COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Bruxelas, 6.3.2007 COM(2007) 91 final 2007/0035 (COD) Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO que altera a Directiva 78/855/CEE do Conselho relativa à fusão das sociedades anónimas e a Directiva 82/891/CEE do Conselho relativa às cisões de sociedades anónimas no que respeita à exigência de um relatório de peritos independentes aquando de uma fusão ou de uma cisão (apresentada pela Comissão) [SEC(2007) 298] [SEC(2007) 300] PT PT
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS 1. CONTEXTO DA PROPOSTA Justificação e objectivos da proposta Uma parte considerável da legislação comunitária foi concebida com o objectivo de corrigir desequilíbrios do mercado e garantir a igualdade de condições. Por vezes, estes objectivos só puderam ser alcançados através da imposição às empresas da obrigação de prestar informações e elaborar relatórios sobre a aplicação da legislação. Ao longo do tempo, alguns destes procedimentos tornaram-se desnecessariamente morosos ou obsoletos. Estes encargos administrativos desnecessários obstruem a actividade económica e têm um impacto negativo na competitividade das empresas europeias. A Comissão está empenhada em reduzir tanto quanto possível esses encargos desnecessários. Este compromisso inscreve-se na estratégia «Legislar melhor», assumindo uma importância vital em relação aos objectivos da Agenda de Lisboa em termos de crescimento e de emprego. Contexto geral Em 14 de Novembro de 2006, a Comissão apresentou uma análise estratégica do programa «Legislar melhor» na União Europeia [COM (2006) 689], que inclui uma proposta para redução de 25% dos encargos administrativos das empresas, objectivo que deverá ser alcançado até 2012. A seguir, foram apresentadas dez propostas concretas de «acções imediatas» no anexo III do Programa de Acção para a Redução dos Encargos Administrativos na União Europeia (COM (2007) 23), baseadas numa ampla consulta das partes interessadas e em sugestões de peritos dos Estados-Membros e da Comissão. As acções imediatas pretendem reduzir de forma significativa os encargos administrativos que pesam sobre as empresas, através de pequenas alterações legislativas, sem colocar em causa o nível de protecção ou o objectivo inicial da legislação. Uma destas propostas de «acção imediata» refere-se à Directiva 78/855/CEE do Conselho relativa à fusão das sociedades anónimas e à Directiva 82/891/CEE do Conselho relativa às cisões de sociedades anónimas. Constitui objectivo da presente proposta suprimir os encargos administrativos desnecessários para as empresas, conferindo aos accionistas que o pretenderem a possibilidade de renunciar directamente 1 ao relatório escrito de peritos sobre o projecto de fusão ou de cisão. Deste modo, as duas directivas passariam a ser conformes com as actuais exigências da décima directiva relativa ao direito das sociedades (Directiva 2005/56/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Outubro de 2005, relativa às fusões transfronteiriças das sociedades de responsabilidade limitada). 1 Nos termos da Directiva 82/891/CEE do Conselho em vigor, os Estados-Membros podem permitir que os accionistas renunciem ao relatório de peritos sobre o projecto de cisão. PT 2 PT
Disposições em vigor no domínio da proposta As disposições em vigor que a presente proposta pretende alterar são os artigos 9. e 11. da Directiva 78/855/CEE do Conselho relativa à fusão das sociedades anónimas e os artigos 8. e 9. da Directiva 82/891/CEE do Conselho relativa às cisões de sociedades anónimas. 2. CONSULTA DAS PARTES INTERESSADAS E AVALIAÇÃO DO IMPACTO Consulta das partes interessadas Métodos de consulta No programa de acção de 24 de Janeiro de 2007, a Comissão apresentou dez propostas concretas de «acção imediata». Estas propostas basearam-se em consultas de peritos e, em particular, num projecto piloto que compara as quantificações dos encargos administrativos em 2006 na República Checa, na Dinamarca, nos Países Baixos e Reino Unido. Uma destas acções imediatas incide sobre o direito das sociedades e propõe a simplificação das exigências respeitantes aos relatórios escritos a accionistas em caso de fusão e de cisão. As Directivas 78/855/CEE e 82/891/CEE do Conselho determinam que a sociedade deve apresentar um relatório elaborado por peritos sobre o projecto de fusão ou de cisão. A Directiva 82/891/CEE do Conselho permite que os Estados-Membros não apliquem estas disposições se todos os accionistas e os portadores de outros títulos que confiram direito de voto das sociedades a isso tiverem renunciado. No seguimento de uma indicação de alguns Estados-Membros, foi consultado o grupo consultivo da Comissão em matéria de governo e de direito das sociedades. Síntese das respostas As consultas do grupo consultivo da Comissão em matéria de governo e de direito das sociedades confirmaram ser excessiva a exigência da Directiva 78/855/CEE do Conselho quanto ao relatório de peritos sobre o projecto de fusão. Como já foi reconhecido no contexto da adopção da Directiva 2005/56/CE, esta exigência torna-se uma formalidade desnecessária sempre que os accionistas de todas as sociedades envolvidas na fusão não considerarem necessário o mencionado relatório. Além disso, a Comissão recebeu respostas positivas à apresentação do seu programa de acção, incluindo a proposta de acção imediata no âmbito do direito das sociedades. Algumas respostas manifestaram preocupação sobre a transparência e a protecção dos accionistas. Esta preocupação foi tida em consideração na presente proposta. Parece, pois, adequado alinhar as disposições das Directivas78/855/CEE e 82/891/CEE do Conselho com a isenção prevista pela Directiva 2005/56/CE. Avaliação de impacto A avaliação de impacto considerou três opções políticas: Opção 1 Opção 2 Política inalterada. Supressão das exigências, salvo pedido em contrário dos accionistas. PT 3 PT
Opção 3 necessárias. Supressão das exigências, se todos os accionistas concordarem que não são A opção 3 é a solução privilegiada, dado consagrar um nível satisfatório de transparência e a protecção dos accionistas e, simultaneamente, contribuir para o objectivo da redução dos encargos administrativos das sociedades. 3. ELEMENTOS JURÍDICOS DA PROPOSTA Síntese da acção proposta Propõe-se o alinhamento das disposições das Directivas 78/855/CEE e 82/891/CEE do Conselho no que se refere ao relatório de peritos sobre o projecto de fusão ou de cisão com a correspondente regra do artigo 8. da Directiva 2005/56/CE. Base jurídica O artigo 44. do Tratado CE constitui a base jurídica para fundamentar uma acção da Comunidade nesta área. Princípio da subsidiariedade As acções levadas a cabo pelos Estados-Membros não seriam suficientes para a redução dos encargos administrativos nesta área, dado as exigências em matéria de informação relativas às fusões e cisões de sociedades anónimas terem sido impostas por directivas comunitárias. A acção da UE permitirá que todas as futuras fusões e cisões de sociedades anónimas na Europa possam beneficiar desta redução de encargos administrativos. A proposta satisfaz, assim, o princípio da subsidiariedade. Princípio da proporcionalidade Ao propor a alteração dos artigos relevantes das Directivas 78/855/CEE e 82/891/CEE do Conselho através de uma directiva, os Estados-Membros conservam a margem de manobra suficiente para transpor a directiva e alcançar o resultado exigido da forma que considerarem mais apropriada e que melhor se adeqúe à respectiva ordem jurídica. A presente proposta permite minimizar os encargos administrativos que pesam sobre os operadores económicos em caso de fusão e de cisão de sociedades anónimas. Escolha dos instrumentos Instrumentos propostos: Directiva O objectivo de reduzir os encargos administrativos decorrentes das exigências em matéria de informação impostas pelas Directivas 78/855/CEE e 82/891/CEE do Conselho só pode ser alcançado através da alteração destas directivas por um instrumento jurídico comunitário vinculativo do mesmo tipo e grau, ou seja, uma directiva. PT 4 PT
4. IMPLICAÇÕES ORÇAMENTAIS A proposta não tem qualquer incidência no orçamento comunitário. 5. INFORMAÇÕES ADICIONAIS Simplificação A proposta prevê a simplificação dos procedimentos administrativos para as entidades privadas. O procedimento administrativo que as sociedades anónimas deverão respeitar em caso de fusão e de cisão será simplificado, na medida em que algumas das obrigações em matéria de informação passarão a ser facultativas e deixarão de ser obrigatórias. Quadro de correspondência Os Estados-Membros devem comunicar à Comissão o texto das disposições nacionais de transposição da directiva, bem como um quadro de correspondência entre essas disposições e a presente directiva. PT 5 PT
2007/0035 (COD) Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO que altera a Directiva 78/855/CEE do Conselho relativa à fusão das sociedades anónimas e a Directiva 82/891/CEE do Conselho relativa às cisões de sociedades anónimas no que respeita à exigência de um relatório de peritos independentes aquando de uma fusão ou de uma cisão O PARLAMENTO EUROPEU E O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia, nomeadamente a alínea g) do n.º 2 do artigo 44.º, Tendo em conta a proposta da Comissão 2, Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social Europeu 3, Deliberando nos termos do artigo 251.º do Tratado 4, Considerando o seguinte: (1) As políticas comunitárias em prol de uma melhor legislação, designadamente a comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões: «Análise estratégica do programa "Legislar melhor" na União Europeia» 5, assim como a comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões: «Programa de Acção para a Redução dos Encargos Administrativos na União Europeia»6 insistem na importância da redução dos encargos administrativos impostos às empresas pela legislação vigente como um elemento crucial para melhorar a sua competitividade e alcançar os objectivos da Agenda de Lisboa. (2) A Directiva 2005/56/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Outubro de 2005, relativa às fusões transfronteiriças das sociedades de responsabilidade limitada7 determina que se pode prescindir da análise do projecto de fusão por peritos independentes, bem como do relatório resultante dessa análise, se todos os accionistas concordarem que este não é necessário. 2 3 4 5 6 7 JO C [ ], de [ ], p. [ ]. JO C [ ], de [ ], p. [ ]. JO C [ ], de [ ], p. [ ]. COM (2006) 689. COM (2007) 23. JO L 310 de 25.11.2005, p. 1. PT 6 PT
(3) A Directiva 78/855/CEE do Conselho8 não prevê nenhuma isenção semelhante e a Directiva 82/891/CEE do Conselho9 confere aos Estados-Membros a faculdade de consagrar esta possibilidade para o relatório de peritos sobre o projecto de cisão. (4) Não existem razões que justifiquem a exigência da referida análise por peritos independente se todos os accionistas concordarem que dela se pode prescindir. (5) As Directivas 78/855/CEE e 82/891/CEE devem, pois, ser alteradas em conformidade. ADOPTARAM A PRESENTE DIRECTIVA: Artigo 1.º A Directiva 78/855/CEE é alterada do seguinte modo: 1) No artigo 10.º, é aditado o seguinte n.º 4: «4. Não é exigida a análise do projecto de fusão nem é exigido um relatório de peritos se todos os accionistas e os portadores de outros títulos que confiram direito de voto das sociedades que participam na fusão a isso tiverem renunciado.» «2) No artigo 11.º, a alínea e) do n.º 1 passa a ter a seguinte redacção: «e) Quando aplicável, os relatórios mencionados no artigo 10.º» Artigo 2.º A Directiva 82/891/CEE é alterada do seguinte modo: «1) No artigo 9.º, a alínea e) do n.º 1 passa a ter a seguinte redacção: «e) Quando aplicável, os relatórios mencionados no artigo 8.º» 2) O artigo 10.º passa ter a seguinte redacção: «Artigo 10.º 1. Não é exigida a análise do projecto de cisão nem é exigido o relatório de peritos previsto no n.º 1 do artigo 8.º se todos os accionistas e os portadores de outros títulos que confiram direito de voto das sociedades que participam na cisão a isso tiverem renunciado. 2. Os Estados-Membros podem permitir que não se aplique o disposto no artigo 7.º e no n.º 1, alíneas c) e d) do artigo 9.º, se todos os accionistas e os portadores de outros títulos que confiram direito de voto das sociedades que participam na cisão a isso tiverem renunciado.» 8 9 JO L 295 de 20.10.1978, p. 36. Directiva com a última redacção que lhe foi dada pela Directiva 2006/99/CE do Conselho (JO L 363 de 20.12.2006, p. 37). JO L 378 de 31.12.1982, p. 47. PT 7 PT
Artigo 3.º Transposição 1. Os Estados-Membros devem pôr em vigor as disposições legislativas, regulamentares e administrativas necessárias para dar cumprimento à presente directiva, até 31 de Julho de 2008. Os Estados-Membros comunicam imediatamente à Comissão o texto das referidas disposições, bem como um quadro de correspondência entre essas disposições e a presente directiva. As disposições adoptadas pelos Estados-Membros devem incluir uma referência à presente directiva ou ser acompanhadas dessa referência na sua publicação oficial. As modalidades da referência são estabelecidas pelos Estados-Membros. 2. Os Estados-Membros comunicam à Comissão o texto das principais disposições de direito nacional que adoptarem no domínio abrangido pela presente directiva. Artigo 4.º A presente directiva entra em vigor no [...] dia seguinte ao da sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia. Artigo 5.º Os Estados-Membros são os destinatários da presente directiva. Feito em Bruxelas, em Pelo Parlamento Europeu O Presidente Pelo Conselho O Presidente PT 8 PT