PROJECTO DE LEI N.º 147/X (PS) ALTERA A LEI N.º 5/2001, DE 2 DE MAIO, QUE «CONSIDERA O TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO NA CATEGORIA DE AUXILIAR DE EDUCAÇÃO PELOS EDUCADORES DE INFÂNCIA HABILITADOS COM CURSOS DE FORMAÇÃO A EDUCADORES DE INFÂNCIA PARA EFEITOS DE CARREIRA DOCENTE» E O DECRETO-LEI N.º 180/93, DE 12 DE MAIO, QUE «DETERMINA A TRANSIÇÃO DOS AUXILIARES DE EDUCAÇÃO DOS SERVIÇOS E ESTABELECIMENTOS DO SECTOR DA SEGURANÇA SOCIAL PARA A CARREIRA DE EDUCADOR DE INFÂNCIA Exposição de motivos A carreira dos educadores de infância encontra-se regulada no Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de Abril, na sua actual redacção, à luz do qual apenas pode ser considerado para efeitos de progressão o exercício efectivo de funções técnico-pedagógicas. Reconhecendo a necessidade de dignificar e valorizar o tempo de serviço prestado na categoria de auxiliar de educação pelos educadores de infância habilitados com os cursos de promoção a educadores de infância ao abrigo do Despacho n.º 52/80, de 12 de Junho, e correspondendo a uma antiga e legítima aspiração destes profissionais, o legislador veio através da Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, consagrar um regime excepcional de contagem de tempo de serviço prestado naquelas funções para efeitos de progressão na carreira. Os destinatários do citado diploma legal, como claramente se infere dos debates parlamentares ocorridos em torno do mesmo, são os educadores de infância que exerceram funções de auxiliares de educação.
Ficaram, pois, excluídos do seu âmbito de aplicação, os educadores que exerceram outras funções auxiliares (vigilantes, ajudantes e monitores), bem como os educadores de infância habilitados com cursos de educador de infância ministrados pelos estabelecimentos, públicos e privados, reconhecidos pelo Governo, que exerceram funções de educador de infância enquanto detentores de categorias de pessoal auxiliar, incluindo a categoria de auxiliar de educação, situação que reconhecidamente encerra uma desigualdade relativa e que, por isso mesmo, se impõe corrigir. A interpretação em torno do âmbito de aplicação da Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, tem sido, aliás, rodeada de alguma querela dando origem a despachos governamentais contraditórios, que acabariam por lesar os profissionais em causa. Através de parecer homologado pelo Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social de 19 de Novembro de 2001 foi firmado o entendimento de que a Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, deveria ser interpretada extensivamente de modo a abarcar todo o pessoal auxiliar habilitado com os cursos de promoção a educadores de infância criados pelo Despacho n.º 52/80, de 12 de Junho, independentemente da categoria em que se posicionavam aquando da admissão àqueles cursos. O aludido despacho determinou, deste modo, a recolocação de todo o pessoal auxiliar habilitado com os cursos oficiais de promoção a educadores de infância, com efeitos no plano salarial. Aquela interpretação viria, contudo, a ser afastada por Despacho da Secretária de Estado da Segurança Social, de 9 de Janeiro de 2003, que determinou a aplicação da Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, exclusivamente à contagem do tempo de serviço prestado na categoria de auxiliar de educação, o que motivou a revogação dos reposicionamentos anteriormente efectuados e nalguns casos a devolução das quantias entretanto recebidas pelos respectivos profissionais. O forte movimento de contestação gerado pelos educadores de infância que se consideram discriminados e lesados nos seus direitos fundamentais, viria a determinar a emissão da Recomendação n.º 7-B/2003, do Provedor de Justiça, que, para além de ter dado razão à pretensão daqueles profissionais, veio sugerir o mesmo tratamento relativamente aos titulares dos cursos de educador de infância ministrados por
estabelecimentos, públicos ou privados, reconhecidos pelo Governo, que tenham ingressado até ao ano lectivo de 1986/1987. Na sua missiva, o Provedor de Justiça recomenda à Assembleia da República a adopção de uma «medida legislativa permitindo que seja contado, para efeitos de progressão na carreira, aos actuais educadores de infância que, frequentando com aproveitamento os cursos de promoção a educador de infância a que se refere o Despacho n.º 52/80, de 26 de Maio, e despachos subsequentes acima identificados, ou os cursos de educador de infância ministrados por estabelecimentos, públicos ou privados, reconhecidos pelo Governo e, neste caso, tenham ingressado nos mesmos até ao ano lectivo de 1986/1987, o tempo de serviço durante o qual, enquanto detentores de categorias de pessoal auxiliar com funções pedagógicas auxiliares de educação, vigilantes, ajudantes de creche e jardim-de-infância e monitores aqueles profissionais exerceram, de forma efectiva e com carácter de regularidade antes, durante ou após a frequência e conclusão com aproveitamento dos cursos acima referidos e até à integração nos quadros da carreira docente, as funções inerentes à categoria de educador de infância». Na IX Legislatura, o Grupo Parlamentar do PS, reconhecendo a necessidade de uma intervenção legislativa neste domínio, apresentou o projecto de lei n.º 504/IX, que visava alargar o âmbito de aplicação da Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, nos moldes sugeridos pelo Provedor de Justiça na aludida Recomendação, iniciativa que não chegou, contudo, a ser discutida. Através do presente projecto de lei, que altera a Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, visam os Deputados do Partido Socialista retomar a referida iniciativa legislativa, dando guarida ao conteúdo da Recomendação n.º 7-B/2003 do Provedor de Justiça e garantindo aos educadores de infância em causa, a igualdade de tratamento e não discriminação no que concerne à contagem do tempo de serviço prestado nas categorias de pessoal auxiliar para efeitos de progressão na carreira docente. Por outro lado, por se entender de elementar justiça social, reconhece-se agora aos profissionais em causa a contagem daquele tempo, também, para efeitos de aposentação.
Finalmente, entendeu o Grupo Parlamentar do PS incluir na presente iniciativa legislava uma alteração ao Decreto-Lei n.º 180/93, de 12 de Maio, que Determina a transição dos auxiliares de educação dos serviços e estabelecimentos do sector da segurança social para a carreira de educador de infância, visando eliminar o limite à progressão estabelecido na parte final do n.º 1 do artigo único do citado diploma legal. Os auxiliares de educação dos serviços e estabelecimentos do sector da segurança social transitaram, por força do disposto no Decreto-Lei n.º 180/93, de 12 de Maio, de acordo com determinados pressupostos, para a carreira de educador de infância, ficando a respectiva progressão limitada ao 3.º escalão da carreira do pessoal docente. Por força do citado diploma legal, os profissionais em causa ficaram em situação de paridade com os auxiliares de educação do quadro único do Ministério da Educação que, em igualdade de condições e com idêntico limite de progressão, já tinham transitado para a carreira de educador de infância, com a aprovação do Decreto-Lei n.º 175/89, de 26 de Maio. Contudo, com a entrada em vigor do novo sistema remuneratório do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, que consta do Decreto-Lei n.º 409/89, de 18 de Novembro, e do respectivo Estatuto, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de Abril, o limite à progressão estabelecido no Decreto-Lei n.º 175/89, de 26 de Maio, acabaria por ser derrogado, mantendo-se, no entanto, em vigor a correspondente norma aplicável aos auxiliares de educação a que se reporta o Decreto-Lei n.º 180/93, de 12 de Maio. Importa, pois, repor de novo a paridade entre os educadores de infância da área da segurança social e os do quadro único do Ministério da Educação, que em condições idênticas, transitaram para a referida categoria. É o que se pretende alcançar, também através da presente iniciativa. Nestes termos, os Deputados do Partido Socialista abaixo-assinados, apresentam, nos termos constitucionais, legais e regimentais aplicáveis, o seguinte:
PROJECTO DE LEI Artigo 1.º Alteração da Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio 1 O artigo 1.º da Lei n.º 5/2001, de 2 de Maio, que considera o tempo de serviço prestado na categoria de auxiliar de educação pelos educadores de infância habilitados com cursos de promoção a educadores de infância para efeitos de carreira docente passa a ter a seguinte redacção: Artigo 1.º 1 É equiparado a serviço efectivo em funções docentes, para efeitos de progressão na carreira e de aposentação, o tempo de serviço prestado: a) na categoria de auxiliar de educação pelos educadores de infância habilitados com os cursos de promoção a educadores de infância a que se refere o despacho n.º 52/80, de 12 de Junho, que exerceram, de forma efectiva e com carácter de regularidade, as funções inerentes à categoria de educador de infância; b) nas categorias de vigilante, ajudante de creche e jardim-de-infância, monitor ou outra categoria independentemente da respectiva designação, pelos educadores de infância que frequentaram com aproveitamento os cursos de promoção a que se reportam o Despacho n.º 52/80, de 12 de Junho, o Despacho 13/EJ/82, de 20 de Abril, e o Despacho Conjunto do Secretário de Estado da Educação e Administração Escolar e do Secretário de Estado da Segurança Social, de 20 de Abril de 1983, publicado no Diário da República, II série, n.º 108, de 11 Maio de 1983, que exerceram, de forma efectiva e com carácter de regularidade, as funções inerentes à categoria de educador de infância; c) nas categorias referidas nas alíneas anteriores, pelos educadores de infância habilitados com os cursos de educador de infância ministrados por estabelecimentos, públicos ou privados, reconhecidos pelo Governo e que ingressaram nestes cursos até ao ano lectivo de 1986/1987, que exerceram, de forma efectiva e com carácter de regularidade, as funções inerentes à categoria de educador de infância; d) noutras categorias profissionais pelos educadores de infância habilitados com os cursos de promoção a educadores de infância a que se refere o despacho n.º 52/80, de
12 de Junho, que exerceram, de forma efectiva e com carácter de regularidade, as funções inerentes à categoria de educador de infância. 2 Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se tempo de serviço aquele durante o qual os educadores de infância exerceram, com funções pedagógicas, enquanto detentores de alguma das categorias mencionadas, antes, durante e após a frequência e conclusão com aproveitamento dos cursos referidos e até à integração nos quadros da carreira docente, as funções inerentes à categoria de educador de infância. Artigo 2.º Alteração do Decreto-Lei n.º 180/93, de 12 de Maio O artigo único do Decreto-Lei n.º 180/93, de 12 de Maio, que determina a transição dos auxiliares de educação dos serviços e estabelecimentos do sector da segurança social para a carreira de educador de infância, passa a ter a seguinte redacção: Artigo único 1 Os auxiliares de educação dos serviços e estabelecimentos do sector da segurança social que realizaram, com aproveitamento, o curso de promoção a educadores de infância e que desempenhem as correspondentes funções há mais de 10 anos transitam para lugares de educador de infância dos respectivos quadros de pessoal. 2 ( ) 3 ( ) Artigo 3.º Entrada em vigor ano de 2006. A presente lei entra em vigor com a aprovação do Orçamento do Estado para o Assembleia da República, 28 de Julho de 2005.
Os Deputados do PS