Força de greves pode diminuir com evolução de canais de serviços on-line

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1 Boletim 853/2015 Ano VII 15/10/2015 Força de greves pode diminuir com evolução de canais de serviços on-line O impacto das novas plataformas deve ser maior no médio e longo prazo, principalmente com a popularização dos instrumentos de operações de empréstimos e financiamentos pela internet São Pedro - A força das greves dos sindicatos dos bancários deve diminuir à medida que os canais alternativos de intermediação financeira avançam, mesmo que, atualmente, eles ainda não tenham tanto impacto na solidez das paralisações. O uso das agências tradicionais para serviços como empréstimos e pagamento de contas vem reduzindo desde, pelo menos, 2008, ao passo que o uso da Internet, celulares e até mesmo os correspondentes bancários (principalmente, as lotéricas e o Banco Postal, dos Correios) segue no sentido oposto. Dados do Banco Central (BC) mostram que enquanto as transações feitas nas de agência caíram 18,5% de 2008 até 2014, as operações via Internet aumentaram 111,7% e aquelas feitas com os correspondentes avançaram 116,4% no período. Para Marcelo Ciampolini, ceo da Lendico, plataforma de empréstimos online, além de comodidade, a intermediação financeira por meio da Internet pode oferecer taxas mais vantajosas. "O banco define os juros englobando bons e maus pagadores. A gente não dá crédito para quem não paga, então, conseguimos taxas melhores", apontou. Enquanto a taxa de juros média do crédito pessoal não consignado está 120,9% ao ano, na Lendico, que é uma correspondente do banco BMG, é de 33,52% ao ano. O impacto das novas tecnologias, especialmente o internet banking e o mobile banking (celular), contudo, deve ser maior nos médio e longo prazo. A greve atual seguiu, ontem, para seu oitavo dia, ainda sem acordo entre os funcionários e os banqueiros. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), agências estavam paralisadas na terça. "Os bancos ainda não se estruturaram para fazer um pleno atendimento on-line. A medida que as instituições vão migrando para a internet a necessidade de funcionários diminui", analisou Ciampolini. Uma pesquisa da Contraf-CUT em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que, nos primeiros sete meses deste ano, foram fechados postos de trabalho nos bancos brasileiros, um avanço de 62,8% em relação a 2014, quando 3,6 mil funcionários perderam seus cargos. 1

2 Informações dos balanços dos bancos também mostram que o número de agências do País vem diminuindo. O Itaú Unibanco, por exemplo, fechou 29 postos de atendimento entre março e junho deste ano, enquanto o Bradesco diminuiu sua rede em 33 agências no período. "A loja online não fecha. Vários dos nossos parceiros já têm a opção de avaliação, aprovação e formalização do crédito de forma digital. O cliente faz todo o processo pela internet", afirmou Ricardo Kalichsztein, ceo da Bom Pra Crédito, plataforma online de empréstimos que tem parceria com vários bancos. Para Kalichsztein e Ciampolini, o avanço das plataformas alternativas de serviço bancários é inevitável e o espaço ocupado por elas de ser cada vez maior em relação as operações feitas por funcionários. Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontou que, atualmente 47% das contas ativas no País (51 milhões) realizam transações utilizando Internet e 24% (25 milhões) os smartphones. Empréstimos e serviços Atualmente, a greve dos bancários já tem pouco impacto nos clientes que precisam realizar serviços, como pagamento de contas, transferências e consultadas de saldos. Segundo o BC, no ano passado, 75,6% das transferências foram feitas pela Internet, contra 8,0% nas agências. Já o pagamento de contas foram 30,9% na Internet e 15,5% em agências tradicionais. Quando se trata dos empréstimos e financiamentos, no entanto, o cenário muda: 60,5% das operações foram feitas em agências contra 18,6% na Internet. "À medida que as pessoas conhecem as vantagens, a comodidade e os preços de realizar o empréstimo pela internet, ela passa a usar este canal", observou Ciampolini. "Ocorrências pontuais, como uma greve, ajudam nesse sentido: sem saber o que fazer, as pessoas que ainda não conheciam o serviço online acabam recorrendo a este canal", completou o executivo. Um estudo da Febraban aponta que o número de operações de crédito contratadas pelo celular aumentou 190% em 2014 sobre 2013, para 10 milhões de operações. Já os empréstimos pela Internet subiram 20% no período, para 40 milhões de operações. "As agências, de fato, ganharam um novo papel no atual cenário e passaram a ser mais consultivas", afirmou o Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia Bancária da federação de bancos. Pedro Garcia (Fonte: DCI dia ). 2

3 Indústria tem queda profunda e generalizada O comportamento da indústria de São Paulo, que abriga o parque industrial mais amplo e diversificado do País, foi determinante para o recuo de 6,9% da produção do setor, entre os primeiros oito meses de 2014 e de 2015, e de 9%, entre os meses de agosto dos dois anos. Mas, além de São Paulo, a crise industrial é tão generalizada e profunda que alcançou 10 das 14 regiões objeto da Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE. Com a exceção do Espírito Santo, que depende muito da área extrativa, mesmo nos locais onde houve indicadores positivos estes foram pouco expressivos. A indústria é o segmento mais afetado pela recessão, registrando recuo mais intenso que o do PIB. Se há um aspecto menos negativo nesse quadro desanimador é o de que, se confirmar o padrão histórico, a indústria será o setor que mais rapidamente se recuperará, no futuro, quando o conjunto da economia retomar o crescimento. Na comparação entre agosto de 2014 e agosto de 2015, em cinco Estados a queda foi superior a 10% no Amazonas, o recuo foi de 13,8%, seguindo-se São Paulo com 12,9%, Rio Grande do Sul com 12,6%, Paraná com 11,4% e Ceará com 10,8%. Em São Paulo, 16 das 18 atividades pesquisadas caíram na comparação anual, puxadas pelo declínio de 32,6% no setor de veículos automotores, reboques e carrocerias ou seja, na indústria automobilística. As atividades de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis cederam 11,4% e as de alimentícios, 5,9%. Caiu a produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-36,2%), de farmoquímicos e farmacêuticos (-18,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-13,3%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,4%), de produtos de metal (-10,4%), de outros produtos químicos (-5,6%) e de têxteis (-20,8%). Quedas expressivas ocorreram em Estados onde o parque industrial é forte: Rio (-4%) e Minas (-4,7%). A indústria tem operado com tanta dificuldade que já começam a faltar produtos nas gôndolas dos supermercados, seja pelas difíceis negociações de preço entre produtores, atacadistas e varejistas, seja pelo impacto da desvalorização do real sobre os itens que dependem de insumos importados. A inflação, afinal, afeta crescentemente a produção. Itens que já apresentavam declínio, como gasolina, óleo diesel e derivados, poderão ser ainda mais atingidos com o impacto do reajuste de preços. 3

4 Vendas no varejo recuam 0,9% em agosto, a maior queda para o mês em 15 anos Segundo dados do IBGE, comércio varejista teve em agosto o sétimo mês seguido de queda; no ano, as vendas do varejo acumulam baixa de 3% e, em 12 meses, de 1,5% IDIANA TOMAZELLI - O ESTADO DE S. PAULO RIO - As vendas do comércio varejista caíram 0,9% em agosto ante julho, a maior queda para o mês desde 2000, quando a baixa foi de 1%. Com o resultado, as vendas registraram o sétimo mês seguido de queda, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse período de sete baixas, o setor acumulou uma perda de 6,4% A atividade está 8,9% abaixo do pico da série, observado em novembro de Uma sequência tão grande de quedas só foi vista entre janeiro e julho de Naquele período, porém, a perda acumulada foi menor, de 2,9%. Na comparação com agosto do ano passado, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram queda de 6,9% em agosto deste ano. Essa foi a pior redução para o mês de toda a série da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), iniciada em 2000 e com dados a partir de 2001 para este confronto. Até agosto, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 3% no ano e recuo de 1,5% nos últimos 12 meses. O resultado mensal coincide com o piso das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que esperavam desde uma queda de 0,30% até um recuo de 0,90%, com mediana negativa em 0,60%. 'Nos oito meses de 2015, dois anos de crescimento foram jogados fora' - economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada A queda de 3% no volume de vendas no acumulado do ano já fez o segmento retroceder a níveis de 2012, segundo o economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada. "Nos oito meses de 2015, dois anos de crescimento foram jogados fora", comentou. Na avaliação do especialista, o processo de reversão do crescimento do setor tem sido "muito forte em 2015" e deve se estender ao longo de "Até o ano que vem, vão ser de três a quatro anos de retrocesso em termos de volume de vendas para o varejo", disse ao comentar os resultados. 4

5 O resultado fraco irá impactar o desempenho da economia neste ano. A retração das vendas do varejo em agosto é compatível com uma queda do PIB perto de 1% no 3º trimestre, na margem, o que sugere que a economia vai recuar próximo de 3% no ano, comentou Rodrigo Melo, economista-chefe do Icatu Vanguarda. "Em 2015, o varejo restrito deve cair perto de 4% e o ampliado baixar ao redor de 8% em função de uma série de fatores, como inflação alta, perda de rendimento real dos trabalhadores e avanço do desemprego", comentou. Varejo ampliado. As vendas do varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, caíram 2% em agosto, o recuo mais intenso para o mês desde 2008, quando também houve retração de 2%. Esses dois resultados, por sua vez, são os piores da série, iniciada em Na comparação com agosto do ano passado, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram queda de 9,6%. A queda neste tipo de comparação foi a maior da série, que tem dados desde Até agosto, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 6,9% no ano e recuo de 5,2% nos últimos 12 meses. Vendas mais fracas. O IBGE revisou para baixo diversos números do varejo. O índice caiu 1,6% em julho, mais do que a queda de 1% apurada inicialmente. Além disso, o recuo de 0,5% junho ante maio foi revisado para uma queda de 0,6%, enquanto o resultado de maio ante abril foi modificado de -0,9% para -1%. Já no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, as vendas em julho ante junho foram revisadas para alta de 0,5%, ante aumento de 0,6% na leitura inicial. Em junho ante maio, a queda de 0,7% foi revisada para recuo de 1%. Setores. A queda nas vendas em agosto foi acompanhada por seis dos oito setores investigados pelo IBGE. O segmento de móveis e eletrodomésticos marcou um dos piores resultados do período, com recuo de 2% nas vendas. O setor de combustíveis e lubrificantes, por sua vez, registrou retração de 1,3% no volume de vendas em agosto ante julho. Também tiveram quedas os setores de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%), tecidos, vestuário e calçados (-1,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,2%). As únicas altas vieram de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,6%) e de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1%). Quando considerado o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, a queda teve como destaque a retração de 5,2% nas vendas de veículos no período. O setor de material de construção, por sua vez, registrou perda de 2,3%. (Fonte: Estado SP dia ). 5

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