XII-008 BLOQUEIO EM CARGA DE TUBULAÇÃO DE ESGOTO BRUTO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE CONGELAMENTO CRIOGÊNICO

Documentos relacionados
HIDROLOGIA E HIDRÁULICA APLICADAS (LOB1216) Aula 5 Estações de Recalque e Máquinas Hidráulicas

ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO

CATÁLOGO TÉCNICO VÁLVULAS LINHAS

I-104 BOIA DO ALEMÃO : UMA CONTRIBUIÇÃO PARA AUTOMAÇÃO DE ESTAÇÕES COMPACTAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA TIPO TORREZAN

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS (LOB1225) G Aula 4 Sistemas de esgoto sanitário Parte 2

I AMPLIAÇÃO DA EEAB DE BIRITIBA (RMSP) - UMA SOLUÇÃO NÃO TRADICIONAL

I GREEAT - GESTÃO DE RISCOS E EFICIÊNCIA EM ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA

II-271 USO DE MODELO HIDRÁULICO PARA SIMULAR AS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DO SISTEMA DE INTERCEPTAÇÃO DE ESGOTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

IRACEMÁPOLIS RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DE ESGOTO DO MUNICÍPIO DE RIO CLARO

MANUTENÇÃO PREVENTIVA COM BASE EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

P1 de ME5330 Primeiro semestre de 2010 Turma 17

23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA ENGENHARIA AMBIENTAL E CIVIL AULA 4 SISTEMAS ELEVATÓRIOS

COMPOSITES SANEAMENTO

Pesquisa de geração de energia na adutora Billings / Gurapiranga

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Estações Elevatórias

PIRASSUNUNGA RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE

I ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MATERIAIS DE TUBULAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DE REDES ADUTORAS DE ÁGUA

I REFORÇO DE CLORO EM RESERVATÓRIO UTILIZANDO DOSADOR HIDRÁULICO ESTUDO DE CASO

I FLEXIBILIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO NA CRISE COM REVERSÃO DE ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA

Reservatórios de Distribuição de Água

Ações para enfrentamento da Crise Hidrica SABESP CBH-AT 16/07/2015

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA PARTE I 1) PARTES CONSTITUINTES DE UMA INSTALAÇÃO PREDIAL DE ÁGUA FRIA (CONTINUAÇÃO)

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA Saneamento

I RESERVATÓRIOS HIDROPNEUMÁTICOS PARA A PROTEÇÃO DE ADUTORAS POR RECALQUE EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA: ESTUDO DE DOIS CASOS

Prof. Me. Victor de Barros Deantoni

MANUAL DE PROJETOS DE SANEAMENTO MPS MÓDULO 11.1 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE TRATAMENTO ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ESGOTO

Prof.: Victor Deantoni Lista de Exercícios Hidráulica Geral A Parte ,00m. 75mm. 1,5km

MAPA DIGITAL DE PRESSÕES ESTÁTICAS NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ENGENHARIA QUÍMICA LOQ4085 OPERAÇÕES UNITÁRIAS I

I-027 REDUÇÃO DE FRAUDES NA MICROMEDIÇÃO ATRAVÉS DE DISPOSITIVO OBSTRUTOR METÁLICO

Laboratório de Sistemas Hidráulicos. Aula prática S25

FKB INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS LTDA.

Elementos do Projeto Mecânico

Aplicação de tecnologias de eficiência energética

BOMBA PERIFÉRICA. Bombeamento de água limpa de um poço ou cisterna para um ponto mais alto.

Relatório do período de 24 de Outubro a 22 de Novembro de Comentários sobre a operação da Estação de Tratamento de Esgoto (E.T.

SISTEMAS URBANOS DE ÁGUA PROJETO - 1ª PARTE GRUPO A DATA DE ENTREGA:

DOIS CÓRREGOS RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE

INSTRUMENTAÇÃO EM PROCESSOS INDUSTRIAIS

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE COSMÓPOLIS

FKB INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS LTDA. VBA - VÁLVULA DE BLOQUEIO ABSOLUTO (LINE BLIND)

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA PRESTADOR: DEPARTAMENTO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTOS DAAE

Relatório do período de 21 de Julho a 21 de Agosto de Comentários sobre a operação da Estação de Tratamento de Esgoto (E.T.

Caminhos da Engenharia Brasileira

Norma Técnica Interna SABESP NTS 019

MANUAL DESSUPERAQUECEDOR S705 TIPO VENTURI

Aula 6 de laboratório. Segundo semestre de 2012

ÁGUA PARA TODOS e MAIS SANEAMENTO SÃO LUÍS. Eng. Carlos Rogério Santos Araújo Diretor presidente CAEMA 26/02/2018

IPEÚNA PRESTADOR: SECRETARIA MUNICIPAL DE PROJETOS E OBRAS, SERVIÇOS PÚBLICOS E SANEAMENTO BÁSICO.

I TRANSIENTE HIDRÁULICO: ESTUDO DE CASO EM UMA LINHA DE RECALQUE DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO INTEGRADO DE CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA

NÃO ESQUECER QUE O VOLUME TOTAL DO FLUIDO PERMANECE CONSTANTE, PORTANTO O VOLUME QUE DESCE DE UM LADO NECESSÁRIAMENTE SOBE DO OUTRO.

VI-154 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE CRITICIDADE DAS ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO

Terceira lista de exercício

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

Introdução. Apresentação. Características da hidráulica. Evolução dos sistemas hidráulicos. Sistema hidráulico. Circuito hidráulico básico

BI-EXCÊNTRICA Válvula Borboleta FLANGEADA AWWA C-504 ISO 5752 BS 13. wwww.svidobrasil.com.br DADOS TÉCNICOS. Diâmetros: 03" à 60" Polegadas

TVR-I-F. Manual de Instruções. MEDIDOR DE VAZÃO Tipo Roda D Água de Inserção TECNOFLUID

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE IPEÚNA

PROJETO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E OPERACIONAL NO SAEMAS SERTÃOZINHO (SP) COM RECURSOS DO PROGRAMA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA CPFL

Relatório do período de 22 de Setembro a 23 de Outubro de Comentários sobre a operação da Estação de Tratamento de Esgoto (E.T.

Sistema de Abastecimento de Água - SAA. João Karlos Locastro contato:

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE LIMEIRA PRESTADOR: ODEBRECHT AMBIENTAL LIMEIRA S/A

ITIRAPINA RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R4 Continuação Diagnóstico e Não Conformidades

PARAIBUNA RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R3 Diagnóstico e Verificação de Não Conformidades

MOTO BOMBA MB MANUAL INFORMATIVO E TERMO DE GARANTIA

PROJETO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES

GUIA DE REFERÊNCIA PARA SELEÇÃO DE MACROMEDIDORES EM SANEAMENTO

RIO CLARO RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R2 Não Conformidades

Estações Elevatórias de Água

Saneamento Ambiental I. Aula 08 Rede de Distribuição de Água: Parte III

Conceitos básicos de um sistema de esgotamento sanitário

XI Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste

MANUAL DE PROJETOS DE SANEAMENTO MPS MÓDULO DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SANEAMENTO ESTUDO DOS TRANSITÓRIOS HIDRÁULICOS

Relatório do período de 22 de Março a 23 de Abril de Comentários sobre a operação da Estação de Tratamento de Esgoto (E.T.

Série: FBOT MANUAL TÉCNICO. - Bomba de óleo térmico BOMBA DE ÓLEO TÉRMICO FBOT. Aplicação

UNICOMP COM. DE EQUIPAMENTOS PNEUMÁTICOS LTDA. Rua Leopoldo de Passos Lima, 238 Jardim Santa Fé. CEP.: São Paulo SP.

Tema: Trepanação e Soldagem em tubulações de gás natural, sem corte no fornecimento.

SISTEMAS URBANOS DE ÁGUA PROJETO - 1ª PARTE GRUPO B DATA DE ENTREGA:

ANEXO 01 MEMORIAL DESCRITIVO

V APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GESTÃO DE ATIVOS NAS INSTALAÇÕES DE COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTO

DIRETORIA METROPOLITANA - M UNIDADE DE NEGÓCIO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DA METROPOLITANA MT

Relatório do período de 23 de Novembro a 21 de Dezembro de INTERPRETAÇÃO DO RELATÓRIO DA E.T.A. E COMENTÁRIOS.

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA Saneamento

PALAVRAS-CHAVE: Vazão, Ultrassônico, Esgoto, Medidor.

Equipamentos para Controle de Perda de Água

Instalando uma Válvula Retentora de ar

VÁLVULAS. Prof. Dr. Julio Almeida. Universidade Federal do Paraná Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica PGMEC

IV USO DA AUTOMAÇÃO NA OTIMIZAÇÂO DA OPERAÇÂO DE SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA - DETALHES

WL Manual de Instruções. CHAVE DE FLUXO Tipo Palheta de Inserção Combate a incêndio TECNOFLUID

Figura 34: Marco superficial, aterro Bandeirantes, São Paulo SP. Fonte: A autora, 2009.

14 ANOS TECNOTERMI R. (15) MANUAL DE INSTALAÇÃO

II-189 ELABORAÇÃO DE HIDROGRAMA DE VAZÃO NA ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ESGOTO DO UNA, REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM/PA.

MOTO BOMBA MB MANUAL INFORMATIVO E TERMO DE GARANTIA

SUMÁRIO. 1. IDENTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO E PRESTADOR Município... 3

Transcrição:

XII-008 BLOQUEIO EM CARGA DE TUBULAÇÃO DE ESGOTO BRUTO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE CONGELAMENTO CRIOGÊNICO Fernando Barbosa Trindade (1) Engenheiro Mecânico e Engenheiro de Produção Mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, Especialização em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo FSP/ USP. Hamilton Bernardo de Lima (2) Tecnólogo em Automação Industrial pela Universidade de Mogi das Cruzes UMC Gerente de Divisão de Manutenção Atendimento na região metropolitana de S.P. Endereço (1) : Rua José Rafaeli, 284 Jd. Mara São Paulo - SP - CEP: 04763-280 - Brasil - Tel: (11) 5683-3192 - e-mail: ftrindade@sabesp.com.br RESUMO Um dos ativos mais importantes nas instalações de saneamento são as válvulas. Elas têm várias aplicações nos sistemas de água e esgoto, generalizando, podemos dizer que elas têm basicamente 2 funções, bloqueio e controle. A função bloqueio tem grande importância tanto para a operação quanto para a manutenção, sendo que em muitos casos, a instalação de uma válvula de bloqueio é pensada para atender necessidades de manutenção, sendo crucial para esta atividade, como é o caso da válvula gaveta DN2000 com válvula gaveta de by-pass DN150 da ETE Barueri, cuja localização entre o poço de entrada de esgoto bruto e a sucção da bomba de recalque Ebara é estratégica e tem a função de bloquear o fluxo até aquela bomba permitindo sua manutenção, uma vez que a mesma está abaixo da cota do poço de sucção. Em 2016 devido a necessidade de manutenção da bomba verificou-se que a válvula DN2000 não estava mais bloqueando o fluxo de esgoto inviabilizando os trabalhos naquela bomba. Após alguns testes, a equipe de manutenção da ETE Barueri verificou que o vazamento de esgoto provavelmente era proveniente da válvula DN150 do by-pass, porém o grande problema que se colocava era a necessidade de uma parada na daquela estação para esvaziamento do poço de sucção e substituição da válvula DN150. Este trabalho vem relatar como através da técnica do congelamento criogênico em uma ação pioneira na área de esgotos, a tubulação do by-pass da válvula foi bloqueada em carga pela equipe de manutenção daquela estação sem a necessidade de paradas para realizar a substituição da válvula gaveta de bloqueio DN150. PALAVRAS-CHAVE: Bloqueio em Carga, Congelamento, Manutenção, Esgoto. INTRODUÇÃO No âmbito do saneamento a realização dos mais diversos tipos de manutenções em equipamentos e tubulações sempre gera dificuldades tanto para as equipes de manutenção como para a operação, sendo esta última diretamente afetada por qualquer intervenção da manutenção. Assim sendo, para uma operação e manutenção adequadas em qualquer sistema são previstas válvulas de bloqueio para isolamento de trechos de tubulação propiciando condições adequadas para intervenções nas linhas e seus componentes como válvulas e bombas, mas o que fazer quando uma válvula prevista para bloquear não bloqueia? Paramos todo o sistema? E se isto não for possível, como fazer? Quais são as alternativas? O objetivo deste trabalho é relatar uma situação como esta ocorrida em uma válvula de bloqueio na linha de sucção das bombas da ETE Barueri, a maior estação de tratamento de esgotos da RMSP e como este problema foi resolvido pela equipe de manutenção daquela estação através da aplicação pioneira em esgoto de um bloqueio em carga através da realização do congelamento da tubulação. 1

A equipe de manutenção da ETE Barueri necessitava fazer a retirada de uma de suas bombas de esgoto bruto da EEE Final para reforma. Este equipamento encontra-se instalado em uma elevatória de poço seco, porém ele trabalha afogado a uma profundida de quase 40 metros, conforme mostra a Figura 1. Figura 1: Perfil do poço de sucção com a indicação de localização da bomba a ser reparada, da válvula de bloqueio DN2000, da válvula do by-pass DN150 com vazamento e do poço de sucção ANÁLISE DO PROBLEMA E DEFINIÇÃO DE MÉTODO DE TRABALHO A válvula de bloqueio DN2000 entre a sucção da bomba e o poço estava dando passagem com o esgoto chegando até o nível da bomba impedindo sua retirada. Após análise da situação, a equipe de manutenção local concluiu que a passagem de esgoto estava ocorrendo pela válvula gaveta DN150 do by-pass da válvula DN2000, pois a operação não conseguiu fechar a válvula do by-pass totalmente, suspeitando que pudesse haver algum material depositado na sua sede de vedação. Foto 1: Indicação da válvula DN150 do by-pass onde foi identificada passagem de esgoto 2

Em termos de manutenção, a tarefa a ser realizada parecia bastante simples, era preciso apenas fazer a substituição da válvula gaveta DN150, mas como retirar esta válvula se não havia nenhuma forma de bloqueio do fluxo a montante dela entre o poço que recebe a maioria do esgoto bruto da RMSP e a referida válvula? Naquele momento não tínhamos resposta para esta questão. A equipe de manutenção daquela estação jamais havia enfrentado este tipo de situação, então passamos a buscar alternativas. - Parada total do sistema Inviável, pois a ETE Barueri recebe a maior parte do esgoto da RMSP, com uma contribuição de 11 m3/s atendendo uma população estimada de 5 milhões de habitantes, logo não haveria como desviar ou parar a vazão afluente. - Colocação de stop-logs na comporta afluente deste grupo Alternativa pouco viável, pois para isto haveria a necessidade de contratação de mergulhadores sendo que há uma forte suspeita que as guias laterais de encaixe dos stop-logs estão danificadas, então além de mais cara e demorada, esta alternativa não dava a garantia de um bom resultado. - Execução de furação em carga e bloqueio através da inserção de um cabeçote Alternativa viável, porém tinha como pontos negativos a necessidade de execução de soldagem de um pescoço na tubulação do bypass, a possível existência de material sólido no interior da tubulação (o que foi confirmado posteriormente) inviabilizando o bloqueio, a falta de espaço para execução da soldagem e por fim o preço deste trabalho estimado em torno de R$190.000,00. Embora a alternativa da furação e bloqueio nos parecesse razoável este tipo de serviço já havia sido feito pela própria Sabesp e não estávamos confortáveis com ela devido as razões acima expostas, então fomos pesquisar se havia alguma outra alternativa. Foi neste momento que pesquisando as diversas possibilidades surgiu a seguinte opção: - Congelamento em carga da tubulação A alternativa nos pareceu interessante, pois não haveria interferência na operação da ETE, não haveria necessidade de execução de soldagem externa e seu custo era muito menor, da ordem de R$25.000,00. Como desvantagem sabíamos este tipo de serviço nunca havia sido feito na Sabesp, muito menos em tubulações de esgoto, então não tínhamos informações sobre a sua eficácia, além do que se o congelamento falhasse poderia haver a inundação do poço de sucção. O processo de bloqueio em carga de tubulação consiste na instalação de um dispositivo tipo camisa no ponto a ser congelado onde é injetado Nitrogênio líquido, N2 a uma temperatura de 197 C o que promove a formação gradual de um plug de gelo no interior da tubulação suportando pressões maiores de 10 kgf/cm 2 bloqueando então a tubulação. Assim sendo, após avaliarmos todos os cenários, optamos pela execução do congelamento em carga da tubulação. RESULTADOS OBTIDOS Uma vez definido o o que fazer, passamos a trabalhar no como, quando e quem neste trabalho. Foram realizadas 5 reuniões de planejamento dos trabalhos envolvendo a operação da ETE, a equipe de manutenção, a prestadora de serviços, as gerências superiores e segurança do trabalho. Havia uma grande preocupação com a segurança, pois uma falha na execução deste serviço implicaria em uma inundação nas instalações de bombeamento da ETE colocando em risco a vida de todos os participantes do trabalho, além dos transtornos operacionais oriundos de qualquer inundação. Em função disso foram discutidas diversas alternativas caso houvesse algum contratempo e elaborado um plano de contingência caso o serviço não transcorresse conforme o que havíamos planejado. Em 13/09/2016, com bastante preocupação, iniciamos os trabalhos no horário planejado para a substituição da válvula DN150. 3

Foto 2: Camisa na tubulação DN150 promovendo o seu congelamento e bloqueio Foto 3: Após congelamento a montante e a jusante da tubulação DN150 do by-pass, início da retirada da válvula com problema de vedação. 4

Foto 4: A situação antes e o depois dos trabalhos ANÁLISE DOS RESULTADOS Com a substituição da válvula DN150 a manutenção da área conseguiu vedar a tubulação de sucção de esgoto, permitindo enfim a sua drenagem e a retirada da bomba de esgoto bruto Ebara para execução da manutenção em oficina, de forma a restabelecer a confiabilidade do bombeamento da EEE Final como um todo. CONCLUSÕES Com base no trabalho realizado, concluiu-se que embora a técnica de congelamento criogênico nunca tivesse sido aplicada à linhas de esgoto bruto, fluído que além de água também pode conter fibras e material sólido, a mesma se mostrou válida e eficaz para realização de bloqueios em carga em tubulações em aço de esgoto bruto e assim se apresenta como mais uma alternativa e viável para as equipes de manutenção das áreas de saneamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MAYS, LARRY W., Chapter 18 Reliability Analysis for Design, Water Distribution System Handbook. McGraw-Hill, United States of America, 1999. 2. DIRK VAN DELFT Heike Kamerlingh Onnes and the quest for cold, Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen, Amsterdam, 2007. 3. MOUBRAY, J. Manutenção Centrada em Confiabilidade RCMII, Aladon Ltda., Reuno Unido, 2000. 5