ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO OLEOSO DE PETRÓLEO COMO FÍLER EM MISTURAS ASFÁLTICAS

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Transcrição:

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO OLEOSO DE PETRÓLEO COMO FÍLER EM MISTURAS ASFÁLTICAS Walter Rubens Ribeiro Feitosa Batista 1 ; Letícia Maria Macêdo de Azevedo 2 ; Camila Gonçalves Luz Nunes 3 ; Ana Maria Gonçalves Duarte Mendonça 4 1 Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia de Civil walter_rubens1@hotmail.com 2 Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia Civil leticia_azevedo@hotmail.com 3 Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia Civil camilanunes.engcivil@hotmail.com 4 Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia de Civil ana.duartemendoca@gmail.com RESUMO Atualmente, um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta é os impactos ambientais, haja vista que esse assunto vem sendo abordado por diversos países no intuito de desenvolver técnicas para redução desses impactos sem prejudicar o crescimento, ou seja, desenvolvimento sustentável. Com o aumento populacional surgiu à problemática da geração de resíduos, isso ocorre devido a constante busca humana em suprir suas necessidades. O impacto ambiental causado pela deposição de resíduo no meio ambiente em locais indevidos, ou seja, sem o tratamento prévio e em ambientes impróprios para deposição, é incalculável. Um dos produtos mais utilizados nos dias de hoje, tanto para geração de energia, como matéria-prima dos mais diversos produtos, é o Petróleo. Porém, a contaminação do meio ambiente gerado nas diversas fases da sua cadeia produtiva e seus derivados, é um problema de esfera global. Dessa forma, para viabilizar a utilização desse material, várias pesquisas estão sendo desenvolvidas, visando diminuir os impactos ambientais e agregar valor econômico ao resíduo. Esta pesquisa tem por objetivo determinar o comportamento físico e mecânico de misturas asfálticas aditivadas com resíduo oleoso de petróleo atuando como fíler. No processo de caracterização foram analisados a granulometria e a massa específica para determinar o comportamento físico das misturas após a modificação. E realizou-se o ensaio de Lottman modificado. observando-se a variação do teor de resíduo na mistura, conclui-se que a mistura com o teor de 4% de resíduo é a que melhor se comporta em relação aos limites de RRT, Vv e RBV. Podese considerar para esses materiais a mistura com 5,3% de CAP e 4% de resíduo foi a que apresentou melhores resultados. Palavras Chave: Impacto ambiental, Resíduo Oleoso, Comportamento Físico, Misturas Asfálticas. 1. INTRODUÇÃO Atualmente, um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta é os impactos ambientais, haja vista que esse assunto vem sendo abordado por diversos países no intuito de desenvolver técnicas para redução desses

impactos sem prejudicar o crescimento, ou seja, desenvolvimento sustentável. Com o aumento populacional surgiu à problemática da geração de resíduos, isso ocorre devido a constante busca humana em suprir suas necessidades. O impacto ambiental causado pela deposição de resíduo no meio ambiente em locais indevidos, ou seja, sem o tratamento prévio e em ambientes impróprios para deposição, é incalculável. O asfalto é uma mistura de hidrocarbonetos derivados do petróleo, cujo principal componente é o betume. Sua extração pode ser feita na natureza em lagos natural, ou através do processamento do petróleo. São comumente utilizados em serviços de impermeabilização e juntamente com agregados para a produção de misturas asfálticas. De acordo com a ABNT NBR 7208/90 o asfalto é definido como um material sólido ou semi-sólido, de cor entre preta e pardo escura, que ocorrem na natureza ou é obtido pela destilação do petróleo, diminuem a viscosidade com o aumento da temperatura, no qual os constituintes predominantes são os betumes e que apresentam características apropriadas à pavimentação. O uso do asfalto em pavimentação é um dos mais importantes entre todas as suas aplicações, e isso se deve ao fato de ser um material aglomerante resistente, com grande adesividade, proporcionando forte união dos agregados e permitindo flexibilidade controlável, é impermeável, durável e resiste à ação da maioria dos ácidos, álcalis e sais, podendo ainda ser utilizado com ou sem aditivos. Caracteriza-se como uma substância com propriedades reológicas, cujo comportamento físico varia com a temperatura. No Brasil, o asfalto é conhecido pela denominação CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) e é definido como um produto semisólido a temperaturas baixas, viscoelástico à temperatura ambiente (25 C) e líquido a altas temperaturas [BERNUCCI et al., 2006]. É um 6 aglutinante betuminoso obtido pela refinação do petróleo, de acordo com métodos adequados, de maneira a apresentar as qualidades necessárias para a utilização em construções de pavimentos asfálticos [TEIXEIRA et al., 2000]. Segundo Environmental Protection Agency [EPA, 2000] configuram-se como resíduo oleoso a areia oleosa produzida, as borras de separadores, a parafina, a areia/detritos de fundo, os solos contaminados, e os lodos de separadores. Esse resíduo por não possuir valor econômico e também utilização como matéria-prima é disposto na maioria das vezes em locais impróprios.

O resíduo oleoso é classificado por Santos [2010] como Resíduo Classe I, ou seja, tóxico e perigoso. Devido à escassez de processos que viabilize a utilização desses resíduos, na maioria das vezes, eles se tornam um problema para as indústrias de petróleo, por seu alto volume de geração e as consequentes dificuldades em seu condicionamento, armazenagem, transporte e destinação final. Vários trabalhos estão sendo desenvolvidos com intuito de dar uma destinação ambientalmente adequada aos resíduos gerados nas atividades de Exploração e Produção de Petróleo [ARIDE, 2003]. O processo de reaproveitamento de um determinado tipo de resíduo está associado ao valor econômico de mercado agregado ao material e o seu reaproveitamento se tornará viável caso resulte em um produto mais barato ou se for mais econômico recuperar que transportar e tratar, ou dispor adequadamente. O que ressalta a importância de estudos sistemáticos visando seu reaproveitamento de forma economicamente viável e ecologicamente correta [MENEZES et al., 2005]. Esta pesquisa tem por determinar o comportamento físico e mecânico de misturas asfálticas aditivadas com resíduo oleoso de petróleo atuando como fíler. No processo de caracterização foram analisados com relação a granulometria e massa específica para determinar o comportamento físico das misturas após a modificação. 2. METODOLOGIA 2.1. Materiais Os materiais utilizados na mistura asfáltica da pesquisa foram cimento asfáltico de petróleo (CAP), brita # 19,0mm, brita # 9,5mm, pó de pedra e resíduo oleoso de petróleo. - Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP): CAP 50/70 fornecido pela PETROBRÁS (comumente utilizado na região Nordeste do Brasil). - Brita 19,0mm: brita granítica graduada, com diâmetro máximo de 19,0mm, oriunda de jazida localizada na região de Campina Grande, Paraíba. - Brita 9,5mm: também chamada de cascalhinho, possui diâmetro máximo de 9,5 mm e mesma origem da brita #19,0mm. - Pó de Pedra: Pó resultante das sobras da britagem de pedras maiores, de granulometria pequena, com diâmetro máximo de 4,8mm. Na mistura participa como agregado miúdo e provém da mesma jazida das britas. - Resíduo Oleoso de E&P de petróleo- RO: Cascalho de perfuração oriundo das

atividades de Exploração & Produção de petróleo no município de São Sebastião do Passé, unidade de Taquipe da Petrobrás no estado da Bahia. O resíduo passa por um processo de retirada das partes tóxicas e trituração até adquirir consistência pulverulenta com diâmetros máximos inferiores a 0,075mm atuando como fíler na mistura. 2.2. Métodos Os ensaios de caracterização dos componentes da mistura foram análise granulométrica e massa específica. 2.2.1. Análise Granulométrica A determinação da distribuição granulométrica dos agregados é importante para se obter uma boa dosagem da mistura asfáltica destinada a pavimentação. Segundo BERNUCCI (2010), a distribuição granulométrica dos agregados é determinada usualmente por meio da análise por peneiramento, nessa análise uma amostra seca do material é fracionada através de uma série de peneiras com aberturas de malha progressivamente menores. Uma vez que a massa da fração de partículas retida em cada peneira é determinada e comparada com a massa total da amostra, a distribuição é expressa como porcentagem em massa em cada abertura de malha de peneira. A distribuição dos tamanhos de grãos dos materiais será determinada a partir da realização do ensaio de granulometria por peneiramento NBR 7181 (ABNT, 1984). 2.2.2. Massa Específica O método de ensaio DNER-ME 081/98 especifica a determinação das densidades de agregados graúdos, utilizando o conceito de densidade relativa, que é a relação entre a densidade e a massa volumétrica da substância, usualmente a água é tomada como referência. O método de ensaio DNER-ME 084/95 é adotado para a determinação da densidade de agregados miúdos, com a denominação de densidade real dos grãos, que é a relação direta entre massa e volume de uma substância, desconsiderando sua porosidade. Esse procedimento é semelhante ao do ensaio para determinação da massa específica aparente seca de solos, (DNER-ME 093/94) e faz uso de um picnômetro de 50 ml. 2.2.3 Ensaio Lottman Segundo LUCENA (2009), o ensaio de Lottman modificado, também conhecido como ensaio de dano por umidade induzida, ou de sensibilidade à umidade é utilizado para

avaliar a capacidade mecânica da mistura asfáltica, em termos de resistência à tração (RT), e resistência à tração por umidade induzida RTu, sob a ação deletéria da água em ciclos de temperaturas baixas e intermediárias. Os corpos-de-prova foram divididos em dois grupos de 15 exemplares cada. Ambos submetidos a ensaios de resistência à tração, porém um deles somente após ser submetido a ciclos de gelo e degelo. A razão RTu/RT fornece a relação da resistência à tração- RRT. No Brasil, o teste mais utilizado segue o procedimento descrito na norma AASHTO T 283. Para este ensaio, os corpos-de-prova foram moldados variando o teor de resíduo oleoso na mistura, de 3,0% a 5,0% com o objetivo de observar a influência do mesmo na resistência à tração por umidade induzida. As Figuras 3 e 4 ilustram etapas do ensaio. Figura 4: Processo de congelamento. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização Física Para o ensaio de granulometria por peneiramento, realizado com os agregados graúdos e miúdos, obteve-se como resultado a curva granulométrica dos agregados ilustrada na Figura 1. Figura 1: Curva granulométrica dos agregados da mistura asfáltica. Figura 3: Aplicação de pressão para saturação dos vazios com água. A curva granulométrica mostra que as britas possuem uma distribuição aberta, ou seja, ausência de finos, partículas de diâmetro inferior a 0,075 mm, o que é normal devido ao tamanho dos grãos desses materiais e à sua distribuição uniforme. Essa ausência de finos será suprida na mistura pelo pó de pedra que possui uma distribuição densa ou bem

graduada e pelo resíduo, que passa totalmente pela peneira de malha 0,075mm. A Tabela 1 apresenta uma classificação resumida dos agregados segundo sua natureza, tamanhos e distribuição, com base no coeficiente de não uniformidade (CNU), que é a razão entre o diâmetro correspondente ao ponto onde 60% do material é passante (D 60 ) e o diâmetro onde 10% do material é passante (D 10 ); para CNU < 2 o agregado é considerado uniforme. Tabela 1: Classificação dos agregados da mistura. MASSAS ESPECÍFICAS DOS AGREGADOS Agregado Massa Específica (g/cm 3 ) Brita 19 2,647 Brita 9,5 2,662 Pó de Pedra 2,525 Resíduo Oleoso 2,340 A Tabela 2 apresenta os valores obtidos para os ensaios de massa específica. Observa-se pouca variação nos resultados obtidos para as massas específicas. O valor de massa específica do CAP obtido na literatura foi de 1,027 g/cm³. Os resultados do ensaio de sensibilidade à umidade, Lottman modificado, RRT, são apresentados na Tabela 3. Tabela 3: Resultados de RT, RTu e RRT. Resultados de RT, RTu e RRT TEOR 3,0% 3,5% 4,0% 4,5% 5,0% RT (MPa) 0,896 0,878 0,902 0,939 0,776 RTu (MPa) 0,508 0,537 0,639 0,644 0,537 RRT (%) 56,70 61,16 70,84 68,57 69,26 Segundo a especificação AASHTO MP 8-01, o valor mínimo de RRT a ser obtido é de 70%. Considerando essa especificação pode-se conclui-se que a ação da umidade nas misturas foi destrutiva, e que apenas a mistura com teor de 4% de resíduo atingiu o limite estabelecido Tabela 2: Valores de massa específica dos agregados da mistura. 4. CONCLUSÕES Brita #19,0mm Brita #9,5mm Pó de Pedra Resíduo Oleoso Natureza Tamanho CNU Distribuição Natural Graúdo 2 Uniforme Natural Graúdo 1,75 Uniforme Natural Miúdo 1,25 Uniforme Reciclado Fíler - - O resíduo comportou-se de maneira satisfatória nos ensaios, não comprometendo o desempenho da mistura. Dos ensaios realizados observando-se a variação do teor de resíduo na mistura, conclui-se que a mistura com o teor de 4% de resíduo é a que melhor se comporta em

relação aos limites de RRT, Vv e RBV. Podese considerar para esses materiais a mistura com 5,3% de CAP e 4% de resíduo foi a que apresentou melhores resultados. DNER - ME 093/94. Solos determinação da densidade real, 1994. DNER - ME 084/95: Agregado miúdo determinação da densidade real, 1995. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo: análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. ARIDE, S. Uso do resíduo oleoso das atividades de extração de petróleo em econômico e ambiental. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2003. EPA - ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Profile of the oil and gas extraction industry. Notebook project oil and gas extraction, Sector Notebook Project, EPA/310-R-99-006. Outubro, 2000. MENEZES, R. R; FERREIRA, H. S; NEVES, G. A; LIRA, H. L; FERREIRA, H. C; Use of granite sawing wastes in the production of ceramic bricks and tiles, Journal of the European Ceramic Society, n. 25, p1149, 2005. BERNUCCI, L. B.; DA MOTTA, L. M. G.; CERATTI, J. A. P.; SOARES, J. B. Pavimentação Asfáltica: Formação Básica para Engenheiros.Rio de Janeiro, 2010. 338 p. BERNUCCI, L. B.; MOTTA, L. M. G.; CERATTI, J. A. P; SOARES, J. B. - Pavimentação Asfáltica: Formação Básica para Engenheiros, 1ª Edição PETROBRAS/ABEDA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006. SANTOS, C. B. Utilização de resíduos oleosos provenientes das atividades de petróleo para uso em pavimentos rodoviários. 2010. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. 2010. TEIXEIRA, M.C; MARTIN, M. M.; GARCIA, T. J. M.; BERKES, T. M. S. - Materiais Betuminosos para Pavimentação. Trabalho PCC-339. São Paulo, 2000.