IMPUGNAÇÃO Edital 377/ Concorrência Pública

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1 DNIT MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES 6ª UNIDADE DE INFRA-ESTRUTURA TERRESTRE UNIT / MG IMPUGNAÇÃO Edital 377/ Concorrência Pública CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO S/A, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida em São Paulo/SP, na Rua Bela Cintra nº 24, 1º andar, inscrita no CNPJ/MF sob o nº , por seu representante infra-assinado, vem à presença de Vossas Senhorias, não se conformando com parte do Edital de Licitação para Concorrência Pública nº 377/ , oferecer, com fundamento no artigo 41, parágrafos 1º e 2º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1.993, antes da entrega das propostas, a presente IMPUGNAÇÃO. Termos em que, P. Deferimento. De São Paulo/SP para Belo Horizonte/MG, 18 de fevereiro de A FATOS A.1. A IMPUGNANTE, tradicional e conceituada empreiteira de obras públicas, pretendendo participar da Concorrência Pública em epígrafe, tomou conhecimento dos termos de seu Edital de Licitação. A.2. Analisando as exigências do Edital, notou a IMPUGNANTE que ele contém ilegalidades, relativamente à qualificação técnica (Capítulo I, item B, Subitem 14.4, alíneas b e c ). A.3. Além disso, mesmo que vencedora não quer a IMPUGNANTE correr o risco de ser envolvida, futuramente, em discussão acerca da legalidade do contrato administrativo a ser firmado, que possa vir a ser questionado, inclusive pelo Tribunal de Contas da União (artigos 59, parágrafo único e 90, ambos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1.993). A.4. Por tudo isso é que, tendo em vista as exigências contidas no Edital, com as quais não concorda, passa a IMPUGNANTE apresentar as suas razões. B AS RAZÕES DA IMPUGNAÇÃO I DA QUALIFICAÇÃO TÉCNICA I.1. Os trechos impugnados do instrumento estão redigidos da seguinte forma: CAPÍTULO INSTRUÇÕES AOS LICITANTES PARA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS.

2 B CONDIÇÕES PARA PARTICIPAÇÃO NA LICITAÇÃO 14. DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO (ENVELOPE Nº 2) 14.4 Qualificação Técnica (...) b) Comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data da licitação e constante da Certidão de Registro de Pessoa Jurídica do CREA, profissional(is) detentores de atestado(s) e/ou certidão(ões) de responsabilidade técnica de execução do(s) serviços de obras rodoviárias (ou similares) a seguir relacionados: (...) c) Comprovação de o licitante ter executado, a qualquer tempo, serviços de obra rodoviária (ou de obras similares) compatível com o objeto desta licitação. I.2. Estabelece o mencionado Edital, nas alíneas b e c, a exigência de comprovação de execução de serviços especializados em quantitativos mínimos e em número limitado de 3 (três) atestados. I.3. Ocorre que, o fato de uma concorrente não possuir os quantitativos exigidos, comprovados por atestados em número limitado a 3 (três), não significa que não esteja apta a executar o serviço, uma vez que, se comprovada sua experiência profissional, presente estará a necessária aptidão para a execução do objeto da licitação. I.4. Vale ressaltar que as exigências constantes nas alíneas b e c, do referido item editalício, agridem o maior número de empresas participantes, em razão da limitação de quantidades mínimas nelas previstas. No caso, se uma empresa que comprova a execução equânime de um serviço, em quantidades diversas, demonstrará a mesma capacidade que outras empresas que o tenham executado, já que a complexidade de execução sertã, absolutamente, a mesma. I.5. Com efeito, uma empresa que possui competência comprovada em execução de obras de envergadura equivalente à do objeto do edital, ou seja, que já obteve êxito em obras de complexidade compatível com a presente, está apta a participar do certame. I.6. Outrossim, no mesmo momento em que é limitada a apresentação de atestados, está também ocorrendo uma restrição ao número de participantes do certame, o que é absolutamente reprovável e agressivo à livre concorrência. I.7. O mesmo acontece no caso do tópico 11 da alínea c, que dispõe o seguinte: Lote 2 Item de serviço: Taxas refletivas Unidade:... Und. Quantidade mínima: I.8. Ou seja, o estabelecido no tópico 11 supra transcrito, traz quantitativo mínimo que não tem nenhuma razão de ser, e ainda assim, torna a exigência

3 impossível de atender, não só em razão do número máximo de atestados, mas também por conta de ser quantitativo realmente muito elevado, sem a menor necessidade. I.9. De fato, solicitar um quantitativo mínimo de unidades é desmedido e aleatório, porquanto qualquer empresa que tenha executado serviço semelhante, em qualquer quantidade, desde que o serviço seja de mesma natureza, estará habilitada para a participar da presente licitação. I.10. Assim, ilegal é a exigência, feita pelo instrumento convocatório em referência, de comprovação de execução de serviços com quantitativos mínimos e em número limitado de atestados. I.11. Desta forma, é imperativo que os itens ilegais mencionados sejam retirados do edital ou que seja possibilitado às empresas licitantes que façam uso de tantos atestados quantos bastem para comprovação de sua capacidade-técnica, a fim de que seja demonstrada a execução de serviços similares e compatíveis com aquele objeto do presente instrumento convocatório. I.12 Por sua vez, a tópico 8 da alínea b do mesmo item 14.4, ganhou a seguinte redação: (...) Lote 2 Serviços requeridos: 8 Concreto betuminoso usinado a quente com asfalto modificado com polímero (...) I.13. No que se refere à especialidade do sistema a ser empregado, com polímero, cumpre ressaltar que trata-se de exigência irrelevante e desnecessária pois, tecnicamente não há diferença entre executar uma aplicação com polímero ou sem, isto é, o concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) pode ser adquirido no mercado já modificado por polímero, restando assim, apenas a necessidade de sua aplicação, sendo por fim, totalmente dispensável exigir que a licitante comprove aplicação de CBUQ com polímero. I.14. No que se diz respeito ao material exigido, também é preciso esclarecer que, a produção do CBUQ modificado com polímero e do CBUQ comum é absolutamente semelhante, posto que se diferem apenas porque naquele há o acréscimo de um produto, o polímero. I.15. Dessa forma, o tópico 8 restringe desnecessariamente e de forma ilegítima a participação no certame ao considerar a necessidade de produção do CBUQ com polímero nos termos exigidos. I.16. Portanto, conclui-se que a exigência de execução de serviço extremamente especializado e muitas vezes desnecessário, o que é inadmissível, indica o intuito de restringir o universo de licitantes.

4 I.17. Conforme se verifica do acima exposto, tais exigências só vêm comprovar a inadequação do Edital de Pré-Qualificação aos preceitos administrativos e constitucionais, limitando excessivamente o universo de empresas participantes, razão pela qual oportuno trazer o texto da Lei 8.666/93. Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-a: II - Comprovação de aptidão para desenvolvimento de atividade pertinente e compatível (...) com o objeto da licitação (...). Parágrafo 1º. A comprovação de aptidão referida no inciso II deste artigo, no caso de licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados (...) limitadas as exigências a: a) quanto à capacitação técnico-operacional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data da licitação, profissional de nível superior detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes,limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, VEDADAS AS EXIGÊNCIAS DE UANTIDADES MÍNIMAS ou prazos máximos; I.18. Por sua vez, HELY LOPES MEIRELLES afirmava que: A igualdade entre os licitantes é princípio impeditivo da discriminação entre os participantes do certame, que através de cláusulas que, no edital ou convite, favoreçam uns em detrimento de outros, que mediante julgamento faccioso, que desiguale os iguais ou iguale os desiguais. (in Direito Administrativo Brasileiro, 18ª Edição, Malheiros Editores, pg. 249) I.19. E, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO ensina: O princípio da isonomia ou igualdade dos administrados em face da Administração firma a tese de que esta não pode desenvolver qualquer espécie de favoritismo ou desvalia em proveito ou detrimento de alguém. Há de agir com obediência ao princípio do impessoalidade Uma vez que os interesses que lhe incumbe perseguir são pertinentes à Sociedade como um todo, quaisquer atos que os órgãos administrativos pratiquem devem, necessariamente, refletir, na medida do possível, a igualdade de oportunidades para todos os administrados. (in Elementos de Direito Administrativo, 3ª Edição, Malheiros Editores, pg. 32) I.20. Arremata brilhantemente JESSÉ TORRES PEREIRA JÚNIOR: Quanto aos princípios nomeados na Lei nº 8.666/93, consigne-se, por ora, que:

5 a) o da igualdade impõe à Administração elaborar regras claras, que assegurem aos participantes da licitação condições DE ABSOLUTA EQUIVALÊNCIA durante a disputa, tanto entre si quanto perante a Administração, intolerável qualquer espécie de favorecimento; (in Comentários à Nova Lei de Licitações Públicas, Ed. Renovar, pg. 25) I.21. Como exposto, a licitação visa permitir a participação do maior número possível de pretendentes a contratar com a administração pública, em um processo seletivo que lhes permita igualdade de condições, fazendo com que o Poder Público possa pactuar com aquele que lhe ofereça melhores condições técnicas e econômicas, com a segurança exigida. I.22. Qualquer desvio desse rumo, que vise ou venha a limitar o universo de participantes e, conseqüentemente, a livre concorrência, caracteriza infração à ordem econômica, sendo passível de punição, independente de culpa, conforme previsto no artigo 20, da Lei nº 8.884, de 11/06/1994. I.23. Para a caracterização do crime basta o perigo de prejuízo à livre concorrência, independente da vontade do agente. Exigências ilegais ou desnecessárias, que prejudiquem a participação de concorrentes que têm condições de executar o objeto do concurso, infringem a ordem econômica, em virtude do prejuízo à livre concorrência, ainda que apenas potencial. C CONCLUSÃO DO PEDIDO C.1. Mantendo-se as exigências editálicias aqui combatidas estará essa Douta Comissão favorecendo demasiadamente determinadas empresas em detrimento de outras, aptas a executar os serviços objeto do Edital de Licitação. C.2. Desta forma, pede-se que seja acolhida a presente Impugnação, de forma a afastar as exigências abusivas e ilegais contidas no Edital nº 377/ , para futura licitação sob a modalidade de Concorrência Pública. Termos em que, P. Deferimento. São Paulo, 18 de fevereiro de 2005.

6 Resposta: SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL CONCORRÊNCIA PÚBLICA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA- ESTRUTURA DE TRANSPORTES 6ª. UNIDADE DE INFRA- ESTRUTURA TERRESTRE/ MG ÀREA DE CADASTRO E LICITAÇÕES EDITAL 377/04-06 PROCESSO / A CONSTRUCAP CCPS Engenharia e Comércio S/A Rua Bela Cintra, 24 1º andar São Paulo SP CEP REF. IMPUGNAÇÃO AO EDITAL 377/04-06 CONCORRÊNCIA PÚBLICA PARA EXECUÇÃO DAS OBRAS DE REVITALIZAÇÃO DP PAVIMENTO COM ADEQUAÇÕES GEOMÉTRICAS NA RODOVIA BR-381/MG. Belo Horizonte, 21 de fevereiro de Prezados Senhores Vimos por meio deste, em atendimento a impugnação tempestiva, esclarecer a V.Sas. quanto aos questionamentos feitos para tal impugnação. Após as explanações iniciais, V.Sas se remetem ao entendimento da impugnante com respeito à solicitação do item 14.4 letras b e c, na petição impugnatória. É o entendimento da impugnante, já que, em nosso entendimento, conforme Decisão nº 101/98 TCU Plenário que diz: a) cabe a Administração se cercar de garantias de forma a reduzir o risco de o contratado vim a se revelar tecnicamente incapaz de executar o Contrato, solicitando aos licitantes a comprovação de ter prestado, por mais de uma vez serviços semelhantes ao objeto da licitação, procedimento este plenamente amparado pelo parágrafo 3º do artigo 30 da Lei 8.666/93. Conforme alega a impugnante, através de seu Gerente de Concessões e Concorrências, subentende-se possuir ela larga experiência em vários tipos de serviços, mas, parece não estar em condições de atender ao Edital, por não ter executado os serviços requeridos no item 14.4, letras b e c, do referido Edital. Por outro lado o artigo 30, inciso II, diz que: a comprovação de aptidão deverá ser pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação. Fossem as exigências relativas á qualificação técnica limitadas à

7 capacitação técnica profissional, não se cogitaria de comprovação de aptidão referida a quantidades e prazos, porque estas, expressamente proibidas pelo parágrafo 1º letra a do art. 30. Assim não consideramos também termos infringidos nem a Constituição Federal e nem a Lei 8666/93, ao fazermos tais exigências citadas por VV.SS. em sua impugnação. Iremos citar como referência a conclusão do Parecer do Jurista Antônio Carlos Cintra do Amaral, a respeito da Qualificação Técnica da Empresa na Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 8.666/93) publicada no ILC nº 39 Maio/97 (pág. 360 e seguintes) a qual anexamos. Também anexamos o trabalho do Professor Carlos Pinto Coelho Motta, denominado, Legitimidade da Exigência de Comprovação de Experiência do Licitante, onde são citados vários pareceres de juristas de renome nacional e internacional, acatando a capacidade técnico-operacional, baseados no artigo 30 da Lei combinado com o seu parágrafo 3º, citando ainda decisões do TCU, decisões judiciais, entre elas as de fls. 15, 16 e 17 da referida publicação. Citamos ainda a Decisão Nº 440/2001 TCU - Plenário (DOU, nº 152-E, Seção 1, páginas 426 e 427, de 09/08/2001, AMS /BA de DJ.22/10/2001 P.791 e AMS /2-DF de DJ.25/09/2002 P.98, Acórdão TRF 1ª. Turma AMS /PA de 23/09/1999 DJ P.24, STJ: Acórdãos RESP /SP 1997/ DJ. 08/03/1999 P.114, RMS-10736BA- 1999/ DJ 29/04/2002 P.209, RESP /SP 2001/ DJ 27/05/2002 P RESP /AC 2000/ DJ 07/10/2002 P.180 RESP /SP 2001/ DJ 31/03/2003 DJ P RESP /SP 2002/ DJ 20/10/2003 P.256. Apenas por cautela a Comissão julga neste ato e através deste documento, improcedente qualquer impugnação do Edital 377/04-06 que se faça ao agasalho dos argumentos trazidos por V.Sas. Por tais razões, esperando que tenham sido esclarecidas as dúvidas de V.Sas, essa Comissão julgou improcedente a impugnação interposta, ficando V.Sas devidamente intimados da decisão por meio e no ato do recebimento desta. Atenciosamente, Wilton de Alvarenga Vianna Baptista Presidente da Comissão de Licitação Edital 377/04-06