Marcos 1,1-8
A Palavra de Deus de hoje, começa com um convite à alegria: - é anunciada para nós uma Boa Notícia: a vida e missão de Jesus, o Ungido, o Filho de Deus.
Para entender a riqueza desta primeira frase do evangelho de Marcos, temos que saber que no mundo grego e romano, a "boa notícia" era um termo técnico para anunciar uma vitória, ou nascimento, ou subida ao trono de um novo imperador.
O pequeno texto de Marcos, inicia-se com este título: Começa a Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Essas palavras dizem que algo novo encontraremos no seu Evangelho.
Com Jesus começa algo novo. É a primeira mensagem que Marcos quer deixar claro. Tudo o que é anterior pertence ao passado. Jesus é o começo de algo novo e inconfundível. No relato Jesus dirá que o tempo se cumpriu. Com Ele chega a Boa Nova de Deus.
Isso é o que experimentam os primeiros cristãos. Quem se encontra vitalmente com Jesus e penetra um pouco em seu mistério, sabe que começa uma vida nova, algo que nunca havia experimentado anteriormente.
O que encontram em Jesus é uma palavra muito diferente. Algo novo e bom. A palavra evangelho que Marcos utiliza é muito frequente entre os primeiros seguidores de Jesus e expressa o que eles sentem ao encontrar-se com Jesus. Uma sensação de libertação, alegria, segurança e desaparecimento de medos. Em Jesus nós nos encontramos com a salvação de Deus.
Quando alguém descobre em Jesus o Deus amigo do ser humano, o Pai de todos os povos, o defensor dos últimos, a esperança dos perdidos, sabe que não encontrará uma notícia melhor. Quando conhece o projeto de Jesus de trabalhar por um mundo mais humano, digno e feliz, sabe que não poderá dedicar-se a nada maior.
Esta Boa Nova é Jesus mesmo, o personagem principal do relato de Marcos. Por isso, a sua intenção primeira não é oferecer-nos doutrina sobre Jesus nem fornecer-nos informação biográfica sobre Ele, mas seduzir-nos para que nos abramos à Boa Nova que só poderemos encontrar Nele. S.Paulo pregando
Marcos atribui a Jesus dois títulos: um tipicamente judeu, o outro mais universal. No entanto, reserva aos leitores, algumas surpresas. Jesus é o Messias que os judeus esperavam como libertador do seu povo. Mas um messias muito diferente do líder guerreiro que muitos desejavam para destruir os romanos.
No relato de Marcos, Jesus é descrito como enviado por Deus para humanizar a vida e conduzir a história para a sua salvação. É a primeira surpresa.
Jesus é Filho de Deus, mas não dotado do poder e da glória que alguns poderiam imaginar. Um Filho de Deus profundamente humano, tão humano que só Deus pode ser assim. (L.Boff)
Só quando termina a Sua vida de serviço a todos, executado numa cruz, um centurião romano confessa: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus. É a segunda surpresa.
A alegria da Boa Nova, desmonta em nós o medo. A presença de um Jesus tão humano nos impulsiona para frente bem mais seguros. Vejamos o que nos diz, hoje, Eduardo Galeano: "Todos estamos, mais ou menos, sofrendo neste mundo uma ditadura do medo... O medo é muito poderoso. Ele decide tudo: o medo de ser, o medo de recordar, o medo de comer, o medo de respirar, o medo de caminhar, o medo de falar. E este medo nos leva a nos fecharmos em nós mesmos, guardando a Boa Nova só para nós. Começamos a nos defender em pequenas coisas e perdemos de vista aqueles que gritam e choram em nosso redor. Perdemos a alegria, a vontade do compromisso, a grandeza da Evagelização. Devagar perdemos a própria vida querendo nos proteger da vida.
Se Jesus é o Messias, se ele é o Filho de Deus e veio até nós e conosco quis ficar, só nos resta acreditar e confiar. Eu faço novas todas as coisas (Ap 21,5), disse ele. Que mais posso esperar senão, seu amor que nos acompanha sempre?
Que sinais de sua presença posso descobrir no meu dia-a-dia? O que me faz perder a alegria? Vale a pena? Tenho fé e esperança suficientes que me levam a crer que tudo que me acontece é para o meu bem?
Texto José Pagola - L. Boff e Unisinos Imagens Internet Formatação I.M.Eunice Wolff Voluntários da Saúde