Desempenho de Híbridos de Milho quanto à Tolerância à Seca

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Transcrição:

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012 Desempenho de Híbridos de Milho quanto à Tolerância à Seca Lauro José Moreira Guimarães 1, Flávia Ferreira Mendes 2, Sidney Netto Parentoni 3, Paulo Evaristo Oliveira Guimarães 4, Cleso Antônio Patto Pacheco 5, Jane Rodrigues de Assis Machado 6, Walter Fernandes Meirelles 7, Adelmo Resende da Silva 8 1,3,4,5,6,7,8 Embrapa/CNPMS, Sete Lagoas, MG, 1 lauro@cnpms.embrapa.br, 3 evaristo@cnpms.embrapa.br, 4 sidney@cnpms.embrapa.br, 5 cleso@cnpms.embrapa,br, 6 jane@cnpt.embrapa.br, 7 walter@cnpso.embrapa.br, 8 adelmo@cnpaf.embrapa.br, 2 Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, flvmendes2001@yahoo.com.br. RESUMO A seca é um dos principais fatores limitantes à produção agrícola, sendo que esse estresse ocorre com freqüência nas regiões e épocas onde o milho é cultivado no Brasil. No ano de 2010, o CIMMYT enviou à Embrapa Milho e Sorgo, linhagens de milho classificadas como tolerantes à seca. Essas linhagens foram cruzadas com duas linhagens testadoras da Embrapa, gerando 28 híbridos experimentais, que foram avaliados em condições contrastantes quanto à disponibilidade hídrica, no norte de Minas Gerais, em 2011. Os objetivos deste trabalho foram identificar os híbridos experimentais mais promissores em ambientes com e sem estresse de seca e identificar linhagens superiores quanto à tolerância à seca. Foram identificados híbridos com elevadas médias de produtividade de grãos, tanto sob condição de estresse como no ambiente sem restrição hídrica. Esse trabalho também possibilitou a identificação de linhagens provenientes do CIMMYT promissoras para introgressão de alelos favoráveis para tolerância à seca em linhagens elite do Programa de Melhoramento de Milho da Embrapa Milho e Sorgo. Palavras-chave: Zea mays L., estresses abióticos, deficiência hídrica, seleção, melhoramento genético. Introdução Entre os fatores ambientais, a seca é um dos principais estresses que limitam a produção agrícola a nível mundial (SILVA et al., 2011). As alterações climáticas globais previstas para as próximas décadas devem diminuir a precipitação em várias regiões do Brasil. Desta forma, o desenvolvimento de cultivares mais tolerantes à seca, e a outros estresses abióticos, torna-se um ativo de alto valor para os programas de melhoramento de culturas agrícolas (GUIMARÃES et al., 2011). A utilização de cultivares mais tolerantes à seca poderia ajudar, por exemplo, a elevar a produção de milho cultivado na safrinha brasileira, e em outras regiões onde esse estresse ocorre. Na safrinha, frequentemente, a disponibilidade de chuvas é menor que na safra normal, sendo a seca uma das causas de baixa produtividade nessa época de cultivo. Assim, com a mesma tecnologia de plantio empregada atualmente na safrinha, cultivares com esta característica apresentariam maior estabilidade de produção, minimizando perdas em produtividade, em condições de veranicos moderados. Diante do exposto, os objetivos deste trabalho foram avaliar o desempenho agronômico de híbridos experimentais de milho, derivados de cruzamentos entre linhagens da Embrapa e 2813

linhagens do CIMMYT, em ambientes com e sem estresse de seca, e identificar linhagens úteis para introgressão de alelos favoráveis para tolerância à deficiência hídrica. Material e Métodos No ano de 2010, o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), localizado no México, enviou uma série de linhagens de milho à Embrapa Milho e Sorgo, como parte de um acordo internacional de pesquisa que envolve essa cultura. Na safra de 2010/11, 14 dessas linhagens (L.C. 1 a L.C. 14 ), previamente identificadas pelo CIMMYT como tolerantes á seca, foram cruzada com duas linhagens elite da Embrapa Milho e Sorgo, representantes dos grupos heteróticos duro (L 3 ) e dentado (L 228-3 ). Foram, então, produzidas sementes de 28 híbridos experimentais que, juntamente com oito híbridos testemunhas, foram avaliados em condições contrastantes quanto à disponibilidade hídrica, no campo experimental da Embrapa, localizado em Nova Porteirinha, no norte de Minas Gerais. Foram instalados dois ensaios conduzidos no delineamento de látice 6x6, sendo utilizadas três repetições para o ensaio sob estresse de seca e apenas duas repetições para o ensaio sem estresse. O plantio foi realizado no mês de maio. Dados históricos climáticos da região do Norte de Minas demonstram haver baixas probabilidades de ocorrência de precipitações no período de desenvolvimento da cultura quando plantada nessa época. Ambos os ensaios foram implantados em área com irrigação por gotejamento, havendo diferenciação no suprimento de água, de modo que para o ensaio sob estresse hídrico a irrigação foi suspensa aos 45 dias após o plantio, permanecendo assim até a colheita, enquanto que, para o ensaio sem estresse, a irrigação foi mantida até a fase de maturação fisiológica dos grãos. A parcela experimental foi constituída por uma linha de 3,6 m de comprimento e 0,8 m entre linhas, com plantio de 22 sementes por parcela. Em ambas as condições hídricas, além da produtividade de grãos (PG, em kg ha -1, corrigido para 13% de umidade), foram avaliadas as características de índice de espigas (IE, dado pela razão entre o número de espigas e o número de plantas da parcela), florescimento feminino (FF, em dias), florescimento masculino (FM, em dias), intervalo entre FF e FM (IF, em dias) e altura de espigas (AE, em cm). Na adubação de plantio, para os dois ambientes, foram aplicados 300 kg.ha -1 de 8-28-16, e 100 kg.ha -1 de uréia em cobertura, no estádio de seis folhas completamente expandidas, totalizando 69 kg.ha -1 de N, 84 kg.ha -1 de P 2 O 5 e 48 kg.ha -1 de K 2 O. Os demais tratos culturais foram realizados de acordo com as recomendações para a cultura. 2814

Resultados e Discussão De acordo com os resultados das análises de variância conjuntas (Tabela 1), houve boa precisão experimental para todas as características, pois as estimativas dos coeficientes de variação (CV) foram inferiores a 20%. Verificou-se variabilidade entre genótipos para todas as características (p < 0,01 para PG, FM, FF, IF e AE, e p < 0,05 para IE). Além disso, os ambientes com e sem estresse por deficiência hídrica apresentaram médias estatisticamente distintas entre si para todas as características (p < 0,01), exceto para FF. Entretanto, não foi detectada significância para a fonte de variação referente à interação genótipos por ambientes (G x A) para qualquer característica avaliada. A dispersão das médias de produtividade de grãos, dos 36 híbridos avaliados, está plotada no gráfico 1. Pode-se inferir que, apesar de haver variabilidade entre genótipos e diferenças entre as médias ambientais, a classificação dos híbridos foi pouco influenciada pelos regimes hídricos impostos nos ambientes com e sem estresse de seca. Isso é vantajoso, visto que os híbridos com bom comportamento produtivo sob seca, também apresentaram alto potencial de produção no ambiente sem estresse. Além do alto potencial produtivo, e valores adequados para caracteres agronômicos, a estabilidade de produção é uma das principais características buscadas em cultivares de milho. O estresse imposto pela supressão da irrigação aos 45 dias após o plantio provocou uma redução de 56,66 % na produtividade de grãos em relação ao ambiente com irrigação plena. Verificou-se, ainda que para as características IE, FM e AE, o estresse por seca provocou reduções nas médias de 9,86, 1,83 e 15,3%, respectivamente. Por outro lado, houve aumento de 0,81% para o FF e de 156% para a característica IF. Os dados indicam que, em média, houve atraso na emissão dos estilo-estígmas e, de forma mais drástica, houve aumento no intervalo entre florescimentos feminino e masculino dos híbridos cultivados sob estresse por seca. Uma menor sincronia entre os florescimentos masculino e feminino pode causar escassez de pólen na fase em que os estilo-estigmas estão viáveis, provocando perdas em produtividade de grãos. A deficiência hídrica também pode provocar a dessecação de tecidos tenros como os estilo-estigmas, diminuindo sua viabilidade, e aumentar o abortamento de óvulos logo após a polinização. Banziger et al. (2000), Parentoni, et al. (2010) e Mendes (2012) relataram a ocorrência de maiores intervalos entre florescimentos feminino e masculino em milho cultivado sob condições de estresses abióticos e perdas em produtividade de grãos correlacionadas a esta falta de sincronia. Quanto à produtividade de grãos, destacaram-se os híbridos experimentais L 228-3 x L.C. 14, L 228-3 x L.C. 9, L 3 x L.C. 14, L 3 x L.C. 11, L 3 x L.C. 12, L 3 x L.C. 8, L 228-3 x L.C. 6, L 228-3 x L.C. 11 e L 3 x L.C. 9, que não diferiram da melhor testemunha (BRS 1055), pelo teste de Scott e 2815

Knott, a 5% de probabilidade (Tabela 2). As linhagens provenientes do CIMMYT (L.C.), genitoras destes híbridos superiores, são interessantes para a introgressão de alelos favoráveis para a tolerância a seca em linhagens da Embrapa. Conclusões Foram identificados híbridos experimentais promissores, tanto sob condição de estresse por seca como no ambiente sem restrição hídrica. Foi possível identificar linhagens promissoras para introgressão de alelos favoráveis, para tolerância à seca, em linhagens elite do Programa de Melhoramento de Milho da Embrapa Milho e Sorgo. Agradecimento À FAPEMIG- Fundação de Apoio à Pesquisa de Minas Gerais, pelo apoio financeiro. Literatura Citada BANZIGER, M; EDMEADES, G. O.; BECK, E. D.; BELLON, M. Breeding for drought and nitrogen stress tolerance in maize from theory to practice. México, D.F: CIMMYT (2000) 68 p. MENDES, F. F. Controle genético da eficiência no uso de fósforo em milho tropical. Lavras, 2012. 134p. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas - Universidade Federal de Lavras/UFLA). PARENTONI, S. N.; SOUZA JR, C. L. de; ALVES, V. M. C.; GAMA, E. E. G. e; COELHO, A. M.; OLIVEIRA, A. C.; GUIMARAES, C. T.; VASCONCELOS, M. J. V. de; PACHECO, C. A. P.; MEIRELLES, W. F.; MAGALHAES, J. V. de; GUIMARAES, L. J. M.; SILVA, A. R. da; MENDES, F. F.; SCHAFFERT, R. E. Inheritance and breeding strategies for phosphorus efficiency in tropical maize (Zea mays L.). Maydica, Bergamo, v. 55 (1), p. 1-15, 2010. SILVA, M. A.; SANTOS, C. M.; LABATE,C. A.; GUIDETTI-GONZALEZ, S.; BORGES, J. S.; FERREIRA, L. C.; DELIMA, R. O.; FRITSCHE-NETO, R.. Melhoramento para eficiência no uso daágua. In: FRITSCHE-NETO, R.; BORÉM, A. (Ed.). Melhoramento de plantas para condições de estresses abióticos. Visconde do Rio Branco: Suprema, 2011. p. 127-149. GUIMARÃES, L. J. M.; PARENTONI, S. N.; MENDES, F. F.; MARTINS, A. O. Melhoramento visando à tolerância a estresses abióticos (melhoramento do milho para estresses abióticos). In: CARDOSO, D. L.; LUZ, L. N. da; PEREIRA, T. N. S. (Ed.). Estratégias em melhoramento de plantas. Viçosa, MG: Arka, 2011. p. 39-53. 2816

Tabela 1. Resumo das análises de variância conjuntas, coeficientes de variação e médias na análise conjunta e nos ambientes de seca e irrigado, para as características produtividade de grãos (PG, em kg há -1 ), índice de espigas (IE), florescimento feminino (FF, em dias), florescimento masculino (FM, em dias), intervalo entre FF e FM (IF, em dias) e altura de espigas (AE), em Nova Porteirinha - MG, 2011. Quadrados Médios FV DF PG IE FM FF IF AE Ambiente (A) 1 629754665 ** 0.359 ** 66.50 ** 13.55 ns 140.11 ** 15488.9 ** Rep/A 3 4468236 0.015 5.58 43.45 26.78 1241.3 Bloc/Rep/A 25 3317340 0.023 3.22 21.02 10.43 262.6 Genótipo (G) 35 2086346 ** 0.023 * 16.69 ** 14.86 ** 11.79 ** 339.6 ** G x A 35 872582 ns 0.006 ns 0.92 ns 1.41 ns 1.68 ns 66.4 ns Resíduo 80 600019 0.0129 1.008 4.941 3.62 82.4 CV% 17.41 13.05 1.50 3.22 1.90 8.08 Média Geral 4448 0.87 66.9 69.1 2.23 112 Média Seca 2921 0.83 66.4 69.4 2.95 105 Média Irrig. 6739 0.92 67.6 68.8 1.15 124 % Redução 56.66 9.86 1.83-0.81-156.22 15.30 **, *: Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F. ns é não significativo. Gráfico 1. Dispersão das médias de produtividade de grãos, de 36 híbridos de milho avaliados em ensaios conduzidos com e sem estresse de seca. Nova Porteirinha MG, 2011. 2817

Tabela 2. Médias e classificação (Rank) dos 36 híbridos na análise conjunta, bem como nos ambientes de seca e sem estresse. Nova Porteirinha MG. 2011 Conjunta - Geral Seca Irrigado Trat Híbrido Média Rank Média Rank Média Rank 35 L228-3 x L.C.14 5854 a * 1 3496 7 7919 5 22 L228-3 x L.C.9 5752 a 2 4100 2 7793 8 34 L3 x L.C.14 5586 a 3 3398 9 7173 13 27 L3 x L.C.11 5503 a 4 2942 17 8422 4 29 L3 x L.C.12 5482 a 5 3550 5 9086 1 19 L3 x L.C.8 5334 a 6 3577 4 6985 15 26 BRS 1055 5308 a 7 2669 24 8607 2 15 L228-3 x L.C.6 5244 a 8 3231 11 8520 3 28 L228-3 x L.C.11 5193 a 9 2792 21 7839 7 21 L3 x L.C.9 5093 a 10 3459 8 5703 29 7 L3 x L.C.3 4830 b 11 3148 12 7662 9 36 1G703 4 4720 b 12 3060 14 7044 14 1 DKB 390 4710 b 13 4213 1 7534 11 16 1F592-4 4709 b 14 2999 15 7553 10 10 L3 x L.C.4 4697 b 15 3578 3 6597 19 25 L228-3 x L.C.10 4602 b 16 2743 22 6488 22 32 L228-3 x L.C.13 4587 b 17 2223 34 5896 26 20 L228-3 x L.C.8 4547 b 18 2440 29 6617 18 18 L228-3 x L.C.7 4523 b 19 2963 16 7863 6 33 BRS 1010 4457 b 20 2269 33 5588 31 17 L3 x L.C.7 4212 c 21 2693 23 6785 16 24 L3 x L.C.10 4143 c 22 2870 19 5557 32 14 L3 x L.C.6 3920 c 23 2270 32 5965 25 3 L228-3 x L.C.1 3892 c 24 2487 27 6583 20 8 L228-3 x L.C.3 3884 c 25 2425 30 7226 12 6 BRS 1030 3867 c 26 3251 10 6755 17 2 L3 x L.C.1 3776 c 27 3087 13 6347 23 23 AG 7088 3747 c 28 2835 20 4954 36 31 L3 x L.C.13 3708 c 29 1799 36 5134 35 4 L3 x L.C.2 3667 c 30 3534 6 5252 34 9 2B707 3546 c 31 2310 31 5858 27 30 L228-3 x L.C.12 3522 c 32 2486 28 5705 28 13 L228-3 x L.C.5 3446 c 33 2105 35 5621 30 11 L228-3 x L.C.4 3434 c 34 2560 26 6025 24 5 L228-3 x L.C.2 3360 c 35 2663 25 6503 21 12 L3 x L.C.5 3275 c 36 2921 18 5442 33 * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5% de probabilidade. 2818