UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Departamento de Filosofia TÍTULO E SUBTÍTULO DO TRABALHO Nome do aluno: Número: Disciplina: - Professor: Data:
ÍNDICE:
Noções de metodologia As citações e as notas de rodapé Introdução É necessário distinguir a questão do método (methodos) ou dos métodos da filosofia, que constitui uma questão intrinsecamente filosófica, da metodologia requerida para a elaboração de um trabalho científico, incluindo o trabalho filosófico. Trata-se de um conjunto de regras, partilhadas pela comunidade científica, que dotam um texto (seja, um artigo de revista, um capítulo de uma obra colectiva, uma publicação independente, ou, no caso do estudante universitário, os diversos trabalhos temáticos) de um certo número de características formais. Embora não haja um modelo rígido, nem um modelo único, sendo mesmo praticadas e admitidas pequenas variantes note-se que muitas revistas filosóficas apresentam as suas próprias normas e impõem aos seus colaboradores a obediência estrita às mesmas, existem alguns critérios fundamentais que o estudante tem de conhecer e deve praticar nos seus trabalhos 1. Entre estas regras contam-se a identificação das obras (livros,...) a que nos queremos referir, bem como o uso ponderado das citações. A Citação A citação é um procedimento quase indispensável, uma vez que trabalhamos com textos e "sobre textos", num exercício de explicação-interpretação, que é, no fundo, uma forma de diálogo. Através da citação de frases ou pequenos excertos dos filósofos, estamos a dar-lhes a palavra, salientando as passagens mais relevantes, ao mesmo tempo que vamos também confirmando que a nossa interpretação é fiel ao seu pensamento. O número de citações não tem regra fixa. Depende sobretudo do critério da pertinência (não usar citações desajustadas), da necessidade (não usar citações desnecessárias) e do bom-senso. Devem ser identificadas como tal, isto é, separadas por aspas, para que não haja a menor confusão com o nosso texto. 1 Existem, em língua portuguesa, os seguintes livros dedicados à metodologia do trabalho filosófico: cf. FRAGATA, J., Noções de Metodologia para a Elaboração de um Trabalho Científico, Porto, Livraria Tavares Martins, 1973 [existe uma outra edição publicada pelas Edições Loyola de São Paulo, em 1981]; SILVEIRA DE BRITO, J. H., Introdução à Metodologia do Trabalho Científico, Braga, Universidade Católica de Braga, 2001. Muito útil para este tema, e de fácil acesso, é o livro de ECO, U., Como se faz uma tese em Ciências Humanas, Lisboa, Editorial Presença, 1980.
Exemplos de Citações Exemplo 1: As citações, como afirma Júlio Fragata, "são notas em que se apela para a autoridade de outros autores ou das fontes para ilustrar e, sobretudo, para documentar ou comprovar o texto" 2. Exemplo 2: A definição da Estética como disciplina da filosofia tem variado muito ao longo das épocas históricas. Já no nosso tempo, Allen Carlson oferece a seguinte definição: "A Estética é a área da filosofia que diz respeito à nossa apreciação das coisas na medida em que elas afectam os nossos sentidos, e especialmente na medida em que os afectam de uma maneira agradável." 3 Exemplo 3: A importância das citações num trabalho científico é reconhecida por todos os autores de livros sobre metodologia. José Silveira de Brito, entre outros, refere a este propósito: "Se é habitual apresentar em nota de rodapé as citações no original, as citações integradas no texto [...] devem ser escritas no idioma em que o trabalho está redigido. [...] Além disso, o esforço de tradução feito pelo autor do trabalho revelará também o domínio da matéria [...] e, por outro lado, o leitor terá uma mais fácil compreensão [os itálicos são nossos]." 4 Exemplo 4: O grande número de teorias sobre o valor estético da natureza que se têm desenvolvido nos últimos anos testemunham uma verdadeira "revolução" na atitude filosófica 5. Exemplo 5: As citações extensas devem ser destacadas em parágrafo com recuo, podendo ainda, usar-se uma formatação diferente 6. As citações são um elemento essencial do nosso trabalho, constituindo um apoio no exercício do comentário e um modo de dar voz aos autores e textos que estamos a analisar. Devemos citar sempre com o maior cuidado, transcrevendo fielmente os excertos, passagens e expressões. A propósito da fidelidade na citação, afirma Umberto Eco: 2 FRAGATA, J., op. cit., p. 94. 3 "Aesthetics is the area of philosophy that concerns our appreciation of things as they affect our senses, and especially as they affect them in a pleasant way." CARLSON, A., Aesthetics and The Environment, London and New York, Routledge, 2000, p. xvii. 4 SILVEIRA DE BRITO, J. H., Introdução à Metodologia do Trabalho Científico, p. 91. 5 Refira-se, entre os mais importantes: BERLEANT, A., Living in the Landscape. Towards an Aesthetics of Environment, Univ. Press of Kansas, 1997; BONESIO, L., Oltre il paesaggio. I luoghi tra estetica e geofilosofia. Casalecchio, Arianna Editrice, 2002. 6 Cf. SILVEIRA DE BRITO, J. H., Introdução à Metodologia do Trabalho Científico, p. 113.
"As citações devem ser fiéis. Em primeiro lugar, deve transcrever-se as palavras tal como estão (e, para tal, é sempre conveniente, após a redacção da tese, voltar a verificar as citações no original, pois ao copiá-las, à mão ou à máquina, podemos ter cometido erros ou omissões. Em segundo lugar, não se devem eliminar partes do texto sem que isso seja assinalado: esta sinalização de elipses faz-se mediante a inserção de reticências para a parte negligenciada. Em terceiro lugar, não se devem fazer interpolações e qualquer comentário, esclarecimento ou especificação nossos devem aparecer dentro de parênteses rectos ou em ângulo. De igual modo, os sublinhados que não são do autor, mas nossos, devem ser assinalados." 7 Exemplo 6: Na análise do texto em que Kant expõe a sua concepção do ensino da filosofia, o termo que maior dificuldade levanta à interpretação é o de Einsicht. Os tradutores não encontram uma tradução única para este termo, que tanto pode significar uma "perspectiva orientadora", como uma intuição ou visão de conjunto. Conclusão Como podemos ver, as citações são modo indispensáveis de fundamentar as nossas asserções acerca de um determinado assunto... 7 ECO, U., Como se faz uma tese em Ciências Humanas, 1980, p.157.
BIBLIOGRAFIA: Bibliografia Principal LOCKE, J., Ensaio sobre o Entendimento Humano, Eduardo Abranches de Soveral (trad./introd./notas), Gualter Cunha, Ana Luísa Amaral (rev.), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1999. Bibliografia Secundária O BRIEN, C., Edmund Bourke, Dublin/London, New Island Books, 1997. RUA, J.; NETO, H., Para ensinar geografia, Botafogo, ACCESS Editora, 1993. Bibliografia Instrumental MORAN, D., John Scottus Eriugena, in Stanford Encyclopedia of Philosophy. http://plato.stanford.edu/ entries/scottus-eriugena/. 05-11-2012.