Plano de Ensino. 5. Citação. Modalidades. Efeitos da citação. (Arts. 238 a 259)

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Transcrição:

Plano de Ensino 5. Citação. Modalidades. Efeitos da citação. (Arts. 238 a 259) 1

Noções Introdutórias Como já aprendemos o processo se desenvolve sob os princípios da publicidade e do contraditório. Exatamente por isso existe um sistema de comunicação dos atos processuais, pelo qual o juízo põe os interessados a par de tudo o que ocorre no processo e os convoca a praticar, nos prazos devidos, os atos que lhes compete. (Humberto, 380) Com efeito, o sistema vigente estabelece como ato de comunicação processual entre os interessados a citação e a intimação. A primeira, é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. (Art. 238) A segunda, é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. (Art. 269) De uma forma simples é possível dizer que a comunicação processual pode se dar por órgão judiciais, o escrivão (art. 274) e o oficial de Justiça (arts. 249 e 275), ou por órgãos estranhos ao juízo, o Correio (art. 247) e a imprensa (art. 272). A limitação da autoridade do juiz (competência) reclama cooperação entre os órgãos judiciais. A comunicação processual entre tais órgãos se dá por carta à autoridade judiciária competente. (art. 236, 1º) 2

Citação Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. (conceito) Doutrina: Até nos procedimentos de jurisdição voluntária, quando envolverem interesses de terceiros, tornam obrigatória a citação (art. 721) (Humberto, 389). Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. Doutrina: Até nos procedimentos de jurisdição voluntária, quando envolverem interesses de terceiros, tornam obrigatória a citação (art. 721) (Humberto, 389). Doutrina: Para a validade não basta a citação, reclama-se citação válida, pois o Código fulmina de nulidade expressa as citações e as intimações quando feitas sem observância das prescrições legais (art. 280) (Humberto, 389). A nulidade é insanável, impedindo a sentença de fazer coisa julgada. Em qualquer época, independentemente de ação rescisória, será lícito ao réu arguir a nulidade de semelhante decisório (arts. 525, 1º, I, e 535, I) (Humberto, 389). 3

Citação (Art. 239) 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. Doutrina: Assim, com o comparecimento já está suprido o defeito doato citatório, começando de imediato o prazo para produzir contestação ou embargos. (...) O Código atual é implacável: comparecendo o réu, depois de uma citação nula, terá de produzir logo sua defesa, sob pena de, ultrapassado o prazo para tanto, ser havido como revel, nada obstante a nulidade ocorrida no ato citatório (Humberto, 390). Importante: E se a alegação for feita perante o tribunal? Na situação aventada, só restará ao tribunal, ao reconhecer a invalidade da citação, anular todos os atos do processo posteriores à petição inicial. Terá, então, que o fazê-lo, reabrindo o prazo de contestação ou embargos para ensejar ao demandado a oportunidade de defesa de mérito. O prazo para tanto, como é óbvio, não poderia ser contado do comparecimento aos autos, mas somente depois de seu retorno ao juízo da causa (Humberto, 390). 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito terá seguimento. 4

Citação Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Litispendência: define relação processual na lide, impedindo que o mesmo litígio seja discutido entre as partes, em outro processo, enquanto não se extinguir o feito pendente. O objetivo é: (a) evitar o esperdício de energia jurisdicional que derivaria do trato da mesma causa por parte de vários juízes; e (b) impedir o inconveniente de eventuais pronunciamentos judiciários divergentes a respeito de uma mesma controvérsia jurídica (Humberto, 402) Litigiosidade: o bem jurídico disputado pelas as partes se torna imutável, vinculado à causa, assim, não é permitido aos litigantes alterá-lo, sob pena de cometer atentado (Humberto, 403) (vide art. 77, VI) Mora: a citação é o efeito material para situações que reclamam a constituição em mora. Caso o réu já estivesse em mora quando da propositura da ação, visto que já se achava ela anteriormente configurada, por qualquer razão de direito, o efeito da citação será apenas o de interromper a prescrição cujo curso se iniciara desde o momento, anterior ao processo, em que o demandado havia incorrido em mora (Humberto, 404) 5

Citação (Art. 240) 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no 1º. Importante: Fazer a interpretação em harmonia com o Código Civil, seu art. 202 e respectivos incisos. Afinal, o Código Civil somente permite a interrupção da prescrição uma única vez (Humberto, 405). 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. Doutrina: Porém, se a citação, por fato imputável à parte, realizar-se além dos 10 dias não terá efeito retroativo, isto é, não se haverá a prescrição como interrompida na data da propositura da ação, mas apenas na data em que se ultimou a diligência, se ainda for possível (Humberto, 406). 4º O efeito retroativo a que se refere o 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.

Citação Art. 241. Transitada em julgado a sentença de mérito proferida em favor do réu antes da citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento. Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou doprocurador do réu, doexecutado oudointeressado. 1º Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. Importante: Essa citação é excepcional, pois é válida mesmo que inexistam poderes específicos outorgados para recebimento da citação. Há, porém, requisitos: (a) tenha a ação se originado de atos praticados pelos referidos gestores; e (b) esteja o citando ausente, (...) a ausência prolongada e indefinida, maliciosa ou não, que torna embaraçosa a citação pessoal (Humberto, 391). 7

Citação (Art. 242) 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o locador em juízo. Importante: Essa citação também é excepcional, pois é válida mesmo que inexistam poderes específicos outorgados para recebimento da citação. Há, porém, requisitos: (a) o locador deve estar ausente do país; e (b) não deve ter cientificado o inquilino da existência de procurador na localidade do imóvel, com poderes especiais para receber a citação. (Humberto, 391). 3º A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. Importante: Nem todos os Municípios têm órgãos de representação judicial, daí a regra prevista no art. 75, III, autorizar a representação pelo prefeito. Assim, a interpretação desta norma reclama harmonia com o art. 75, III, autorizando a citação na pessoa do prefeito, para Municípios sem procuradoria. 8

Citação Art. 243. A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. A citação poderá ocorrer na sua residência, no seu local de trabalho, ou qualquer outro lugar, observadas as restrições do art. 244. Assim, não se dará no templo, durante o culto religioso (I), ou na festa ou hotel, até o transcurso dos três primeiros dias seguintes ao casamento (III), ou no hospital, enquanto for grave o estado do citando (IV). Parágrafo único. O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado. Importante: O militar deverá ser citado em sua residência. Não confundir a hipótese subsidiária da lei. O que a lei quer, portanto, é que a citação do militar seja normalmente efetivada em seu endereço domiciliar. Só depois de frustrada esta é que a diligência será realizada na unidade em que servir. (Humberto, 392) 9

Citação Impedimentos Factuais Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. Algumas circunstâncias factuais impedem momentaneamente a citação. Assim, não havendo risco de perecimento de direito, veda-se a citação. Superado o impedimento, a citação poderá ser feita normalmente. Duas observações importantes: A restrição legal refere-se apenas à pessoa do citando, de modo que, se ele dispuser de procurador com poderes adequados, poderá este ser citado. (Humberto, 393) Também, para evitar perecimento de direito, pode o juiz autorizar a citação pessoal do citando. (Humberto, 393) Exemplo: casos de prescrição ou decadência iminentes 10

Citação - Impedimentos Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. 1º O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência. Concretamente: Devolverá o mandado com a certidão descrevendo minuciosamente o ocorrido, com a declaração médica do 3º, para que o juiz tome as providências seguintes. 2º Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. 3º Dispensa-se a nomeação de que trata o 2º se pessoa da família apresentar declaração do médico do citando que ateste a incapacidade deste. 4º Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei (CC, art. 1.775) e restringindo a nomeação à causa. 5º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando. Importante: Os poderes de representação serão restritos à causa pendente e o curador se incumbirá da defesa dos interesses do citando. Se for advogado, poderá ele mesmo produzir a defesa processual. Não sendo, constituirá profissional legalmente habilitado para atuar em juízo em nome do curatelado. (Humberto, 391) 11

Citação - Espécies [art. 246] Art. 246. A citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. (Lei 11.419/2006, arts. 5º e 6º) 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. 2º O disposto no 1º aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da administração indireta. Doutrina: A citação pelo correio é a regra geral a ser observada no processo civil. As demais são exceções e dependem de certos requisitos expressamente preconizados pelo Código. Porém, nos termos dos 1º e 2º, a citação das pessoas jurídicas lá mencionadas será, preferencialmente, por meio eletrônico. (Humberto, 394)

Citação pelo Correio (Art. 246) 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada. Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto: I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, 3º; (Art. 695. 3o A citação será feita na pessoa do réu) II - quando o citando for incapaz; III - quando o citando for pessoa de direito público; IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. A opção, porém, não é livre, já que o autor terá de justificar sua preferência por outra modalidade citatória, que não a postal. (Humberto, 395)

Citação pelo Correio Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório. Importante: O CPC não faz menção à necessidade de advertência acerca da revelia. Mas a interpretação sistemática indica a obrigatoriedade deste conteúdo na carta citatória, considerando os requisitos previstos do art. 250 ( 3º, adiante). 1º A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Importante: É forma de citação real, posto que depende de efetiva entrega da correspondência ao citando (Humberto, 397). O carteiro identificará e entregará a carta pessoalmente ao citando. 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências. Polêmica: Pelo CPC a entrega da carta não pode ser a qualquer empregado, mas, apenas àqueles responsáveis pelo recebimento de correspondência (Humberto, 397). Pelo STJ a citação postal é válida se realizada no endereço da ré, mesmo que o aviso de recebimento tivesse sido firmado por simples empregado.

Art. 248. Citação pelo Correio 3º Da carta de citação no processo de conhecimento constarão os requisitos do art. 250. Repetindo: Esse dispositivo torna obrigatória a advertência acerca da revelia: Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá:... II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia (...). 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente. Importante: Ao relembrarmos o estudo dos prazos (ano passado) sabemos que o prazo para resposta do citando começa a fluir a partir da juntada do aviso de recepção aos autos (art. 231, I). A citação, postal ou por mandado, configura ato processual complexo, que só se perfaz com a juntada. 15

Citação por Oficial de Justiça Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. Importante: O carteiro não dispõe de fé pública para certificar a entrega ou a recusa, assim, se o destinatário se negar a assinar o recibo, a citação postal restará inválida. Surgirá a hipótese da lei, com a participação do oficial de justiça. Art. 250. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências; II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da ordem, se houver; IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela provisória; VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.

Citação por Oficial de Justiça Art. 251. Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o encontrar, citá-lo: I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando não a apôs no mandado. (...) Doutrina: A citação reclama o mandado, documento que o legitima a praticar a citação, que, por sua vez, depende sempre de prévio despacho do juiz (Humberto, 395), que será devolvido ao cartório, com a certidão da diligência. A certidão é parte integrante do ato citatório, de modo que seus defeitos contaminam toda a citação. (Humberto, 395) Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. Exceção: Afinal, o oficial de justiça exerce seu ofício dentro dos limites territoriais 17 da comarca em que se acha lotado.

Citação Real e Citação Ficta Para prosseguirmos no estudo da citação é importante compreender a diferença entre a citação em real e ficta ou presumida. Para a doutrina citação real é aquela feita pessoalmente ao réu ou a quem o represente, e gera os efeitos da revelia, caso o réu não apresente a sua contestação dentro do prazo fixado. Por sua vez, na citação ficta presume-se que o réu tomou conhecimento dos termos da ação em razão de não ocorrer a forma pessoal. A citação real se dá por correio, por oficial de justiça ou pelo escrivão. A citação ficta se dá por edital ou por oficial de justiça com hora certa. Importante: O que vale para a citação vale também para as outras formas de comunicação. Assim, a comunicação do ato processual pode ser real ou presumida (ficta). É real quando a ciência é dada diretamente à pessoa do interessado; presumida, quando feita através de um órgão ou um terceiro que se presume faça chegar a ocorrência ao conhecimento do interessado. São reais as intimações feitas pelo escrivão ou pelo oficial de Justiça, bem como as efetuadas por meio de correspondência postal; e presumidas as feitas por edital ou com hora certa e, ainda, pela imprensa. (Humberto, 381) 18

Citação com Hora Certa Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Importante: são dois requisitos: (a) o oficial terá de procurar o citando em seu domicílio ou residência (a procura em outros lugares não autoriza essa forma excepcional de citação) (Humberto, 396), por duas vezes, sem localizá-lo (requisito objetivo); e (b) deverá ocorrer suspeita de ocultação (requisito subjetivo). O oficial deve indicar expressamente os fatos evidenciadores da ocultação maliciosa do citando. (Humberto, 396) Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. Jurisprudência: é possível a intimação de porteiro em edifício residencial RSTJ 187/417

Citação com Hora Certa Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. Doutrina: Há atribuição subjetiva ao oficial que diante das razões da ausência, não as considerando justas, dará por feita a citação. (Humberto, 396) [Divirjo]. 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado. (...)

Citação com Hora Certa Art. 253. 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. Doutrina: Na certidão deve constar: (a) dias e horas em que procurou o citando; (b) local em que se deu a procura; (c) motivos que o levaram à suspeita de ocultação intencional; (d) nome da pessoa com quem deixou o aviso de dia e hora para a citação; (e) retorno ao local para a citação, no momento aprazado, e motivos que o convenceram da ocultação maliciosa do citando, por ocasião da nova visita; (f) resolução de dar por feita a citação; (g) nome da pessoa a quem se fez a entrega da contrafé. (Humberto, 396) 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia. Embora a nomeação de curador especial à parte, caso incorra em revelia, decorra da lei (art. 72, II), o oficial de justiça fará constar da certidão de cumprimento do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia.

Citação com Hora Certa Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. Importante: Essa comunicação é obrigatória, mas não integra os atos de solenidade da citação, tanto que o prazo de contestação começa a fluir da juntada do mandado e não do comprovante de recepção da correspondência do escrivão (art. 231, II e 4º). Trata-se, na verdade, de reforço das cautelas impostas ao oficial de justiça e que tendem a diminuir o risco de que a ocorrência não chegue ao efetivo conhecimento do réu. (Humberto, 396) Como já destacamos, esse tipo de citação não depende do conhecimento real do citando, pois o Código a trata como forma de citação ficta e presumida. Há polêmica quanto à nulidade decorrente do não envio. Pela nulidade: STJ, 3ª T., REsp 687.115/GO; RT 551/216. Pela mera irregularidade: JTA-CivSP 70/26. Art. 255 (comentado conjuntamente com o art. 251)

Citação por Edital Art. 256. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto o citando; Doutrina: Ocorre naqueles casos em que se devem convocar terceiros eventualmente interessados, sem que se possa precisar de quem se trata, com exatidão (usucapião, falência, insolvência etc.) (Humberto, 398) II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. Exemplo: na recuperação judicial (Lei 11.101/2005, art. 52, 1º), na falência (Lei 11.101/2005, art. 99, parágrafo único) e na insolvência (art. 1.052), entre outros. 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. (...) 23

Citação por Edital (Art. 256) 3º O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. Art. 257. São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; (art. 256) Doutrina: são circunstâncias autorizadoras o desconhecimento do citando, de seu paradeiro, ou inacessibilidade do local onde se acha (Humberto, 398). II - a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos; Importante: não há mais a obrigatoriedade de publicação uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes emjornal local. A publicação normal é sempre feita pelos meios eletrônicos e, quando conveniente a publicação pela imprensa, caberá ao juiz determinar o órgão e a frequência da divulgação. (Humberto, 398) (...) 24

Citação por Edital [Art. 257. São requisitos da citação por edital:] III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira; IV - a advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia. Doutrina: Por se tratar de citação ficta, quando o citado por edital deixa de comparecer e contestar a ação, o juiz nomeia-lhe curador especial para acompanhar o processo em seu nome e defender seus interesses na causa (arts. 72, II, e 257, IV). (Humberto, 398) Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias. 25

Citação por Edital Art. 258. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo. Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando. Importante: Ao autor incumbe a alegação dos pressupostos que autorizam a citação por edital. Assim, se agir maliciosamente, fazendo afirmação falsa, além de ser nula a citação (NCPC, art. 280), incorrerá o autor em multa (...).(Humberto, 400) Art. 259. Serão publicados editais: I - na ação de usucapião de imóvel; II - na ação de recuperação ou substituição de título ao portador; III - em qualquer ação em que seja necessária, por determinação legal, a provocação, para participação no processo, de interessados incertos ou desconhecidos. Doutrina: Há casos em que a própria natureza da demanda envolve a possibilidade de interesses múltiplos de terceiros, nem sempre conhecidos ou determináveis de antemão. Em processos da espécie (...), determina a lei que sejam expedidos editais para convocar eventuais interessados. (Humberto, 398) 26

Citação por Meio Eletrônico Quando os Órgãos do Poder Judiciário tiverem implantado sistema adequado para viabilizar os atos processuais por meios eletrônicos, as citações poderão realizar-se por seu intermédio, nos processos civis, inclusive perante a Fazenda Pública (Lei 11.419/2006, art. 6º). A validade do ato citatório eletrônico, no entanto, dependerá de duas exigências legais: (a) ser feita sob as formas e cautelas traçadas pelo art. 5º para as intimações; e (b) a íntegra dos autos deve ficar acessível ao citando (art. 6º). Não são quaisquer citandos que poderão receber a citação eletrônica, mas apenas aqueles que anteriormente já se achem cadastrados no Poder Judiciário para esse tipo de comunicação processual. E de maneira alguma o uso da informática pode comprometer a defesa do citado. É obrigatório que, além da mensagem eletrônica, todos os elementos dos autos estejam realmente ao alcance do exame do citado. Ainda estamos na fase experimental dessa modalidade de citação. 27

FIM DA APRESENTAÇÃO