Palavras chave: Educação, Estudantes, Valorização do Estudo. Introdução

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Palavras chave: Educação, Estudantes, Valorização do Estudo. Introdução"

Transcrição

1 Jovens Egressos do Ensino Médio: Continuam Estudando ou Não? Jonas Eduardo Steffen 1 Gracieli Munchen 2 Alberto Hauser 3 Márcio José Sauer Martini 4 Alessandro Hauser 5 Jeronimo Becker Flores 6 Resumo Este artigo apresenta os resultados da pesquisa realizada com jovens estudantes e egressos do Ensino Médio das cidades de Bom Princípio, São Sebastião do Caí e Salvador do Sul RS. Originada do Programa Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião (Nepso) da Universidade de Caxias do Sul, a pesquisa foi elaborada por cinco pesquisadores estudantes do curso de bacharelado em Administração de Empresas pela mesma Universidade no Campus Universitário Vale do Caí. O tema abordado é Educação, por ser muito valorizada atualmente pelos inúmeros benefícios que pode trazer aos indivíduos e a sociedade. Buscamos com o estudo analisar o que pensam os jovens estudantes, sobre a educação, se a valorizam e se pretendem continuar os estudos depois do ensino médio. Com os jovens egressos buscamos entender os motivos que os impedem de prosseguirem seus estudos e o que facilita seu ingresso nos casos em que ele continua estudando. Todas essas analises discorremos ao longo do texto. 1 Graduando do Curso de Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade de Graduando do Curso de Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade de Graduando do Curso de Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade de Graduando do Curso de Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade de Graduando do Curso de Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade de 6 Graduado em Matemática pela UCS (2007) atualmente é mestrando do Programa de Pós Graduação em Educação da UCS, vinculado a linha de pesquisa Educação Linguagens e Tecnologias. É professor do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, bolsista e pesquisador do Cnpq com pesquisas concentradas na área de tecnologias da educação e orientador do NEPSO.

2 2 Palavras chave: Educação, Estudantes, Valorização do Estudo. Introdução Percebemos em nosso meio que a maior parte dos jovens que concluem o ensino médio não busca formação superior ou mesmo os cursos profissionalizantes. Resolvemos, portanto, elaborar esta pesquisa para entender o que pretendem e o que realmente fazem os jovens após concluírem o ensino médio. Buscamos então levantar informações relacionadas aos formandos e egressos do ensino médio através da pesquisa de campo junto aos estudantes nas escolas e com os egressos na sua residência, no trabalho ou através de amigos. Obtivemos informações inclusive nas secretarias das escolas e com professores. Discorreremos sobre educação bem como sua importância na atualidade e apresentaremos os resultados obtidos através da pesquisa elaborada no Programa Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião (NEPSO). Apontamos os principais motivos que impedem os jovens egressos do ensino médio de prosseguir seus estudos, apesar de verem perspectivas de crescimento profissional e pessoal com o estudo. Apresentamos ainda índices que relatam a pretensão dos estudantes da terceira série do ensino médio de continuar estudando e por quais causas alguns não pretendem continuar estudando após concluírem o ensino médio. Falar de educação é instigante. Listar seus benefícios é prazeroso. E foi este o motivo que nos levou a efetuarmos este estudo. Procuramos saber, os motivos que levam os alunos a continuar seus estudos, ou seja, prosseguir os estudos, após sua formação no ensino médio. Examinamos o grau de importância do estudo na vida dos jovens, através da pesquisa de opinião, feita em campo com jovens formandos e egressos do ensino médio. Entendemos que os jovens sabem da necessidade, porém, percebemos que ainda, há barreiras que fazem com que muitos desistam de manter seus estudos. O questionário da pesquisa foi aplicado a uma amostra de 112 estudantes da terceira série do ensino médio das cidades de São Sebastião do Caí RS e Bom Princípio RS. Outro questionário foi aplicado a uma amostra de 40 egressos recentes do ensino médio das cidades de São Sebastião do Caí RS, Bom Princípio RS e Salvador do Sul RS no período compreendido entre os meses de maio e julho de Ao decorrer deste texto relataremos os resultados obtidos que confirmaram nossas principais hipóteses Possibilidade de Escolha?

3 3 Vivemos uma diversidade, um mundo que apresenta muitas possibilidades, mas como conseqüência muitos obstáculos, que exigem a formação desta sociedade, para que possuam postura aberta, capaz de absorver estas diversidades. Sabemos que todos somos diferentes, e são estas diferenças que nos assemelham, pois procuramos sempre o melhor para nós. E esse se torna o nosso grande objetivo, onde nos encontramos todos juntos buscando na Educação, a grande realização de nossos objetivos. Para Delors (2004 p. 82) um dos principais papéis reservados à educação é de dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento. Completa ainda: Ela deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e das comunidades. Tendo em conta o ponto de vista aqui adotado é, em todos os seus componentes, que a educação contribui para o desenvolvimento humano. Contudo, este desenvolvimento responsável não pode mobilizar todas as energias sem um pressuposto: fornecer a todos, o mais cedo possível, o passaporte para a vida, que os leve a compreender-se melhor a si mesmos e aos outros e, assim, a participar na obra coletiva e na vida em sociedade. Atualmente, os ensinamentos teóricos construídos no nível secundário servem, muitas vezes, sobretudo para preparar os jovens para os estudos superiores, deixando assim os que não têm sucesso, não prosseguem ou abandonam esses estudos mal equipados para o trabalho e para a vida. Portanto, defendem os autores, que qualquer reforma deveria ter por objetivo diversificar a estrutura do ensino preocupando-se mais com a preparação para a vida ativa (ibidem, p. 136). Por entendermos que a maior parte dos jovens não prossegue seus estudos, podemos afirmar que o ensino médio não desenvolve habilidades e competências necessárias para esses jovens que formam a maioria dos egressos. Resultados da Pesquisa Responderam a pesquisa 40 jovens egressos do ensino médio. Desses, 52,5% interromperam e 47,5% prosseguiram seus estudos. Ao tabularmos esses questionários respondidos fizemos a separação entre os que continuaram seus estudos e os que o interromperam. Dessa forma poderemos analisar mais

4 4 profundamente os motivos que impedem esses jovens de prosseguir estudando e o que pensam sobre o assunto. Segue a análise das respostas dos jovens egressos. Entre os egressos que interromperam seus estudos, 95% responderam que veem no estudo perspectiva de crescimento e pensam ser importante continuar os estudos. Nas questões relacionadas ao custo de estudar o resultado surpreendeu pela afirmação de 81% dos jovens de que poderiam pagar R$300 para cursar uma universidade. Essa informação é de extrema importância porque significa que com algum subsídio financeiro, seja por bolsa de estudos parcial ou financiamento de longo prazo, esse jovem teria condições de acessar a universidade, deixando de ser esse um motivo para excluí-lo do ensino superior. Ao perguntarmos o valor que o jovem e sua família poderiam pagar por um curso profissionalizante, as cifras de R$300, R$450 e mais de R$450 foi assinalada por 66,7% desses jovens. Portanto podemos concluir que os jovens valorizam mais os cursos oferecidos pelas universidades aos cursos profissionalizantes, como já era esperado. Essa valorização atribuída pelos jovens ao ingresso na educação superior foi confirmada também por Sparta e Gomes (2005) em seu estudo realizado na cidade de Porto Alegre RS, onde 86,2% dos concluintes do ensino médio optaram pela Universidade para dar continuidade a seus estudos. Segundo os autores, suas expectativas traçadas pela continuação nessa forma de estudo apoiam-se na prática atual do ensino médio, que está voltado principalmente à preparação para o vestibular, e no empenho do governo federal em democratizar o acesso à educação superior. Por que não continuaram os estudos? 7 - falta de incentivos 7 - trabalho 5 - alto custo 4 - falta de opções de curso 2 - ausência de orientação vocacional 2 - desinteresse Figura 1: Questão respondida especificamente por jovens egressos do ensino médio que não prosseguiram os estudos. Aqui eles puderam assinalar mais de uma causa.

5 As principais causas apontadas pelos jovens para não terem prosseguido seus estudos foram a falta de incentivos por parte do governo e ou da família, junto com a necessidade de trabalhar, impossibilitando conciliar o estudo por quaisquer motivos. Em seguida aparece como empecilho à continuação dos estudos o alto custo de estudar, o que não envolve apenas as mensalidades pagas, mas também despesas com transporte, alimentação e em alguns casos até moradia. A falta de opções de cursos foi elencada em quatro vezes pelos jovens egressos. A lista com as causas para não estarem estudando se completa com a ausência de orientação vocacional e o desinteresse por parte do jovem. Com a criação e divulgação dos programas e projetos do governo federal como o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsas de estudo em instituições privadas de ensino, o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e o sistema de cotas nos vestibulares de instituições públicas, o perfil do estudante universitário brasileiro tem se modificado, pois proporcionam maior facilidade de acesso principalmente para afro-descendentes e a população de baixa renda. Entretanto, segundo Albeche (2012), essas iniciativas investem fortemente no acesso do estudante à universidade, mas pouco se direcionam a permanência desses alunos no Ensino superior, não considerando custos com livros, alimentação, transporte e moradia demandados pelo fato de estar na universidade. Sendo assim, grande número de estudantes se evade ou tem de se submeter a uma jornada de trabalho e estudo de 12 horas diárias, comprometendo a qualidade da educação. Esses jovens, mesmo tendo interrompido seus estudos, responderam com unanimidade que veem perspectivas de crescimento profissional e pessoal através dos estudos. Além disso, avaliaram muito bem a importância da escola na formação da pessoa, com o podemos ver na figura abaixo: 5

6 6 A escola é importante na formação da pessoa? Avalie de 0 a 5: 5 = 66,6% 4 = 23,8% 3 = 4,8% 2 = 4,8% Figura 2 Avaliação da importância da escola na formação da pessoa pelos jovens egressos do ensino médio no questionário aplicado. Os jovens egressos que continuaram estudando (47,5%) elencaram como facilitadores os motivos mostrados na figura a seguir. O que facilitou na continuidade dos seus estudos? Subsídio da família 42,1% Boas opções de cursos 36,8% Proximidade da faculdade 10,5% Facilidade de transporte 5,3% Subsídios do governo 5,3% Figura 3: Motivos que facilitaram na continuação dos estudos pelos jovens egressos do ensino médio. Como podemos ver, a maioria dos jovens (42,1%) que continuaram seus estudos declararam que o subsídio da família foi decisivo para prosseguirem estudando. Em seguida aparecem as boas opções de cursos (36,8%) disponíveis aos estudantes. 10,5% disseram continuar os estudos por terem a instituição de ensino próxima a sua residência. A facilidade de transporte e os subsídios do governo apareceram com 5,3% cada um. Podemos perceber que os esforços do governo em incentivar e subsidiar os estudantes, como já descrevemos ainda não vem apresentando resultados

7 7 animadores, ao menos nas cidades onde o levantamento de dados foi realizado. O que impulsiona de fato a disseminação dos estudos após a conclusão do ensino médio são as opções de cursos disponíveis e, principalmente, o amparo dado pela família do estudante. Nosso estudo pesquisou ainda qual a área do ensino os jovens mais se interessaram para prosseguirem estudando. Confirmando sua valorização, os cursos de graduação lideram na preferência dos jovens com 57,9% optando por esse tipo de formação. Em seguida aparecem os cursos profissionalizantes com 31,5%. Os cursos tecnólogos e de línguas tiveram cada um com 5,3% das preferências. Outra parte da nossa pesquisa foi direcionada aos jovens que estão cursando a terceira série do ensino médio neste ano letivo. Analisando os resultados obtidos percebemos que, curiosamente 92,8% dos alunos têm pretensão de permanecer estudando após a conclusão do Ensino Médio. Isso nos mostra que a imensa maioria dos jovens estão interessados em continuar seus estudos. Os motivos que, segundo os 7,2% dos estudantes que não pretendem continuar estudando, afetaram para essa negativa estão elencados no gráfico abaixo. Entre os que não pretendem continuar os estudos, alegaram como motivos: 4 = Falta de incentivos 4 = Ausência de Orientação Vocacional 3 = Falta de Interesse 1 = Trabalho Figura 6: Motivos que levam os 7,2% dos formandos a não pretenderem continuar seus estudos. A falta de incentivos por parte da família ou do governo, junto com a ausência de orientação vocacional são os principais fatores que impedem os jovens de buscarem a educação em níveis superiores. Entendemos que os jovens necessitam de incentivos e subsídios para poderem estudar, pois essa fase demanda recursos que na maioria dos casos são impossíveis de serem captados pelo estudante. E não podendo a família investir nos estudos do jovem, deve o governo criar formas de subsidiar, mesmo que por méritos, o

8 8 acesso a formação superior, seja através de cursos de graduação, profissionalizantes, línguas entre outros. A ausência de orientação vocacional traz à tona as incertezas que o jovem tem ao ter de decidir sobre seu futuro. As inúmeras opções existentes somadas à pressão do competitivo e dinâmico mercado de trabalho dificultam a tomada de decisões pelos jovens que ainda são comedidos pela sua falta de clareza e de maturidade. Esse conjunto de fatores pode influenciar jovem a abandonar o estudo. Portanto a orientação dos jovens nessa fase é de extrema importância, devendo ser trabalhada por profissionais que podem auxiliar o jovem a conhecer suas habilidades e aptidões intrínsecas. A falta de interesse pela continuação dos estudos pode estar relacionada a vários fatores. Como exemplo podemos citar a dificuldade de aprendizado do aluno e a desmotivação por falta de incentivos da família e da sociedade. Pensamos que esses inúmeros fatores não cabem ser analisados aqui, mas poderiam ser abordados em um novo estudo. Faz parte ainda desta lista o trabalho, que também foi elencado como empecilho para o prosseguimento dos estudos. Deve-se pelo fato de o jovem se ver forçado ingressar no mercado de trabalho por não contar com apoio financeiro da família para suprir suas necessidades cada vez mais desenvolvidas. Esse motivo foi apontado por apenas um dos estudantes que não pretendem continuar seus estudos, porém, na pesquisa com os egressos essa causa foi elencada pela maioria dos que não prosseguiram com seus estudos junto à falta de incentivos. Considerações Finais Um dos resultados mais relevantes desse estudo foi o aceno positivo da esmagadora maioria dos estudantes para a pretensão de continuar seus estudos após concluírem o ensino médio. Isso nos alegra, pois pudemos perceber que os jovens estão conscientes de que o estudo pode propiciar maior qualidade de vida e melhores aspirações profissionais. Sabemos, porém que este desejo pode não se tornar realidade, pois após a formação no Ensino Médio, suas vidas podem tomar rumos diferentes dos planejados atualmente e podem acarretar no abandono dos estudos. O que foi confirmado pela pesquisa. Acreditamos que essa continuidade dos estudos se dará cada vez em maior percentual. Isso porque quando nós pesquisadores concluímos o ensino médio, uma pequena parcela dos nossos colegas deu continuidade aos estudos. Atualmente esta parcela esta chegando próximo da metade como nos apontou a pesquisa. Além disso, a pretensão de continuar os estudos é quase unânime, diferentemente de quando nós ocupávamos as classes da escola de ensino médio. Podemos dizer, contudo que a continuidade no estudo será disseminada,

9 9 a não ser que não sejam dadas condições necessárias dos estudantes que foram elencadas nesse estudo. Pensamos ser ao menos curiosa, a avaliação muito positiva da importância da escola na formação da pessoa pelos jovens egressos e que não deram continuidade a seus estudos. Podemos concluir, contudo que esses jovens não estão fora da escola por opção, mas sim pelos motivos elencados por eles próprios: falta de incentivos, trabalho, alto custo e falta de opções de curso, como principais. Esses são os fatores que os excluem da educação superior. O resultado dessa pesquisa trouxe à tona as principais causas que devem ser trabalhadas para que a continuidade dos estudos seja acessível a esses jovens que veem perspectivas de crescimento profissional e pessoal com o estudo. Esse estudo, porém, não extingue as discussões sobre esse assunto. Há um longo caminho a ser percorrido para que a educação se torne realmente acessível todos os que desejam desenvolver seus conhecimentos. Referencial Teórico ALBECHE, Daysi Lange et al. Universidade e Sociedade: Visões de um Brasil em Construção.Caxias do Sul: Educs, 2012 DELORS, Jacques et al. Educação: um tesouro a descobrir. 9º Ed. São Paulo. Cortez. Brasília, DF: MEC UNESCO, SPARTA, Mônica. GOMES, William B.. Importância Atribuída ao Ingresso na Educação Superior por Alunos do Ensino Médio. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2005, 6 (2), pp