do ph, e relativamente insolúvel na urina ácida, mas torna-se mais solúvel na urina alcalina (OSBORNE,1992). O mecanismo exato da formação de urólitos de cistina e desconhecido, visto que nem todos os cães cistinúricos formam urólitos, a cistinúria e causa

39 predisponente, e não a causa primária na formação de urólitos de cistina, os urólitos de cistina são geralmente detectado na bexiga ou uretra de cães machos afetados, embora sejam radio densos, são tipicamente menos denso que os urólitos contendo cálcio e os de estruvita, urolitos de cistina puro são em geral múltiplos, ovóides e lisos, eles tem cor amarelo clara e variam de tamanho, de 0,5 mm ate diversos centímetros. A detecção dos característicos cristais hexagonais e achatados de cistina propicia firme ao diagnóstico de cistinúria, nem todos os cães com urólitos de cistina apresentam concomitante cristalúria por cistina, a acidificação, refrigeração e centrifugação da urina podem gerar a formação de cristais de cistina (OSBORNE, 1992). O modo genético preciso de herança da cistinúria canina é desconhecido, com tudo foi sugerido um padrão recessivo ligado ao sexo, ou autossômico, supreendentemente, os urólitos de cistina com frequência não são reconhecidos, até que os cães atingiam a maturidade, sendo a idade media de detecção de aproximadamente 3 a 5 anos, visto ser a cistinúria um defeito hereditário, os urólitos comumente recidivam, para causar sinais clínicos em 6 a 12 meses, a menos que tenha cido iniciado a terapia profilática (OSBORNE,1992). As recomendações para a dissolução de urólitos de cistina englobam a redução na concentração urinaria de cistina, e o aumento da solubilidade de cistina na urina, isto pode ser conseguido pela modificação da dieta, alcalinização da urina e administração de medicamentos contendo tiol (OSBORNE, 1992). A solubilidade da cistina é dependente do ph, em cães a solubilidade da cistina num ph de 7,8, foi descrida como sendo de aproximadamente o dobro da solubilidade de um ph urinário de 5,0. As alterações no ph urinário que permanece na faixa ácida exercem efeitos mínimos sobre a solubilidade de cistina, portanto uma

40 quantidade suficiente de citrato de potássio ou de bicarbonato de sódio deverá ser administrado por via oral em doses divididas, para a manutenção do ph urinário de aproximadamente 7,5 (OSBORNE,1992). Visto que a cistinúria e defeito metabólico hereditário, e visto que os urólitos de cistina recidivam em elevada porcentagem de cães formadores de cálculos dentro de um ano após a remoção cirúrgica, a terapia profilática devera ser considerada, pode ser iniciada a combinação de terapia dietética com tratamento de alcalinização da urina, com o objetivo de minimizar a cristalúria por cistina, e de promover testes negativos de cianeto-nitropussiato (OSBORNE, 1992) Urolitíase por oxalato de cálcio A importância de diferenciar o oxalato de cálcio monoidratado, do oxalato de cálcio diidratado em urolitos caninos permanece por ser estabelecida, no homem oxalato de cálcio diidratado e indicativo de formação recente, urólitos de oxalato de cálcio podem ser encontrados em qualquer ponto do trato urinário, podem ser isolados ou múltiplos, variando de tamanho desde fração de milímetros, até diversos centímetros (OSBORNE, 1992). Os urólitos de oxalato de cálcio são os segundos em incidência mais frequente, sendo encontrados em 26,5% dos casos analisados. As raças predominantes para esse tipo de urólitos são Shnauzers miniatura, Lhasa Apso e York Shire Terrier. Urólitos de oxalato de cálcio são observados em cães de todas as idades, mas é comum encontrar em animais entre 5 a 12 anos de idade (CUNHA, 2008). Fatores incriminados na Etiopatogenese da Urolitíase por oxalato de cálcio são hipercalciúria, hiperoxalúria, hiperuricosúria. Hipercalciúria hipercalcêmica a

41 excessiva filtração e excreção de cálcio na urina, em decorrência da hipercalcemia alteram a composição físicoquímica da urina, de modo que são favorecidos a nucleação e crescimento de sais de cálcio. Hipercalciuria normocalcemica é um achado mais comuns em seres humanos com urolitos de oxalato de cálcio, os animais formadores de urólitos de oxalato de cálcio hipercalciúricos normocalcêmicos eram geralmente colocados em grupos etiológicos denominado hipercalciuria idiopática. Hiperuricúria e hiperoxalúria são causas menos comuns de urolitos de oxalato de cálcio (OSBORNE, 1992). Os cálculos de oxalato de cálcio correspondem ao segundo tipo de urólitos mais encontrado em cães e gatos. O principal fator predisponente ao aparecimento desses urólitos é a supersaturação da urina com cálcio e oxalato, com posterior absorção intestinal de cálcio (PACHECO, 2009). As experiências clínicas dos autores com urolitos recidivantes de oxalato de cálcio sugere que eles podem crescer a partir de partículas subvisuais ate urolitos de suficiente tamanho, a ponto de causarem sintomas clínicos dentro de dois a três meses, e tem tendência em recidivar, em seguida a sua remoção cirúrgica, em estudos de cães urolitos de oxalato de cálcio recidivaram em 25% dos pacientes tratados cirurgicamente (OSBORNE, 1992). Em cães a falta de protocolos efetivos para indução da dissolução de urolitos de oxalato de cálcio esta relacionada à falta de conhecimentos acerca da Etiopatogenese de sua formação e crescimento, sendo insuficiente informação para que seja formulado o tratamento especifico que ira reverter os distúrbios biológicos, foram feitas observações suficientes para sugerir que haja similaridade entre a Urolitíase pelo oxalato de cálcio em seres humanos e cães, ainda que a cirurgia permaneça como o mais efetivo método de remoção dos urólitos, alguma

42 modalidades terapêutica que foram consideradas efetivas em seres humanos com urolitos de oxalato de cálcio podem ser ponderadamente consideradas para uso em cães, para impedir a continuidade do crescimento dos urolitos de oxalato de cálcio, ou para minimizar sua recidiva,em seguida a remoção. Em geral o tratamento clínico deve ser formulado por etapas sequenciadas, com a meta inicial sendo a redução da concentração urinaria de substancias calculogênicas, medicamentos que possuem o potencial de induzir alteração sustentado na composição corporal de metabolitos (OSBORNE,1992). Considerações na dieta redução no consumo alimentar de oxalato ou cálcio parece ser uma abordagem lógica na formulação da terapia para urolitos de oxalato de cálcio, a redução do consumo de apenas um desses constituintes como o cálcio pode ser contraproducente, devido ao aumento na biodisponibilidade do outro como o oxalato, para a absorção e excreção na urina (OSBORNE, 1992). A ingestão de alimentos que contem elevadas quantidades de proteína animal (bovina, aves, peixes) pode contribuir para urolitíase elo oxalato de cálcio no homem, ao aumentar a concentração urinária de cálcio, ao elevar a concentração urinaria de acido úrico, e ao diminuir a concentração urinária de citrato, os autores recomendam que seja evitado o uso excessivo consumo alimentar de proteínas em cães com Urolitíase ativa por oxalato de cálcio (OSBORNE, 1992). Diuréticos do grupo das tiazidas efetivamente diminuem a excreção renal do cálcio, desde que não esteja presente sódio em excesso no filtrado glomerular, as tiazidas podem reduzir a excreção urinária de cálcio, ao reduzir a carga filtrada de cálcio, os diuréticos do grupo das tiazidas promovem a perda de sódio na urina, levando à leve a contração do volume líquido extracelular (OSBORNE, 1992).

43 Os citratos são inibidores dos cristais de oxalato de cálcio, devido sua capacidade em constituir composto com cálcio, formando sais que não são mais solúveis que o oxalato de cálcio, durante os últimos anos a forma, mas comumente recomendada de citrato oral tem sido o citrato de potássio, este agente é comumente administrado em conjunção com diuréticos do grupo das tiazidas, pois tende minimizar a hipocalcemia induzida pelas tiazidas e por favorecer a excreção de citrato pela urina (OSBORNE, 1992). Os urólitos de oxalato de cálcio não respondem a tratamentos dietéticos, uma vez que eles não são dissolvidos na vesícula urinária. Portanto, a única forma efetiva de tratamento para essa afecção é a retirada cirúrgica do cálculo (PACHECO, 2009) Urolitíase por fosfato de cálcio O fosfato de cálcio é comumente encontrado como componente secundário de urólitos de estruvita e de oxalato de cálcio, mas urólitos com fosfato de cálcio são raros em cães, respondendo cerca de 3% dos urolitos submetidos ao centros de estudos de cálculos (OSBORNE,1992) O fosfato de cálcio é comumente encontrado como componente secundário de urolitos de estruvita e de oxalato de cálcio, mas urólitos com fosfato de cálcio são raros em cães, respondendo cerca de 3% dos urólitos submetidos aos centros de estudos de cálculos (OSBORNE, 1992). Urólitos puros de fosfato de cálcio são raramente encontrados em cães, quando aparecem ocorrem em associação com distúrbios metabólicos como hiperparatiriodismo,acidose tubular renal e excesso de cálcio e fósforos alimentares (OSBORNE, 1992).

44 A solubilidade de fósforo de cálcio na urina depende da concentração dos íons de hidrogênio, da concentração de íons de cálcio, a da concentração de íons de fosfato inorgânico. A administração de acido cítrico pode aumentar a solubilidade do fosfato de cálcio, por meio das formações de complexos solúveis de cálcio. Visto que os urolitos primeiramente composto por fosfato de cálcio tenham maiores probalidade de serem encontrados em cães com moléstias associados a hipercalcemia ou acidose tubular renal,podemos especular que a correção dessas anormalidades metabólicas poderia estar associada a formação da urina subsaturada com cristaloides de fosfato de cálcio, e de esperar que os urolitos se dissolvam ou remoção cirúrgica (OSBORNE,1992) Urolitíase por sílica A sílica responde por aproximadamente 2 a 8% dos urólitos submetidos aos centros de estudos de cálculos nos Estados Unidos desde a metade da década de 70, a maioria dos cálculos de sílica se compõem quase que integralmente de sílica amorfa, em sua maioria apresentam característica denteada, embora eles possam ser facilmente diferenciados dos urolitos de oxalato de cálcio por inspeção macroscópica (OSBORNE, 1992). Dietas contendo quantidades substanciais de glúten de milho ou casca de soja são especialmente suspeitas, os autores aventam a hipótese de que a baixa percentagem de detecção dos urólitos de sílica em cadelas esta relacionada a eliminação de pequenos urolitos durante a micção,antes que possam induzir sintomas clínicos. Raças caninas de maior porte recebem alimentos ressecados contendo quantidades relativamente elevadas de ingredientes vegetais como glúten de milho (OSBORNE, 1992).

45 Urólitos de sílica foram experimentalmente induzidos em cães, quatro meses depois terem sido administradas dietas contendo grande quantidade de ácido silicos, estes urólitos foram produzidos em ratos dentro de oito semanas, após o consumo de tetra-etilortossiloicato, a avaliação de relatos de casos de seres humanos que sofreram de urolitos de sílica, em quanto consumiram antiácidos contendo silicatos, sugere que os urolitos foram se desenvolvendo ao longo de período de anos (OSBORNE,1992). Dietas calculolíticas que não contem proteínas vegetais, e que induzem a diurese podem evitar maior crescimento de urolitos de sílica, mesmo assim a cirurgia permanece sendo a única alternativa viável para sua remoção, recomendação dos autores são mudanças na dieta, aumento do volume urinário,e consideração da alteração do ph urinário (OSBORNE,1992). Os sinais clínicos associados a Urolitíase dependem do número, tipo, localização no interior do trato urinário. Em sua maioria os urólitos estão localizados na bexiga, e frequentemente são observados sinais clínicos de cistite (hematúria, polaciúria, e estrangúria, disúria), a irritação das mucosas e relativamente grave diante da presença de urolitos em formas de espiculas em comparação com as pedras lisas e solitárias, então e possível a ocorrência de irritação da mucosa e infecção secundária do trato urinário no caso de qualquer tipo ou quantidade de urolitos, em cães machos urolitos menores podem transitar ate a uretra,causando obstrução parcial ou completa,com sinais de distinção vesicais e azotemia pós renal (depressão, anorexia, e episodio de vômito (GRAUER,1998). A palpação abdominal pode revelar urólitos na bexiga se ocorrer uma obstrução do trato urinário, será palpada uma bexiga distendida, túrgida e dolorida. Mas, geralmente, a bexiga conserva-se vazia devido à alta frequência de micção, a

46 menos que a uretra esteja completamente obstruída. Bartges (2003) afirma que se os urólitos forem suficientemente pequenos para saírem da bexiga, mas demasiadamente grandes para passar pela uretra, ocorrerá uma obstrução uretral com a associação de uma ITU bacteriana mais cálculos vesicais, a urina pode ficar turva ou apresentar odor anormal (CUNHA, 2008). A ultra sonografia ou radiografia simples ou contrastada do trato urinário frequentemente são necessárias para a confirmação dos diagnósticos de Urolitíase, os urólitos de oxalato de cálcio e estruvita são cálculos mas radio densos, em quanto que os urólitos de urato são relativamente radio transparentes e podem necessitar do uso de radiografia contrastada, para a obtenção do diagnostico, os urolitos de cistina e silicato possuem radio densidade intermediaria (GRAUER,1998). 3.3 EXAMES COMPLEMENTARES Os achados da urinálise em cães com Urolitíase frequentemente sugerem a inflamação do trato urinário, o ph da urina varia dependendo do tipo de cálculo e da presença ou ausência de infecção bacteriana concomitante, em geral os urólitos de estruvita estão associado a urina alcalina; os urólitos de cistina estão associado as urinas ácidas; os urólitos de urato e silicato estão associados ao ph urinário neutro a ácido, e os urólitos de oxalato estão associados ao ph variável. Podemos observar cristalúria, dependendo da concentração, ph, e temperatura dependendo de armazenamento da urina, embora a cristalúria possa existir na ausência dos urólitos, e embora urolitos possam estar presentes sem que ocorra cristalúria (GRAUER,1998).