Proposta de Lei n.º 246/X, sobre partilha de informação e tratamento de dados no sistema de justiça. Perguntas & Respostas 6/3/2009

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Transcrição:

Proposta de Lei n.º 246/X, sobre partilha de informação e tratamento de dados no sistema de justiça Perguntas & Respostas 6/3/2009 1. Para que serve e porque razão é necessária a Lei sobre a partilha de informação e tratamento de dados no sistema de justiça? A Proposta de Lei sobre partilha de informação e tratamento de dados no sistema justiça tem dois propósitos essenciais. a) Em primeiro lugar, um propósito de qualidade e transparência. O objectivo desta Lei é o de estabelecer regras claras, precisas e transparentes quanto ao tratamento de dados no sistema judicial. Nesta medida, esta Proposta de Lei visa unificar regras e consolidar boas práticas em matéria de protecção de dados e utilização de aplicações informáticas. Isto não significa, contudo, que com esta lei se vise preencher vazios ou lacunas legais. O desenvolvimento, lançamento e utilização, em condições de segurança, dos meios electrónicos nos tribunais, não dependem desta Lei e são possíveis desde já. Muitas das regras e boas práticas previstas já existem e estão no terreno. Com a aprovação desde diploma legal, o que o sistema ganha é uma vantagem adicional, que é a da unificação e consolidação de boas práticas de gestão em matéria de protecção de dados e utilização de aplicações informáticas num quadro legislativo único, aprovado pela Assembleia da República. b) Em segundo lugar, um propósito de aposta em soluções mais partilhadas, que evitem soluções parciais ou fragmentárias, que apenas sirvam serviços, organismos ou agentes determinados ou funcionalidades concretas. 1

A este nível, visa-se, com esta Lei, apostar em soluções informáticas mais partilhadas, que garantam mais informação, um reforço das condições segurança e um incremento da simplificação processual. Pretende-se, por exemplo, evitar ilhas informáticas que isolem operadores ou categorias de agentes de outros intervenientes no processo judicial, pois isso prejudica o seu bom andamento. A aposta em soluções mais partilhadas vem na linha do que defendeu o Professor Tribolet no parecer que fez para a Procuradoria-Geral da República, onde afirmou, respondendo à questão de saber se era possível evoluir incrementalmente de uma solução que satisfaça as necessidades prementes para uma adequada aos requisitos da MP?, que Sim, é possível, mas seria ERRADO fazê-lo apenas para atender aos requisitos do MP. Correcto será sim satisfazer as necessidades do Sistema de Justiça, no seu todo! (pag. 39 6 do estudo). 2. O que estabelece a nova Lei sobre a partilha de informação e tratamento de dados no sistema de justiça para poder haver mais partilha de informação e soluções mais partilhadas? A Proposta de Lei sobre a partilha de informação e tratamento de dados no sistema judicial visa criar regras claras, precisas e transparentes em cinco domínios fundamentais: a) Em primeiro lugar, ao nível da identificação precisa dos dados do sistema de justiça que podem ser objecto de recolha e das finalidades dessa recolha. Estabelece-se, designadamente, que podem ser recolhidos dados referentes aos processos nos tribunais judiciais, aos processos nos tribunais administrativos e fiscais e aos processos de natureza penal. b) Em segundo lugar, ao nível da identificação das entidades responsáveis pelo tratamento dos dados do sistema de justiça e pelo desenvolvimento aplicacional 2

Neste domínio, atribui-se a responsabilidade pelo tratamento dos dados ao Conselho Superior da Magistratura, ao Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais e à Procuradoria-Geral da República, consoante a categoria de dados em questão e clarifica-se que, ao Ministério da Justiça, incumbe a responsabilidade pelo desenvolvimento e disponibilização das aplicações informáticas e pela disponibilização das infra-estruturas de suporte ao sistema. c) Em terceiro lugar, unificam-se e reforçam-se regras de acesso e de protecção de dados pessoais Destaca-se a consagração de várias regras como i) o direito de a primeira informação visível quanto a alguém que, tendo sido arguido, não tenha sido condenado, ser a de ter sido ilibado, ii) o direito de queixa à CNPD e o iii) direito à correcção e actualização do dados pelo titular. d) Em quarto lugar, recordam-se e reforçam-se as condições de segurança que devem revestir a recolha e tratamento dos dados sobre o sistema de justiça A Proposta de Lei estabelece, por exemplo, i) o controlo do acesso aos dados, para que as pessoas autorizadas só possam ter acesso àqueles que interessem ao exercício das suas atribuições e competências, ii) a elaboração periódica de cópias de segurança dos dados e iii) o registo electrónico das entidades que acederam aos dados, bem como da data e hora de início e fim do acesso ao sistema. e) Em quinto lugar, ao nível da criação de um quadro sancionatório específico para a violação das regras e obrigações consagradas na Lei Prevê-se, por exemplo, que seja a utilização de dados do sistema de justiça para um fim diferente do que está legalmente consagrado ou o acesso a dados sem a devida autorização passem a ter criminalização específica. 3. Quem fiscaliza a aplicação da Lei sobre a partilha de informação e protecção de dados no sistema de justiça? 3

São expressamente conferidas à Comissão Nacional de Protecção de Dados condições para desempenhar as suas funções de controlo e fiscalização do cumprimento da disciplina legal em matéria de dados pessoais, designadamente para protecção de dados pessoais. Estas competências não prejudicam, nem afectam, o regime do segredo de justiça em processo penal. 4. Devia ter-se esperado por esta Lei para implementar o projecto CITIUS? Não. Isso seria privar, sem justificação, os cidadãos e as empresas, bem como advogados, solicitadores, juízes, procuradores e oficiais de justiça de benefícios resultantes das novas tecnologias. Esta Lei não visa preencher vazios ou lacunas legais ou criar as condições regulamentares necessárias para pôr em funcionamento o CITIUS. O desenvolvimento, lançamento e utilização, em condições de segurança, do CITIUS, não dependem desta Lei. Esta Lei visa unificar regras e consolidar boas práticas de gestão em matéria de protecção de dados e utilização de aplicações informáticas, dotando o nosso sistema de justiça de um quadro legal único e transparente nesta matéria. É verdade que com a aprovação desde diploma legal, o sistema ganha uma vantagem adicional, que é a da unificação e consolidação de boas práticas de gestão em matéria de protecção de dados e utilização de aplicações informáticas num quadro legislativo único, aprovado pela Assembleia da República. Mas é também verdade que existem as condições necessárias para avançar para o CITIUS, seja do ponto de vista legal, seja do ponto de vista da segurança: i) Do ponto de vista legal, o artigo 138.º-A do Código de Processo Civil, aprovado por Lei da Assembleia da República, estabelece que a tramitação dos processos é efectuada electronicamente. Este artigo foi posteriormente concretizado, quanto a diversos aspectos dessa tramitação electrónica dos processos judiciais, pela Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro, já alterada pelas Portarias n.º 457/2008, de 20 de Junho, e n.º 1538/2008, de 30 de Dezembro. 4

ii) Do ponto de vista da segurança, estão já implementadas e a funcionar diversas funcionalidades que asseguram que, no domínio dos processos cíveis, o sistema possa funcionar em pleno e com segurança. Ex: Todos os magistrados dispõem de assinaturas digitais, cuja utilização é obrigatória para elaborar os seus despachos e sentenças. Igualmente, a aplicação garante o registo de todos os acessos feitos à mesma, o que permite controlar eventuais acessos indevidos. Seria, por tudo isto, irresponsável, não dar às pessoas os benefícios que o CITIUS já pode dar, em segurança. 5. O que veio permitir o projecto CITIUS? O projecto CITIUS veio permitir que todo o fluxo processual passe a estar integralmente coberto por aplicações informáticas utilizadas por todos os intervenientes: juízes, Ministério Público, oficiais de justiça, advogados e solicitadores. Passou a existir um Processo Electrónico, que permite que o sistema judicial fique mais transparente, que os processos venham a ser resolvidos mais rapidamente e que haja uma redução do papel dos processos, com as seguintes novidades: a) Os advogados e solicitadores passaram a poder entregar peças processuais, documentos e injunções através da Internet, sem deslocações ou envio de cópias em papel (CITIUS Entrega de Peças Processuais e CITIUS Injunções). b) Os advogados e solicitadores passaram a poder gerir os seus processos e injunções através da Internet, sem deslocações, consultando o estado dos processos e as decisões e despachos dos magistrados. c) Os juízes e magistrados do Ministério Público passaram a praticar actos judiciais em formato electrónico, com assinaturas digitais; d) Os juízes e magistrados do Ministério Público passaram a poder gerir os seus processos por meios electrónicos (ex. saber quantos processos têm em curso e em que fase estão). 5

e) O fluxo do processo entre os advogados, a secretaria, os juízes e os procuradores passou a ser electrónico, criando-se condições para os processos serem mais céleres. f) O número e a quantidade de documentos que compunham o processo em papel e que não era relevante para a decisão foi diminuído e o processo em papel reduzido, limitando-se as tarefas burocráticas que a ele estavam associadas. Criam-se assim condições para que Portugal continue a ser considerado, em matéria de desmaterialização de processos judiciais/inovação tecnológica na justiça, um dos países com "muito elevado nível de informatização" nos tribunais, (a par de países como a Áustria, Dinamarca, Estónia e Finlândia e à frente de outros como a Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália, num total de 46 países analisados), bem como um dos países com um "muito elevado nível de implementação de equipamentos informáticos para utilização por juízes e oficiais de justiça" e um país com um "elevado nível de implementação de equipamentos para comunicação entre tribunais e o seu ambiente," tal como o Conselho da Europa já reconheceu no relatório European judicial systems - Edition 2008 (data 2006): Efficiency and quality of justice da Comissão Europeia para a Eficiência da Justiça (CEPEJ). 6. O CITIUS está a ser muito usado? Sim, está a ser intensivamente utilizado. O balanço da utilização do CITIUS nos tribunais após a introdução da obrigatoriedade de prática de actos em formato electrónico pelos magistrados a 5 de Janeiro deste ano é muito positivo: i) Em média, são praticados por magistrados judiciais, através do CITIUS, mais de 11.763 actos em formato electrónico por dia útil e, também por dia útil, mais de 850 juízes praticam actos na aplicação informática. ii) Desde 5 de Janeiro, foram já registados mais de 459.028 actos judiciais praticados na aplicação informática em formato electrónico, o que atesta bem a capacidade dos meios disponibilizados para suportar uma parte muito 6

significativa da actividade judicial e da intensiva utilização que os juízes dela têm feito. Também os dados respeitantes à utilização do CITIUS-Entrega de peças processuais e do CITIUS-Injunções, partes essenciais do processo electrónico, revelam um balanço muito positivo e demonstram a forte adesão dos advogados e solicitadores a este projecto: i) Desde o seu início, em Abril e Março de 2008, respectivamente, já foram entregues mais de 827.107 peças processuais directamente para os processos, por via electrónica e sem necessidade do envio em papel, assim como mais de 495.432 requerimentos de injunção. ii) Em Dezembro de 2008, 79% das acções e requerimentos entregues nos tribunais portugueses foram-no exclusivamente por via electrónica, sem deslocações ou cópias em papel. Salienta-se, contudo, que o projecto CITIUS está em constante melhoria e que está a ser feito um trabalho diário de recolha de opiniões no terreno, junto de advogados, solicitadores, magistrados e oficiais de justiça para continuar a melhorar as aplicações informáticas e esclarecer dúvidas. A título de exemplo, encontram-se 100 elementos de apoio nos tribunais, para ajudar os intervenientes na utilização das novas ferramentas informáticas e nos novos procedimentos, que significam mudanças de rotinas e procedimentos de trabalho. 7. O CITIUS é seguro? Sim, o CITIUS introduz importantes factores de segurança que o processo em papel não tem. Assim, a título de exemplo: a) O Processo Electrónico é mais seguro que processo em papel. No processo em papel nunca se conseguiria saber quem acedeu ao processo, quem viu, copiou ou alterou uma folha do processo No processo electrónico, os acessos ficam registados. 7

b) Os magistrados passaram a utilizar assinaturas digitais para assinar as suas decisões e despachos, com smartcards, PINS e passwords pessoais e intransmissíveis. Portanto, alterar um despacho ou decisão assinado digitalmente é muito mais difícil do que alterar ou deturpar um despacho ou decisão assinado de forma física, com uma caneta e papel. Salienta-se, ainda, que num processo de mudança desta envergadura, que envolve mudanças de rotinas e procedimentos de trabalho é natural existirem dúvidas e equívocos que se tem procurado esclarecer junto dos utilizadores. A título de exemplo, foi referido um caso concreto em que apareceram a um juiz dois processos assinados digitalmente por este sem que este os tenha assinado. Após a mera análise dos documentos do processo electrónico, concluiu-se que, efectivamente, os textos dos despachos finais não tinham chegado a ser digitalmente assinados pelo juiz. Trata-se, assim, de equívocos normais, próprios da adaptação à utilização de novas ferramentas informáticas. Esclarece-se, por último, que o CITIUS não é de utilização obrigatória nos processos penais, que são os processos que podem estar abrangidos pelo segredo de justiça. 8. O CITIUS é legal? O CITIUS é legal, seja do ponto de vista da lei habilitante, seja do ponto de vista das da formalidades a cumprir perante a CNPD. Do ponto de vista da lei habilitante, o artigo 138.º-A do Código de Processo Civil, que foi aprovado por Lei da Assembleia da República, estabelece que a tramitação dos processos é efectuada electronicamente, encontrando-se concretizado, quanto a diversos aspectos dessa tramitação electrónica dos processos judiciais, pela Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro, já alterada pelas Portarias n.º 457/2008, de 20 de Junho, e n.º 1538/2008, de 30 de Dezembro. Quanto às formalidades a cumprir perante a CNPD, o Ministério da Justiça cumpriu todas as obrigações de informação, comunicações e pedidos junto da CNPD para registo das aplicações informáticas. A própria CNPD teve oportunidade de o esclarecer quando chegaram à comunicação social afirmações desse tipo, o que fez nos seguintes termos (cfr. www.cnpd.pt): 8

1. O tratamento de dados pessoais relativo à gestão do processo cível, cuja aplicação informática é designada por Habilus, foi notificado pelo Ministério da Justiça (MJ) à CNPD em Outubro de 1997. Desde então, o MJ procedeu a várias alterações à notificação inicial, decorrentes de várias actualizações no tratamento de dados, nomeadamente a sua extensão ao processo penal. Foram igualmente notificados à CNPD tratamentos de dados pessoais, relativos à gestão processual electrónica nos tribunais fiscais e administrativos e nos tribunais de trabalho. 2. A CNPD tem acompanhado este processo, em particular através de duas acções de verificação que realizou ao sistema, uma em 2004 e outra em 2005, em vários locais do território nacional; 3. Os últimos desenvolvimentos da aplicação Habilus, que dizem respeito ao tratamento de dados relativo à entrega de peças processuais via Internet, com a designação de CITIUS, foram notificados à CNPD em 2007 e 2008;. 9