Instalações elétricas e de instrumentação para áreas classificadas

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Transcrição:

14 Capítulo XIII Instalação de equipamentos com proteções por invólucros ou por segurança intrínseca Por Roberval Bulgarelli* Para os usuários, as dificuldades de utilização de equipamentos contendo invólucros metálicos Ex d com entradas diretas de cabos se iniciam na fase de projeto e de seleção de equipamentos Ex. Os projetistas precisam tomar os cuidados necessários, de forma que os equipamentos sejam adequadamente selecionados e especificados, segundo o grupo e a classe de temperatura que são indicados nos estudos de classificação de áreas do local em que os equipamentos serão instalados. Frequentemente, podem ser verificadas situações nas quais são instalados equipamentos à prova de explosão certificados para o grupo IIA ou IIB, mas que são instalados indevidamente em áreas classificadas do tipo grupo IIC. Este problema pode também estar relacionado com as etapas de parecer técnico das propostas recebidas ou com a fase de inspeção de recebimento, quando os equipamentos podem ser recebidos com especificações diferentes daqueles que foram comprados. Do ponto de vista de instalação, a grande quantidade de parafusos requeridos pelas juntas flangeadas planas, as entradas diretas de cabos e os procedimentos de selagem das unidades seladoras são fatores que, com frequência, têm apresentado não-conformidade, em função dos difíceis procedimentos de montagem e de manutenção relacionados. Outro fator que torna complexa a aplicação prática de equipamentos com invólucros à prova de explosão é a rigorosa manutenção da integridade das faces das juntas flangeadas à prova de explosão. Esta junta, do tipo metal-metal, apresenta características construtivas que podem permitir a entrada de água para o interior do invólucro à prova de explosão, o que faz com que o usuário sem conhecimentos e competências específicas venha a utilizar juntas ou materiais selantes não previstos na certificação, o que invalida o tipo de proteção e pode colocar toda a instalação em risco. A seleção, na etapa de projeto, de invólucros metálicos com tipo de proteção à prova de explosão com entradas diretas de cabos requer da instalação, nos pontos de entrada de cabos, acessórios certificados para o tipo unidade seladora ou prensacabos, também do tipo à prova de explosão. No caso de instalação de unidades seladoras, estas devem ser instaladas o mais próximo possível do invólucro. Caso sejam instalados acessórios de eletrodutos entre o invólucro e a unidade seladora, estes devem se restringir àqueles considerados indispensáveis, tais como um niple e uma união macho-fêmea. Estes acessórios de eletrodutos, instalados entre o invólucro Ex d e a unidade seladora, também devem ser certificados e à prova de explosão. Desta forma, não devem ser instalados componentes não certificados entre o invólucro e a unidade seladora. Também não devem instalados, neste local, outros acessórios de eletrodutos, tais como eletrodutos flexíveis, que devem ser instalados após a unidade seladora. Neste caso, os eletrodutos flexíveis não necessitam ser do tipo à prova de explosão, uma vez que não estão interligados diretamente ao invólucro Ex d. É importante ressaltar que o antigo e obsoleto

15 critério de instalação de unidades seladoras a uma distância de até 450 mm do invólucro à prova de explosão, que era antigamente indicado na NBR 5418/1995, não é mais aceitável de acordo com os novos requisitos de segurança, uma vez que os procedimentos de ensaios para os invólucros Ex d não consideram os efeitos de explosão de volumes extras de gases que são acumulados entre o invólucro e a unidade seladora. Aquele critério de instalação de unidades seladoras a uma distancia de até 450 mm do invólucro Ex d era baseado em requisitos indicados na normalização do NEC, na qual os ensaios dos invólucros à prova de explosão levam em consideração outras metodologias de ensaios restritas ao mercado norte-americano, que não são aplicáveis aos demais países do mundo e nem são de consenso da comunidade internacional da IEC. Nas imagens da Figura 1, são apresentados exemplos de unidades seladoras e de acessórios de montagem do tipo união macho-fêmea. Estes tipos de acessórios são frequentemente utilizados junto com a montagem de unidades seladoras, sendo instalados entre o invólucro à prova de explosão e a unidade seladora. Estes tipos de dispositivos, que podem ser facilmente desmontados e abertos, permitem que o invólucro à prova de explosão possa ser removido do local para substituição ou reparo, após a desconexão dos cabos externos, sem a necessidade de remoção ou quebra da unidade seladora. Figura 1 Unidades seladoras e união macho-fêmea do tipo à prova de explosão para instalação em entradas diretas de cabos em invólucros Ex d através de eletrodutos Na Figura 2, é apresentado um exemplo de como uma unidade seladora deve receber a massa vedadora, que deve envolver todos os condutores e cabos instalados no seu interior.

16 Figura 2 Exemplo de instalação de uma unidade seladora do tipo à prova de explosão A instalação de unidades seladoras e a sua posterior selagem impedem a propagação de gases e vapores ao longo do sistema, mantendo-os confinados no local em que possa ocorrer um vazamento, além de também impedir a propagação, no caso de uma detonação interna do invólucro. Em casos como o de eletrodutos longos ou de passagem de eletrodutos de uma área Zona 0 ou Zona 1 para uma área Zona 2, também são instaladas unidades seladoras (critério da fronteira). Além de instalação junto aos invólucros à prova de explosão (critério do invólucro), as unidades seladoras devem também ser instaladas nos locais em que os eletrodutos interligam áreas classificadas com áreas não classificadas (áreas seguras), de forma que não possa haver a possibilidade de migração de gases da área de processo para o interior de ambientes, tais como de casas de controle e subestações (critério da fronteira). Figura 3 Regra da fronteira e do invólucro para a instalação de unidades seladoras Ex d em sistemas de eletrodutos e de invólucros à prova de explosão Na Figura 3, são apresentadas montagens típicas de invólucros Ex d e de eletrodutos. Nela, são destacados os critérios do invólucro e de fronteira para a instalação de unidades seladoras à prova de explosão. Ainda com relação às dificuldades de instalação de equipamentos Ex d com invólucros metálicos e entradas diretas de cabos, podem ser verificadas, na prática, as dificuldades dos usuários em utilizar corretamente prensacabos adequados para cada caso de instalação em invólucros à prova de explosão. Para o caso de invólucros Ex d que contenham componentes centelhantes, em casos de instalação em áreas do tipo grupo IIC e com volume interno superior a dois litros, há a necessidade de serem utilizados prensa-cabos adequados, com componentes selantes apropriados. Apesar da existência destes requisitos de instalação de prensa-cabos em invólucros à prova de explosão, podem ser verificados nas inspeções de instalações Ex, muitos casos de não-conformidade, nos quais são utilizados, de forma indevida, prensa-cabos comuns, sem a utilização de compostos selantes, que, embora sejam também marcados como sendo adequados para o Grupo IIC, não são adequados para instalação junto a invólucros Ex d com volume interno superior a dois litros. O projeto de eletricidade e de instrumentação em áreas Ex deve levar em consideração que, para a especificação de prensa-cabos do tipo Ex d para conexão em invólucros com tipo proteção à prova de explosão com volume interno igual ou superior a dois litros, devem ser especificado prensa-cabos que incorporem compostos selantes ou selantes elastoméricos, que, por sua vez, vedem os condutores individuais ou outros arranjos de selagem equivalentes, de acordo com os requisitos da norma ABNT NBR IEC 60079-14. Nestes casos, a utilização de prensa-cabos comuns, sem compostos selantes elastoméricos, mesmo que possuam a marcação Ex d IIC, não são adequados. Os prensa-cabos com marcação Ex d IIC que não possuam compostos selantes especificados para instalação nas entradas diretas de cabos, junto aos invólucros à prova de explosão, devem atender às limitações indicadas na Tabela 1. Grupo do gás do local da instalação IIC, IIB ou IIA IIB ou IIA IIB ou IIA Tabela 1 Restrições de aplicação de prensa-cabos Ex d IIC sem compostos selantes Invólucro Ex d contém fonte de ignição interna Não Sim Sim Volume interno do invólucro Ex d Qualquer Qualquer 2 litros ou < Tipo de zona de classificação de área de gases Zona 1 ou 2 Zona 2 Zona 1

17 Prensa-cabos com marcação Ex e II Gb podem ser instalados em áreas classificadas contendo gases inflamáveis dos tipos Zona 1 ou Zona 2, para qualquer gás do grupo II, caso uma avaliação adicional de risco não tenha sido realizada pelo usuário. Prensa-cabos com marcação Ex nr II Gc podem ser instalados em áreas classificadas contendo gases inflamáveis do tipo Zona 2, para qualquer gás do grupo II, caso uma avaliação adicional de risco não tenha sido realizada pelo usuário. Prensa-cabos com grau de proteção IP 65 ou IP 66 (seguindo a ABNT NBR IEC 60529), com EPL Db / Dc, podem ser instalados em áreas classificadas contendo poeiras combustíveis dos tipos Zona 21 ou Zona 22, respectivamente, caso uma avaliação adicional de risco não tenha sido realizada pelo usuário. Requisitos específicos para instalação de equipamentos com tipo de proteção por segurança intrínseca i e sistemas intrinsecamente seguros Um sistema intrinsecamente seguro pode ser definido como aquele que é incapaz de liberar energia, seja na forma elétrica ou térmica, suficiente para provocar a ignição de determinada mistura explosiva que possa estar presente. A impossibilidade de ignição deve ser mantida e garantida, mesmo em caso de falha do sistema. A máxima energia que pode ser liberada, sem comprometer a segurança, depende da atmosfera considerada, que é levada em consideração pelas normas e pela certificação. As falhas que são analisadas no projeto destes equipamentos abrangem problemas ocorridos com a fiação e também falhas de um ou até dois componentes simultaneamente. O conceito de segurança intrínseca é mais antigo do que geralmente é imaginado, considerando que as primeiras certificações ocorreram em 1917, em consequência de uma explosão ocorrida em uma mina subterrânea de carvão em 1912. Por ser baseada no projeto dos equipamentos, e não na inclusão de medidas auxiliares de proteção, um sistema intrinsecamente seguro, uma vez adequadamente projetado, especificado e instalado, apresenta elevados índices de segurança e de imunidade a falhas humanas nos procedimentos de manutenção. A possibilidade de ocorrência de falhas humanas em sistemas que empregam outras técnicas e tipos de proteção Ex podem resultar em grandes explosões. Um exemplo disso é a abertura de um instrumento com invólucro do tipo à prova de explosão, em condições em que exista a presença de atmosfera explosiva, ou o fechamento inadequado da tampa deste invólucro não constituem condições de risco neste

18 tipo de proteção Ex i. Além disso, os custos de instalação e manutenção são muito menores do que das outras técnicas de proteção. A Figura 4 apresenta um diagrama típico de instalação de um circuito intrinsecamente seguro, composto por um instrumento de campo intrinsecamente seguro, barreira de segurança (componente associado ao instrumento Ex i ) e o sistema de controle. Figura 4 Sistema intrinsecamente seguro composto por barreira de proteção (componente associado), instrumento de campo Ex i e circuito de interconexão entre barreira e instrumento Na Figura 5, é mostrado um exemplo de instalação de sistemas intrinsecamente seguros, contendo transmissores de pressão instalados em áreas classificadas do grupo IIC, contendo a presença de hidrogênio. Figura 5 Transmissores de pressão intrinsecamente seguros instalados em área classificada. Petrobras Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão Figura 6 Componentes associados com isolação galvânica, intrinsecamente seguros, dos tipos conversor de célula de carga, conversor de temperatura e repetidor analógico para transmissor inteligente. Certificação de acordo com a Norma ABNT NBR IEC 60079-11, marcação Ex [ia] É importante ressaltar que a segurança intrínseca abrange o sistema constituído por todas as partes componentes deste circuito como um todo e não somente o instrumento de campo isoladamente. Exemplos de componentes associados Ex [i] para instalação área segura, tais como barreiras de segurança intrínseca e isoladores galvânicos, são apresentados na Figura 6. Em uma situação em que um transmissor intrinsecamente seguro for erroneamente conectado a um cabo, que sua elevada capacitância permite o armazenamento de uma quantidade de energia suficiente para provocar uma ignição, o sistema não apresentará segurança por não atender ao conceito de entidade. Como elementos indutivos e capacitivos armazenam energia elétrica, existem limitações tanto para os valores de capacitância quanto para de indutância máxima em circuitos intrinsecamente seguros. O conceito de entidade permite a interligação de instrumentos de campo com barreiras (componentes associados) sem que tenham sido certificados em conjunto. Critérios de interconexão de componentes em um circuito intrinsecamente seguro: Os valores da tensão e a corrente que os instrumentos podem receber (Ui e Ii) devem ser maiores ou iguais à tensão e à corrente emitidas pela barreira (Uo e Io). Os valores da capacitância e a indutância do instrumento de campo (Ci e Li), incluindo a fiação de interligação (C cabo e L cabo), devem ser menores ou iguais à capacitância e à indutância que pode ser conectada com segurança à barreira (Co e Lo). Os critérios de interconexão para equipamentos Ex i e respectivos componentes associados (barreiras de proteção), de acordo com os requisitos da ABNT NBR IEC 60079-25 Sistemas intrinsecamente seguros, são indicados na Tabela 2.

20 Tabela 2 Critérios de verificação para interconexão de barreiras de proteção e instrumentos em um circuito intrinsecamente seguro Barreira U 0 I 0 P 0 C 0 L 0 Campo Ui Ii Pi Ci + Cc Li + Lc Deve ser ressaltado que, como documentação de projeto de sistemas intrinsecamente seguros, devem ser elaborados memoriais de cálculo, nos quais sejam compilados os dados de verificação de parâmetros certificados de todos os instrumentos e de todas as malhas de circuitos intrinsecamente seguros, de acordo com os requisitos da norma ABNT NBR IEC 60079-25. Devem ser registrados, em todos os documentos aplicáveis de projeto de sistemas intrinsecamente seguros, inclusive nas memórias de cálculo dos parâmetros de entidade, a referência ao atendimento dos requisitos indicados na Norma ABNT NBR IEC 60079-25. Figura 7 Diagrama de malha típico para a documentação descritiva de projeto de sistemas intrinsecamente seguros, de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-25 sensor, transmissor, barreira e sistema de controle Figura 8 Diagrama de malha típico para a documentação descritiva de projeto de sistemas intrinsecamente seguros, de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-25 sensor, transmissor, caixa de junção, painel de interfaces intrinsecamente seguras e sistema de controle Sempre que necessário, estas memórias de cálculo devem ser atualizadas, incluindo os parâmetros dos novos instrumentos que forem instalados no campo, sendo removidos da documentação os dados dos instrumentos que tiverem sido removidos do campo. Mais recentemente, com a evolução das barreiras de segurança intrínseca e com a incorporação de diferentes tipos de proteção a um mesmo equipamento, foi desenvolvida uma nova geração de equipamentos Ex i, os denominados I/O Remotos ou Unidades Terminais Remotas, nos quais as próprias barreiras de segurança intrínseca, fontes, CPUs e os cartões de comunicação de rede são adequados e certificados para instalação no campo, diretamente montados em atmosfera explosiva. Neste tipo de arranjo de equipamentos, apropriado para instalação, mesmo em áreas classificadas do tipo Zona 1, as fontes de alimentação são instaladas dentro de invólucros do tipo à prova de explosão e as barreiras, junto com módulos de CPUs e de gateways, são conectadas à backplanes através de conectores do tipo segurança aumentada. A Figura 9 apresenta um exemplo de Unidade Terminal Remota de circuitos intrinsecamente seguros. Figura 9 Instalação de Unidade Terminal Remota contendo isoladores galvânicos intrinsecamente seguros instalados diretamente em área classificada * ROBERVAL BULGARELLI é engenheiro eletricista, mestre em Proteção de Sistemas Elétricos de Potência, consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras. É membro da subcomissão de Normalização Técnica da Petrobras, na área de eletricidade; coordenador do subcomitê SC 31 Atmosferas explosivas, do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Iluminação e Telecomunicações (Cobei); delegado da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), representando o Brasil no Technical Committee TC 31 Equipment for Explosive Atmospheres da International Electrotechnical Commission (IEC). CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br Erratas No capítulo anterior, na página 38 da edição 47, o último subtítulo da página é, na verdade, Requisitos específicos para instalação de equipamentos com tipo de proteção por invólucros à prova de explosão Ex d. No mesmo capítulo XII, a legenda completa e correta para a figura deve ser Instrumentos de medição, sinalização e comando, certificados para instalação em áreas classificadas contendo atmosferas explosivas, com invólucros metálicos do tipo à prova de explosão (Ex d ), com tampa do tipo aparafusada, incluindo entradas indiretas e bornes terminais externos do tipo segurança aumentada.