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Transcrição:

ACÓRDÃO Nº 33 /03 Jul.8 1ªS/PL RECURSO ORDINÁRIO Nº 20/2003 (Processo nº 94/03) SUMÁRIO DO ACÓRDÃO 1. A fixação de critérios de avaliação da capacidade técnica, económica e financeira dos concorrentes mais exigentes que os decorrentes do Programa de Concurso Tipo, aprovado pela Portaria nº 104/2001, de 21 de Fevereiro só é admissível quando a empreitada posta a concurso apresente elevada complexidade técnica, especialização e dimensão; 2. Não pode qualificar-se como concurso o procedimento em que, ficando provada a simplicidade da empreitada, se fixaram critérios mais exigentes para a avaliação dos concorrentes que os aprovados pela Portaria citada. Lisboa, 8 de Julho de 2003.

ACÓRDÃO Nº. 33 /03 Jul.8 1ª S/PL RECURSO ORDINÁRIO Nº 20/2003 (Processo n.º 94/03) ACÓRDÃO 1. Em sessão de Subsecção da 1ª Secção de 25 de Março de 2003 foi aprovado o acórdão nº 36/2003-25.Mar-1ªS/SS que recusou o visto ao contrato da empreitada de Construção de Abrigos de Passageiros de Transportes Públicos celebrado entre a Câmara Municipal de Vila Verde (CMVV) e a empresa Sá Machado & Filhos, S.A. pelo valor de 392.781,40 acrescido de IVA. A recusa do visto, decidida ao abrigo da al. a) do nº 3 do artº 44º da Lei nº 98/97, de 26 de Agosto, teve por fundamento a fixação e utilização, na avaliação da capacidade económica e financeira dos concorrentes, de critérios mais exigentes do que os legalmente estabelecidos, só legalmente admissíveis quando a obra posta a concurso apresente elevada complexidade técnica, especialização e dimensão, o que não sucedia no caso dos autos. Foi ainda recusado o visto ao contrato por falta de cabimento orçamental em 2003, designadamente quanto a 90% do valor do contrato a suportar pela Direcção Geral dos Transportes Terrestes. 1

2. Não se conformando com o decidido, o Presidente da Câmara recorreu do mencionado acórdão pedindo a reapreciação do processo e a consequente concessão do visto. Em defesa do pretendido apresentou as alegações processadas de fls. 3 a 6 dos autos, que aqui se dão por reproduzidas e onde formulou as conclusões que se transcrevem: A obra consistente na empreitada sub judice reveste-se de elevada complexidade técnica, especialização e dimensão pelo que se justifica o procedimento adoptado pela Câmara Municipal de Vila Verde. A obra, conforme se alcança dos documentos ora juntos encontra-se garantida, no que concerne à assunção e pagamento dos encargos financeiros, e finalmente, O procedimento e consequente contrato não enfermam de nulidade, antes os mesmos se encontram conformes à Lei e ao Direito. Invocando o artº 649º do C.P.C. e porque entende que quando a matéria de facto suscite dificuldades de natureza técnica, cuja solução dependa de conhecimentos especiais que o Tribunal não possua, pode o Magistrado / competente requisitar esses pareceres técnicos, junta, para justificar o pedido um documento do Departamento Municipal Técnico da autarquia, datado de 9 de Abril de 2003 e assinado por um Engenheiro e um Arquitecto (processado a fls. 11 e 12 doas autos), onde, a propósito e com interesse para o tema decidendo, se escreveu: foi a construção dos abrigos estudada com muito detalhe, introduzindo-se pormenores construtivos de execução muito complexa e especializada, (esterometria do desenho das várias peças, encaixes dos vários elementos préfabricados, tratamento das juntas, remates dos materiais e garantia de uniformidade do fornecimento dos vários abrigos) que justificam uma selecção rigorosa do concorrente a admitir, 2

Junta ainda nova informação de cabimento para a totalidade da despesa emergente, prestada sobre o orçamento da autarquia para o corrente ano. 3. Admitido o recurso foram os autos com vista ao Excelentíssimo Senhor Procurador- Geral Adjunto que requereu a emissão de um parecer por Técnico de Engenharia existente nos quadros deste Tribunal. Deferido o requerido, pronunciou-se o Engenheiro Assessor Principal do quadro deste Tribunal em detalhado parecer (processado de fls. 36 a 44 dos autos) onde, depois de analisar e caracterizar os trabalhos constantes do mapa de quantidades e da proposta do adjudicatário (demolições e regularizações de terreno; Betão armado; Alvenarias de tijolo, rebocos, areados e pinturas; Diversos; e Serralharia), conclui nos seguintes termos: Os trabalhos desta empreitada são correntes e não implicam condicionalismos técnicos especiais, pelo que, a obra em apreço não possui elevada complexidade técnica e especialização e não tem dimensão elevada pelo que, não se justificava a aplicação do disposto no ponto 19.5 do Programa do Concurso-tipo aprovado pela Portaria n 104/2001 de 21/2 (como excepção ao ponto 19.4), circunstância que conduziu, directa e necessariamente, à exclusão indevida de todos os candidatos que apresentaram propostas, com excepção de apenas um deles, a quem veio a ser adjudicada a realização da obra. 4. Voltando os autos ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral Adjunto, louvando-se no laudo pericial referido, emitiu douto parecer no sentido da improcedência do recurso e da manutenção da recusa do visto. 5. Corridos os demais vistos legais cumpre apreciar e decidir. 5.1. Os Factos No requerimento de interposição do recurso o recorrente confirma a matéria de facto dada como provada no acórdão recorrido. Importa, apesar disso, recordá-la: 3

Por aviso publicado no Diário da República, III série, de 6 de Agosto de 2002, a Câmara Municipal de Vila Verde (CMVV) abriu concurso público para a construção de 157 abrigos de passageiros de transportes públicos; No anúncio e no programa de concurso foram estabelecidos como critérios de avaliação da capacidade financeira, económica e técnica dos concorrentes, os seguintes: provar condições técnicas e económicas só serão admitidos os concorrentes que do ponto de vista técnico tenham executado e concluído, nos últimos três anos, pelo menos uma obra pública de edifícios cujo valor seja igual ou superior a 2/3 do valor da base do concurso ou então cinco obras públicas de edifícios de qualquer valor. Do ponto de vista económico terá que satisfazer quatro dos cinco seguintes requisitos mínimos: 1) Liquidez reduzida = 0.60; 2) Solvabilidade = 1.35; 3) Autofinanciamento = 0.20; 4) Meios libertos totais/activo líquido = 0.20; 5) Volume de negócios = 500 000 euros; Para a apreciação das propostas foram fixados os seguintes critérios: preço, com uma ponderação de 70%; e garantia de boa execução, com uma ponderação de 30%; Ao concurso apresentaram-se 9 concorrentes, tendo sido admitidos 7, com propostas de preço que variavam de 335.228,93 a 525.669,66 ; Na fase de avaliação dos concorrentes foram excluídos todos excepto o adjudicatário, único que, de acordo com os critérios acima transcritos, reunia condições para executar a empreitada, do ponto de vista económico e financeiro (cfr. ponto 1 do Relatório Sobre a Aptidão dos concorrentes ); A empreitada foi adjudicada ao concorrente único admitido, pelo preço de 392.781,40 Euros, com a seguinte justificação: O único critério de adjudicação foi o preço, sendo o valor da proposta inferior à base, pelo que a 4

obra deve ser adjudicada ao concorrente (cfr. Análise de Propostas, datada de 7 de Novembro de 2002) Ao contrato em causa foi recusado o visto em 25 de Março de 2003. 5.2. Apreciando. São duas as questões a decidir no presente recurso: (i) a prestação de cabimento e (ii) saber se a obra posta a concurso apresentava complexidade técnica e dimensão que permitisse a utilização de critérios mais rigorosos na avaliação da capacidade económica e financeira dos concorrentes do que os previstos nos pontos 19.3 e 19.4 do programa de concurso tipo aprovado pela Portaria nº 104/2001 de 21 de Fevereiro. (i) Quanto ao cabimento orçamental vem agora o recorrente prestar a devida informação para a totalidade da despesa pelo orçamento da autarquia de 2003. No processo inicial alegou a autarquia que 90% dos encargos resultantes do contrato eram suportados pela Direcção-geral dos Transportes Terrestres (DGTT), pelo que seria esta entidade a prestar a necessária informação de cabimento para aquele montante. No entanto, atento o disposto no nº 7 do Acordo de Colaboração Técnico- Financeiro outorgado entre a CMVV e a DGTT que prevê a transferência de verbas desta para aquela é de aceitar que a despesa esteja integralmente prevista no orçamento municipal, sendo, então, por este que a informação de cabimento deveria ser prestada, enquanto que as transferências provindas da DGTT, ainda que consignadas, fossem inscritas e contabilizadas como receitas da autarquia. Neste ponto mereceria provimento o recurso. (ii) Quanto à complexidade técnica e extensão da empreitada justificativa ou não da utilização dos critérios de avaliação da capacidade económica e financeira dos 5

concorrentes, tem razão o recorrente quando invoca o artº 649º do CPC e entende que a questão é estritamente técnica e deve ser decidida com recurso a conhecimentos específicos da área da engenharia. Foi por assim também entenderem o Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral Adjunto, que requereu, e o relator, que deferiu o requerido, que foi solicitado ao Assessor Principal Engenheiro do quadro deste Tribunal que sobre o assunto se pronunciasse. Pronunciou-se, como se transcreveu em 3., pela simplicidade técnico-construtiva e reduzida dimensão da empreitada em causa. Tal como o Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral Adjunto, louvamo-nos em tais conclusões. Assim, bem andou o acórdão recorrido ao considerar nulo o contrato já que ao fixarem-se critérios ilegais de avaliação da capacidade dos concorrentes não pode qualificar-se o procedimento adoptado como um verdadeiro concurso. Além de que, ao excluírem-se ilegalmente concorrentes que apresentaram propostas de valor inferior ao do adjudicatário, ficou em causa o resultado financeiro do contrato, o que também constitui fundamento para a recusa do visto [artº 44º, nº 3, al. c) da Lei nº 98/97, de 26 de Agosto] 6. Pelos fundamentos expostos, acorda-se em Plenário da 1ª Secção em negar provimento ao recurso, mantendo a recusa do visto ao contrato em questão. São devidos emolumentos [n.º 1, al. b) do artº 16 do Regime Jurídico dos Emolumentos do Tribunal de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 66/96, de 31 de Maio]. Diligências necessárias. Lisboa, 8 de Julho de 2003. (RELATOR: Cons. Pinto Almeida) 6

(Cons. Adelina Sá Carvalho) O Procurador-Geral Adjunto (Cons. Lídio de Magalhães) (Jorge Leal) 7