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1 CICLO DOS ALIMENTOS Ter uma alimentação saudável é fundamental para a saúde. Na feira, padaria ou no supermercado, devemos escolher os melhores legumes e frutas, pães frescos, leite e outros produtos de qualidade. A alimentação desempenha um papel primordial durante todo o nosso ciclo de vida. O ser humano sempre dependeu da natureza para se alimentar. Em sua fase nômade, que ocupou mais de 90% da história da humanidade, comia frutas silvestres, nozes, raízes e a carne dos animais que caçava. Consumia-se apenas aquilo que era possível extrair da natureza, sem destruir ou modificar significativamente os ecossistemas. Com o surgimento das primeiras cidades e o consequente aumento do consumo de alimento, começaram a ocorrer desmatamentos e surgiram as monoculturas, com consequências desastrosas para o meio ambiente. A preocupação do consumidor com relação ao alimento transformou-se consideravelmente durante as últimas décadas. A preocupação pela maior quantidade e qualidade dos alimentos se disseminou por todos os continentes. Buscou-se melhorar a cadeia de produção de alimentos, com o desenvolvimento de novos aditivos (conservantes, estabilizantes, espessantes, entre outros). A pesquisa em tecnologia de alimentos tomou impulso, e o enfoque dos estudos permaneceu sobre a eliminação de componentes prejudiciais à saúde (cerveja sem álcool, café descafeinado), assim como na produção de alimentos com baixos teores de energia, açucares e gordura (produtos Light e Diet ). A partir dos anos 90, os alimentos passaram a serem vistos como sinônimos de bem-estar, redução de riscos de doenças, assim como veículos de uma melhor qualidade de vida.o êxito na aceitação de produtos especiais como os alimentos orgânicos, por exemplo, reside nas evidências sobre os efeitos saudáveis de certas substâncias contidas nos alimentos,

2 reforçando a ideia de que a alimentação é um fator crítico para a manutenção da saúde. Ao mesmo tempo, ocorreu uma evolução no que diz respeito aos padrões de qualidade e de pureza dos alimentos, sobretudo a respeito da isenção de produtos potencialmente tóxicos ao ser humano, como os agrotóxicos, antibióticos e hormônios nos produtos de origem animal. Isso se deve ao fato de que, atualmente, a agricultura não é mais considerada isoladamente do meio urbano e de todo o conjunto de atividades industriais e comerciais que envolvem as cadeias de alimentos. Falar de agricultura, hoje em dia, é tratar de sistemas alimentares, os quais compreendem todos os aspectos da produção, distribuição e consumo dos alimentos. Assim, a correlação direta entre a qualidade do alimento e a saúde humana, aliada à crescente valorização dos ecossistemas naturais ao redor das áreas agrícolas, faz parte do novo enfoque trazido pelo conceito abrangente de sistema alimentar, o qual inclui os sistemas culturais que influenciam os valores e crenças das pessoas a respeito de como produzir e consumir alimentos (Elizabeth S. Torres, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP). A Agroecologia é o modelo de agricultura que mais se aproxima do modelo sustentável de produção de alimentos. Cada vez mais difundida no Brasil, leva em conta um conjunto de fatores, como a preservação da biodiversidade, o equilíbrio do fluxo de nutrientes, a conservação da superfície do solo, a utilização eficiente da água e da luz e a manutenção de um nível alto de fitomassa total e residual na propriedade. Além disso, inclui os fatores sociais, como a geração de trabalho e renda, a promoção de educação, do aperfeiçoamento técnico e da qualidade de vida, além do estímulo ao associativismo e ao cooperativismo, de forma a reforçar o enraizamento das famílias rurais. Boa alimentação é sinônimo de saúde. O ideal é que a alimentação seja balanceada, com consumo variado de frutas, legumes e verduras. O estilo de vida atual caracteriza-se por um padrão alimentar rico em

3 alimentos industrializados, com excesso de gordura, sal e açúcar e pelo sedentarismo. Atualmente, as principais causas de doenças e mortes estão relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer. Para incentivar e valorizar a produção e o consumo de alimentos saudáveis como verduras, legumes e frutas, culturalmente referenciados e produzidos em nível local, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) articula a Iniciativa Nacional de Incentivo ao Consumo de Verduras, Legumes e Frutas. As políticas direcionadas à promoção da alimentação saudável devem contemplar as duas faces da insegurança alimentar e nutricional: a desnutrição e a obesidade, além de estimular o desenvolvimento sustentável e a geração de renda para pequenos produtores e agricultores familiares. O consumo consciente de alimentos pode dar sua contribuição para a sustentabilidade do planeta. Atitudes conscientes - como adotar uma dieta mais natural - promovem um ciclo de melhoria contínua, com benefícios para a saúde pessoal e também do planeta. O QUE VOCÊ PODE FAZER COMO PRODUTOR: Adotar e apoiar práticas de cultivo que minimizem o uso de produtos químicos; Usar as partes não aproveitadas das plantas como adubo orgânico; Consorciar a criação de animais e o cultivo de plantas, utilizando o excremento dos primeiros na compostagem; Fazer igualmente a compostagem a partir de resíduos agrícolas e domiciliares, para que sejam aproveitados como fertilizante;

4 Aplicar sistema de rotação dos cultivos, a fim de não empobrecer a terra e aumentar a incidência de pragas e doenças; Diversificar o sistema produtivo, introduzindo espécies consorciáveis a partir de princípios de alelopatia (estudo que estabelece que plantas se adaptam à presença de outras); Preservar a biodiversidade, as fontes de água, as áreas de preservação permanentes e reservas legais da propriedade; Associar o cultivo de árvores e alimentos; Contribuir com a geração de empregos, renda e educação para a população rural, especialmente os mais jovens; Estimular o associativismo e o cooperativismo, de maneira a facilitar a conversão coletiva dos produtores de uma região para a agricultura sustentável. COMO CONSUMIDOR Informar-se sobre a importância da agricultura sustentável e seus benefícios para a produção de alimentos, inclusive em relação à saúde dos indivíduos e ambientes; Apoiar propostas de produção regional, especialmente a familiar e associada, com o objetivo de fortalecer a segurança alimentar local e reduzir o desperdício de energia no transporte; Exigir que os produtores respeitem as leis ambientais, assim como a legislação trabalhista, e que utilizem métodos menos impactantes ao meio ambiente, adquirindo produtos elaborados com esse diferencial; Demandar que os vendedores de alimentos estimulem a produção ecológica, inclusive solicitando a certificação dos produtores por um organismo independente, para que se possa ter certeza de que os mesmos cumprem todas as exigências ambientais;

5 Organizar-se em cooperativas de consumo que estimulem a produção sustentável local e regional. Além dessas dicas é necessário você ficar atento que a alimentação desde a semente até chegar a sua mesa, percorre um ciclo longo e que não pára aí, pois ela vai passar por todo o seu corpo, portanto alimentação é energia, ou melhor, combustível, e quanto mais limpa melhor, lembrando da famosa frase: o homem é aquilo que come. Para completar, no Dia Mundial do Meio Ambiente de 2015 a ONU alertou sobre a relação do que você come com as mudanças climáticas e deu o seguinte exemplo: se uma pessoa ficar sem comer carne um dia na semana é o correspondente a retirar de circulação um automóvel por mês, em termos de emissão de gases de efeito estufa que afeta a atmosfera. E mais, recentemente outra agência da ONU, a OMS Organização Mundial de Saúde, após 20 anos de pesquisa, identificou que as carnes processadas são cancerígenas e a carne vermelha em si também propícia o câncer. Portanto a alimentação pode afetar sua saúde e o meio ambiente, e do mesmo jeito que o mercado de determinados alimentos prejudiciais à saúde começam a deixar de ser atrativos, muitos negócios vêm crescendo no âmbito de alimentação saudável, já dando sinais de uma mudança na economia. Na sustentabilidade há uma frase filosófica que sintetiza o Ciclo dos Alimentos e sua relação com uma vida sustentável: O QUE VOCÊ ALIMENTA, QUANDO VOCÊ SE ALIMENTA? Veja agora a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da alimentação: Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável 2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano

6 2.2 Até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir, até 2025, as metas acordadas internacionalmente sobre nanismo e caquexia em crianças menores de cinco anos de idade, e atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas e lactantes e pessoas idosas 2.3 Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos, conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não agrícola 2.4 Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo 2.5 Até 2020, manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas, animais de criação e domesticados e suas respectivas espécies selvagens, inclusive por meio de bancos de sementes e plantas diversificados e bem geridos em nível nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados, como acordado internacionalmente 2.a Aumentar o investimento, inclusive via o reforço da cooperação internacional, em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços agrícolas, desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de plantas e animais, para aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento, em particular nos países menos desenvolvidos 2.b Corrigir e prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados agrícolas mundiais, incluindo a eliminação paralela de todas as formas de subsídios à exportação e todas as medidas de exportação com efeito equivalente, de acordo com o mandato da Rodada de Desenvolvimento de Doha 2.c Adotar medidas para garantir o funcionamento adequado dos mercados de commodities de alimentos e seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação de mercado, inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos.